!!O último trabalho de Ledger, o sempre subestimado Gilliam, ou: O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus!! Por Rod Castro!

16 de set. de 2010

No próximo dia 22 de Novembro um dos diretores mais pirados do cinema, Terry Gilliam, completa 70 anos. E apesar do que muitos pensam, inclua-me nessa lista, ele não é ingles, é Americano e escreve mais roteiros, seja adaptados ou originais, do que exerce o ofício da direção em cinema.

Dono de um jeito originalíssimo de trabalhar – cenários grandiosos, roteiros surreais e um toque pirado de humor nas tramas paralelas - Gilliam se tornou famoso ao realizar filmes e séries de TV com o grupo britânico Monthy Python – o mais conhecido é o já clássico “Em Busca do Cálice Sagrado”.

A sequência de filmes do diretor é invejável e estão distanciados por anos e anos de pré e pós-produção, pois seus cenários gigantescos e efeitos mecânicos de primeira. São eles:

A aventura medieval “Jabberwoxky, Um Herói por Acaso” (1977), o louco “Os Bandidos do Tempo” (1981), o inclassificável “Brazil” (1985), o premiado “As Aventuras do Barão de Munchausen” (1988), o drama “O Pescador de Ilusões” (1991), o filme que trouxe respeito ao trabalho de Brad Pitt “12 Macacos” (1995), o melhor papel já de Johny Depp “Medo e Delírio em Las Vegas” (1999), o visualmente deslumbrante “Os Irmãos Grim” (2005) e o praticamente inédito no Brasil “Contraponto” (2006).

Após estes dois últimos filmes citados, Gilliam tentou dar vida, mais uma vez, ao seu eterno projeto “O Homem que matou Don Quixote”. Que mais uma vez naufragou e lhe fez produzir o excelente “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”, que ficou mais conhecido como “o último filme de Heath Ledger”.

A história:

Dr. Parnassus (Christopher Plummer) era um monge que foi tentado pelo capeta “Nick” em pessoa (excelente atuação de Tom Waits) que lhe propôs a possibilidade de ter a vida eterna. Ambos cumprem suas partes e alguns séculos depois, o já envelhecido, mas imortal Parnassus, acaba se apaixonando por uma jovem.

Ele recorre ao “Nick” novamente e faz um novo pacto: a vida de seus filhos, quando os mesmos completam 16 anos, pela jovialidade necessária para conquistar a moça. A mulher de Parnassus morre ao dar a luz (com 60 anos!) a uma menina.

É depois de tudo isso, nos dias atuais, que encontramos Parnassus e sua trupe: um anão, sua filha – a ex-modelo Lily Cole - e um apresentador – encarnado por Andrew Garfield, o próximo Homem Aranha. Eles fazem pequenas apresentações no meio da rua, sem muito sucesso.

O problema começa quando Nick vem cobrar seu pagamento: a linda Valentina, que está a dois dias de completar seus 16 anos. Em meio a isso tudo, descobrimos que Parnassus possui um poder incrível: o seu “Imaginarium”, uma realidade alternativa, dentro da mente do Dr. que muda a cada pessoa que entra em contato com a mesma – passando por um espelho que compõem o cenário do espetáculo.

Heath Ledger

Tony (Heath) é resgatado pela trupe após ser encontrado enforcado sob uma ponte da cidade. Ele não sabe quem é, mas acaba se tornando parte do espetáculo, como o bilheteiro. A atuação de Ledger não é sublime, mas agrada, nada que ele não tenha feito antes. Talvez o grande segredo da sua carreira é o seu companheirismo: ele está com o elenco, faz parte do show.

Depp, Law e Farrell

Gilliam se deu bem quando decidiu gravar todas as participações de Ledger – o que abasteceu todas as cenas “do tempo real”. Com isso, o espectador não estranha a substituição do ator por outros quando o seu Tony adentra o mundo criado por Parnassus. Depp arrebenta, Law se diverte e Farrell, mais uma vez, faz bem seu trabalho.

Plummer, Cole e a Direção de Arte/Figurino

Este é o trio responsável pela melhor parte do filme.

Plummer está em um papel realmente pensado pra ele: um ator que sabe o que tem que fazer, sem exageros e que realmente se diverte pela lembrança de Gilliam em chamá-lo para o filme – nos extras ele diz que o diretor falou que precisava de um ator veterano que ainda soubesse falar um texto;

Lily Cole tem mais a mostrar do que parece. Ela é bem mais do que uma bela imagem – impressionante como ela lembra o jeitão da sempre maravilhosa Christina Ricci – e arrebenta em cenas com pesos pesados do cinema mundial. Não se espante se Cole surgir em filmes de Fincher, Nolan e Burton daqui pra frente.

Se você acompanha o trabalho do mestre Gilliam sabe que ele sempre priva por uma direção de arte impecável e figurinos sensacionais. É sempre bom lembrar que seus filmes receberam nada menos que 04 (Brazil, Muchausen, O Pescador, 12 Macacos e Parnassus) indicações a melhor direção de arte no Oscar.

Em Parnassus há a melhor junção de arte e efeitos especiais de todos os filmes do diretor. As cenas em que os atores convidados passeiam pelo mundo imaginado pelo ex-monge são de cair o queixo, em Blu-Ray então, chega a ser embasbacante te tão bem feito.

Falar mais?

Gilliam merece respeito, em minha opinião nunca obteve.

Se várias campanhas de publicidade hoje se aproveitam de cenários imensos e complexos, com personagens vestidos de forma extravagante e cada vez mais o surrealismo ganha páginas e mais páginas de jornais mundo a fora, muito se deve ao trabalho já realizado pelo mestre TG. Que com certeza será mais um daqueles grandes diretores que sempre foi ignorado por premiações dentro da sua casa e que, infelizmente, receberá os devidos créditos somente quando morrer. Filmão, entre os melhores do ano, com sobras! Nota 9,0!

!!Interpol com o disco Interpol... ou: coragem não é pra qualquer um!! Rod Castro!

15 de set. de 2010










Escolhas, a vida é repleta delas, todos os dias fazemos tantas que nem as percebemos: desde o momento em que se escolhe ir pela esquerda, ao invés da direita. O mais importante é que o poder de escolha e decisão sempre está em suas mãos, mesmo que você ache que não esteja.

O Interpol é uma das bandas, chamadas indies, que mais escolhas fez desde o lançamento do seu primeiro disco “Turn On The Bright Lights” – um dos mais subestimados lançamentos dos anos 2000 – preferiu fazer o que gostava, mesmo que soasse como uma modernização do som feito por Ian Curtis e seus companheiros de Joy Division – banda que deu início ao grupo pop New Order.

“The Antics” segundo trabalho da banda de NY foi mais uma martelada certeira no prego sonoro que o Interpol é: uma bateria precisa - sem muito enfeites – uma linha de baixo marcante, duas guitarras suaves/pesadas e um vocalista dono de letras mordazes, ácidas e por vezes, repleta de verdades impronunciáveis.

“Our Love To Admire” foi o rompimento da banda com o selo que a lançou – Matador! – e uma experiência com uma das chamadas majors. O resultado não foi dos piores, pelo contrário, mas hoje mostra que a banda experimentou e não quer mais do mesmo.

Depois deste terceiro disco, o líder da banda, Paul Banks, decidiu levar em frente um projeto solo: o já falado por aqui Julian Plenti – excelente trabalho que contou com a participação de um ou outro membro de sua banda fixa. Em seguida a banda se reuniu e foi gravar seu quarto trabalho de estúdio: “Interpol” de novo pela “independente” Matador!.

Este é o disco mais difícil da banda. De verdade. Ele vai de encontro ao que já foi feito pelo quarteto anteriormente e desdobra as assinaturas sonoras em novas possibilidades, ao mesmo tempo em que brinca com o status quo do que eles são capazes de fazer.

Se uma música resume o que um disco é – essa teoria acabei de criar – a desse disco seriam duas: “Safe Without” e “Always Malaise”. Parecem Interpol, parecem Joy Division, mas ao mesmo tempo não é: os vocais dobrados, em que Banks canta uma coisa e o back canta outra, o compasso feito por bateria-baixo-e-guitarra-base contrastam com algo que não é da banda, mas serviu como uma luva.

Elas são a prova de que o Interpol se garante como banda de rock sem a necessidade de aparecer em programas de TV ou rádio mundo a fora.





Nesse mesmo CD, encontramos a melhor música de abertura da banda: “Success” – praticamente um resumo artístico, cheia de camadas e dona de um refrão acima das boas músicas de rock da atualidade – “Eu obtive sucesso e não quero viver por muito tempo. Eu sei dos seus segredos, mas não preciso lhe mostrar.” - e termina tão rapidamente quanto é longa em seu tempo, perfeita para um repeat infinito.

“Memory Serves” saiu de algum lado B do início de carreira do Duran Duran; “Summer Well” é repleta de ritmo (a melhor “cozinha” do CD) e elementos de composição - dançante e extremamente grudenta; “Lights” e “All Of The Ways” com certeza são irmãs próximas de “No I In Three Some” de “Our Love To Admire”; “Barricade” é Interpol como só Interpol pode soar; “Try It On” é dançante – foi responsável por um boato de que a banda teria um CD pra cima.

Confesso que agora, na sétima vez em que ouço o disco por inteiro, chego a conclusão de que este pode ser o melhor e pior disco da banda.

A sentença depende do seu dia. O meu pede um 8,5... quase 9,0. E o seu?

9 de set. de 2010

Há tempos tenho tentado escrever algo que não seja trabalho. Mas o problema esbarra num fator impossível de se ter domínio no momento em que me encontro: tempo.

Sim, vi muitos filmes. Ouvi alguns novos discos. Li alguns gibis e trechos de novos livros adquiridos. Mas cadê o tempo que sobrava? Só em outubro e olhe lá - porque depois de duas semanas de folga, volta-se ao trabalho diário e do qual sinto falta, como redator publicitário.

Nesse meio tempo vale falar sobre algumas coisinhas, que deverão ganhar resenhas mais interessantes do que esta pífia introdução: Interpol lançou disco novo – o mais difícil deles – assisti duas vezes, sendo que deveriam ser mais, o excelente “A Origem”, novo filme de Christopher Nolan – o melhor dele? – e terminei o muito bom gibi autoral do desenhista brasileiro Roger Cruz, “Xampu”.

Antes que eu me esqueça: dia 17/09 no Red Bar, dou uma força nos vocais pro meu chapa Marcos Magalhães e sua banda Safe no tributo ao Deftones, espero por todos lá!