!!A mãe lobo deu cria novamente... ou: é se desfazendo que se faz um bom disco?!! Por Rod Castro!

21 de jan. de 2010

Poucas bandas alcançaram um respeito de crítica e público assim que apresentou seu primeiro trabalho. De cabeça agora, alguns nomes me vêem a cabeça: Coldplay, The Strokes, Queens Of Sonte Age, Stone Temple Pilots... e mais alguns, mas não devo passar de uns 50 nomes. Entre eles, com certeza, estará o do power trio australiano Wolfmother.

Uma mistura de Black Sabbath com Led Zeppelin. Esta era a minha primeira definição sobre a banda assim que pus meus tímpanos em seu primeiro disco, intitulado com o nome da banda.

Músicas interessantes, apresentações viscerais, clipes bem bolados, premiações, shows lotados, boas vendas. Tudo estava a favor do Wolfmother, que para impressionar mais ainda seus ouvintes e crítica, tinha uma média de idade entre os 23 anos, assim que surgiu.

Era a banda certa, surgindo no momento certo. Até que a gravadora cobrou um novo disco, já acertado em contrato. Ai tudo foi por água abaixo. A banda entrou em conflito, as acusações começaram e um sumiço imediato tomou conta do Wolfmother e ano de 2008, o que a banda deveria entregar um novo álbum, passou em branco.

Em 2009, foi anunciada a saída de seu baixista/tecladista Chris Ross (um fã de John Paul Jones) e o baterista Myles Heskett (um fã incondicional de Bill Ward batera do Black Sabbath). O vocalista Andrew Stockdale (um Ozzy Osbourne mais consciente e ótimo guitarrista) tocou o barco sozinho, pôs anúncios em jornais e retomou a banda, agora um quarteto: Adrian Nemeth (guitarra base), Ian Peres (baixo/teclado) e Dave Atkins (bateria). O resultado?

Melhor do que se esperava. O segundo disco do Wolfmother: Cosmic Egg tem uma pegada de estrada e uma ousadia que o difere do primeiro trabalho da banda, mas a distancia é proposital e traz novas camadas ao som já anteriormente proposto. É rock de qualidade, tocado com maestria, com letras sobre unicórnios e garotas. Ou seja: é o velho (?) Wolfmother, com roupagem nova e sugando a sua fonte seiscentista: Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath.

“California Queen”, “Sundial”, “10.000 Feet”, “Pilgrim” e “Black Round”caberiam em qualquer disco do Sabbath; “New Moon Rising”, “Cosmic Egg”, “Cosmonaut”, “Eyes Open”, “In The Castle” e “Phoenix”seriam repertório em qualquer show do Purple; “White Feather”, “In The Morning”, “Far Away”, “Caroline” e “Violence Of The Sun” fariam os monstros do Led balançarem suas cabeças.



É com toda essa pompa que o Wolfmother segue rumo ao estrelato já previsto. E que agora eles se unam e façam bons trabalhos como estes, afinal, os saudosistas de um bom rock agradecem as homenagens e cantam suas músicas. Nota 9,0 (obrigatório para a sua coleção de discos da safra de 2009).

!!Julian Plenti é o Paul Banks do Interpol... ou: Julian Casablancas tem que aprender esta lição!! Por Rod Castro!

19 de jan. de 2010

Dois vocalistas das bandas mais interessantes do rock indie desses anos 2000, The Strokes e Interpol, decidiram dar um tempo de suas bandas – as duas no princípio de gravações de seus novos álbuns para este ano de 2010 – e resolveram tocar projetos solos. Julian não arriscou tanto, fez um disco não tão bom quanto pode fazer, principalmente em grupo com os seus parceiros habituais, o caso de Paul Banks, do Interpol, é diferente.

Já era de se esperar. Banks é notavelmente contido, não se sabe se é tipo, e um grande observador. Suas letras são mais interessantes, apesar de ácidas e as vezes mórbidas, que as de Casablancas, e o seu som não está lincado ao que sua banda se propôs a fazer, mas sim ao estilo de rock que ele aprendeu a gostar, como o que era produzido por Ian Curtis e o seu Joy Division.

Em março do ano passado, algumas notícias em sites especializados afirmavam que Paul havia entrado em estúdio para produzir algo seu, somente isso, sem nomes de colaboradores ou por que selo o CD sairia. E a surpresa – como ele tão bem berra na faixa de abertura do disco “Julian Plenti Is... Skyscraper”, na faixa “Only If You Run” – foi um trabalho melhor como qualquer disco de sua banda.

O som parece com o que ele faz. Mas este parece tem tantas possibilidades que seria um crime buscar algo na sonoridade deste trabalho nos já realizados com os seus companheiros de Interpol. Sim, o som às vezes sinistro, a guitarra emparedada e a bateria concisa – o baterista é o mesmo do Interpol – mas há uma alegria em certas canções, seja por um pianinho aqui – na música já citada – seja em uma harmonia em guitarra menos acelerada ali ou até mesmo pelo estilo mais dançante da faixa em si, que os referenciais já instituídos por Banks, acabam por passar reto e algo novo surge em seus ouvidos.

“JP Is... Skyscraper” parece ter saído de uma trilha sonora de algum filme de David Lynch. Pondo sempre seu ouvinte em questão, criando camadas que podem parecer algo, mas que rapidamente é contradito ao que se pensava ser, ou deveria ser. É corajoso, pretensioso, diferente, parecido, repetitivo, novo e alucinantemente bom. É de se perguntar: será que Banks precisa do Interpol? O que os outros integrantes do Interpol pensaram sobre o trabalho?

Bem, o caminho está pavimentado. Paul deve estar mais que feliz. E com músicas como as já citadas, mais a moderna “Unwind”; as climáticas “Skyscraper”, “Madrid Song”; o rock dançante de “Games For Day”; a sacana “Fly As You Might”; as belas “No Chance Survival”, “Girl On The Sporting News”, “On The Splanade” e a derradeira “H”.

Se Julian pensou em soar pop e assim arrastar seus fãs de Strokes, errou. Se Paul tentou não soar como sua banda, mas não deixar de lado certas características artísticas, como ele mesmo fala na faixa de abertura: Surpresa! Ele acertou quase em cheio, mas ainda precisa sim do Interpol para fazer um disco, como só ele e seus companheiros de banda conseguem – respondendo assim a pergunta de que ele pode seguir um caminho só ou acompanhado.

Nota 8,5. E a partir de hoje, Julian Plenti é Paul Banks sem Interpol. Veremos...

!!O quinteto de um homem só... ou: o disco solo de Jullian Casablancas, o “líder” dos Strokes!! Por Rod Castro!

A vida de Jullian Casablancas deve ser um saco: ele é filho de John Casablancas – dono da Elite Models, a maior agência de modelos do planeta Terra, estudou em colégios internos na Europa – onde conheceu seu parceiro de primeiras composições Albert Hammond Jr. (filho de outro famoso), deve ter recebido carinho de centenas de modelos - hoje famosas, e por final, mas não derradeiro, é o líder da banda que “salvou o rock” nos anos 2000, os Strokes.

Chato né? Talvez tenha sido esta monotonia que o motivou a dar um passo adiante, enquanto sua banda não lança nada novo (há mais de 3 anos), e lançar um trabalho solo, com participação de vários companheiros de Strokes: “Phrazes Right In The Dark”. Um disco que parece ter saído dos intervalos de várias gravações da sua banda.

E isto não é ruim, longe disso. Mas não soma para Julian pensar em abrir mão de seus companheiros de quinteto e viver uma vida de crooner. Há muito boas músicas: as Strokianas “Out Of The Blue” e “River Of Breaklights”; as interessantes “Left Right In The Dark” e “Tourist”; um hit instantâneo “11th Dimension” - o início dessa canção lembra uma do New Order no disco “Brotherhood”.

Mas nada que se possa dizer: ele sabia o que queria e não precisa mais de uma banda para mostrar trabalho. Bom disco, algumas boas canções, mas não, não, não, seu Casablancas, volte para o ninho ao lado do aconchego e brigas de seus parceiros de Strokes e dedique-se ao máximo para o próximo lançamento da banda. Nota 6,5.

!!Um tapa sem luvas... ou: Rated R, o novo disco da sempre bem produzida Rihanna!! Por Rod Castro

18 de jan. de 2010

Michael Jackson assim que saiu dos Jackson 5 sabia: era o astro principal de sua banda e este era o seu momento de brilhar, mas somente ele, sem banda. Mas neste exato momento ele deve ter se perguntado: cadê o apoio que sempre fez a minha estrela brilhar?

O medo deve ter sido contornado com a entrada de Quincy Jones na vida de Michael. Quincy passou pela vida de Ray Charles, como amigo e colaborador, pela vida de Stevie Wonder, como instrumentista e produtor. Ele fez mais por Michael do que os próprios 5 haviam feito.

Sem comparações diretas, o que ocorre com a cantora Rihanna é algo parecido com o que ocorreu com o rei do pop: a moça pegou bons produtores pelo seu caminho e ano após ano, seja lançando discos próprios ou participando de colaborações com outras estrelas solo e bandas (como no Hit “If I Never See Your Face” com o Maroon 5), ela consegue criar boas canções pops.

Assim como em “Good Girl Gone Bad”, “Rated R” (o novo disco da moça) é mais um CD repleto de hits instantâneos com a pegada pop rock atual. Mas há algo de diferente neste novo trabalho: ela se arriscou mais, teve uma produção mais detalhada e, de música para música, é sensível a carga criativa nos detalhes das composições – seja nos trabalhos vocais ou nos pequenos toques na produção dos sons – como no pianinho que toca ao fundo na terceira canção, “Hard”.

E isso fica claro desde a primeira faixa: uma voz masculina, como aquelas que fazem anúncios em trailers de cinema, repete “Welcome To The Mad House” – como Vincent Price o fez com sua voz cavernosa em “Thriller”- e alguns sons feitos em voz pela cantora, acabam por criar um som ambiente intrigante, como as faixas de apresentação de um bom disco costumam fazer – quem hoje em dia tem confiança para tal façanha?

“Stupid In Love” é um recado da cantora para outras mulheres que já levaram uns tapas de covardes e ganha um arranjo simples, mas reflexivo: piano e estalos de dedos. “Russian Roulette” trata praticamente do mesmo tema da música anterior, a diferença está nas batidas mais pop e no arranjo ao bom estilo Massive Attack.

Mas o que a moça que compôs o hit “Umbrella” sabe fazer é canção pop, grudenta. Em “Rated R” ela repete sua sina e entrega o pop, misturado com rap e rock – mas talvez não seja essa a Rihanna que o mundo aprendeu a gostar e isso traga uma carga de preconceito ao novo estilo da artista: “Rockstar” – tocada com Slash nas guitarras e uma letra perfeitamente sacana; “Fire Bomb” – de novo a base de guitarra está presente, mas esta é uma canção mais pop, com jeitão de parada de sucesso, é só esperar o tempo certo para ouvi-la seguidas vezes nas rádios do mundo; “Rude Boy” – parece música de R&B da década de 80, muitos setentizadores, vocal repetindo palavras “Boy,boy,boy”, um dos maiores grudes do disco; “Photographs” – com Wll Iam do Black Eyed Peas é outra canção pop, mas com a pegada das canções feitas em dupla na década de 70; “G4L” – outra canção para se destacar: arranjo moderno, letra sacana, brecadas de ritmo diferenciada e potencial para ser trabalhada em um bom videoclipe.

Este disco é melhor que o anterior? Acredito que sim. Rihanna amadureceu. O seu estilo de pensar música está mudando e a produção por detrás da artista é cada dia melhor. A possibilidade de ir além é muito grande e ela vai. Desde que deixe os problemas pessoais em segundo plano e invista mais ainda em sua carreira.

Este parece ser o primeiro de vários discos novos da cantora que tem carinha de santinha, coxas robustas e produtores mais do que competentes. Nota 8,5.