
Se ano passado ele entregou o melhor filme de esportes que eu vi, “Invictus”, neste ele já engata outro bom filme, sobre um tema de domínio público e com um ar apurado, como só ele sabe fazer: “Além da Vida”. As qualidades do “tempo do ator” como muitos gostam de ressaltar em críticas e comentários, é respeitado ao extremo e em três situações diferentes.
A primeira é a de uma apresentadora francesa de um programa de entrevistas. Ela estava presente no país que sofreu muitos danos com o Tsunami. A cena em si é maravilhosa: a surpresa, a transformação nos rostos e as situações vistas na tela – o que realmente ocorre por debaixo da onda – são memoráveis, apesar de o efeito soar um pouco falso.
A segunda situação é a de um “ex recebedor de espíritos”. Vivido com simplicidade e naturalidade pelo competente Matt Damon – que parece, cada vez mais, escolher a dedo os projetos em que porá sua cara. O dom, que para ele é uma maldição – talvez não? – é algo que ele não quer mais ter ou exercitar. Essa recusa é visível no olhar e no posicionamento físico do ator – o dom do personagem é exercido pelo toque de mão.
A terceira situação é a mais bem resolvida e possui o melhor personagem da trama: um garoto que possui um irmão gêmeo e o perde – a cena da perda é muito bem pensada e ganha carga emocional por ser realística. Esse garoto conseguirá unir as histórias já contadas e levantará um olhar necessário e sempre barrado nos filmes sobre espiritismo ou almas: a desconfiança quanto ao que os sensitivos vêem ou sentem – as cenas-teste do garoto são o alívio cômico.
Contar mais do que isso é estragar situações. E a calma com que Clint conduz o filme pode deixar algumas pessoas desconfortáveis. Mas a experiência é muito boa e tem cenas lindas que ficarão na memória de quem assiste ao filme. Nota 8,5.
Nenhum comentário:
Postar um comentário