Já pra locadora rapaz! Dicas de DVDs/Blu-Ray! por Rod Castro

26 de out. de 2011


Sumi. Tanta coisa acontecendo que acabei sumindo. Vi alguns filmes que merecem comentários e outros nem tanto, mas o que interessa é registrar, certo?

Vamos começar por DVD/Blu-Ray?
 Intermediario.com (de George Gallo)
Sabe aquela forma que tanto eu quanto você tem de pagar nossas contas de forma segura pela internet? Foi criada por um ex-estagiário da NASA e um faz nada da vida. Isso é sério. Como assim? Simples, eles tiveram a brilhante ideia de por pornografia na internet e cobrar para que você tivesse acesso. 

Esse código para compra – feita por cartão de crédito – acaba rendendo uma boa grana para a dupla, que perdeu o freio da gastança e também esqueceu da grana emprestada – de mafiosos russos – e não devolvida. Resultado: eles contam com a ajuda de um profissional, o tal intermediário, um cara que pode fazer o “meio-campo”. 

O filme é intenso no seu início, vai caindo até se tornar uma perda da meada ao completo. Não é ruim, mas para o que promete... uma imagem para você captar: é um tiro de espoleta desferido por uma escopeta. Nota 6,0.


Biutiful (de Alejandro González Iñárritu)
Logo na primeira linha uma afirmação que pode balançar você: este é o filme mais fraco, entre todos, já feitos pelo mexicano Iñárritu. E olha que temos a primeira parceria feita entre ele e o excelente ator Javier Bardem, este sim, como sempre, perfeito no papel de um homem perturbado pelo mundo que o cerca.

De um lado ele tem sua mulher: louca, bêbada, daquelas que sai e deixa os filhos com o pai; do outro tem seu emprego, que na verdade é uma sucessão de bicos reunidos – uma espécie de encaminhador de espíritos e um arranjador de produtos usados - e que não juntam um salário digno.

Dentro desta história principal temos outras que cerca o personagem de Bardem: os filhos praticamente abandonados – o garotinho que faz o papel de filho, Mateo, o ator mirim Guillermo Estrella, é sensacional – os principais clientes dele, sejam os africanos ilegais ou os chineses/coreanos, que vivem de trabalho escravo.
O filme se perde, não leva a reflexão e perde muito no roteiro nada coeso. Nota 6,5.


Sem Limites (de Neil Burger)
Em 2006 Neil Burger pôs seu filme, tão comentando pela crítica, entre um dos mais execrados por este escriba. “O Ilusionista”, com Edward Norton no papel principal, era um filme que tinha tudo o que “O Grande Truque”, de Christopher Nolan, não possuía: pretensão artística.

A comparação fez com que o Neil se tornasse um cara deixado a esmo por mim. Mas assim que li as primeiras críticas e entrevistas sobre “Sem Limites” me interessei de primeira. Assim que o filme saiu em DVD/Blu-Ray, tratei de aluga-lo.

Bom filme, muito bom filme. Divertido, faz pensar, traz a memória as histórias contadas em vários episódios do finado e saudoso “Além da imaginação”. Por esta descrição você deve pensar que o filme é complicado, mas não, pelo contrário.

Um escritor, interpretado pelo competente Bradley Cooper, se encontra em crise criativa e a pressão para que seu novo livro saia, só colabora mais ainda para seu atual estado: sem namorada, sem vida social, se m interesse por nada.

Até que... Ele encontra, na rua, se ex-cunhado, que lhe passa uma pílula que “está sendo testada” e faz com que o seu cérebro funcione em quase 90% da sua capacidade. A partir daqui o filme se torna outro. E é óbvio que ele fará o livro, pegará o maior número de mulheres possíveis, até retornar com a sua ex, a que o deixou no início do filme.

E cada minuto que se passa mais novos desafios são traçados e obviamente realizados com maestria, até que ele acaba dando uma passada além do que sua perna permite. Aqui eu paro e deixo você assistir e tirar suas próprias lições sobre um assunto: a ganância. Nota 7,5.


A Grande Virada (de John Wells)
Um filme atual. A crise que ronda os EUA e seus cidadãos que mais ganham dinheiro. Simples assim. Mas há muito mais neste filme do que resume esta primeira linha. A Grande Virada foi escrito e dirigido por John Wells, isso por si só já diz muito.

No cinema o nome não quer dizer muito, mas na TV americana traz qualidade. Ele foi roteirista de vários programas de sucesso, boa parte deles com muitos personagens em cena. São dele roteiros de séries como “West Wing” e “Plantão Médico”.

Neste drama acompanharemos a falência de uma gigante empresa de montagem de barcos e portos. As demissões têm início nos primeiros minutos do filme e vão tomando conta de boa parte dos personagens que nos são apresentados: Bem Affleck é o típico americano que não dá o braço a torcer quanto sua situação de desempregado; Chris Cooper praticamente rasteja pelo seu emprego, já que não tem mais idade ou muito menos conhecimento para entrar no mercado; e Tommy Lee Jones é o chefe de todos, com certeza o último a ser demitido e que briga, a cada dispensa, para que seus companheiros continuem empregados, na empresa em que estavam ou em outra.

O filme é bom, tem a dose certa. Possui diálogos interessantes e chega a um final correto, mas sem ser piegas. Pena que não ganhou o cartaz que merecesse, dê uma conferida que vale a pena. Nota 8,0.


Reencontrando a Felicidade (de John Cameron Mitchel)
Baseado em uma peça teatral de David Lindsay-Abaire, que também escreve o roteiro do filme, este drama passa por dezenas de sensações, quase todas elas angustiantes para quem o assiste, ainda mais se a pessoa já for pai ou mãe.

A história do casal que perde o filho e perde o rumo da vida é até mesmo comum no cinema e no teatro. Mas a forma como esta situação é trabalhada em Reencontrando a Felicidade é diferente. O primeiro diferencial está na seguinte situação: o pai é o mais afetado sentimentalmente pela perda, enquanto a mãe tenta a qualquer custo, de forma mais racional, levar a vida normalmente.

Os dois personagens principais são vividos por atores competentes e que não se deixam levar pela armadilha das caretas ou do exagero. Tanto Aaron Eckhart quanto Nicole Kidman, consegue passar no olhar e em atitudes físicas o que sentem de verdade por dentro. O filme tem uma virada proporcionada ao personagem de Nicole que ao contrário do que parece, acaba por somar a história. Bom filme, melhor ainda que não caiu no melodrama. Nota: 8,0.


O Assassino em Mim (de Michael Winterbottom)
Assisti somente a dois filmes, sempre polêmicos ou com críticas que põe em cheque o raciocínio do autor, do diretor inglês Michael Winterbottom: o ótimo “A Festa Nunca Termina” e o docudrama “Caminho Para Guatánamo”. 

Nos dois há o exercício da câmera presente e fisicamente presente: ele mostra que aquilo é um filme e os personagens parecem perceber isto desde o início. Pois neste drama/policial/noir “O Assassino Em Mim”, esta presença do real se fantasia na loucura que é o pensamento do personagem.

Por outras vezes, somos apresentados aos seus pensamentos no recurso mais usado, no já falado estilo Noir de se fazer filmes: locução Off. Ali sabemos o que realmente ocorre na mente insana, ou seria traumatizada, do principal personagem, vivido por um calmo, porém assustador, Casey Affleck: o ajudante do xerife, Lou Ford.

Logo no início percebemos que há algo de errado na fala mansa e talvez até inocente de Lou. Sua primeira missão, como ajudante, é mandar embora uma prostituta – bom papel de Jessica Alba – para fora da cidade, motivo: ela é a amante do filho, que está noivo, do dono da cidade. É óbvio que eles vão se apaixonar, falo de Lou e da prostituta. Mas este amor é marcado de violência, desde o início, até o surreal final.

No meio desta trama há: o Xerife que jura conhecer Lou; a amante de Lou, não a prostituta, mas uma moça mais soltinha da cidade, interpretada de forma voluptuosa por Kate Hudson; o dono da cidade que enlouquece com a virada proporcionada pela mente doentia de Lou; e o promotor da cidade que sabe e percebe o plano arquitetado e faz um revide inesperado.

Pela violência proposta pelo personagem de Affleck na sua relação coma as mulheres que o cercam, este “O Assassino em Mim” ganhou o repúdio de muitos meios de comunicação. O filme merece repúdio pelo seu personagem, mas não pelo filme em si, ou pelo trabalho, muito acima da média de Affleck – de novo, é só lembrar o que ele fez no subestimado “O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” – mas pelo que ocorre na trama, homem que bate em mulher, mesmo por um trauma ou uma má compreensão do que lhe ocorre quando criança tem que ser tratado e não deixado livre para continuar com suas atrocidades. Bom filme, mas é preciso sangue frio. Nota 8,0.

"Não Tenha Medo do Escuro" de Troy Nixon - texto de Marcus Vinícius Pessoa

25 de out. de 2011


 "Não tenha medo do escuro" é o mais novo filme assinado pelo mexicano Guillermo Del Toro, desta vez como produtor e co-roteirista. Mesmo tratando-se de um remake do homônimo da década de 70, Del Toro conseguiu dar seu toque pessoal ao filme,  introduzindo  no roteiro um personagem infantil com sérios problemas psicológicos. 

Impossível não associar com obras recentes do cineasta como "O Labirinto do Fauno" e "O orfanato",  e de fato Del Toro tentou recriar a mesma atmosfera de seus filmes anteriores, mas foi aí que o mexicano errou a mão. A começar pelo idioma, já que "Não tenha medo do escuro" é uma produção Americana, e  querendo ou não a ausência do vocabulário espanhol e outros elemento narrativos fazem falta ao filme, principalmente para quem acompanha e conhece o trabalho do diretor. 

Fica claro que o inglês não funciona tão bem para justificar os eventos fantásticos característicos da obra de Del Toro, basta lembrar de algumas passagens de "O Orfanato" para ter certeza disso. Un, dos, três, toca La pared! A sensação de vazio dura o filme todo. 

O elenco é encabeçado por Kate Holmes que não convence como madrasta, Guy Pearce no papel de pai, e a excelente Bailee Madson  que interpreta a atormentada Sally e acaba sendo o grande destaque do filme.  

O prólogo da história nos mostra  um atormentando artista plástico do século passado sendo arrastado para as profundezas do porão de sua casa ao tentar recuperar seu filho supostamente levado por criaturas que vivem ali. Já no presente, acompanhamos a pequena Sally chegando na mesma casa para morar com seu pai e sua jovem esposa. 

Confinada em um ambiente estranho e perturbada pelas mudanças, Sally não demora para descobrir e começar a interagir com as criaturas do porão. Mas o que começou como uma brincadeira aos poucos torna-se algo perigoso e aterrorizante, já que as intenções dos monstrinhos não são boas. Nesse ponto o filme entra na parte em que a criança tenta provar de todas as formas possíveis que há algo errado na casa, mas nenhum adulto acredita, o que acaba tornando o roteiro cansativo com a repetição da situação inúmeras vezes, tendo poucos e pontuais momentos de terror. O filme melhora no seu clímax, quando a verdade vem a tona e as criaturas finalmente mostram suas garras, mas o final não surpreende nem empolga. 

No fim das contas "Não tenha medo do escuro" não chega a ser um total desperdício, mas o enredo poderia ter sido melhor aproveitado. Vale pela atuação de Bailee Madson e pela ambientação da casa que claramente tem o toque de Del Toro, mesmo que timidamente.

!!Atenção: 20 anos do melhor disco do U2!!

29 de ago. de 2011


Eu não gostava do U2. Não descia. E não era por falta de tentativa. Muito menos por falta de acesso aos discos/fitas/e a nova sensação: CDs. Nem, era o som. Não achava graça naquele monte de branquelo fazendo política, sei que você já fica chateado com esse comentário e ainda hoje aquilo não me descia.
Dizer que a banda era ruim seria ser bobo ou surdo. Nem um nem o outro, mas que não descia, não descia. 

Um belo dia, minha tia chega com o lançamento do mês: “o novo disco do U2, tá todo mundo elogiando, ouve!”. Devo ter dado uma desculpa qualquer, mas como ficava muito tempo sem ter o que fazer nas minhas tardes, decidi em um dia qualquer daquela semana, em arriscar uma ouvida.

Disco do nome esquisito, “Achtung Baby”. Algo como atenção querida/querido. Capa diferente daquelas pousadas que o U2 e tantas outras bandas gostavam de fazer. Aqui você tinha uma junção de diversas fotos. E em quase todas elas, dava para ver que a banda tinha mudado, o termo correto era: eles haviam amadurecido, nem tanto no som, mas no jeito de ser um roqueiro.

Lembre-se, neste mesmo ano surgia o Nirvana e toda aquela erupção sonora vinda de Seattle, se você tinha uma banda que havia sobrevivido aos anos 80 e queria ser ouvido, tinha que arriscar, tinha que propor algo. O U2, naquelas mais de 10 faixas exagerou na dose e deu um 180 graus na concepção de estilo e som que produzia.

O vazio, proposital da primeira faixa, “Zoo Station”, era proposital, era uns segundos de silêncio para algo inesperado, novo e que faria muitos fãs desaparecerem e tantos outros, como eu, serem conquistados. Daí para o petardo moderno, mas ainda roqueiro de “Even Better Than The Real Thing” – o clipe mais bacana de 1992, com certeza - eram passados poucos, mas prazerosos minutos. 

“One” virou uma coqueluche, mas sempre vi este movimento quanto a esta música como um desespero por parte das viúvas do antigo U2. Bela canção, mas se tornou hino para tentar afogar o que já tinha se transformado. Tanto que a faixa seguinte, que é tão bela quanto “One”, “Until The End Of The World” nunca sequer tocou nas rádios e há muito dela em “Elevation”, música do mesmo U2, mas feita nos anos 2000.

E tanto a já citada “Until The End Of The World” quanto à faixa seguinte do CD, “Who´s Gonna Ride Your Wild Horses”, com certeza são músicas que o pessoal do Coldplay ouviu muito para fazer seus dois primeiros discos. A sonoridade dos mais novos foi praticamente estabelecida em cima dessas duas belas canções que aqui estão, uma atrás da outra.

Mas confesso que enquanto o CD passava e a nova ideia pensada e exercida com maestria por Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr., tentava abrir novos e misteriosos caminhos em minha mente, um petardo me fez repensar tudo, uma sequência de músicas que até hoje me impressionam ao ouvir: a sempre esquecida, com letra ácida e perfeitamente cantada “So Cruel”; o rock setentista, com riff matador, vocal susurrado e estilão cru de “The Fly”; e a melhor canção da banda, em minha opinião, o experimento “Mysterious Way”.
“Tryin´To Throw Your Arms Around The World” era praticamente uma continuação do estilo trabalhado em “So Cruel”, já “Ultra Violet (Light My Way)” era o exercício do diferente, desde o clima de abertura, do desespero no jeito de cantar de Bono, da estrutura ritmada de guitarra, baixo e bateria, outra música para dar um replay, cantando: “Baby, baby, baby, light my way”.

“Acrobat” e “Love Is Blindness” eram o ápice necessário para o U2 abandonar seus ouvintes. Perdidos em suas ideias, conflitados pelo novo, odiando tal fato, adorando o inusitado e finalmente atentos e porque não com vontade de ouvir tudo de novo. Acho que a minha atitude, naquele dia foi ouvir novamente e talvez mais vezes depois.

!!Um bom e um péssimo nos cinemas: “Super 8” e “Lanterna Verde”!!

25 de ago. de 2011

Ir ao cinema é um prazer. Sou contra essa necessidade imensa de ficar falando sobre as pessoas que lá se encontram. Razões: há muito espaço no cinema, mantenha o interesse na história e no filme, se as pessoas não estão acompanhando como você o problema é delas. Mas lembre-se: as pessoas mal educadas ou não estarão lá e sem elas, ou seja, sem renda, você não estaria naquele cinema.

Pois bem, dito isso, vamos ao que interessa. O prazer deste hábito, o de ir ao cinema, é reforçado quando você pode assistir a um bom filme. Mas isso, nos tempos atuais, é muito relativo. Vejamos duas estreias “blockbusterianas” que acabam de chegar às telas amazonenses: “Super 8” de J.J. Abrams e “Lanterna Verde” de Martin Campbel.

Primeiro, afirmar que temos dois bons diretores no comando. Lembrar de suas obras, nos cinemas, é reafirmar tal frase: J.J. é conhecido por “Lost” e “Alias”, mas seus dois filmes, antes deste “Super 8”, são dignos de nota e merecem um lugar especial em sua coleção de DVDs/Blu-Rays: “Missão Impossível 3” e “Star Trek”; e o que falar então de Campbell? Que também começou a carreira de diretor na TV e fez filmes menores até acertar a mão no primeiro filme de Pierce Brosnam como 007, em “Contra Golden Eye”, em seguida fez o divertido “A Máscara do Zorro”, a aventura “Limite Vertical” e também fez a estreia do novo e atual James Bond, Daniel Craig, em “Cassino Royale”.

Com esse currículo, era impossível que ambos pisassem na bola, certo? Nem. 50% disso foram cumpridos.

E pelo incrível que pareça, foi o mais novo dos dois é o responsável pelo acerto.  “Super 8” é praticamente a regravação de “E.T. O Extraterrestre” de Steven Spielberg. Todos os principais elementos estão lá: grupo de crianças, a presença de um ET, o final em que os pequenos o ajudam, a presença de adultos maus e o final que além de emocionar traz aquele belo sorriso ao rosto de quem assiste ao filme.

Mas há um aspecto positivo e outro negativo quanto ao filme de Abrams: a excelente ideia de filmar um filme dentro do filme, utilizando-se das situações que já ocorrem no enredo da história principal, não é nova, mas funciona bem e ganha cumplicidade dos espectadores; já a figura do ET em si é totalmente deslocada. O bicho é visivelmente mal feito em computação gráfica e não dá validade a compaixão sentida pelos personagens na última parte do filme. Ai, o que renderia uma boa nota a aventura, faz com que “Super 8” realmente ganhe uma nota 8,0 +.

Já “Lanterna Verde” é o pior filme que assisti este ano. Campbell errou em praticamente tudo, menos os efeitos especiais. O elenco é ruim. Ryan Reynolds que tinha feito um bom trabalho em “Enterrado Vivo” pisa na bola em sua interpretação de Hall Jordan. Os que o suportam são incrivelmente piores, tirando Mark Strong no papel – recortado – de Sinestro.

A história baseia-se na história contada nos quadrinhos sim, é verdade. Mas esta base é muito fraca e parece ceder para o contexto de filmes que já vimos em tela grande, como “Top Gun” e “Superman, de Richard Donner”. As partes do filme na Terra são muito ruins, principalmente de ritmo e as partes em OA, o planeta em que a Tropa dos Lanternas Verdes são reunidos para combater o mal, são sublimadas por diálogos inacabáveis.

E esta parte, a do enredo, o da história, é imperdoável. Ainda mais pela fase que o personagem vive em suas revistas mensais. A história é tão fraca, que se você raciocinar o que é mostrado durante boa parte do filme, chega a ser ridículo ver um só Lanterna Verde, o mais imaturo deles, destroçar uma ameaça que os melhores Lanternas, liderados pelo mais valente deles, Sinestro, não conseguiram. Deplorável, sem-vergonha... faça tudo, menos assistir a este filme. Nota... que saber? Zero!

!!Show Cachorro Grande: você não viu o que aconteceu!!

9 de ago. de 2011


Meu primeiro trabalho na área de comunicação foi ser produtor, principalmente na área de rock e internet, do mestre Joaquim Marinho. Ali aprendi muita coisa, desfiz muitos conceitos, conheci alguns dos artistas que mais apreciava, seja via telefone - como o Lobão - ou até mesmo ao vivo – como os Los Hermanos.

Neste mesmo ambiente conheci um dos meus melhores amigos na área: Marcoantonio Ribeiro, o “Marco Animal”. Dentro do circulo de roqueiros manauaras um dos caras que mais conhece de rock e principalmente de música. Em uma das várias viagens de Marco ao Rio Grande do Sul trouxe uma novidade em CD: “Cachorro Grande, aqui seu moleque de merda. Isso que é banda de rock, não essas porcarias que tu ouve”.

Esse tipo de frase vinda do Marco pode parecer depreciativa, mas na verdade é uma forma carinhosa dele te indicar algo. Como sempre, devo ter dado de costas para o que ele me indicava – só para provocar – e alguns dias depois, quando fiz um curso em São Paulo, advinha o que tocava o tempo inteiro na rádio que eu mais gostava? Cachorro Grande. E as palavras ressoavam na minha cabeça: “Isso que é banda de rock!”.

Gostei, procurei conhecer mais e vi uma coisa: a influência de Beatles é notável, apesar de eu sempre ver muito The Who e até mesmo Mutantes no estilo de som que os gaúchos levam – está última anotação mental deve ser resquício do jeito que o Beto Bruno canta.

Mas o que eu mais ouvia falar do Cachorro é que “ao vivo eles são muito bons, é muito doido, cara”. Ainda em São Paulo tive a oportunidade dupla de assisti-los em uma casa local, não tive tempo. Anos depois, eles se apresentaram aqui em Manaus, mas o valor do ingresso não deixou que eu os visse mais uma vez.

Daí surge a oportunidade de vê-los pagando R$ 30, nesses sites de venda coletiva, nem pensei, comprei. E eis que apareço à frente do teatro em que rolaria a apresentação. Encontro dois ou três amigo, pouquíssima gente uns 250 pagantes no máximo, banda cover do Oasis no palco, eis que os donos do canil entram rasgando tímpanos. Som cristalino, energia nos 220 volts.

De música em música o público enlouquecia, as pessoas sorriam, os músicos não se entregavam e muitos foram os momentos em que os backing vocals eram feitos em rodinhas de amigos – que eram elogiados por um Beto feliz e entusiasmado. Aqui vale uma anotação: o Cachorro Grande soa ao vivo como na gravação dos seus discos, perfeito. 

Baixo e bateria são uníssonos. O teclado estava com um som acima do esperado, como disse o Markeetoo: "tá lindo o som do teclado, hein?". Marcelo Gross com certeza é um dos melhores guita heroes do rock tupiniquim atual e ele tem uma característica que eu gosto e sempre está presente nos meus guitarristas favoritos, ele sorri enquanto faz alguma coisa impossível de ser feita, pelo menos para um leigo.

A banda encerrou o show, que contou com todas as músicas mais bacans de todos os seus discos, inclusive uma, mais moderninha e com arranjos eletrônicos, do seu novo disco - que está mixando - com um cover de "My Generation" do The Who. Melhor impossível.  Ah, não tem como não dizer: "Você não sabe o que perdeu!".

!!Capitão América: O Primeiro Vingador!!

8 de ago. de 2011


Perdedores. Nerds. Aqueel tipo de gente a parte. Exatamente este tipo de gente que a Marvel Comics buscava como público. Se as pessoas se identificam com os personagens que os autores nos apresentam, como os adolescentes dos EUA e do mundo inteiro poderiam virar as costas a “pessoas” tão próximas?

A “sacada” de Stan Lee, Jack Kirby e tantos outros autores que faziam parte da Marvel Comics, naqueles anos de 2ª Guerra Mundial, era essa: trazer o “a parte” e incluí-lo em um mundo repleto de “maravilhas”, torna-lo especial, nem que fossem por exatas 21 páginas de ação contínuas.

Dava certo. Ô se dava. Foi assim com o rapaz que todos tiravam sarro, órfão e metido a cientista, Peter Parker, que mordido por uma aranha radioativa se tornou o “Homem Aranha”; também assim com o nerd cientista Reed Richards e sua “turma”, em o “Quarteto Fantástico”; ou com o verdadeiro cientista, mas que sofria de múltiplas personalidades Bruce Banner, que após ser radiado pela bomba gama, tornou-se o “Incrível Hulk”.

Mas em tempos de guerra, quando crianças viam seus pais saírem de casa e cruzarem o mundo para fazerem “justiça”, ou quando jovens rapazes se alistavam para levarem a “democracia” aos mais distantes confins, eis que a Marvel traça e desenvolve uma arma letal, para Hitler: Steve Rogers.

Jovem franzino, daqueles que apanham o tempo inteiro, no bairro ou no colégio. Mas que não desiste nunca e que por diversas vezes foi reprovado no exame de admissão no Exército Americano, o que faz mudar de bairro e estado de exame para exame, o famoso “vai que rola?”.

Após cruzar o caminho de um cientista alemão, que não concordava muito com os gritos de Hitler, Steve participa de uma experiência e se torna o maior invento da 2ª Guerra Mundial: o Capitão América. E assim como na história contada por Joe Simon (roteirista) e Jack Kirby (desenhista) nos quadrinhos, a Marvel Studios e o diretor Joe Johnston trazem este mito, para as telas do mundo inteiro, sem tirar sequer um ponto desta caracterização.

A diferença esta na parte autocrítica do argumento usado pela dupla Simon e Kirby: Steve sai de cena e o Capitão América na verdade é uma propaganda para que jovens se alistem cada vez mais no exército, mas a coisa não convence nos dias atuais, em que os jovens americanos se alistam no exército para pagar as contas ou brincarem de Counter Strike ao vivo.

Aqui entra a mão experiente, mas sem grandes invencionices, do diretor Joe Johnston. Ele faz de Steve e seu personagem uma anedota. Até que o personagem se note por detrás de tal situação e decida virar o jogo para resgatar um amigo – Bucky Rogers – é um pulo, mas bem trabalhado.

“Jumanji”, “Jurassic Park 3”, “Mar de Fogo” e “O Lobisomem”. O americano Joe Johston tem estes e mais outros filmes em seu currículo como diretor de cinema. Entre estes quatro, o melhor mesmo é a aventura-imaginativa-que-se-torna-real, “Jumanji”. Os outros três filmes são filmes de ação, mas que tem muitos problemas, principalmente o engodo intitulado “O Lobisomem”.

Mas Johnston não começou sua carreira dirigindo, seus primeiros trabalhos na indústria do cinema americano foram como: fazedor de efeitos visuais e em seguida diretor de arte da ILM de George Lucas. Trabalhou “apenas” em “Guerra nas Estrelas”, “O Império Contra-Ataca”, “ O Retorno de Jedi” e “Caçadores da Arca Perdida”.

O cuidado com que ele reconstrói os EUA e a Europa dos anos da Segunda Guerra Mundial é impecável. A conduta de como contar a história remete ao mesmo estilo e conteúdo mostrado por seu mestre Steven Spielberg no já citado “Caçadores da Arca Perdida”, as cenas de ação são menos impactantes que as do clássico da década de 80, mas não são de se jogar fora. Um trabalho honesto, como falava um antigo chefe que eu tive.

E se os EUA tinham o CA, os nazistas tinham o Caveira Vermelha. Um vilão tipicamente Marvel: mal ao extremo, rodeado de cientista maluco e ganancioso e que deseja não só dominar o mundo, mas se apossar de uma lenda, o Cubo Mágico. Falar mais, como descrever a briga entre o Caveira e o Capitão seria estragar surpresas. E estas merecem ser conferidas na telona.  

Mas aqui outra anotação mental. O que faz deste filme, com a marca dos Studios Marvel, um dos seus melhores produtos até hoje lançados nos cinemas? Dois fatores, ou melhor, dois nomes: Mark Millar e Chris Evans.  

Millar é um escocês maluco que deu início a sua carreira como roteirista de quadrinhos ainda nos anos 80. Na década seguinte começou a se destacar por contar histórias mais violentas e que revertiam o status quo de personagens icônicos – é dele a reformulação dos Vingadores nos quadrinhos da Marvel, os Ultimate.

E tudo o que Millar propôs está ganhando vida em tela grande. É até possível entender porque ele está se afastando da Marvel e criando o seu próprio universo de quadrinhos, chamado de “Millarworld” – de lá saiu outra famosa criação do escocês e que já virou cinema, “Kick Ass”. Quanto será que a Marvel não está repassando a ele por suas ideias já contadas em páginas, mas que rendem mais em imagens em movimento?

Já Chris Evans é um achado. Sim, porque ele já é conhecido, tanto do público em geral quanto pelo público de quadrinhos – foi o Tocha Humana do “Quarteto Fantástico” e um dos profissionais malucos de “Os Perdedores”. Aqui ele realmente se descaracteriza de todos os meandros que marcaram suas atuações e traz um lado humano e corajoso convincente ao franzino e depois robusto Steve Rogers. Excelente trabalho. 

Boa adaptação, muitos afirmam que este filme é na verdade um trailer para o dos "Vingadores", mas é bem mais que isso. Nota 8,5.