!!Os meiores do final do ano passado!! por Rod Castro!

9 de fev. de 2011

“O Golpista do Ano” de Glenn Ficarra e John Requa

A dupla responsável por roteiros de “comédias hilariantes” como diz o cara da Sessão da Tarde, como: “Como Cães e Gatos” e “Papai Noel as Avessas”, assume seu primeiro filme, tanto em roteiro quanto em direção.

O filme ficou conhecido no Brasil como o filme que levou, mais uma vez, Rodrigo Santoro ao mundo de Hollywood. Dessa vez ele é o amante do personagem principal, vivido com todas as loucuras de sempre do ator mais ignorado do mercado americano: Jim Carrey.

O trunfo do filme está na trama: um gay disfarçado que decide chutar o pau da barraca e assumir sua vida sexual. Para isso ele acaba

“Ponyo” de Hayao Miyazaki

Poucas lendas do cinema mundial estão ainda vivas. Prontas para engatar um ou outro trabalho maravilhoso como só eles podem/podiam entregar. Entre os que respiram e continuam em atividade, com filmes muito acima da média, está o mestre oriental Hayao Miyazaki, que completou 70 anos.

De sua mente vieram excelentes animações que conquistaram a admiração de crianças, adolescentes e adultos. Os mais conhecidos são “A Viagem de Chihiro” e “O Castelo Animado”. Este “Ponyo” é bem diferente destes dois últimos trabalhos já citados, por um motivo: é o seu filme mais infantil, desde a concepção até o trabalho junto aos seus personagens.

Isso não depõe contra, ainda mais quando se vê o “preenchimento de tela” que somente Hayao é capaz de fazer e sem soar confuso. A linda história de um garotinho que encontra uma espécie de peixe que se transforma em uma menina e se torna sua melhor amiga, traz a memória aquela eterna lembrança do amigo ideal, que não existe, não materialmente, mas vive em nossas mentes e até corações.

“Vício Frenético” de Werner Herzog

Quase 70 anos. Este é o alemão Werner Herzog. Um homem que acredita num cinema diferente, que não pode ser segmentado por estilos e que dá ao seu ator total liberdade em criar seu personagem e viver aquilo como se fosse a última vez.

Desde 2006 o diretor não fazia uma ficção. Pois neste “Vício Frenético” ele acerta mão, do início ao fim do filme. Readaptar algo é bem difícil, mas não vi nenhuma crítica negativa a esta tentativa do mestre alemão frente a uma nova visão do trabalho do bom diretor/ator/roteirista Abel Ferrara, cometido em 1992.

O maior acerto está em chamar Nicholas Cage. Em um momento redenção e “olha eu aqui de novo”, Cage comete os exageros necessários para viver um alucinado policial que se vê em uma situação inesperada. O final politicamente correto, para os outros personagens, mas desafiante para o espectador é algo para se lembrar. Que Nicholas volte a velha forma.

“O Escritor Fantasma” de Roman Polanski

Uma pessoa envolvida em uma trama. Ela parece inocente e a todos os momentos descobre algo novo que leva a uma conclusão: meti-me numa enrascada e pagarei um preço alto por não ter levado meu instinto a sério.

Esse clima sempre rondou as obras do controverso diretor Roman Polanski. Passando por, hoje, clássicos dirigidos por ele como “Faca Na Água”, “Repulsa ao Sexo”, “Armadilha do Destino” e o seu melhor filme, a adaptação de Ira Levin, “O Bebê de Rosemary”. Todos seus personagens se viram aprisionados a uma situação de complô e sempre pagam um preço por suas descobertas.

Em “O Escritor Fantasma” não é diferente. Um escritor (Ewan McGregor voltando à velha forma) com relativo sucesso decide co-escrever a biografia de um ex primeiro ministro inglês (Pierce Brosnam) que é acusado de ter deliberado a favor de causas militares que interessavam somente ao governo dos EUA – Tony Blair fez muito isso. O filme é tenso, como só Roman é capaz de fazer, tem boas viradas e mostra que às vezes o vilão é quem você menos espera ser, sejam eles simpáticos velhinhos ou mulheres aparentemente desesperadas.

“Direito de Amar” de Tom Ford

Há uma tranqüilidade no ar. Há uma mudança na intensidade das cores também. Há uma possibilidade diferente de se enxergar a sociedade americana ideal e há tanto tempo trabalhada em nosso subconsciente, há um novo diretor de cinema que merece sua atenção, seu nome é Tom Ford.

Diretor criativo da marca Gucci, este americano de 50 anos, passou para uma carreira que promete ao realizar este “Direito de Amar”, um filme longe dos maneirismos que cercam os filmes com temática homossexual. Repleto de belas imagens, não só em suas concepções e representações, mas em suas encenações e estilo fotográfico, o filme traz mais do que à superfície aparenta.

A história de um professor da década de 50 que perde seu companheiro – a primeira cena do filme, registrada com maestria e simplicidade pelo olhar de Ford – e não sabe que caminho dá para a sua vida é muito bem contada. Os personagens que cruzam o seu caminho, como a vizinha solteirona transloucada (Julianne Moore), o rapaz espanhol oferecido e o aluno que o admira, são apenas complemento de um personagem maior e bem encarnado por Colin Firth.

“Como Treinar o Seu Dragão” de Dean Deblois e Chris Sanders

Vikingns ainda é um filão mal explorado no cinema mundial. Ou eles são eternos vilões ou passam como rudes bárbaros em filmes hollywoodianos. Trazer um filme de aventura infantil para este universo e permear ele com centenas de tipos de dragões diferentes é uma sacada em tanto.

Os diretores de uma das animações mais engraçadas dos anos 2000, “Lillo & Stich” retomam a parceria e mostram que sabem não só fazer como bem explorar os recursos que o 3D oferece aos filmes em computação gráfica.

A história do garoto que tem talentos para fazer o que o seu pai não deseja e que acaba salvando sua vila, já recontada dezenas de vezes antes, ganha traços marcantes através da relação de seus personagens, todos caricaturais, é verdade, mas cheios de vida. Afinal, identificação é algo que o espectador sempre está atrás. Esta é a melhor animação do ano, você tem que ver.

“Enterrado Vivo” de Rodrigo Cortés

Há um quê de Hitchcock neste suspense espanhol. Remete a situação estática. Remete a não possibilidade de se sair daquilo, nem o personagem, nem o espectador. A demonstração de que o diretor está no comando é palpável e isso é para poucos, ainda mais quando você comete somente o seu segundo filme, como Cortés aqui se encontra.

A história de um homem enterrado vivo é fácil de entender: ele fez algo e está sendo punido. Será? E se ele não fez nada e por isso mesmo está em tal situação? Difícil acreditar, até porque, ele é americano e isso, por si só, já é um bom motivo para aprontarem uma dessas com ele, certo?

Esperar por um fim salvador, formuláico, que já nos acostumamos a ver é algo necessário para que a angústia provocada por cada desenlace da trama desapareça, nem que seja por um breve instante. Este é um filme que faz com que a maioria das pessoas possam afirmar que já tiveram uma experiência no cinema. Que venha o próximo trabalho de Cortés e que ele seja memorável como este.

“Mother, A Busca Pela Verdade” de Joon-ho Bong

Não seguir regras. Para um diretor de cinema, esta afirmação, se levada para o sistema hollywoodiano de produzir filmes, é afirmar que você não fará somente um estilo de filme. Você terá liberdade ou se dará a liberdade necessária para contar os mais diversos fatos, das mais variadas formas. Esta não segmentação é o elemento mais importante do atual cinema sul coreano.

Um dos maiores produtores de lá é Joon-ho Bong. O mesmo diretor do originalíssimo “O Hospedeiro” e do interessantíssimo “Memórias de um Assassino”. Aqui ele continua a misturar estilos e formatos de cinema ao contar a história de uma simples mãe que tem um filho, já adulto, com problemas mentais.

As guinadas da trama – o filho é acusado de matar uma moça de sua vila – e a transformação da personagem principal, de uma simples mulher para uma mãe que buscar a verdade, mesmo que ela não seja a que ela desejava descobrir, impressiona e por vezes até emociona. Para se ver ao lado daquelas pessoas que não gostam de cinema com os olhos puxados.

“Atração Perigosa” de Ben Affleck

Quantos filmes já foram rodados com a temática assalto a bancos? Quantos ficaram em suas lembranças? Dois me passam pela cabeça: “Caçadores de Emoção” (de Kathryn Bigelow) – com Patrick Swayze e Keanu Reeves – e “O Plano Perfeito” (de Spike Lee) – com Clive Owen e Denzel Washington.

Em um sobra juventude e irresponsabilidade. Noutro sobra inteligência e ar teatral. Aqui, em “Atração Perigosa” há mais do que esses dois bons filmes tem a oferecer: tem verdade, romantismo, excelente diálogos e dois atores em ponto de bala, Rebecca Hall (de “O Grande Truque”) e Jeremy Renner (de “Guerra Ao Terror”).

A trama mostra um grupo de amigos que são competentíssimos na arte de assaltar bancos. Desde seus pais, passando por seus ídolos e chegando até eles, a nova geração, a arte de roubar e não ser pego é exercitada em cenas intensamente bem filmadas. O erro cometido pela “equipe” é levar uma refém após um assalto e todos se verem reféns da memória e beleza da moça. Ben Affleck tem tudo para ganhar cada vez mais o respeito da crítica e da audiência. Que bom.

“Tropa de Elite 2” de José Padilha

Fui um dos brasileiros que se mostrou contrário ao filme nacional mais adorado desde “Cidade de Deus”, “Tropa de Elite”. A verdade unilateral trabalhada ao extremo durante toda a história se mostrou perigosa, ainda mais em um país que vive tantas realidades. Pautá-las por um só jeito de encarar a vida é muito perigoso.

Neste segundo filme da série, que parece apresentar chances de ter mais uma continuação, o diretor José Padilha acerta todas as suas arestas e remodela a ideia de um filme policial nacional. Nada de um só lado da situação ou abordagem superficial e até extremista, não. Aqui tudo gera uma conseqüência e questionamento, não somente pelos que assistem ao filme, mas pelos próprios personagens ali envolvidos.

Os questionamentos levantados. As situações encenadas. E a experiência de ver um cinema nacional com toques de grande cinema como ele sempre o foi, mas sem fórmulas, é mais que bem vindo, é algo a se enaltecer. Um dos melhores filmes já feitos no Brasil que merece um espaço especial na sua estante.

“O Segredo dos Seus Olhos” de Juan José Campanella

“A Fita Branca” do alemão, mas considerado francês, Michael Haneke era o meu favorito para a categoria de filme estrangeiro no último Oscar. Foi um dos poucos que assisti. Mas quando vi o argentino Campanella subir ao palco e se mostrar não só surpreso como feliz pelo resultado, sorri.

Ele já havia acertado a mão nas comédias dramáticas “O Filho da Noiva” e “O Clube da Lua”. Nesse romance disfarçado de filme policial ele faz mais e comete um dos filmes mais interessantes do ano passado.

Seu trabalho com atores já era conhecido e o levou a dirigir séries de renome no mercado americano. Mas a desenvoltura técnica, não somente pela condução da câmera, mas pelos entrelaces da trama que atravessa décadas, dá a carga necessária para que o filme marque o espectador. Destaque para o sensacional plano sequência e o final da trama que surpreende mais de uma vez. Filmaço.

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