!!O dia em que Tom Hooper surpreendeu o mundo, ou: especialistas, quem, eu e você?!! Por Rod Castro

28 de fev. de 2011

Antes de começar a falar sobre o Oscar, que tal comentarmos sobre a transmissora do mesmo em sinal de televisão aberta? A pergunta que me faço é: como uma emissora se digna a comprar os direitos de transmissão desse importante programa e praticamente abre mão dos mesmos, ao dar continuidade a sua grade normal, tanto em programação quanto em horário?

Não compra, oras. Deixa para as outras que fazem boas transmissões, como aquelas da Gabi Gabriela, com comentários do Ewald Filho e senão me engano, uma vez, da apresentadora Babi com comentários do Roberto Sadovski, ex-editor da SET, no SBT do Silvio?

Resultado? Boa parte da premiação já entregue, temos o José Wilker e uma apresentadora no ar. Nada contra um, nem com o outro. Mas acho que até mesmo eles ficam sem graça ao perceberem que o que vão falar se baseia em prêmios já entregues.

Mas vamos falar do que interessa então simbá: “O Discurso do Rei” é muito bom filme. Sim. O é. Mas ele é melhor que “Bravura Indômita”, “Rede Social” e até mesmo “A Origem”? Tenho cá minhas dúvidas. Uma coisa eu sei: o filme possui mais méritos que deméritos.

“Discurso” é daqueles filmes bem realizados. Com enredo desafiador – quando o personagem principal se confronta com uma situação extraordinária e terá que pô-la abaixo a favor de um motivo maior – e que possui excelentes atuações. Se levarmos em conta que a história toda escrita se baseia em um fator físico do personagem principal, entende-se como ele “roubou” o Oscar “certo” de roteiro original de “A Origem”.

Os outros prêmios recebidos: de melhor ator – uma compensação pelo não creditado Oscar do ano passado a Colin Firth no seu belo trabalho em “Direito de Amar”, o ator mesmo lembrou que devia metade deste prêmio ao diretor deste filme, Tom Ford – diretor e filme, não são compensações, passam até como acerto, mas em que parte? Na seguinte:

Tom Hooper, o mais novo dos diretores, arriscou-se em um segmento já tantas vezes encenado em tela grande: o drama histórico. Mas ele não o fez sem mostrar um novo olhar sobre o já batido tema “Segunda Guerra Mundial”. Seus personagens são mais sensíveis, o enredo não força a barra, a fotografia é por muitas vezes até experimental e sua trilha passa raspando no comum, mas possui grandeza dramática eficiente. Pelo conjunto da obra e por mais uma vez, os Weinstein terem estreado o filme próximo das premiações internacionais – deixando o filme fresco na memória de quem o vê – o filme sai mesmo como o maior premiado.

Hooper acerta em outros dois pontos: a gagueira de seu personagem principal não é anedótica nem tão dramática, é praticamente um entrave, um solavanco, algo que lembra aquele personagem que ele, apesar de grandioso em sua tradição, é humano e falho. A atuação de Helena Boham Carter como uma rainha mais contida, sem os já característicos exageros que marcam sua carreira, transparece a mão pesada de Tom.

Roteiro, diretor e ator principal premiados? Seria impossível, ou até mesmo irracional, não premiar a produção como a melhor entre as 10 indicadas.

O segundo filme mais premiado da noite foi “A Origem”. Dentre os prêmios merecidos, estão mixagem e edição de som e efeitos visuais. Concordo com Wilker que o filme não merecia o de melhor fotografia – esse ficaria entre “Bravura indômita” e o já citado “Discurso do Rei” – mas não concordo com seu argumento de que o filme de Christopher Nolan parece ter uma fotografia computadorizada, até porque, boa parte das cenas mais importantes do filme foi feita com trucagem mecânica.

Se “A Origem” realmente merecia um prêmio que lhe foi negado, foi o de melhor trilha, de longe superior ao de “A Rede Social”. Falando no filme do criador do Facebook, duas escolhas feitas a favor do filme, na premiação, foram dignas: melhor roteiro adaptado e melhor montagem – aqui um adendo: impossível não lembrar de “Scott Pillgrim” quando o assunto é montagem, mas aí teríamos que lembrar que Nolan não foi indicado ao prêmio de melhor diretor também.

Ainda sobre “A Rede Social”. Se o filme não fez a premiação de ator, em minha opinião, Jesse Eissenberg é melhor que Firth, assim como Bridges é melhor que os dois juntos, também não o fez de melhor filme, como poderia premiar seu diretor? Fincher passou, mais uma vez, limpo no Oscar.

Mas de todas as ignoradas deste Oscar 2011, a menos justificável foi o “somente indicado” que o pôster e a futura capa do DVD/Blu-Ray de “Bravura Indômita” terá em letras garrafais. A produção, seu novo script, ator principal, atriz coadjuvante, trilha e insuperável fotografia, passaram zerados por este Oscar. O que nos leva ao seguinte raciocínio, bem explorado na fala final de Steven Spielberg – que viu seu filme não convencional de guerra “O Resgate do Soldado Ryan” ser derrotado pelo esquecível “Shakespeare Apaixonado”.

“A Rede Social”, “A Origem” e “Bravura Indômita” figurarão ao lado de “Cidadão Kane”, “O Mágico de Oz”, “O Grande Ditador” e muitos outros bons filmes, totalmente ignorados pela “tal” academia. Fazer? Ano que vem tem mais.

!!É tão bom voltar triunfante... ou: 'O Vencedor'” Por Rod Castro!

17 de fev. de 2011

Parabéns. Essa é a primeira palavra dita a três pessoas envolvidas com o projeto chamado “O Vencedor”. As três, por ordem de importância são: David O. Russel, Christian Bale e Amy Adams.

Russel, que já fez dois filmes interessantes bem acima da média, comédias inteligentes e que merecem indicações aqui do A Sétima - “Procurando Encrenca” (de 1996) e “Três Reis” de 1999 - acertou a mão mais uma vez. Mas surpreendeu por sair de um território dominado – o do cômico – para abordar o drama com tons de Neo-Realismo que orgulharia os mestres Luchino Visconti, Vittorio De Sica e Roberto Rossellini.

Sua câmera registra, sem ter o compromisso de se fixar ou ao menos parecer ter obedecido uma marcação. Desde o primeiro take, em que é registrado um depoimento feito pelos personagens principais, passando pela sequência em que eles asfaltam algumas ruas e por último, os acompanhando ao descer uma importante rua de seu bairro e interagindo com os moradores “reais” do local, a liberdade dada transparece a fuga do segmento drama clássico.

Outro acerto de Russel está na condução de sua história e na condução de seus personagens. Nas duas situações ele se espelha no estilo empregado para registrar o filme: naturalidade e liberdade, tanto de movimentação quanto de tempo.

Assim, não temos a típica cena de treino dentro de um ginásio. Ela ocorre, na hora certa, no meio das ruas, com a participação dos transeuntes. Nada de uma família funcional que apóia seu vencedor, ela é mais um obstáculo para que ele se torne um campeão de sua categoria. Também não temos a companheira funcional e muito menos trilha crescendo ao redor dos momentos dramáticos.

E para mostrar que Russel acredita em seu trabalho, dá mais importância para o que ocorre fora do ringue do que dentro e o momento mais “especial” da história, quando seu personagem sagra-se campeão, ele transforma a luta em algo secundário.

Christian Bale, já fez personagens que impressionam. Tanto pelas suas características e histórias, chegando até a transformação que o ator se propõe a sofrer, para que a caracterização se torne perfeita.

Foi assim com o seu repórter com tendências homossexuais em “Velvet Goldmine”, seu psicopata de musculatura performática em “Psicopata Americano”, seu “guerreiro medieval futurista” no subestimado “Reino de Fogo”, o esquelético paranóico de “O Operário” e as duas versões completamente diferentes de Bob Dylan em “Não Estou Lá”.

Não seria diferente agora. Inicialmente o seu papel de irmão mais velho (Dick Englund) que já foi um vencedor no boxe, mas que foi derrotado pelas drogas – o vício do crack – não impressiona, pelo contrário, trás um ranço de exagero. Mas com o passar do filme, a construção feita é perfeita. Bale rouba toda e qualquer cena em que esteja presente e seu personagem totalmente falho nocauteia o público.

Impressiona mais ainda ao final do filme quando vimos o verdadeiro Dicky em ação. É um competidor forte em qualquer competição artística na categoria de ator coadjuvante, levou peia no Bafta, mas se consolidou no Globo de Ouro. Será o seu primeiro Oscar? Esperemos.

Detalhe: interessante, mais uma vez, o ator que marca a tela junto ao público maior do cinema, ao encarnar nada menos que Bruce Wayne/Batman, desaparece imageticamente e até personificadamente. Mais mérito que isso?

Amy Adams é jovial, linda e até excêntrica. Remete a uma pureza necessária para os eternos papéis de moca legal de uma comédia romântica. Pois ela encarna com maestria o seu oposto em todos os quesitos. E o sentido de realidade utilizado por todo o filme não escapa de sua personagem que além de se vestir mal, chamar palavrões por tudo, ter uma independência física amorosa e ser uma das poucas pessoas a encarar a mãe (Melissa Leo) do Vencedor (Mark Whalberg) e seu irmão ex-boxer (Bale), está visivelmente fora de forma – o que de certa forma até choca os espectadores que sempre idealizam a mulher do herói.

Suas cenas, na maioria das ocasiões, são o alívio cômico do filme. Mas sem ser gratuito, nada em cima de algo já pensado, são ações naturais do desenvolvimento da história – como na hora em que ela sai na mão com as sete irmãs de seu namorado, arrebentando a cara de uma delas.

Como então, um filme que passa raspando por três “gêneros”- como o do boxe, o do drama familiar e o das drogas - consegue se diferenciar de todos eles, sem apelar para algo recorrente e ao mesmo tempo, ao subir dos créditos, triunfar? Simples: risco.

E esse risco que muitos sempre tanto valorizam e acabam não correndo é o maior acerto por parte de quem comprou esse desafio de levar as telas um filme tão bom como este “O Vencedor”. Imperdível, nota 9,0.

“Cisne Negro” de Darren Aronofsky

15 de fev. de 2011

Há quase uma semana, revi “Cisne Negro”. A primeira vez foi em casa, em uma cópia passada pelo meu primo que havia descido o filme da internet. Como eu tinha certeza que o mesmo não passaria nas salas locais, afinal, nenhum filme de Aronofsky havia passado, resolvi assisti-lo numa manhã de sábado.

O filme termina e um sorriso paira sobre meus lábios. A primeira conclusão: ele fez um filme de terror, horripilantemente perfeito.

Na segunda vez que vi o filme, outra conclusão, esta mais centrada na observação entre o enredo e o estilo com que Darren produziu o filme: ele misturou o aspecto psicológico e até a fotografia de “Persona”, de Ingmar Bergman, com o seu primeiro trabalho, o transtornado “Pi”.

Esta segunda conclusão não vai de encontro a primeira, ao contrário a endossa. Afinal, “Pi” é um filme de terror, ou não?

Mas para explicar o que vi em “Cisne Negro” a melhor forma de contar essas observações é dividindo este artigo em três partes: “Persona”, “fotografia” e “atuações”.

“Persona”

Este é o melhor filme que vi do mestre sueco Ingmar Bergman. Nele é trabalhado o tema dupla personalidade de uma forma única: uma mulher passa por um trauma, isola-se em uma ilha para ser tratada por uma enfermeira. Com cenas muito bem tramadas – repletas de reflexos em espelhos e vidros, assim como imagens milimetricamente realizadas para as duas personagens ficarem sobrepostas – Bergman mostra como o nosso Ego é capaz de suprir a necessidade até de outra pessoa, para a resolução de um problema que o Id não tem forcas para solucionar.

É impossível assistir ao “Cisne Negro” e não se lembrar de “Persona”. Aronofsky se utiliza infinitamente de espelhos, às vezes multifacetados, como a imagem que você dever ter cansado de ver por aí – aquele espelho que está na sala da casa da mãe de Nina (Natalie Portman) – e às vezes até multiplica a imagem de Nina, como em uma cena vital para percebermos o que rola na cabeça de sua personagem.

A diferença na trama reside na necessidade de Nina em se apoiar em outras personagens femininas para criar o seu novo eu – ela é chamada para fazer o papel principal, duplo, de O Lago dos Cisnes: começa pela sua mãe (Superego?), ex-bailarina e agora pintora, que a trata como uma criança; depois pela personagem da ex-principal estrela de sua companhia de balé, a esquentada e dramática ao extremo, Beth Macintyre (Wynona Rider); e chega a uma obsessão doentia e até mesmo sexual, assim como no filme de Bergman, com a novata Lilly (Mila Kunis se estabelecendo como uma atriz versátil, além de linda).

Não há a mais no trabalho de Darren. Pelo contrário, acho que de certa forma ele foi feliz em dois fatores, que passam próximo do que Nolan está fazendo hoje em dia: produziu um filme que precisa de observação e participação mental do espectador e o vendeu como um filme segmentado ou de gênero, como alguns preferem, trazendo o mais variado público, boa parte nem conhece os trabalhos anteriores do diretor.

O trailer – a idéia mais próxima de venda de um filme - foi feito sob medida para parecer somente mais um filme de terror. Não o é, mas também não explora as maiores facetas do personagem como Bergman o fez. Não é um demérito, mas é algo a se pensar.

“Fotografia”

Somente um filme supera o trabalho de câmera realizado em “Cisne Negro”: o de “Bravura Indômita” – do mestre Roger Deakins, o mesmo de “O Assassinato de Jesse James”, “O Homem Que Não Estava Lá” e “Soldado Anônimo”. Tirando este, o de “Cisne Negro”, feito por Matthew Libatique – o mesmo de “Pi”, “Homem de Ferro” e “Fonte da Vida” – beira a perfeição.

Filmar com câmera na mão um espetáculo de balé, rodeando os bailarinos e manter o foco ao mesmo tempo em que registra a dramaticidade, retratando o que realmente interessa ao diretor e ao espectador, é de se aplaudir. Mas o momento que a fotografia de “Cisne Negro” salta aos olhos são os ensaios.As dezenas de espelhos ao redor dos atores, que tem a preocupação de interpretar e de se posicionarem corretamente em cena, são mostrados sem ao menos notarmos o reflexo do operador de câmera – não sei se foi realizado algum efeito que apagasse tal presença, senão o foi, merece mais aplausos o que fez Libatique.

Há outro aspecto interessante na formatação do estilo mostrado em cena: a câmera de mão ou ombro, como alguns retrataram. Não muito comum nos três primeiros trabalhos de Aronofsky, que de alguma forma seguiam a tendência acadêmica e clássica de filmar, mas usado e abusado em seu trabalho anterior: “O Lutador”.

Aliás, o paralelo entre o personagem de Rourke e de Portman é mais que acertado e passa pelos desafios, pressão, doença, sacrifício final, até chegar a fotografia, mais íntima, que segue o personagem principal por diversos locais, físicos ou mentais.

“Elenco”

Apesar de fazer outro filme focado em um personagem principal, como no já citado “O Lutador”, Aronofsky, mais uma vez, acerta ao escolher seus coadjuvantes e a ter em mãos um elenco tão numeroso, que permite manobras dramáticas deveras interessantes.

Os coadjuvantes ajudam Portman ao mesmo tempo em que a desafiam. O que parece mais se divertir é o francês, marido da beldade Monica Belluci, Vicent Cassel. Como Thomas, o dono da companhia de balé que montará o espetáculo, ele trabalha os olhares e trejeitos necessários e que passam veracidade aos bastidores do balé.

A já citada Mila Kunis se mostra mais que um belo rosto, algo que já tinha feito ano passado em “O Livro de Eli”. Sua Lilly é uma despojada atuação que chama atenção e transtorna, ao mesmo tempo em que conquista, Nina. Seus olhares de sedução e total despretensão com o comprometimento habitual de um bailarino traz o espectador para dentro do filme.

Duas outras atrizes, com poucas cenas, mas que rendem de forma interessante é a sumida Wynona Rider e Barbara Hershey. A presença de ambas reforça o turbilhão de impressões verdadeiras e imaginarias de Nina em um momento inspirado de Natalie.

Por último, Natalie Portman. Você que acompanha aqui o A Sétima, sabe o quanto tenho antipatia pela Portman. Cheguei a apelidá-la de “InsuPortman”. Mas seu trabalho é bem acima da média, que ela mesma já o faz.

Sua Nina infantil dá espaço a uma adolescente, que se transforma em uma mulher, até se tornar uma vilã de primeira grandeza. Aliás, quando a transformação ocorre e ela mata a pureza daquela personagem perdida, aprisionada por hábitos e que sofria uma grande repressão por parte de sua mãe é que se nota a grandeza do trabalho dela.

Muda-se o olhar e a expressão corporal. E o Cisne Negro finalmente surge. Perfeita, como ela mesma diz ao encerrar o filme.

Um excelente filme, não é o melhor de Aronofsky. Acho que "O Lutador" e "Réquiem por um Sonho" ainda o superam, mas é mais um com qualidades de um grande. Nota 9,0.

“Incontrolável” de Tony Scott

Eis que mais um trabalho do senhor Tony Scott, também conhecido como o irmão do Ridley, vai figurar em minha coleção particular de filmes. E de preferência em Blu-Ray, já que a sua captação e principalmente o seu som foi perfeitamente realizado.

Entre os filmes de Tony que figuram lá por casa estão: “Fome de Viver” (um dos meus favoritos de vampiro), “Amor À Queima Roupa” (roteiro de um ainda não conhecido a época Quentin Tarantino), “Inimigo do Estado” (subestimado, mas que tem o seu valor), “Jogo de Espiões” (espionagem mais realística e com bons diálogos) e “Domino” (produção meio independente e que trouxe holofotes para Keira Knightley).

“Incontrolável” é um filme pipoca, com tudo o que tem direito: dupla de trabalhadores – Denzel Washington bem como sempre e Chris Pine buscando uma subida na carreira – que se envolve em uma situação inesperada, um trem descontrolado segue rumo a uma pequena cidade americana. A única forma de pará-lo é prendendo outro trem em seu último vagão e tentar frear ao máximo.

Advinha quem vai parar o trem que sai detonando tudo o que encontra? A dupla já citada e que durante o filme terá a sua história contada. Aqui reside o diferencial do comando de Tony, buscando por um pouco mais de bom cinema na produção. Ele entrecorta o natural desenvolvimento da trama para pontuar situações dos personagens principais que ocorreram até antes daquele momento impar.

É lógico que teremos a população torcendo pelos dois heróis inesperados, também temos uma garota que os ajudará nessa missão – aqui, é a linda e competente Rosario Dawson – veremos cenas explosivas em uma velocidade de abismar e ao final, tudo dará certo.

Mas isso vai contra o que realmente move o filme: a vontade de fazer o certo e de unir forças para um bem maior. Bom filme, boas cenas de ação, agora é esperar pelo novo projeto de Tony que deve ter um grande elenco para rodar uma história de ladrões versus assassinos (“Potsdamer Platz”). Nota 8,0 para incontrolável.

A volta por cima: “Centurião” de Neil Marshall

14 de fev. de 2011

Como será ter feito uma carreira como editor e um dia ter a oportunidade de rodar algo seu? Como será rodar esse filme e ser aclamado como um diretor diferente? Como será ter a oportunidade de rodar algo maior, com mais recursos financeiros e acertar mais que a mão e praticamente dar um reboot em filmes de terror em um cenário reduzido?

Estas eram as perguntas que me fazia após assistir ao excelente “Abismo do Medo”, de Neil Marshall, em um cinema de Manaus, no ano de 2006. Depois de um filme bom como esse, era claro que ele repetiria a dose em outro, com mais recursos ainda. Até o aspecto reboot estava incluso no projeto recém anunciado – que retomava aquele estilo de filme com perseguição de carros em um futuro devastado, como a série “Mad Max” – “O Juízo Final”.

Naquele momento em que tudo culminava para o total conhecimento da pessoa de Marshall, tanto pelos conhecedores de cinema, quanto pelo público, ele mete os pés pelas mãos e comete um filme muito, muito ruim mesmo.

Como se reerguer? Pelo que conhecemos dele, da forma que acertou anteriormente: pegando um gênero cinematográfico e dando um toque diferenciado. Que tal então um filme sobre romanos e bárbaros? Boa pedida. Melhor ainda, que tal chamar para o elenco principal um ator que roubou a cena em uma produção de um diretor renomado – Michael Fassbender (o “James Bond” de “Bastardos Inglórios”) – e uma modelo que se tornou atriz e roubou a cena do ator principal em uma cine série – Olga Kurylenko (a Bond Girl de “Quantum of Solace”)?

Este é “Centurião”, um bom filme. Com personagens sólidos, figurino perfeito, locações escolhidas a dedo e uma trama fácil de ser entendida, ainda mais depois da invasão promovida por Ridley Scott em “O Gladiador” e muitas outras histórias já contadas com embates entre povos bárbaros e impérios renomados, como em “Coração Valente”.

A história de um Centurião (Fassbender) que se livra do povo bárbaro, junta-se a sua legião, novamente participa de uma batalha e acaba sendo perseguido pelo povo que o havia aprisionado antes é muito bem contada. Em suma, é um filme de perseguição, rodado em tempos antigos, com bons diálogos e boas brigas. Que venha o próximo projeto. A pergunta que fica:

Será que Marshall tentará algo com o segmento monstros? Seria interessante. Nota 8,5

!!Mais um bom filme de Eastwood: Além da Vida!! Por Rod Castro

“Os Imperdoáveis”, “Menina de Ouro”, “Gran Torino” e “Invictus”. Estes são os meus filmes favoritos com a direção de Clint Eastwood. Há bons filmes no meio do caminho, mas estes são melhores. O que realmente me deixa feliz, como cinéfilo, é saber que “um cara que era tido como um matador de bandidos a La Charlie Bronson”, na verdade é um dos melhores diretores de cinema destes últimos anos e mais: entrega pelo menos um bom filme por ano.

Se ano passado ele entregou o melhor filme de esportes que eu vi, “Invictus”, neste ele já engata outro bom filme, sobre um tema de domínio público e com um ar apurado, como só ele sabe fazer: “Além da Vida”. As qualidades do “tempo do ator” como muitos gostam de ressaltar em críticas e comentários, é respeitado ao extremo e em três situações diferentes.

A primeira é a de uma apresentadora francesa de um programa de entrevistas. Ela estava presente no país que sofreu muitos danos com o Tsunami. A cena em si é maravilhosa: a surpresa, a transformação nos rostos e as situações vistas na tela – o que realmente ocorre por debaixo da onda – são memoráveis, apesar de o efeito soar um pouco falso.

A segunda situação é a de um “ex recebedor de espíritos”. Vivido com simplicidade e naturalidade pelo competente Matt Damon – que parece, cada vez mais, escolher a dedo os projetos em que porá sua cara. O dom, que para ele é uma maldição – talvez não? – é algo que ele não quer mais ter ou exercitar. Essa recusa é visível no olhar e no posicionamento físico do ator – o dom do personagem é exercido pelo toque de mão.

A terceira situação é a mais bem resolvida e possui o melhor personagem da trama: um garoto que possui um irmão gêmeo e o perde – a cena da perda é muito bem pensada e ganha carga emocional por ser realística. Esse garoto conseguirá unir as histórias já contadas e levantará um olhar necessário e sempre barrado nos filmes sobre espiritismo ou almas: a desconfiança quanto ao que os sensitivos vêem ou sentem – as cenas-teste do garoto são o alívio cômico.

Contar mais do que isso é estragar situações. E a calma com que Clint conduz o filme pode deixar algumas pessoas desconfortáveis. Mas a experiência é muito boa e tem cenas lindas que ficarão na memória de quem assiste ao filme. Nota 8,5.

!!“O Último Mestre dos Ares” de M. Night Shyamalan!! por Rod Castro

9 de fev. de 2011

Após assistir ao bom “Sinais” pela terceira ou quarta vez, sozinho pensei alto: Shyamalan é o novo Spielberg do mercado cinematográfico. E isso é um pensamento positivo até demais e não é a toa nem tem cunho comparativo por ser, como se tentasse buscar um referencial para espelhar um pensamento, é somente uma análise mesmo.

Confira: Shyamalan “surgiu” para o mundo com um suspense (“O Sexto Sentido”), Spielberg também, com o subestimado “Encurralado”. De lá, ambos partiram para algo maravilhoso que é a recuperação de um gênero, ainda dentro do suspense: Spielberg emplacou o terror “Tubarão”, Shyamalan fez um excelente filme de super heróis em “Corpo Fechado”.

Sem deixar as comparações morrerem, ambos emplacaram um filme que abordava o tema extraterrestres: “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” (Spielberg) e o já comentado “Sinais” (M. Night). Não havia como não compará-los e essa situação era mais favorável a Shyamalan do que muitos pensam pelo menos na minha comparação o era.

Pois bem, se você acompanha aqui o “A Sétima e Todas as Artes” saberá que desde “A Vila”, que não desgosto. Apenas penso que M. Night perdeu a mão em momentos-chave, a comparação entre esses dois grandes diretores foi abandonada aqui por este escriba. Mas agora ela volta a tona com o mais novo filme do indiano: “O Último Mestre dos Ares”.

Massacrado pela crítica, desde que fez o belo “A Dama na Água” – em que ele desmistificava um dos seus principais personagens, um crítico de cinema – M. Night viu sua primeira adaptação ser mais uma vez expurgada pelos analistas de plantão. Uma pena, porque o filme funciona e muito, ainda mais se você for uma pessoa com idade até 14 anos.

E ao assistir ao filme que mostra a busca pelo último mestre do ar – há também o povo do fogo, o povo da água e o povo da terra – através da visão de crianças e semi-adolescentes M. Night acerta o tom de seu filme, do início ao fim. Confesso que meu maior medo era como ele iria lidar com os efeitos especiais grandiosos que a história necessita, mas afirmo que sua direção foi impecável.Os ganchos deixados por todo o filme trazem a lembrança os mesmos largados por Steven em “Indiana Jones” e outros filmes produzidos pelo americano, como “Goonies”. São situações que se resolvem por si só, ao mesmo tempo em que deixa o espaço aberto necessário para que ocorra uma continuação.

Outro aspecto interessante do filme: Shyamalan passeia por todas as lutas. Sua câmera registra tudo como se fosse mais um elemento da coreografia já ensaiada. A visão não se desvia, ela faz parte da situação e isso engrandece e até mesmo dá um ritmo diferente aos atuais filmes estilo fantasia que tanto querem vender para as crianças de hoje em dia.

Acabo de me lembrar de outro fato: após assistir ao melhor trabalho de Shyamalan, "Corpo Fechado", exerciteiminha mente ao imaginar uma possível carreira do indiano frente a personagens icônicos dos quadrinhos, como "Superman" e até mesmo "Batman". Após esse "O Último Mestre dos Ares", peguei-me, novamente, imaginando o diretor frente a outro segmento do cinema atual, liderando um "Harry Potter", "Bússola de Ouro" e até mesmo um "Crônicas de Nárnia", mas com seu toque pessoal. Seria bom.

Nota 8,5 para este primeira parte da saga do carequinha, veremos os demais episódios.

!!Os meiores do final do ano passado!! por Rod Castro!

“O Golpista do Ano” de Glenn Ficarra e John Requa

A dupla responsável por roteiros de “comédias hilariantes” como diz o cara da Sessão da Tarde, como: “Como Cães e Gatos” e “Papai Noel as Avessas”, assume seu primeiro filme, tanto em roteiro quanto em direção.

O filme ficou conhecido no Brasil como o filme que levou, mais uma vez, Rodrigo Santoro ao mundo de Hollywood. Dessa vez ele é o amante do personagem principal, vivido com todas as loucuras de sempre do ator mais ignorado do mercado americano: Jim Carrey.

O trunfo do filme está na trama: um gay disfarçado que decide chutar o pau da barraca e assumir sua vida sexual. Para isso ele acaba

“Ponyo” de Hayao Miyazaki

Poucas lendas do cinema mundial estão ainda vivas. Prontas para engatar um ou outro trabalho maravilhoso como só eles podem/podiam entregar. Entre os que respiram e continuam em atividade, com filmes muito acima da média, está o mestre oriental Hayao Miyazaki, que completou 70 anos.

De sua mente vieram excelentes animações que conquistaram a admiração de crianças, adolescentes e adultos. Os mais conhecidos são “A Viagem de Chihiro” e “O Castelo Animado”. Este “Ponyo” é bem diferente destes dois últimos trabalhos já citados, por um motivo: é o seu filme mais infantil, desde a concepção até o trabalho junto aos seus personagens.

Isso não depõe contra, ainda mais quando se vê o “preenchimento de tela” que somente Hayao é capaz de fazer e sem soar confuso. A linda história de um garotinho que encontra uma espécie de peixe que se transforma em uma menina e se torna sua melhor amiga, traz a memória aquela eterna lembrança do amigo ideal, que não existe, não materialmente, mas vive em nossas mentes e até corações.

“Vício Frenético” de Werner Herzog

Quase 70 anos. Este é o alemão Werner Herzog. Um homem que acredita num cinema diferente, que não pode ser segmentado por estilos e que dá ao seu ator total liberdade em criar seu personagem e viver aquilo como se fosse a última vez.

Desde 2006 o diretor não fazia uma ficção. Pois neste “Vício Frenético” ele acerta mão, do início ao fim do filme. Readaptar algo é bem difícil, mas não vi nenhuma crítica negativa a esta tentativa do mestre alemão frente a uma nova visão do trabalho do bom diretor/ator/roteirista Abel Ferrara, cometido em 1992.

O maior acerto está em chamar Nicholas Cage. Em um momento redenção e “olha eu aqui de novo”, Cage comete os exageros necessários para viver um alucinado policial que se vê em uma situação inesperada. O final politicamente correto, para os outros personagens, mas desafiante para o espectador é algo para se lembrar. Que Nicholas volte a velha forma.

“O Escritor Fantasma” de Roman Polanski

Uma pessoa envolvida em uma trama. Ela parece inocente e a todos os momentos descobre algo novo que leva a uma conclusão: meti-me numa enrascada e pagarei um preço alto por não ter levado meu instinto a sério.

Esse clima sempre rondou as obras do controverso diretor Roman Polanski. Passando por, hoje, clássicos dirigidos por ele como “Faca Na Água”, “Repulsa ao Sexo”, “Armadilha do Destino” e o seu melhor filme, a adaptação de Ira Levin, “O Bebê de Rosemary”. Todos seus personagens se viram aprisionados a uma situação de complô e sempre pagam um preço por suas descobertas.

Em “O Escritor Fantasma” não é diferente. Um escritor (Ewan McGregor voltando à velha forma) com relativo sucesso decide co-escrever a biografia de um ex primeiro ministro inglês (Pierce Brosnam) que é acusado de ter deliberado a favor de causas militares que interessavam somente ao governo dos EUA – Tony Blair fez muito isso. O filme é tenso, como só Roman é capaz de fazer, tem boas viradas e mostra que às vezes o vilão é quem você menos espera ser, sejam eles simpáticos velhinhos ou mulheres aparentemente desesperadas.

“Direito de Amar” de Tom Ford

Há uma tranqüilidade no ar. Há uma mudança na intensidade das cores também. Há uma possibilidade diferente de se enxergar a sociedade americana ideal e há tanto tempo trabalhada em nosso subconsciente, há um novo diretor de cinema que merece sua atenção, seu nome é Tom Ford.

Diretor criativo da marca Gucci, este americano de 50 anos, passou para uma carreira que promete ao realizar este “Direito de Amar”, um filme longe dos maneirismos que cercam os filmes com temática homossexual. Repleto de belas imagens, não só em suas concepções e representações, mas em suas encenações e estilo fotográfico, o filme traz mais do que à superfície aparenta.

A história de um professor da década de 50 que perde seu companheiro – a primeira cena do filme, registrada com maestria e simplicidade pelo olhar de Ford – e não sabe que caminho dá para a sua vida é muito bem contada. Os personagens que cruzam o seu caminho, como a vizinha solteirona transloucada (Julianne Moore), o rapaz espanhol oferecido e o aluno que o admira, são apenas complemento de um personagem maior e bem encarnado por Colin Firth.

“Como Treinar o Seu Dragão” de Dean Deblois e Chris Sanders

Vikingns ainda é um filão mal explorado no cinema mundial. Ou eles são eternos vilões ou passam como rudes bárbaros em filmes hollywoodianos. Trazer um filme de aventura infantil para este universo e permear ele com centenas de tipos de dragões diferentes é uma sacada em tanto.

Os diretores de uma das animações mais engraçadas dos anos 2000, “Lillo & Stich” retomam a parceria e mostram que sabem não só fazer como bem explorar os recursos que o 3D oferece aos filmes em computação gráfica.

A história do garoto que tem talentos para fazer o que o seu pai não deseja e que acaba salvando sua vila, já recontada dezenas de vezes antes, ganha traços marcantes através da relação de seus personagens, todos caricaturais, é verdade, mas cheios de vida. Afinal, identificação é algo que o espectador sempre está atrás. Esta é a melhor animação do ano, você tem que ver.

“Enterrado Vivo” de Rodrigo Cortés

Há um quê de Hitchcock neste suspense espanhol. Remete a situação estática. Remete a não possibilidade de se sair daquilo, nem o personagem, nem o espectador. A demonstração de que o diretor está no comando é palpável e isso é para poucos, ainda mais quando você comete somente o seu segundo filme, como Cortés aqui se encontra.

A história de um homem enterrado vivo é fácil de entender: ele fez algo e está sendo punido. Será? E se ele não fez nada e por isso mesmo está em tal situação? Difícil acreditar, até porque, ele é americano e isso, por si só, já é um bom motivo para aprontarem uma dessas com ele, certo?

Esperar por um fim salvador, formuláico, que já nos acostumamos a ver é algo necessário para que a angústia provocada por cada desenlace da trama desapareça, nem que seja por um breve instante. Este é um filme que faz com que a maioria das pessoas possam afirmar que já tiveram uma experiência no cinema. Que venha o próximo trabalho de Cortés e que ele seja memorável como este.

“Mother, A Busca Pela Verdade” de Joon-ho Bong

Não seguir regras. Para um diretor de cinema, esta afirmação, se levada para o sistema hollywoodiano de produzir filmes, é afirmar que você não fará somente um estilo de filme. Você terá liberdade ou se dará a liberdade necessária para contar os mais diversos fatos, das mais variadas formas. Esta não segmentação é o elemento mais importante do atual cinema sul coreano.

Um dos maiores produtores de lá é Joon-ho Bong. O mesmo diretor do originalíssimo “O Hospedeiro” e do interessantíssimo “Memórias de um Assassino”. Aqui ele continua a misturar estilos e formatos de cinema ao contar a história de uma simples mãe que tem um filho, já adulto, com problemas mentais.

As guinadas da trama – o filho é acusado de matar uma moça de sua vila – e a transformação da personagem principal, de uma simples mulher para uma mãe que buscar a verdade, mesmo que ela não seja a que ela desejava descobrir, impressiona e por vezes até emociona. Para se ver ao lado daquelas pessoas que não gostam de cinema com os olhos puxados.

“Atração Perigosa” de Ben Affleck

Quantos filmes já foram rodados com a temática assalto a bancos? Quantos ficaram em suas lembranças? Dois me passam pela cabeça: “Caçadores de Emoção” (de Kathryn Bigelow) – com Patrick Swayze e Keanu Reeves – e “O Plano Perfeito” (de Spike Lee) – com Clive Owen e Denzel Washington.

Em um sobra juventude e irresponsabilidade. Noutro sobra inteligência e ar teatral. Aqui, em “Atração Perigosa” há mais do que esses dois bons filmes tem a oferecer: tem verdade, romantismo, excelente diálogos e dois atores em ponto de bala, Rebecca Hall (de “O Grande Truque”) e Jeremy Renner (de “Guerra Ao Terror”).

A trama mostra um grupo de amigos que são competentíssimos na arte de assaltar bancos. Desde seus pais, passando por seus ídolos e chegando até eles, a nova geração, a arte de roubar e não ser pego é exercitada em cenas intensamente bem filmadas. O erro cometido pela “equipe” é levar uma refém após um assalto e todos se verem reféns da memória e beleza da moça. Ben Affleck tem tudo para ganhar cada vez mais o respeito da crítica e da audiência. Que bom.

“Tropa de Elite 2” de José Padilha

Fui um dos brasileiros que se mostrou contrário ao filme nacional mais adorado desde “Cidade de Deus”, “Tropa de Elite”. A verdade unilateral trabalhada ao extremo durante toda a história se mostrou perigosa, ainda mais em um país que vive tantas realidades. Pautá-las por um só jeito de encarar a vida é muito perigoso.

Neste segundo filme da série, que parece apresentar chances de ter mais uma continuação, o diretor José Padilha acerta todas as suas arestas e remodela a ideia de um filme policial nacional. Nada de um só lado da situação ou abordagem superficial e até extremista, não. Aqui tudo gera uma conseqüência e questionamento, não somente pelos que assistem ao filme, mas pelos próprios personagens ali envolvidos.

Os questionamentos levantados. As situações encenadas. E a experiência de ver um cinema nacional com toques de grande cinema como ele sempre o foi, mas sem fórmulas, é mais que bem vindo, é algo a se enaltecer. Um dos melhores filmes já feitos no Brasil que merece um espaço especial na sua estante.

“O Segredo dos Seus Olhos” de Juan José Campanella

“A Fita Branca” do alemão, mas considerado francês, Michael Haneke era o meu favorito para a categoria de filme estrangeiro no último Oscar. Foi um dos poucos que assisti. Mas quando vi o argentino Campanella subir ao palco e se mostrar não só surpreso como feliz pelo resultado, sorri.

Ele já havia acertado a mão nas comédias dramáticas “O Filho da Noiva” e “O Clube da Lua”. Nesse romance disfarçado de filme policial ele faz mais e comete um dos filmes mais interessantes do ano passado.

Seu trabalho com atores já era conhecido e o levou a dirigir séries de renome no mercado americano. Mas a desenvoltura técnica, não somente pela condução da câmera, mas pelos entrelaces da trama que atravessa décadas, dá a carga necessária para que o filme marque o espectador. Destaque para o sensacional plano sequência e o final da trama que surpreende mais de uma vez. Filmaço.

!!Ainda em 2010!! por Rod Castro

7 de fev. de 2011

Tirei férias depois de trabalhar 09 anos direto com publicidade. Aproveitei para ver filmes que passaram, ou não, nos cinemas de Manaus, repondo o tempo escasso que foi uma eterna realidade neste último ano de 2010.

Para que eu possa falar de todos, sem realmente deixar ninguém de fora, decidi dividir o texto em três partes: os mais ou menos (que não decepcionaram, mas que podiam ser melhores) os bons (que cumpriram sua proposta) e os muito bons (que superaram as expectativas).

Para que possa falar de todos, vou fazer textos da seguinte forma: 01 parágrafo para a primeira categoria, 02 para a segunda e 03 para a terceira. Assim falo o suficiente dos que não são tão bons, bem dos bons e mais ainda dos que superaram. Vamos lá?

Os Mais ou Menos:

“O Lobisomem” de Joe Johnston

Tinha tudo para ser um excelente filme: personagem conhecido, elenco estrelado, efeitos especiais mais realistas, um diretor com certa experiência, mas se tornou um engodo com um só culpado, Johnston (diretor do filme do Capitão América). Ele culpa o estúdio, veremos.

“Chéri” de Stephen Frears

Outro que tinha tudo para dar certo: um dos melhores diretores da década de 90, um elenco primoroso, texto e plot interessante, mas o filme não engrena, às vezes se torna até mesmo sacal. Só não fica pior porque Michelle Pfeiffer conduz bem sua personagem. Mas para um filme do Frears ficou devendo.

“Vigaristas” de Rian Johnson

A premissa de dois irmãos que vivem de dar golpes em milionários é boa. Os primeiros golpes aplicados são muito bons, mas parece que o enredo empaca na metodologia e a graça e o charme conquistados se tornam banais e formuláicos. Vale pela boa atuação de Brody e Weisz e o sempre excelente Ruffalo.

“Tron, O Legado” de Joseph Kosinski

Vamos falar a verdade? O primeiro Tron não era lá essas coisas. Efeitos interessantíssimos, para a época, e divertido, principalmente nos momentos de perseguições e competições. Mas só. Então porque não fazer mais do mesmo, com efeitos melhores? Fez-se, mas o resultado é o mesmo, somente um filme pipoca, com um grande ator (Jeff Bridges) com poucas falas. Ah, vale também pela beleza de Olivia Wilde e pela loucura encarnada do ator Michael Sheen.

“Predadores” de Nimród Antal

A premissa de que humanos são jogados em um planeta para serem caçados pelos alienígenas da série Predadores é interessante. O elenco escolhido para tanto também dá conta do recado, principalmente Alice Braga e Topher Grace. Mas de alguma forma o filme não empolga, apesar de bons momentos. Agora é esperar para ver se o produtor Robert Rodriguez põe a mão na massa e grava a sua versão.

Os Bons:

“Faces da Verdade” de Rod Lurie

Até que ponto um repórter ou jornalista pode ir por sua fonte? Uma questão já tantas vezes levantada no cinema mundial ganha contornos femininos (rosto e bela atuação de Kate Beckinsale). Uma mãe/jornalista faz matéria denúncia contra uma agência do Governo.

Pressão para todos os lados: os proprietários do jornal em que ela trabalha, a mídia em geral pelos ecos provocados e o Governo que deseja saber como uma importante informação como aquela pôde chegar tão naturalmente a uma jornalista. Bom filme. Destaque para atuação de Matt Dillon como o promotor que tenta arrancar a verdade de Beckinsale a qualquer preço.

“72 horas” de Paul Haggis

Parecido com o tema anterior. Temos uma pessoa acusada sobre algo que não fez. No caso, uma mãe (Elizabeth Banks) que briga com sua chefe é acusada de tê-la matado assim que ambas saiam do trabalho. Todas as provas mostram que ela realmente o fez. Mas e o marido (Crowe) e o comportamento da acusada? Afirmam o contrário.

O filme demora para engrenar. Salvam estes momentos lentos os sempre excelentes diálogos de Haggis (ele faz todos os da nova cine série do 007) e a participação especial e convincente de um fugitivo da cadeia (Liam Neeson).

“Meu Malvado Favorito” de Pierre Coffin e Chris Renaud

Um vilão que nunca convenceu, nem mesmo a sua mãe, é desafiado por um “novato”. O que ele faz? Bola um plano infalível. Para tudo dar certo ele precisa da ajuda de: três meninas que moram em um orfanato, seu mestre maluco e respectivos ajudantes - bichinhos amarelos com um ou dois olhos.

O plot mesmo desse filme é: relacionamento pais e filhos. Então é lógico que o vilão irá conquistar o respeito, terá o afeto das meninas, superará o seu rival e tirará muitas risadas da sua boca. Ainda assim, faltou algo para posicioná-lo melhor entre os filmes vistos.

“O Profeta” de Jacques Audiard

Filmar como o crime se organiza por dentro das prisões mundo a fora não é novidade para ninguém. Mostrar isso pelo olhar de um simples ladrãozinho mequetrefe que vai subindo, a duras penas – como na boa cena em que ele mata um árabe – até se tornar um dos maiorais dentro da sua prisão, mesmo continuando somente um mequetrefe – ao olhar de quem o recrutou para crimes maiores – é uma novidade.

Não há grandes novidades técnicas no filme, a idéia já está plantada e acompanharemos essa escalada do início ao fim da história. O acerto mesmo está no ator chamado para encarnar Tahar Rahim que parece carregar em um só olhar a frustração e a raiva do mundo que o cerca. Um petardo francês.

“Um Homem Misterioso” de Anton Corbijn

Talvez por ter passado tanto tempo dirigindo vídeo clipes (para U2, Depeche Mode e Metallica) o diretor Holandês Anton Corbijn decidiu permear seus filmes – apenas 02, contando com esse “Um Homem Misterioso” – com momentos repletos de silêncio. Neste drama policial encenado na Itália não é diferente.

A escolha por George Clooney é perfeita para refazer a ideia que o público mundial tem dele: um galã bem resolvido. Aqui ele é um homem comum, que desconfia de todos, passa momentos inteiros de total silêncio e se torna amante de uma prostituta, ao mesmo tempo em que é amigo do padre local. Belo filme, com momentos interessantíssimos de exposição, fotografia mais que perfeita e uma bella dona Violante Placido – que já acertou sua estréia no cinema americano na nova aventura do “Motoqueiro Fantasma”.

“Megamente” de Tom McGrath

Praticamente o mesmo plot explorado no já comentado “Meu Malvado Favorito”. Um vilão que passou sua vida enfrentando o protótipo do Superman de sua realidade acaba matando-o em um plano maligno, pelo menos é isso que pensamos. O que podia ser uma solução para Megamente acarreta um problema: quem ele enfrentará agora que seu adversário jaz?

A diversão já praticada por Tom em suas duas animações anteriores – série “Madagascar” – toma conta da tela e ganha diferenciais a partir do momento em que você assiste ao filme em 3D. Os personagens são marcantes, a virada no final surpresa traz um quê a mais para o filme e o final é um grande sorriso no rosto de quem assiste.

“Um Homem Sério” de Joel e Ethan Coen

Personagens originais. Comédia com tempo de drama. Trilha sonora perfeita. Texto ágil e com total referência as comédias das décadas de 40/50 de grandes mestres dos bons filmes de Hollywood. Esses são fatos e características que marcam a obra dos Irmãos Coen. Em “Um Homem Sério” não é diferente.

Um professor de matemática tem que enfrentar: o suborno de um aluno chinês, um vizinho caçador, uma vizinha gostosa, um filho pilantrinha, uma filha chata, uma esposa que quer o divórcio, um amante (o da esposa) que quer o seu bem e um irmão que aposta em jogos ilegais usando a matemática. Tudo desencadeado de forma ordenada e desenfreada como somente um filme dos Coen é.

“Enrolados” de Nathan Greno e Byron Howard

O filme mais caro produzido pela Disney. Demorou mais de 04 anos para ser feito. Estas são as principais notícias que cercavam "Enrolados". Talvez fosse uma tática para mascarar algo que poria em risco o projeto: uma tentativa de reler um clássico da literatura infantil mundial, a história de Rapunzel.

Divertido, engraçado, com cenas de ação muito bem boladas e com grande percepção dos diretores sobre os efeitos 3D – aquele que “interage” com os espectadores, principalmente o fator profundidade. Muito bom, merece espaço na estante.

“Encontro Explosivo” de James Mangold

“Cop Land”, “Garota Interrompida”, “Kate & Leopold”, “Identidade”, “Johny & June”, “Os Indomáveis” e agora “Encontro Explosivo”. Está é a carreira em cinema de James Mangold, um competente diretor americano. Este misto de comédia com policial e aventura é no mínimo divertido.

Um espião tem que provar sua inocência e para isso vai contar com uma pessoa “normal” para escapar das mais diversas situações. Mangold tem belas sacadas para as cenas de ação, muito bem coreografadas e com a dupla principal (Tom Cruise e Cameron Diaz) se divertindo ao extremo. Cruise tem que fazer algo com relação a sua imagem desgastada para emplacara algum sucesso, esse filme era uma tentativa, pena que o público não gostou.

“Toy Story 3” de Lee Unkrich

Sendo bem sincero, a série que lançou a Pixar para o mundo nunca me convenceu. Pronto, pode me xingar aí durante o tempo que você quiser. Já? Então, continuando: gosto, acho interessante, mas nunca me fez a cabeça e com certeza seria uma série que eu venderia da minha coleção antes de vender coisas melhores como “Up”, “Os Incríveis” e vários outros feitos pela equipe de John Lasseter.

Nesta terceira e parece ser última parte, acompanhamos o crescimento do dono dos brinquedos. Assim, obviamente o veremos abandonar os seus bonecos para se tornar adulto e teremos o olhar dos brinquedos perante este grande dilema. Há cenas emblemáticas, como a substituição que nós humanos fazemos de objetos tão queridos e a cena em que os brinquedos estão prontos para encerrarem suas “vidas”. Mas é uma boa animação e somente isso.

“Ameaça Terrorista” de Gregor Jordan

Um filme lento com história não muito convencional: terrorista inglês, recém convertido ao islamismo, entrega-se aos militares americanos. A partir daí sabemos o que ele fez: escondeu três bombas em importantes cidades americanas. Como ele fez isso e quais são suas reais intenções é o que iremos descobrir neste bom thriller.

Destaque para atuação de Samuel L. Jackson como torturador profissional e Michael Sheen – firmando-se como um ator versátil - como o terrorista repleto de dualidade em suas informações. É de se destacar também as questões levantadas pelo terrorista e o posicionamento dos militares. Merece atenção.

“A Epidemia” de Breck Eisner

Em tempos de a volta dos Zumbis – “Walking Dead” na TV, “Zumbilândia” conquistando ares de Cult e “Extermínio” em vias de chegar a sua terceira parte – esta reencarnação de um filme menor da década de setenta, senão me engano, ganha contornos interessantes nas mãos de Breck que acerta o tom desde a primeira pessoa a ser infectada.

Filme denso em muitos aspectos. Repleto de boas cenas de perseguição. Guinadas surpreendentes e um final de sentido duplo que deixa arestas para continuações. Em Blu-ray ganha um charme a mais.

“Os Coletores” de Miguel Sapochnik

Com duas colaborações na parte do departamento de arte de boas realizações de Dany Boyle (em “Por Uma Vida Menos Ordinária” e “Trainspotting”) o novo diretor Miguel Sapochnik acerta a mão nessa ficção científica pessimista e com toques de comédia de humor negro, em várias partes.

Em um futuro breve, as pessoas que sofreram mazelas e por isso perderam importantes órgãos acabam por tê-los de volta, mas sem a necessidade de doadores – são órgãos mecânicos. O acerto do filme passa pelas referências a clássicos como “Metrópolis”, cults como “Blade Runner” e ganha contornos de um grande episódio da série “Além da Imaginação”. Olho em Sapochnik, que já foi absorvido pela série “House”, tem futuro.

“Ponto de Partida” de Timothy Linh Bui

Apostar em um texto diferente. Acreditar que astros até mesmo conhecidos e reconhecidos desejam fazer papéis originais, com personagens mais reais e menos caricaturais. Está foi a aposta do diretor Linh Bui ao chamar Jessica Biel, Ray Liotta e Forester Whitaker para este drama.

Conflitos entrecortados. Uma dançarina de pole dance, um ex-padre tentando o suicídio, um ex-assaltante buscando sua redenção e o herdeiro de uma funerária tentando se reerguer. Tudo entrelaçado, com bons momentos dramáticos e fotografia saturada. Agora é esperar o próximo passo do diretor Linh.

“Vidas Que se Cruzam” de Guillermo Arriaga

“Amores Brutos”, “21 Gramas”, “Três Enterros” e “Babel”. Quatro roteiros entrecortados, com personagens reais, que tem suas vidas embaralhadas em certo momento. Com palavras impiedosas e impactantes. Esta era a carreira do roteirista/autor Guillermo que fez parceria com o diretor Alejandro González Iñárritu e o ator e também diretor Tommy Lee Jones (“três Enterros”).

Arriscar-se a fazer um roteiro e ao mesmo tempo dirigi-lo era algo que lhe faltava. Agora não mais. Arriaga faz mais um roteiro misturado, mas agora no tempo espaço, não mais entre personagens. A história se repete com o passar do tempo de exposição. Destaque para a boa atuação de Jennifer Lawrence.

“Entre Irmãos” de Jim Sheridan

“Meu Pé Esquerdo”, “Em Nome do Pai” e “O Lutador”. Três filmes fortes, com temática política e que mostram sempre uma pessoa deslocado se confrontando com algo surpreendente e se transformando a partir dali. Os três personagens têm o mesmo rosto, o de Daniel Day-Lewis. Os filmes também têm o mesmo diretor: Jim Sheridan.

Não é de se estranhar então, que o diretor tenha aceitado essa regravação deste bom drama sueco. A história de um irmão certinho – Tobey Maguire longe de ser uma pessoa normal – que tenta defender o seu irmão mais novo e que sempre apronta – Jake Gyllenhaal certeiro como sempre – e uma mulher entre eles – a competente Natalie Portman, ganha ares mais realísticos do que o retrato de um triângulo amoroso. Competente drama, com muito boas atuações.

“O Anticristo” de Lars Von Trier

Ele (um psicólogo) e ela (uma escritora). Este é o nome dos dois únicos personagens do filme mais polêmico desde o inesquecível e violento “Irreversível”. Lars Von Trier conta uma história muitas vezes já contada: pais, por um descuido, acabam perdendo o seu filho – uma das cenas mais bonitas do cinema moderno.

O trauma que a situação gera e a reação desses personagens frente a isso é o que o diretor nos mostrará. Não será fácil. Nem pra eles, personagens, nem para nós, público. O filme é denso, possui cenas chocantes, traveste-se como um drama, mas na verdade é um filme de terror, como a revelação dos estudos feitos por “Ela” e o final em que se vê várias mulheres subindo para a cabana em que o casal realiza seu tratamento. Uma experiência, por si só.

“Salt” de Philip Noyce

Vendido como uma espécie de Jason Bourne com saias, este projeto rondou os estúdios de Hollywood por um bom tempo até Angelina Jolie topar interpretar a personagem principal. A idéia mais correta e talvez menos imaginada fosse chamar o competente e politizado diretor Phillip Noyce (do excelente “Terror a Bordo”, “Jogos Patrióticos”, “Perigo Real e Imediato” e “O Colecionador de Ossos”) que já havia trabalhado com a senhora Pitt para o comando.

O filme parece ser apenas mais do mesmo: uma agente da CIA é acusada por um informante de ser espiã dupla. A sacada não é ela se transformar numa assassina que destrói e mata tudo o que atravessa seu caminho a fim de provar sua inocência. O interessante é sabermos que ela é o que é e tem tudo para surpreender a todos que lhe acusam.

“Ervas Daninhas” de Alain Resnais

Um dos mais importantes cineastas franceses põe a mão na massa – de três em três anos, ele entrega um filme, desde 2003 é assim – e faz um filme com uma história singela, porém muito bem contada, com calma, ângulos de cena maravilhosos e tons de estilo significante, apesar, insisto nisso, de simples.

A história de uma dentista que é assaltada e tem sua bolsa devolvida por um senhor recém aposentado é interessantíssima, apesar de normal. O que torna o filme assim é o jeito como Resnais o conduz: seus personagens são verdadeiros, suas narrações são tão íntimas que em certos momentos eles se permitem corrigir os pensamentos – apenas para o público, não para os outros personagens – e as cores são belamente fotografadas. O falso final e o vôo soam como mensagens a ser interpretadas por quem assista ao filme, de forma silenciosa.

“Shrek – o Capítulo Final” de Mike Mitchell

Sendo bem claro: “Shrek Terceiro” foi um erro. Decepcionante, apelativo e longe de tudo o que se trabalhou nos dois primeiros filmes da série do Ogro e seus parceiros Burro Falante e Gato de Botas. A reformulação da série era necessária, não somente para possíveis continuações, mas para reerguer os personagens.

A solução foi chamar um dos redatores do desenho “Bob Esponja” e que só havia trabalhado com comédias com personagens reais, Mike Mitchel. Bebendo naquela fonte de a pessoa receber uma chance de fazer tudo o que já fez em sua vida, mas de forma diferente, o enredo traz boas situações e muda todo o status quo do universo do ogro. Engraçado, divertido.

“Os Homens Que Não Amavam as Mulheres” de Niels Arden Oplev

Um dos maiores sucessos de venda do mundo dos livros ganha sua primeira adaptação. Não li nenhum livro, mas quem leu afirma que as adaptações foram bem fieis ao que o autor Stieg Larsson escreveu em sua série.

O filme não se aproveita de grandes invencionices e isso soma ao resultado final. Destaque mesmo para as boas atuações de Michael Nyqvist e de Naomi Rapace, o casal de investigadores que tentam desvendar um grande segredo de uma família de aristocratas suecos. A trama surpreende e passa pela naturalidade – não há nada de genial, mas funciona e muito. Agora é esperar pela adaptação americana que terá o comando de David Fincher.

“Sombras de Goya” de Milos Forman

Um dos meus diretores favoritos, o tcheco Milos Forman, anda sumido. Não sei se seus futuros 79 anos, completados no próximo dia 18, pesam quanto a uma sequência de trabalho mais atuante nesses anos 2000. Mas que um filme poderoso como ele sabe fazer, faz falta nos cinemas, ah isso faz.

Poucos podem se orgulhar de terem em seus currículos filmes como “Um Estranho No Ninho”, “Na Época do Ragtime”, “Amadeus”, “O Povo Contra Larry Flint” e “O Mundo de Andy”. Milos pode e por isso mesmo fez outro belo trabalho neste polêmico “Sombras de Goya”, um filme que desmistifica a figura do conhecido pintor, ao mesmo tempo em que retrata a sociedade da época. Javier Bardem arrebenta e Natalie Portman mostra ser uma atriz mais madura.Pena que o filme não ganhou destaque no mercado, mas merece ser descoberto em uma locadora.