!!Se arrependimento matasse... ou: “Ok Computer” fez 10 anos!! Rod Castro

27 de fev. de 2008

Quantas vezes em sua vida você teve uma grande oportunidade e a desperdiçou? Várias com certeza. Desde uma vaga de emprego. Passando por um encontro em que você chegou atrasado. Uma amizade que poderia ter sido feita. Outra que sempre deveria ter sido desfeita. E terminando com aquele disco que você ouviu e odiou de primeira.

Todos os dias, essas situações ocorrem e a tal frase, mais cedo ou mais tarde, será proferida pelos seus lábios com certo rancor ou até mesmo melancolia: “Ah se arrependimento matasse”.

Há mais de dez anos, proferi com orgulho essa frase. Após ler a minha Showbizz e gostar muito de um artigo feito pelo Zeca Camargo – você não está lendo errado, é o Zeca do Fantástico mesmo – sobre o novo disco do Radiohead – banda que me era mais conhecida pela excelente música “Creep” – “Ok Computer”.

O texto era tão bem feito que não pensei duas vezes: fui a uma loja que importava CDs – no tempo que o dólar tava um por um – e fiz minha encomenda. Dali a duas semanas aquela maravilha estaria em minhas mãos e faria parte de minha pequena, mas boa, coleção de CDs de rock.

Ouvindo mais um disco do Led Zeppelin, sou chamado pelo dono da loja para pegar o meu “Ok Computer”. Ansioso, separo o discman – lembra disso? – ponho CD pra rodar. Vou ouvindo as canções até chegar em casa. Dou o eject de um aparelho e coloco-o no meu aparelho de som.

Ouço uma, duas, três vezes. Leio duas vezes o artigo e chego ao veredicto: uma porcaria, o Zeca me enganou. Ligo para a loja, falo com o dono, pergunto se há possibilidade dele devolver metade do dinheiro se eu devolver o CD, ele concorda. Separo o disco e no caminho para a loja, arrisco a colocar a porcaria no discman, por total sorte, vou direto para “Paranoid Android”.


“Please Could You Stop The Noise. I Try to Get Some Rest” implora uma voz sofrida enquanto violões e uma sutil bateria fazem uma parede melódica de fundo. Outra frase da mesma canção me interrompe no caminho a loja: “Whats There? Whats There?”. Sentei na calçada e comecei a me perguntar: o que era aquilo?

Antes de chegar a uma conclusão real a voz sentencia: “Ambition Makes You Look Pretty Ugly. Kicking, Squealing gucci little piggy. ”. E as coisas começaram a abrir em minha cabeça. Aquilo era a resposta contra a mesmice que o roque havia se tornado após Seattle. Esse CD era a volta do que realmente prestava no estilo que sempre mais gostei: renovação e experimentalismo junto a excelentes letras e uma produção impecável.

Eu não sabia – mas muita gente que comprou “Revolver” e “Physical Graffiti” antes de todo mundo também não deveria saber - mas ali em meus ouvidos eram tocadas as melhores músicas daquele ano e olha que o Depeche Mode já havia voltado das trevas e feito o excelente “Ultra”. Mas “Ok Computer” ia além: viajava pelo espaço sonoro em “Subterranean Homesick Alien”, relembrava o Queen, com a já citada “Paranoid Android” e ainda fazia uma das canções mais tristes que ouvi em minha vida: “Exit Music (For A Film)”.

E olha que não chegamos nem a metade do disco. Levantei da sarjeta, sorri comigo mesmo e fui fazendo o caminho de volta para casa. De repente uma chuva caiu, como se me limpasse e imediatamente outro trecho de “Paranoid Android” em que Thom Yorke suplica por ela “Rain down, rain down. Come on rain down on me. From a great height. From a great height... height...” me veio a lembrança.

Sem nem mesmo dar o pause, fui me secando com uma toalha e lembrando de que um dia fui criança, daquelas que corre para o pátio quando a chuva cai e toma um banho daqueles enquanto ouvia a maravilhosa, melancólica e desafiante “Let Down”.

Stop. Eject. Tira o CD. Põe o CD no aparelho de som do quarto. Aperta o play. Pula para a faixa 6 e um mantra começa a ser emitido, “Karma Police”. A música é tranqüila, sua letra é pessoal e com certeza ali, naquela linda canção, no momento em que o som pára, é que tive discernimento do quanto aquele disco – sou velho e nesse tempo as pessoas nem sonhavam com o MP3 – seria importante para dezenas de outras bandas.

A fórmula “piano, voz amargurada, cantor com estilo excêntrico de cantar e subida de tom em momento chave da canção” seguida por Keane, Coldplay, Muse e muitas outras foi criada em “Karma Police”.

Você pode reclamar da informatização de “Fitter Happier”, da “pauleira” de “Electroneering”, da canção perfeita para um filme de David Lynch (“Climbing Up The Walls”), da segunda viagem espacial da banda em “Lucky” e da nostalgia de “The Tourist”. Mas todas essas faixas são necessárias para que o sentido de se ouvir um dos melhores discos de roque já feitos seja completo.

E olha que eu não vou nem falar de um clássico instantâneo que se chama “No Surprises”, talvez a mais linda canção já feita por uma banda nos últimos 30 anos e que tem tudo para entrar em uma daquelas compilações das “músicas mais marcantes de cada década”.

Escrevi todo esse texto para você: que não conhece esse material do Radiohead, que é apaixonado por Keane, Coldplay e Muse, que quer ouvir algo diferente, moderno e que possa inspirar você por alguns bons minutos da sua existência. E também porque não vi nenhum, se tiver favor indicar, artigo do ano passado que falasse de “Ok Computer” em pleno seus dez anos de lançamento.

Ouça sem alarmes e tenha muitas surpresas.

!!E O Oscar foi para... ou: “Onde os Fracos não têm vez”!! por Rod Castro

25 de fev. de 2008

Sai ano, entra ano e uma verdade inconveniente toma conta da “maior” premiação do cinema mundial, o Oscar no caso: o cinema independente ou que se mostra superior a grandes produções vai trilhando um caminho interessante, o de histórias com qualidade.

Faça um apanhado dos últimos três ou quatro anos e você verá que não há exagero ou predileções, muito pelo contrário. É uma realidade, talvez até uma conduta de risco, pois qual será a reação dos grandes estúdios?

Esse ano não foi diferente, a Academia – se você não sabe, ela não é composta por um monte de velhinhos caquéticos, mas sim por todos aqueles que um dia foram indicados ao prêmio – recheou suas categorias de filmes, menores, mais próximos do público que gosta de filmes com histórias interessantes, deixando de lado aqueles da linha muito barulho por nada.

Assim, filmes como o independente “Juno”, “Senhores do Crime”, “Na Natureza Selvagem” e até mesmo “Onde os Fracos não têm Vez” saíram catando indicações, desde as mais importantes até as que menos se esperava.

Mas, uma das marcas da violência anual que Hollywood impõe a sua indústria continua presente: a mesmice. Favoritos como “Onde Os Fracos...” saem fazendo a rapa no carecas dourados e ganham mais destaque em sua caixinha de DVDs: vencedor de tantos Oscars. Mas merecia tudo isso?

Não sei. Infelizmente não vi muitos filmes como de costume e minha opinião seria no mínimo tendenciosa e isso nunca é bom, gostos tem que ficar a parte quando você fala de algo maior, senão você é capaz de fazer um comentário, como o que ouvi em uma exposição de arte, em que um professor parou em frente a um quadro do Rembrandt e disse: “Esse é um Rembrandt, e Rembrandt é Rembrandt né?”.

Mas após a premiação dá para se falar algumas coisas:

Finalmente os irmãos Coen não tiveram nenhum grande filme contra seu estilo de filmar e seus personagens únicos. Javier Bardem finalmente teve o mínimo de reconhecimento artístico – talvez seja um dos melhores atores que vi atuando nesses últimos dez anos. Não acredita? Aponte um filme em que ele esteja mais ou menos?

Infelizmente não foi dessa vez que um talentoso Mr. Aderson (Paul Thomas no caso) não levou algumas estatuetas para a sua casa, mas como sempre, um dos seus atores em ação levou algum prêmio, no caso um pai de santo, Daniel Day-Lewis (segundo Oscar, o primeiro foi por “Meu Pé Esquerdo”), que eu carinhosamente chamo de “monstro” ou o “favorito sempre”.

Outro grande vencedor, mas que não ganha tanto destaque por ser um filme de ação – ou como ridiculamente insistiu José Wilker em seus comentários direcionados: “um filme barulhento” – é o filme que encerra – será? – a saga do desmemoriado Jason Bourne, em o “Ultimato Bourne”, vencedor de três categorias técnicas.

E surpresas houve? Claro que sim e duas delas ao biográfico filme francês que retrata a vida da sensacional cantora Edith Piaff: melhor maquiagem – destroçando o favoritismo de “Piratas do Caribe” – e melhor atriz, detonando a instabilidade que existia na categoria.

E outra mulher desfez de todas as previsões de adivinhos e se tornou mais uma vencedora do prêmio mais cobiçado do cinema: a andrógena Tilda Swinton por, dizem, seu excelente trabalho em “Conduta de Risco”.

Após o anúncio de Denzel Washington - outro que passou limpo este ano, mesmo tendo feito um excelente trabalho em "O Gangster", dizem - de quem vencera a categoria mais importante de todas - a de melhor filme - uma pergunta não quis calar em minha cabeça: será que daqui a alguns anos Hollywood será conhecida como a terra em que os fortes não têm mais vez?

!!Muito bafafa resulta em duas decepções... ou: “Eu Sou a Lenda” e “Cloverfield”!! por Rod Castro

18 de fev. de 2008


Opiniões, a vida é feita delas. O que ocorre hoje em dia é que há uma luta, seja pelas grandes mídias ou pelas pessoas que as formam de alguma maneira, para que todas as opiniões convirjam para uma só, sagrada, sem direito a questionamentos e totalmente “verdadeira”.

Agora, opinião é diferente de gosto. Você gostar de um segmento, de um estilo, de um formato ou forma, é distante de opinar sobre algo. A coisa piora quando esse objeto de estudo se chama arte, seja ela qual for: desde um quadro aos quadrinhos; desde clássicos a pipocas; desde clássicas a popular.

E se torna um péssimo comentário quando você usa da emoção para discursar sobre algo, quando é cinema então... a paixão aflora. Vejamos “Eu Sou A Lenda”. Um filme que tinha tudo para ser um filmão a ponto de se tornar referência para futuros filmes de ficção.

A história do único homem do planeta Terra que sobrevive a um vírus mortal já foi contada duas vezes antes no cinema. Essa terceira leitura foi muito bem realizada – a produção é primorosa e rende excelentes momentos visuais - possui um ator principal que comove – Will Smith – e, próximo a sua uma hora de duração, faz até você pensar.

Mas assim que os “zumbis/vampiros” surgem na tela. A coisa degringola, o caldo entorna e o resultado final deixa um gosto amargo e a sensação de que podia ser muito, mas muito, melhor. Talvez a opção por Francis Lawrence (o mesmo de “Constantine” – um filme nota 8,0) não tenha sido das melhores.

Mas esse mesmo filme nas mãos dos irmãos Wachowski (de “Matrix” e do novo “Speed Racer”) ou de M. Night Shyamalan (de “Corpo Fechado” e “Sinais”) "Eu Sou a Lenda" poderia se tornar um clássico. Tudo porque esses nomes citados teriam coragem para barrar um final tão sem graça e optariam por pessoas reais para fazer os vilões em vez de uma CGI vergonhoso.

O Caso de “Cloverfield – O Monstro” não é tão diferente. A história de um monstro – colocar no título do filme de que a história mostrada fala de um monstro é de uma imbecilidade tremenda – que invade uma grande metrópole e sai matando todos e destruindo tudo, não é novidade.

A novidade/diferença é o formato como essa história é contada. Estamos em um mundo moderno em que celulares gravam, tiram fotos e boa parte das pessoas consegue ter uma câmera – ainda mais em um país consumista como os EUA. E o “charme” do filme reside nessa forma de contar: ele é todo rodado por um amador que se utiliza de um equipamento de acesso real – câmera de mão. E só.

Os ângulos inusitados. A utilização de recursos do equipamento – o infravermelho em certa seqüência de ação. E a captação – terrível – de áudio do aparelho, rende alguns bons momentos, mas é válido como cinema? Mais ou menos. É uma nova forma de contar, algo que já foi explorado ao extremo: tem seus momentos, prega alguns sustos, não é bem estruturado, tem falhas enormes de roteiro. Mas "Cloverfield" tem que ser assistido – é a tal premissa de que se você não assistir estará por fora.

Mas sinceramente? Prefiro um bilhão de vezes a “Bruxa de Blair”, que explora o mesmo formato de “Cloverfield” - amadores registrando algo fantástico - e consegue prender muito mais sua atenção – ainda mais por seu final ser mais solto que o de “Cloverfield” (ou você vai me dizer que não entendeu que eles jogaram uma bomba nuclear no Central Park? E se o foi: como o magnetismo da câmera não foi afetado? E sim, infelizmente o filme deixa que questionamentos como esses sejam feitos por seus produtores explorarem a premissa de real ao extremo.).

“Eu Sou a Lenda”:

Nota 6,0 (pela boa 1 hora de filme, pelo Smith e o Pastor Alemão).

“Cloverfield – O Mostro”:

Nota 6,0 (por algumas cenas e pela coragem dos produtores. Se quiser ver um filme bom de monstro, assista ao excelente “O Hospedeiro”.).

!!Acervo quebra-galho para os feriados... ou: “O Aprendiz”, “O Suspeito da Rua Arlington” e “O Império do Besteirol Contra Ataca” por Rod Castro!

15 de fev. de 2008

Inicio de ano, quando você trampa numa empresa bacana, é época de revisitar os filmes que você saiu comprando no referencial – assistiu um dia e achou sensacional ou ouviu alguém falar bem – e que estava em promoção em uma locadora de Manaus.

Tudo bem, de vez em quando o comprador fica bravo por um arranhão aqui, uma capa meio detonada ali – a pressa em comprar não deixa você avaliar os danos de anos de aluguel - mas no total, o saldo é muito positivo.

E assim no início do ano, enquanto um monte de amigos meus de profissão labutavam, eu estava em casa revendo alguns filmes. Vamos ao review?

“O Aprendiz”

Faz poucos dias que postei aqui um mini-artigo sobre duas perdas recentes do cinema e que eram excelentes promessas: Brad Renfro e Heath Ledger. Joves, talentosos, potenciais enormes e que infelizmente se foram – causas diferentes, mas em ambas as mortes se fazia presente a mesma palavra: droga.

Renfro já havia feito um filme aqui outro ali, quando em 1997, Bryan Singer – o mesmo diretor do intrigante “Os Suspeitos”, “X-Men I e II” e “O Retorno de Superman” – o escolheu para ser o ator principal de uma adaptação de um conto do mestre Stephen King – mesmo autor de “O Iluminado”, “Carrie, a Estranha”, “A Espera de um Milagre” e “Um Sonho de Liberdade”.

O filme é muito bem feito e tem cenas marcantes. A maestria de Synger some graças ao embate do personagem de Renfro com o seu coadjuvante: Ian McKellen – é o Gandalf e o Magneto em pessoa. E cão engolindo cão. Fera guerreando com fera. Línguas afiadas com golpes, e olhares, fulminantes.

A história é muito bem fundamentada - um garoto que se interessa pelo nazismo em uma aula de história, ao fazer uma pesquisa em uma biblioteca, descobre que um dos seus vizinhos foi um nazista que desapareceu e conseguiu abrigo nos EUA – e possui cenas maravilhosas, como quando o personagem de McKellen põe sua farda ou quando Renfro – já no final – espanta o seu professor.

Vale a pena ser visto e com certeza figurar entre os bons dramas de sua coleção. Nota 8,0.

“O Suspeito da Rua Arlington”

2 anos antes de Bin Laden ser conhecido por reles mortais como eu e você, um americano que dava aula sobre terrorismo e que teve sua esposa morta por fazendeiros em um mal entendido, tinha a convicção de que um casal de vizinhos da sua rua, a dita Rua Arlington do título, não eram tão bonzinhos assim e podiam ser participantes de uma célula terrorista.

Não, eles não eram do IRA, nem do ETA ou muito menos palestinos, pelo contrário: eram americanos comuns e que seguiam todas as premissas do famoso jeito americano de ser. E o que levaria este especialista em terrorismo – Jeff Bridges – a suspeitar de pessoas tão boas?

Seriam as plantas de grandes edifícios e shoppings da cidade espalhadas por todo o escritório do senhor Oliver – papel muito bem feito por Tim Robbins? Ou seria aquele olhar doce, mas esquisito dado pela esposa de Oliver, a senhora Cherryl Lang – mais um trabalho estupendo de Joan Cusack – que de tão doce chega a assustar?

Talvez tudo comece com um inesperado garoto, com os dedos amputados, que é socorrido pelo personagem de Bridges e acabe de forma mais inesperada ainda – senão explosiva – em algum lugar repleto de pessoas e com o personagem de Jeff participando de um ato de forma involuntária.

Onde está o perigo? Pode estar bem ao seu lado. Nota 8,5.

“O Império do Besteirol Contra Ataca”

Você já assistiu a estes filmes: “O Balconista”, “Barrados no Shopping”, “Procura-se Amy”, e “Dogma”? Sim? Além de ser um cara sortudo – para este seu escriba falta ver o primeiro filme listado – você tem bom gosto ou andou lá por casa emprestando uns DVDs.

É uma pena que no Brasil existam uns desgraçados da censura que se juntam aos engravatados dos distribuidores e cunhem nomes imbecis para filmes que eles desconhecem e “O Império do Besteirol...” é um desses. Com esse maravilhoso título o filme acabou sendo vendido nos cinemas, quando foi exibido, como mais um daqueles filmes ignóbeis para adolescentes.

Tudo bem, é o pior filme de Kevin Smith até então. Mas ainda assim está longe de ser uma porcaria do nível dos filmes dos irmãos Wayans (daquela porcaria de “Todo Mundo em Pânico”). O filme na verdade é mais uma miscelânea de referenciais nerds que tem como protagonistas pela primeira vez os sempre coadjuvantes Jay e Silent Bob.

Duas coisas que merecem sua atenção: tente desvendar quem são as garotas que fazem o grupo de ladras que dão carona para Jay e Silent – tem mulher famosa e adorada hoje em dia por fãs de “Heroes” (mais conhecido por estas bandas como cópia mal feita de Watchmen) – e desvende quem está por trás do vilão que enfrenta os dois em uma das últimas cenas do filme – dica: ele já fez a voz do coringa nos novos desenhos do Batman e também foi o L... S... de Guerra nas Estrelas (isso se você já reconheceu quem é a freira que dá carona para J & SB).

Bom, engraçado e perfeito para aliviar a tensão do dia-a-dia. Nota 8,0

!!Sábias palavras Jack!!

Jack Nicholson é um ator que respeito. Tirando alguns deslizes - e credito aqui o tão falado Coringa do "Batman" de Tim Burton - o cara arrebenta, vide "O Iluminado", "Um Estranho No Ninho", "Melhor Impossível" e "Os Ifiltrados".

Há praticamente um mês e meio, alguns sites e até mesmos jornais que copiam notícias da internet e postam na sua contra capa (sem revisar), foi dito que o velho ator tinha largado o pau no novo Coringa encarnado pelo, agora falecido, ator Heath Ledger.

Poucos dias depois de ler o alarde da "declaração" feita por Jack, acabei por ler a entrevista concedida pelo ator a Folha de São Paulo. Ele simplesmente avisava que algo de estranho estava ocorrendo com Ledger – Nicholson havia visto algumas cenas do trabalho e tinha se impressionado. O fim da previsão do veterano todos nós já sabemos. Mas essa excelente entrevista tinha um trecho muito bom, falando sobre a impressão que ele tem do mercado americano de cinema e a relação travada pela a imprensa (paga?) sobre lucro e bom filme.

Faço minhas as palavras do sábio Jack:

“Hoje em dia não vemos filmes estrangeiros aqui (EUA), eles não os distribuem como costumavam. Antes, víamos uma obra-prima por semana, foi assim por 14 anos. Bergman, Kurosawa, De Sica, Pasolini, Bertolucci, Truffaut, Resnais, cada semana era alguém. Não sabíamos, mas era a melhor educação possível. Além disso, eles adoravam os filmes americanos tanto quanto, Huston, Ford, Hawks. Essa é a parte boa de pertencer à industria cinematográfica, não gostamos de admitir, mas somos muito sentimentais sobre as tradições.

Ainda assisto aos filmes como cinéfilo, mas a indústria mudou, foi tomada por conglomerados. Um filme que faz, digamos, 10 milhões de dólares não significa nada porque agora se lida com centenas de milhões. Uma emprea de filmes é, de certo, só um departamento de organizações maiores, mesmo para as pessoas que assistem aos filmes a sensação de sucesso fica distorcida por esses parâmetros, é difícil encaixar cinema de autor nesse conceito.".

!!É o fim... ou: “Paranóia”, “Bee Movie”, “Fast Food Nation” e “A Bússola...”!! por Rod Castro

13 de fev. de 2008

Porque o fim? Simples, esses 4 filmes acima citados foram os últimos a serem conferidos ainda em 2007. Logicamente que outros também foram vistos no mesmo tempo, mas eram clássicos – como o soberbo “Inferno No. 17” do mestre Billy Wilder – e a filosofia de postar o que foi assistido não cobria os clássicos, algo que não será repetido em 2008, garanto.

Para você ter noção de quantos filmes foram assistidos, inéditos hein?, foram mais de 40 DVDs e mais de 50 filmes vistos no cinema – admito que foi pouco perto de outros anos. Mas vamos ao que interessa? Simbá!


“Paranóia”

Na minha época, havia uma dupla de atores juvenis que arrebentavam e eles tinham muito mais do que o primeiro nome em comum, eles tinham carisma. O nome de ambos? Corey Haim e Corey Fieldman (o eterno “Bocão” dos “Goonies”).

Esses dois branquelos fizeram sucesso com dos filmes, o primeiro mais o menos - “Licença para dirigir” senão me falha a memória – e outro muito bacana, que foi dirigido pelo Joel Schumacher e tinha como vilão principal o Kieffer Sutherland (hoje conhecido como Jack Bauer da série “24 Horas”).

Pois bem, hoje existe um cara que vale pelos dois e possui muito mais competência e carisma: Shia LaBeouff. O moleque, só 22 anos, tem gabarito e vem fazendo um sucesso emendado noutro, confere: “As Panteras 2”, “Eu, Robô”, “Constantine”, “Bobby”, “Paranóia”, “Ta Dando Onda” – ele fez a voz do principal personagem e “Transformers”.

Tudo isso em menos de 4 anos e nesse ano ainda estréia o seu papel mais importante dentre todos já feitos: o filho do Indiana Jones no mais novo filme da série. Mas falemos de “Paranóia”. O filme é interessante e mama em dois filmes já clássicos: “Janela Indiscreta” (do mestre Hitchcock) e “Dublê de Corpo” de Brian De Palma (copiador de idéias do mestre do suspense).

Assim, temos um bom acidente no início do filme em que o personagem principal – Shia – acaba perdendo o seu pai. Esse trauma o transforma no esquisito da sala de aula e um belo dia em que o nome do seu pai é tocado por um professor de forma engraçada, o moleque o responde com um murro.

Pena pela agressão? Uma “algema para o pé” que detecta que o garoto está em casa – cumprindo sua prisão domiciliar. Ele acaba por se utilizar da sua luneta, nunca antes usada, para matar o tempo e acaba se apaixonando pela sua nova vizinha e presenciando uma cena que pode ter sido um assassinato de verdade – cometido por um vizinho sinistro.

O que realmente dá um ar especial ao filme é o trabalho de LaBeouff. Ele está bem em todas as cenas e convence como adolescente problema. Melhor ainda: mostra ser daqueles atores que não se vicia em expressões ou cacoetes para encenar novos personagens.

Divertido. Nota 6,5!


“Bee Movie”

Assistir a uma animação hoje em dia é no mínimo uma situação divertida. Primeiro porque o clima na sala é animado, as pessoas estão ali para rir e ao mesmo tempo se espantar com a realidade proferida por camadas e mais camadas de modernos programas de computador que buscam a realidade através de pixels.

Segundo porque a criançada sempre está presente – tirando Bewoulf – e as frases de efeito ganham mais lembrança em sua mente após a sessão pelas repetições imediatas realizadas pelos pequenos. Dispense a chatice de ser um cara que vai ver filme de crianças e quer silêncio e se prepare para alguns “Uéeenss” que é diversão, quase sempre, garantida.

E a terceira e mais bacana explicação é: hoje, animação – por ser feita em computação gráfica em 3D – parou de ser algo somente para crianças. Pelo contrario: a quantidade de grupos de amigos adultos presentes nas salas de exibição desse segmento é cada vez maior – existe gente que até leva o sobrinho ou o irmão mais novo para convencer os outros que está ali por causa do infante, mas não: foi e quer se divertir sim.

“Bee Movie” é mais um filme em computação que tenta comparar a vida de animais/insetos/monstros com a nossa. E isso sempre rende situações engraçadas, além de coloridos – aquela primeira visão do “mar” de “Procurando Nemo” ainda me espanta. E nesse “Bee Movie” a colméia e sua estrutura amarelada e alaranjada com alguns elementos em preto não fica atrás.

No filme você acompanha a vida de uma abelhinha que está louca para deixar a comunidade em que vive para conhecer a vida entre os humanos. Ela consegue, mas pisa na bola ao revelar para uma linda humana que as abelhas falam.

Simples assim e repleta de boas situações/piadas, esta animação tira o estresse do dia-a-dia e deixa seu programa dois até mais interessante. Bom Movie. 8,0!

“Fast Food Nation”

Hollywood com alguns talentos por trás das câmeras de hoje em dia para reviver algo que no passado já lhe rendia uns trocados: segmentar diretores.

Explico: quando se fala “Mestre do Suspense”, você automaticamente pensa em Alfred Hitchcock. Quando se fala em “do mesmo diretor de ‘Os Sinais e Sexto Sentido” você pensa em M. Night Shyamalan – e já espera por um filme com final surpresa. Mas o que fazer com um cara que não se deixa “disciplinar” pelos estúdios?

Pior ainda: o que fazer com um macaco que pula de um galho para o poste e do poste para a rede, como se fosse algo natural e sem o mínimo medo de levar pelo menos um choque? Resposta: dá se mais liberdade ainda para ele.

Richard Linklater e um desses diretores/autores de hoje em dia – outros que residem na mesma categoria: Spike Jonze, Alfonso Cuarón, Chris Nolan - e que a cada projeto apresentado, consegue se desvincular por completo do anterior.

Assim ele fez a loucura descompromissada e juvenil “Jovens, Loucos e Rebeldes”, foi romântico e ao mesmo tempo inovador com “Antes do Amanhecer”, bancou as experiências de forma e formato com “Walking Life”, se divertiu e acertou em cheio com “Escola de Rock”, retornou mais inovador e maduro com “Antes do Pôr-do-Sol” (continuação de “Antes do Amanhecer”), e bancou brigas com profissionais de equipe e até mesmo estúdio ao fazer o totalmente em rotoscopia (desenhando por cima das imagens dos personagens) em “O Homem Duplo”.

E agora chega às locadoras o muito bom “Fast Food Nation”. Ao contrario do que você possa pensar, Linklatter leva o conceito de mostrar o que realmente está por trás de uma das maiores marcas do estilo americano de viver – o tal fast food – a realísticas situações nunca antes vista com tremenda crueza em tela grande, ou pequena no caso do DVD.

Esqueça o documentário ‘engraçado’ “Supersize Me”, a sujeira está na ficção “Fast Food Nation” e aproveite e prenda a respiração na cena do abate das vacas e do preparo do hambúrguer. Nota 8,5.


“A Bússola de Ouro”

Não entendi porque muitas pessoas não gostaram de “A Bússola de Ouro”, alguns diziam que o filme se arrastava – discordo ainda mais pela edição “moderna e rápida” – que a história não tinha pé nem cabeça e muito menos fim – mas é uma fantasia e a primeira parte de uma trilogia diabos!

O filme conta uma realidade paralela a nossa em que uma grande instituição – na verdade uma alegoria para não falar Igreja Católica – dita o que todos os cidadãos devem fazer. Nesse mesmo mundo as pessoas, desde crianças a adultos possuem uma concretização de suas principais características em forma de bicho – chamados de Deamons.

É nesse mundo que uma pequena garota – a excelente Dakota Blue Richards - descobre que seu tio – Daniel Craig – uma espécie de cientista dessa realidade, entende como se transportar de um mundo para outro – seria o nosso mundo?

Misteriosamente o conselho da instituição se reúne para aplicar um golpe no tio da garota e ele astuciosamente some de vista, deixando para ela uma bússola dourada.

A partir daqui passamos a ver um mundo “fantasioso real” – feito através de excelentes e nada exagerados efeitos especiais, como: incríveis ursos falantes e guerreiros; bruxas que voam e possuem poderes – e lados – diferentes do que costumeiramente aparecem na telona; e balões/dirigíveis fantásticos, entre outros.

Nicole Kidman, Daniel Craig, Sam Shepard, Kathy Bates e até mesmo Christopher Lee, são deixados de lado, apenas fazendo parte da história, que você tem eu conferir e esperar pela conclusão em breve. Nota 8,0.