!!”Os Vingadores” por Rod Castro!!

2 de mai. de 2012


Tinha tudo para dar certo, afinal, todos estavam apresentados. Mas há um certo momento do novo filme da Marvel que passou do limite. Explico: o fala-fala que antecede a primeira transformação do Hulk é chato, monótono e senão fosse pelo próprio Hulk em ação, este trecho inteiro do filme seria ruim.

Dito isto, afirmo: o filme é bom, mas é só isso, bom. Excelente, insuperável, magnífico? Não. Bom? Sim, muito. Mas não é uma obra-prima e nem se aproxima do que a Fox conseguiu com os filhos do átomo em “X-Men: Primeira Classe”.

Juntar os principais heróis da Marvel foi algo pensado por dois monstros sagrados da empresa: Stan Lee e Jack Kirby, o sempre esquecido Kirby. E em sua primeira aventura, os heróis tinham que combater as artimanhas de Loki, o meio-irmão maligno de Thor.

No filme não é diferente. Loki vem a Terra para arquitetar uma dominação, que será realizada por uma raça alienígena – a qual o invejoso deve ter conhecido durante seu “exílio”, fato ocorrido no filme “Thor” – o que fazer em uma hora dessas? Fácil: Nick Fury e seus agentes da Shield saem pelo mundo reunindo os principais heróis daquele universo, gente como Viúva Negra, Homem de Ferro, Hulk, Capitão América, Thor e Gavião-Arqueiro.

Falar mais que isso, sobre a trama em si, seria estragar o momento em que você se dispõe a enfrentar as imensas filas, que bom, para assistir a aventura pipoca, que tem seus bons momentos e alguns maus, como veremos abaixo.

Avante Vingadores! – a parte boa:

Joss Whedon: o diretor e roteirista do filme, arrebenta em muitos aspectos. Principalmente nos diálogos feitos para Tony Stark, assim como os de Bruce Banner, e as boas cenas de ação.

Tony Stark/Homem de Ferro: a Marvel deve repensar muito ao produzir o próximo filme da franquia do cabeça de lata. Não incluir o diretor Joss Whedon seria um erro capital. E mais uma vez Robert Downey Jr. Dá um show a parte em sua interpretação, transformando, por muitas vezes, Tony no principal personagem do filme;

Hulk: nada de conflitos mentais, como no filme de Ang Lee, muito menos papo cabeça para reforçar a pessoa de Banner,  como Edward Norton tanto desejou fazer em sua versão do Golias Verde para os cinemas. O Hulk deste filme é um gorila, que bate, esmaga, dificilmente fala e é uma artilharia inteira, como Stark fala a Loki;

Viúva Negra: se alguém tinha dúvidas de que Scarlett Johanson era a mulher certa para o papel, tal nuvem se dissipa em menos de 20 minutos de filme. É praticamente impossível que a Marvel não faça um filme solo com a personagem;

Loki: ele foi o melhor momento do filme do Thor e mais uma vez se faz presente. Além da boa trama que o cerca, é impossível não notar a boa interpretação do inglês Tom Hidleston, deve ser presença obrigatória no próximo filme dos Asgardianos.

Momento Thanos – a pior parte:

O blá, blá, blá infinito na Shield: sério, em certos momentos eu pensei que tinha saído da sala de cinema e estivesse em casa, pronto para ver uma daquelas discussões em família que sempre permeia uma “boa” novela que passa lá na “Plin-plin”. Momento desnecessário, longo, e que se retirado do filme faria o público se interessar mais na trama, além de economizar tempo;

Thor: por Odin, cada filme do Universo Marvel que estreia e que tem a presença do Deus do Trovão comprova o óbvio: a empatia e até mesmo talento de Chris Hemsworth são inexistentes. Pena que o ator selecionado para ser o mesmo personagem (Alexander Skarsgard) se contundiu;

Os alienígenas: este é o principal erro do filme. Como a Marvel inclui os Skrulls – a mais conhecida raça de alienígenas do seu universo - no contrato com a Fox, ao vender os direitos de Quarteto Fantástico? Resultado: uma mistura de Skrulls com os alienígenas de “Distrito 9” tomam conta da tela e não rendem metade do que deveriam;

Pronto, pondo os pingos nos is, sigamos a conclusão deste artigo: “Vingadores” é bom, bem melhor que os filmes de “Thor” e do “Capitão América”, mas poderia ter sido melhor.

As cenas de ação são sensacionais, incluindo aí aquela sem cortes em um incrível plano sequência feito em tela verde. Prepare a pipoca, mas aguarde por “Batman” para assistir ao melhor filme de Heróis do ano. Confie!

Nota 8,0.

!!Se o mundo acabar em 2012? 20 anos de Titanomaquia!!

30 de mar. de 2012

Aqui começa a sessão “Se o mundo acabar em 2012”. O objetivo disso, você se pergunta: simplesmente pense: todos afirmam que o planeta acaba neste final de 2012 e como ficam as boas obras cinematográficas, literárias e sonoras que me dispus a apreciar e completam aniversário de décadas em 2013?

Ora bolas, estão nesta sessão. E nada melhor que começar esta apreciação do passado recente com o disco, que considero ser, o melhor do rock nacional em todo os anos 90 - o de metal é “Roots” do Sepultura - o sempre esquecido Titanomaquia, dos Titãs.

Titanomaquia, Titãs, Julho de 1993

Em meio ao furacão grunge que tomava conta de todas as paradas musicais mundo afora, acabei por colecionar CDs e mais CDs de bandas que, ou eram de Seattle, ou soavam como se fossem de lá.

Então, entre Alice In Chains, Pearl Jam, Nirvana, Soundgarden, L7 e mais outros, um CD, nacional, fazia-me cantar em português. Somente um: Titanomaquia, dos paulistas Titãs.

Fazer este disco foi praticamente um exorcismo para a banda. Explico: mal os Titãs se reuniram para compor seu novo disco, receberam uma bomba em seus colos, o “poeta” da banda, Arnaldo Antunes, coincidentemente o integrante que menos gostava, pediu para sair da banda.

Daí você pensa: pelo amor de Deus, até parece que isso vai fazer diferença, são para mais de 05 caras na banda, mais um ou menos um, deve lá fazer alguma diferença? Fez, e muita, se bobear, pra melhor.

Não sei se houve um momento de fúria, nunca revelado em entrevistas pelos membros, mas os Titãs resolveram pisar no pedal do peso e recrutaram o produtor Seattico Jack Endino, para esta nova empreitada.

Nascia assim o Titanomaquia. CD com 13 músicas, todas pesadas, tanto em seu som, quanto em suas temáticas e letras. O petardo foi lançado em Julho de 1993, mas só recebi  o meu, dentro de um saco plástico preto - que simulava o mesmo usado para depósito de lixo – em outubro, em pleno o dia das crianças.

“Qual é o seu problema? Seu...”

Uma batida solta de bateria, compassada, pesada, e a entrada de uma parede de guitarras. Este era o início da primeira faixa. Eram exatos 34 segundos de som, sem uma palavra sequer. E tudo aquilo, até ali, era tudo, menos os Titãs que conhecíamos.

Esta sensação era reconfortante. Pois muita gente queria que o peso chegasse as nossas bandas de rock. Eu, até aquele CD, nunca tinha tido um LP, Fita Cassete ou demais tipo de formato sonoro em que a banda tivesse registrado algo. E olha que sabia de cor letras e mais letras deles.

Encaixar três pancadas seguidas, como “Será Que É Isso Que Eu Necessito”, “Nem Sempre Se Pode Ser Deus” e “Disneylândia”, era um recado claro ao ouvinte: isso é rock, pesado e faça o favor de aumentar o volume das suas caixas.

As duas primeiras baseavam suas letras em questionamentos – “Não é que eu passei do limite, isso pra mim é normal. Não é que eu me sinto bem, eu posso fazer igual. Não é que eu vou fazer igual, eu vou fazer pior.”; enquanto que a terceira previa a globalização – a letra de “Disneylândia” é transloucada, difícil, mas extremamente decorável.

O Titã mais pesado, e meu favorito, Nando Reis, atropelava com um rock (“Hereditário”) chupado de alguma batida perdida do final dos anos 70. O objetivo da letra: mostrar que a vida passa rápido em.

Aqui um registro mental: Titanomaquia é um disco que se registra facilmente no inconsciente de seu ouvinte. Pois ao terminar “Hereditário” é impossível não lembrar dos acordes em guitarra da pesadíssima “Estados Alterados da Mente”, praticamente um pesadelo gritado e comentado por Branco Mello – esta canção tem um dos solos mais lembrados de guitarra do senhor Tony Bellotto. 

E se as guitarras de Bellotto e Marcelo Fromer se destacavam, as baquetas de Charles Gavin estraçalhavam as peles em todas as músicas, como em “Agonizando”, uma sequência de batidas ininterruptas, que davam ritmo aos versos proferidos por Sérgio. Aliás, esta aceleração rítmica, com um vocalista (Paulo Miklos e Sérgio Britto) ensandecido era a marca das pauladas seguintes: “De Olhos Fechados” e “Fazer O Quê?”.

Aqui outra anotação mental: este é o disco que os vocalistas botam pra quebrar. Sérgio canta como um metaleiro e um rapper (“Tempo Pra Gastar”), Branco Mello fica entre o cantar e o comentar (“Felizes São Os Peixes” e “Dissertação do Papa Sobre O Crime Seguido de Orgia”), e Paulo Miklos torna-se um transloucado que berra (“Taxidermia”), muda de tom e ao mesmo tempo faz outros sons, como em “A Verdadeira Mary Poppins”, em que entoa um “jin, jinguin lin, jin, jin, jinguin limmm”, os acordes das guitarras.

Enfim, “Titanomaquia” é um disco que merece ser relançado, se você ainda não ouviu, procure, se você ouviu, escute novamente.

Pelo menos este ano, vai que o mundo acaba? 

!! Drive: do caricatural para o violento em 100 minutos!!

1 de mar. de 2012


Não assista “Drive” antes de conferir o trabalho anterior do diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, o transgressor “Bronson”. Se você se acostumar com o que ocorre em todo o primeiro filme, o que surgirá na tela, no filme seguinte, soara “natural”.

Nada de grande espanto. Nada de traumático, como em “Irreversível”. Não é sobre isso que estou falando leitor. Mas “Drive” segue uma linha perigosa, que pode sim fazer o espectador se questionar o quanto um herói, bonito, charmoso e acima de tudo, misterioso, pode se tornar todo o reverso que você não imagina ou quer.

Mas vamos por parte. A história: um dublê de filmes de ação, que também é mecânico e dirige “carros de escapadas” para assaltantes após cometerem seus crimes, acaba se envolvendo – nada de beijos ou sexo – com a sua vizinha – uma garçonete, mãe solteira e que tem o marido na cadeia.

É isso. Revelar mais faria você me chamar de estraga prazeres.

O que vale muito destacar: Ryan Gosling pode parecer um canastrão, mas talvez seja esta a intenção; os demais atores são apenas dispositivos para que o personagem principal se torne o que realmente é, prepare-se; a direção de fotografia é soberba e tem assinatura do veterano Newton Thomas Sigel (o mesmo de “Os Irmãos Grimm”, “X-Men 2” e “Os Suspeitos”); e o trabalho de Refn é digno de prêmio, como Cannes constatou, e merece ser descoberto.

Pena que “Drive” ainda não tenha sido exibido nos cinemas de Manaus, mas vale a descida via Internet. Nota 9,0. 

O Godzilla ataca: Van Halen "A diferent kind of truth"

11 de fev. de 2012

Em 1984 o Brasil estava repleto de programas de vídeo clipes. Todas as emissoras se beneficiavam da não existência da MTV por estas bandas e por isso mesmo tacavam um monte de gente com roupas horríveis e coloridas a frente de cenários verdes – que passavam imagens “transadas” – apresentado programas de clipes.

Em um destes programas, não lembro qual, vi a primeira vez algo diferente: uma banda de hard rock que parecia se divertir mesmo espancando os ouvidos dos ouvintes com sua potência, era o Van Halen.

Tirando aquelas roupas ridículas – de todos os membros da banda e principalmente as usadas pelo vocal David Lee Roth – a banda ria, agitava e parecia ser mais do que demonstrava. Uma coisa ficava clara logo de cara: eles tinham o melhor guitarrista daquela geração e isso não há um mortal capaz afirmar o contrário, os anos 80 tem o seu melhor guitarra com nome e sobrenome, Eddie Van Halen.

O cara era tão bom que recebia convites para fazer solos de menos de um minuto para propagandas e de mestres do pop, como Michael Jackson, como em “Beat It”. Aquele Van Halen, o primeiro, era tudo isso que falei acima e tinha mais: músicas impressionantemente grudentas e videoclipes engraçados ao extremo.

Nunca me interessei em saber porque David decidiu largar a banda. Pois em menos tempo do que pudéssemos digerir tal problema, a banda, através de uma indicação de Frank Zappa, conseguiu outro vocalista, menos espalhafatoso é verdade, mas tão competente quanto: Sammy Haggar.

Teve início a história de um Van Halen mais sério. Dono de um peso extremo e baladas marcantes. Eles emplacaram sucessos como “Dreams” e “Right Now“. Até que Sammy foi convidado a se retirar e de uma só vez, tínhamos David de volta para uma reunião de lançamento do 1o. Best Of da banda. Como era de praxe, eles novamente se separariam. E em 1998 emendaram a terceira parceria, agora com Gary Cherone, vocal do extinto Extreme.

Pronto, a banda sumiu. Tentou voltas com David, mas nada trazia aquele sentimento de que era de vez. Desde os problemas de saúde de Eddie, passando pela saída do baixista original Marc Anthony. Mas em 2009 eles deram sinal de vida: Lee Roth estava em forma, Eddie recuperado e no baixo estava Wolfgang Van Halen, filho de Eddie e sobrinho de Alex – o baterista.

Agora? Lançar CD novo, oras? E vou falar de cara: que CD é este “A Different Kind Of Truth”, viu? Daqueles que você compra e ouve em repeat infinito. Tudo o que gostamos no Van Halen aqui está e com uma regularidade impressionante.

O CD inicia com o petardo “Tattoo”. Música grudenta, mostrando a versatilidade e até mesmo a experiência que Lee Roth hoje tem; a bateria precisa de Alex que cadencia o ritmo sem exageros; uma linha de baixo compassada com a bateria, feita com competência por Wolfgang; e um Eddie em forma, com riffs loucos, mas que se tornam simples em suas mãos.

Sim, o Van Halen voltou a falar de mulheres, até porque elas sempre foram maioria em seus shows. E por isso mesmo, a sequência de “Tattoo” pede uma paulada “She’s The Woman” e a semi balada “You And Your Blues” – que tem uma cozinha fenomenal, dando espaço para riffs desconcertantes e que lá pro seu meio tempo desenvolve um dos melhores solos do CD, assim como em “Blood And Fire”.

Não sei se você sabe, mas em uma entrevista, perguntado como descreveria o som da sua banda, Eddie tascou a clássica resposta: “é como se o Godzilla estivesse despertando”. Em “Chinatown” – mostras audíveis que Lee Roth tem a mesma potência das antigas – “The Trouble With Never” e “Blood And Fire” – em que Wolfgang acompanha em tons mais graves todas as manobras do tio e pai – não há como descordar da máxima.

Mas se há algo de realmente “diferente e novo” neste som do Van Halen é que as músicas não são longas – como em “Outta Space” – e terminam na hora certa, deixando saudades. E olha que muita gente já afirmou que as composições são todas do fim dos anos 70 e foram reaproveitadas. Será?

Mas como justificar o rock pesado de “Bullethead”– uma das músicas que mais quero ver ao vivo – ou o estupro sonoro de “Honeybabysweetiedoll”? E olha que ainda há espaço para fazer uma canção que remete a competência de um Led Zeppelin, como em “As Is” – repleta de notas palhetadas na velocidade da luz.

Deixar este novo trabalho do VH ouvindo as duas últimas faixas,  “Big River” e “Beats Workin”, é querer ouvir novamente o CD do início ao fim. A primeira parece uma versão mais pesada de “Tattoo” e tem uma pegada de som parecidíssima com as canções do primeiro disco “Van Halen” – sendo uma co-irmã de “Running With The Devil”. A segunda é sensacional e podia ser a primeira faixa de “A Different Kind Of Truth.

Mas quem sabe o intuito tenha sido: vamos terminar este trabalho como iniciamos, por cima. Assim os fãs e quem sempre ouviu falar da gente pensa umas quinhentas vezes antes de afirmar que não voltamos a velha forma.

Sim, o Van Halen está de volta, como nunca foi e retornou com um dos melhores discos de rock deste ano e 2012.  Nota 10!

It's Hard To Explain? Não. Dez anos de Is This It.

31 de jan. de 2012



Sentado em um sofá, espero o programa de Rádio do Joaquim Marinho começar. Assim estava eu naquele dia, até que o outro produtor do programa, Jackson Coletti, também conhecido como Chacal, diz que a dona Chiquinha, representante da EMI, tinha mandado algo pra mim.

Capa interessante: um perfil de um quadril bem branco com uma luva. Primeiro pensamento: já vi esta capa? Sim. E os caras se chamam The Strokes? Sei.

Sim, estes foram os meus pensamentos sem dar um sequer play. Eu sei, preconceito. Esta palavra horrível e que faz a gente criar bloqueios. Ainda mais quando somos novos e achamos, por quase todo o dia, que sabemos tudo e não, não sabemos.

Levo o CD pra casa, escuto. Não suporto. Assim como não suportei Led Zeppelin, Joy Division e Radiohead. Traduzindo: deve ser bom, meu ouvido quando capta algo novo e que eu não entendo a mensagem de primeira quer dizer que é bom, assim espero.

O Joaquim Marinho cobra o CD, eu não levo, mas levo uma esculhambação, afinal, os tais Strokes estão em primeiro lugar não sei aonde, viraram a sensação na rádio cicrana e já foram até capa daquela revista de rock, mas que fala de tudo – é, não parece, mas já se vão dez anos que Is This It foi lançado meu caro.

Tá bom, confesso: Is This It me pegou quando pensei que não sobreviveria. Passei por uns apuros amorosos e as letras de Julian Casablancas me espancavam os ouvidos enquanto massageavam meu cérebro.

Mas falando do que realmente interessa: Este não é o CD que salvou o rock pela enésima vez nos últimos 30 anos. Não. O rock que ali está tem algo muito bom e que compõe a maioria dos excelentes álbuns já lançados: simplicidade somada a atitude.

Sim, porque já tínhamos, roqueiros, vivido tudo o que era onda. E como estas ondas apenas se renovam sobre os pilares do que já foi realizado – daí talvez a capa que remete a do Stooges? – elas quebrariam as barreiras de caixas sonoras espalhadas pelo mundo. E meninos se vestiriam desleixadamente, deixariam seus cabelos emaranharem e apostariam em suas bandas.

Os Strokes não salvaram o rock. Mas eles catapultaram o indie. A parede de guitarras, a batida compassada, a linha de baixo matadora e o vocalista completamente desleixado com o jeito (e modo) de cantar, fizeram escola. E eles estavam em todos os lugares.

Dez anos passam rápido. Mas você sabe que está ouvindo algo que é para sempre quando acorda, como hoje acordei, pega o seu CD, o tira da caixa, põe em seu aparelho, aperta o play e o ouve como se fosse a primeira vez, mesmo sabendo todas as letras e demais movimentos sonoros. Is This It completou só a sua primeira década, há muitas pela frente. 

Eles voltaram. Tin Tin e Spielberg.

16 de jan. de 2012

Antes de passar para o filme, quero falar sobre o título do artigo. Gosto da fase drama de Spielberg, foram bons filmes – apesar de não haver possibilidade de eu sair de casa e ir assistir ao Cavalo de Guerra – mas sempre fui fã do seu cinema criativo, aventureiro e por vezes até infantil.

Este cinema, na carreira do autor, praticamente foi abandonado ao realizar o “revolucionário” Jurassic Park. Mas antes deste filme ele dava passos largos dentro da diversão em tela grande. E posso afirmar, depois de longos 23 anos, ele voltou e voltou com ares de dono do pedaço.

A situação de Tin Tin não é diferente. Tirando as republicações das eternas e ótimas séries em quadrinhos do Hergé, o detetive que se tornou mais popular para os brasileiros graças a TV Cultura de São Paulo – através de seu desenho animado – retorna a mente dos milhares de fãs em uma aventura sensacional e que realmente respeita suas histórias – foi baseado em uma sequência delas.

É por isso que afirmo: eles voltaram e com o sucesso que o filme “As Aventuras de Tin Tin” está fazendo no mundo – esqueça a bobagem de que o filme não se pagou nos EUA, afinal, aquele é um mercado viciado e formuláico – este é somente o primeiro dentre vários filmes estrelados pelo topetudo detetive belga a estrear em salas de cinema.



A história é simples: Tin Tin está em um feira de variedades e tem a sua atenção roubada por um barco, ele o compra, mas rapidamente recebe duas propostas para vendê-lo. Óbvio que ao não vender ele já corre perigo, afinal, este barco tem, oculto em sua estrutura, a descrição de um mapa que leva a um grande tesouro.

Daí pra frente? Mistério, aventura, perseguições em longos e excelente planos-sequência, trilha sonora perfeita e atuação convincente de todos os atores envolvidos – fizeram suas interpretações através de captura de movimentos. Mas quero me prender ao tal de Spielberg.

Que bom que você acertou a mão. Está tudo perfeito, apesar do filme demorar para “pegar” – estaria eu também contaminado pelo tudo ao mesmo tempo agora das animações de hoje em dia? – as cenas de ação não devem nada a qualquer filme de aventura ou do mesmo segmento. O trabalho em cima do desenvolvimento dos personagens está excelente, com destaque ao Capitão Haddock e o Milu, sendo o primeiro capaz de arrancar gargalhadas dos homens e o segundo suspiro das mulheres.

O desencadeamento das sequências é que me espantou e me alargou o sorriso no rosto. O “passeio” com a câmera pelo cenário virtual criado em computação é inovador e traz mostras de que Spielberg e sua equipe re-imaginaram o conceito do 3D como ambiente de filmagem – mesmo ele não existindo. A cena de apresentação da feira mostra isso, assim como a longa e sensacional sequência de perseguição de moto – que remete também a de Indiana Jones e a Última Cruzada.

Mas se há sequência embasbacante, como conceito e desenvolvimento, destaco a que o Capitão recorda a saga do primeiro grande aventureiro da sua família. Ali pode-se ver o lado gênio de Spielberg, cada ida no tempo e volta tem elementos de composição sensacionais.

Aula de como fazer cinema? Sim. Aula de como divertir milhões de pessoas por mais de 02hs? Sim. A possibilidade de eu poder apresentar o Spielberg ao meu filho, dizendo a máxima: este é o diretor americano mais divertido de todos os tempos? Yep. Filmaço, nota 9,0.

!!65 anos do Camaleão. Let´s Dance?!! Por Rod Castro

6 de jan. de 2012

Não sei se você sabe, mas os aviões no Brasil já foram maiores. Também não sei se você sabe, mas havia uma companhia aérea chamada Varig. E nela, haviam telões que eram puxados em suas paredes e podíamos ver programações – gravadas – das principais emissoras de TV do país.

Bem, em 1983, minha primeira viagem à São Paulo só, deparei-me com aquele telão e ali, naquele instante, apresentaram-me um ser chamado David Bowie. A música: Let´s Dance. Clipe, hoje clássico, mas que soa cada vez mais surrealista a cada vez que ponho os olhos, hoje adultos, nele.

Pule no tempo. Deixe o 1983, esqueça a Varig – que existe, mas hoje é uma companhia que faz parte do conglomerado da Gol – também deixe de lado os aviões largos e o telão comunitário, são tempos unitários, como falava o personagem principal de o Clube da Luta.

Estou em casa, num sábado, manhã, entro no meu quarto, som ligado no aparelho de DVD, meu filho escolhe um CD solto em cima da prateleira. Põe e para minha surpresa o que roda? Let´s Dance do Bowie. Não o clipe, somente a música. Resultado imediato: com menos de dois anos, Ernesto, meu filho, dança – o tal “passo do sapo”, que consiste em arquear as pernas fazendo movimentos para cima e para baixo – sim, ele já havia dançado antes, com o mesmo passo, a doideira de Star Guitar do Chemical Brothers.


Mas contagiado pelo pop que estourava as caixas, meu filho sentiu nos ouvidos e na pele a sensação de dançar o melhor que esse tipo de música pode oferecer. Sim, para muitos Michael Jackson foi o rei do pop e para muitos David Bowie é o camaleão do rock. É engraçado, mas sempre vi a figura de David Bowie como um mestre em misturar tudo que é tipo de som e entregar algo que você ouve, às vezes não entende, mas que, fatalmente se tornará sucesso com um artista "novo".

Bowie é o rei do pop. E mais: é o Camaleão do rock. Imitado por tantas bandas, por tantos cantores solos, mas dificilmente eles o citam como influência. Ah, tem outra: ele é ator, dos bons. E agora, nesses anos 2000, é pai de um cineasta cult que entrega bons filmes, o senhor Duncan Jones, de Lunar e Contra O Tempo – ambos estão nas listas de melhores filmes que vi em 2010 e 2011. 
Parabéns senhor Bowie. Sua sombra sobre a música mundial é perceptível, o tempo inteiro.

Os melhores filmes de 2011, por Rod Castro

3 de jan. de 2012


Fazer lista. Hábito que me é recorrente desde que tenho meus 11 ou 12 anos. Na maioria das vezes, estas listas nunca foram divulgadas ou postas a críticas. Até que veio a internet, eu fiz uns três ou quatro blogs – contando com este – e eis que as listas começaram a ser divulgadas com mais frequência.
Fazer uma lista dos melhores filmes que vi requer a seguinte metodologia: anoto todos que vi, dou uma nota, não após assistir ao filme, mas com alguns dias depois de tê-lo feito – afinal, a chance de estar envolvido pelo que vi pode pesar na nota.

Vou dando sequência, não tendo em nenhum momento pena ou muito menos dou ouvidos ao que os outros pensam. A lista é minha. Cada um faz a sua e segue sua vida, minha lista não é melhor que a sua e “meu cinema” não é superior ao seu. Pelo contrário.

Óbvio que muitos vão criticar, outros vão elogiar. Mas o objetivo maior de uma lista é recomendar os filmes e não fazer com que você se sinta um privilegiado ou um zé mané. Bem, em 2011 vi 80 filmes inéditos.

Na lista foram postos somente os que foram lançados em cinema ou locadoras – cada vez mais raras – de Manaus. Assim, ei-la, espero que gostem.


20 – Um sonho de amor, de Luca Guadagnino
Filme italiano, rodado com dinheiro de tudo que é canto. A história: família rica de Milão – envolvida com a indústria de tecidos – vê sua vida – repleta de clichês do modo de ser rico - mudar a partir de uma festa de fim de ano. Simples assim, mas com interpretações naturais – destaque para Tilda Swinton - texto realista e uma direção de fotografia excelente.










19 – Jogo de Poder, de Doug Liman
Tenho 04 filmes do diretor americano Dou Liman em minha coleção: The Swingers, Go – Vamos Nessa, Identidade Bourne e Sr. E Sra. Smith.  Todos filmes divertidos e com foco na ação. Aqui ele surpreende ao contar a história – real – de uma espiã (Naomi Watts) que teve sua vida estampada em todos os jornais possíveis dos EUA, após seu marido (Sean Penn) realizar uma pesquisa e ver que as desculpas do Tio Sam para invadir o Iraque eram furadas.








 

18 – Kung Fu Panda 2, de Jennifer Yuh
Sim: eu misturo os filmes “sérios” com os de animação. Este aqui é daqueles filmes para se ver em tela grande e perceber que há mais, na arte, do que somente diversão sem cérebro, como de costume. Sim há comédia, sim há bobagens, mas sim: há drama, ação, arte em 2D misturada com 3D e um filme de artes marciais que não deve nada a ninguém. Uma das melhores animações do ano e deve tirar a invencibilidade da Pixar no Oscar 2012.









17 – 127 horas, de Danny Boyle
Cada vez mais distante do mundo pop e palatável de “Quero Ser Milionário”, que bom. Este é Danny Boyle, um cara que faz cinema “pop, mas diferente” e cresce a cada projeto realizado. Contar a história, real, de um alpinista que se encontra em uma situação extraordinária – ficar com uma pedra sobre seu braço em uma depressão, por mais de 04 dias – foi um desafio e tanto. A solução: arranjar um ator promissor – James Franco – e apostar na criatividade e no cinema surrealista. 








16 – Melancolia, de Lars Von Trier
Tirando as polêmicas. Suprimindo os eternos maus tratos feitos por ele para com suas protagonistas. O dinamarquês Von Trier acertou e muito a mão neste filme catástrofe. Nada de efeitos especiais gigantescos – apesar de eles estarem lá e realmente pesarem na história. Nada de takes com pessoas gritando, afetadas pelo acontecimento. O filme mostra seu derradeiro momento somente com 03 pessoas em cena.  É triste, mas que filme deste cineasta não o é? Recomendo, muito, o filme em Blu-Ray.








15 – Amizade Colorida, de Will Gluck
05 roteiristas. Um diretor que fez o mediano “A Mentira”. Justin Timberlake como protagonista. Esta fórmula realizada de forma continua em Hollywood tinha tudo para ser somente uma “comédia romântica”, bem boba e que não oferece nada além de “belos” momentos às mulheres que vão ao cinema, certo? Nada disso: roteiro excelente, diálogos que deixariam Howard Hawks e Billy Wilder orgulhosos. A primeira surpresa do ano. 









14 – SUPER 8, de J. J. Abrams
Acho que este é o terceiro filme de J.J. Abrams a figurar entre os melhores do ano. Isso é um ótimo fator. E se na primeira vez que ele aqui surgiu foi por um de ação que se preocupou com o vilão – Missão Impossível  03 – e na segunda foi com a remodelação de uma série – Star Trek – o que falar desta homenagem ao cinema pipoca dos anos 80? Isso: Super 8 é uma homenagem a Spielberg, Lucas, Zemeckis, Donner e tantos outros diretores que divertiram a minha geração no cinema nas tardes de algum fim de semana. Destaque para a beleza e talento de Elle Fanning.





13 – Contra O Tempo, de Duncan Jones
Vai chegar um tempo que ele não será mais chamado por este escriba e por muitos de “o filho do David Bowie”. Isso porque Duncan Jones acerta, cada vez mais, em seus projetos cinematográficos. Primeiro nos levou ao espaço e nos deixou perdidos e até mesmo curiosos em Lunar – agora ele aposta em viajar pelo tempo para desvendar um crime. Simples assim e ao mesmo tempo complexo, como seu primeiro filme. O elenco, mais uma vez, reforça a trama que tem final surpreendente e emocionante.










12 – A Última Estação, de Michael Hoffman
Retratar a vida de um grande autor em seus últimos momentos, por si só, já rende uma boa história. Mas quando você faz isso e encontra um autor internacionalmente conhecido e que se tornou ícone de um movimento, ah, aí as chances de você ter um filme dos bons pela frente se multiplicam. Michael Hoffman se propôs a mostrar os últimos meses de vida do grande Liev Tolstói. Para arrebatar de vez ele escala um elenco invejável: Christopher Plummer (Tolstói), Hellen Mirren (esposa do autor), Paul Giamatti e James Mc Avoy. Segunda surpresa do ano.








11 – Cisne Negro, de Darren Aronofski
Pi, Réquiem por um Sonho, Fonte da Vida, O Lutador e agora Cisne Negro. Todos os filmes de Darren estiveram em minhas listas. Mas este Cisne, assim como Fonte da Vida, podia render mais. Sim, temos uma das melhores atuações de Natalie Portman, a direção de fotografia do filme é muito boa, a trama em si, assim como os efeitos especiais pontuais. Mas faltou algo, talvez a facilidade de se entender a história me faça por este trabalho de Darren entre a metade de baixo da lista deste ano e assim está feito.







10 – O Vencedor, de David O. Russell
Filmes de superação sempre são agradáveis. Isso é fato. A questão de você se ver através do personagem principal e ver que ele tem sim como vencer, é uma vontade de todos que vão ao cinema. Mas aqui, neste O Vencedor, há mais. O personagem de Mark Whalberg  tem que vencer não somente os adversários de boxe, estes até que são fáceis. O maior desafio é a sua família: a mãe manipuladora, as irmãs loucas e o irmão viciado em drogas e ex boxer (trabalho inspirado de Christian Bale). 








09 – X-Men: Primeira Classe, de Matthew Vaughn
Nem Tudo é o que Parece, Stardust, Kick Ass e agora X-Men: Primeira Classe. É, parece que o sobrenome de Matthew parou de ser “ex-produtor de Guy Ritchie” para Vaughn mesmo. E se em seu primeiro filme ele praticamente lançou Daniel Craig para o papel de 007, neste último ele mostra para a maior editora de quadrinhos do mundo que há diretores capacitados longe dos Estúdios de Cinema Marvel. Tudo está em seu devido lugar e o desenvolvimento do filme baseado em histórias reais, fazem deste uma das melhores adaptações de quadrinhos para cinema de todos os tempos. Agora é esperar por mais.






08 – Abutres, de Pablo Trapero
Faz tempo que o cinema argentino acertou a mão. Nada contra o nacional, longe disso, mas a temática realizada por esses cineastas são simples, mas ao mesmo tempo complexas. Aqui temos a história, escrita e dirigida por Pablo, de um esquema de acidentes de trânsito que envolve escritórios de advogados, policiais, paramédicos e pessoas comuns – precisando de dinheiro. Gravado com muitos planos-sequência, o filme ganha o espectador pelo tema e pela tensão que propõe. Filmaço.








07 – O Mágico, de Sylvain Chomet
Já imaginou uma animação inteira com uma ou duas falas entendíveis? Uma animação em 2D, tradicional, francesa e que faz uma homenagem ao “Chaplin Francês”? Com direção de arte excelente e tons pastéis por tudo que é canto? Imaginou? Então, bem vindo ao incrível mundo de Sylvain Chomet. Ele já havia feito uma das melhores animações dos anos 2000, As Bicicletas de Belleville, agora se rende aos feitos de um mágico em fim de carreira numa bela história que se utiliza da imagem e dos maneirismos do mestre Jacques Tati. Com certeza: a melhor animação do ano.






 

06 – A Árvore da Vida, de Terrence Malick 
Já conversei com muitas pessoas sobre Árvore da Vida. Boa parte delas, gente que gosta de cinema, que tem meu respeito e que está acostumada com o cinema de Malick. Em suma, todos afirmam: o filme é belo. Em suma: quase todos não conseguem teorizar sobre o que viram. Eu acho, repito: acho que vi um caminho. O filme fala da recriação de dois mundos após suas abruptas destruições. O mundo de Sean Penn que era baseado em seus pais e o mundo de sua mãe que era baseado nele, Sean quando criança, e seus irmãos. Quando um desses garotos morre, aquele mundo que vimos se desenvolver tem que ser reconstruído. E quando a mãe de Penn morre, ele tem que achar um novo mundo. É assim que eu vejo.





05 – Baarìa (A Porta do Vento), de Giuseppe Tornatore
Vamos ser sinceros: Tornatore só não é um grande diretor de cinema aclamado mundialmente porque é italiano e só faz filmes por lá. Se tivesse se “vendido a Hollywood” seria um cara aclamado a cada trabalho feito. Confira: Cinema Paradiso, Estamos Todos Bem, A Lenda do Pianista do Mar, Malèna e agora Baarìa. O italiano de Palermo produz filmes belos por suas imagens e ainda tem a capacidade de criar personagens memoráveis inseridos em realidades mágicas. Falei para muita gente e continuo a repetir: Baarìa tem a mesma pegada de Cidade de Deus, mas sem a violência do mesmo. Você tem que conhecer este filme.





 

04 – Bravura Indômita, de Joel e Ethan Coen
Sou acusado por muita gente de ser saudosista, como senão gostasse do cinema atual. Esta lista é a prova contrária disso, afinal, são filmes deste último ano. E aqui vai uma prova maior de que a acusação sempre foi falha: Bravura Indômita, dos Coen, é bem superior ao mesmo filme estrelado por John Wayne. A solução de gravar o filme como foi feito na história contada no livro foi inusitada e ao mesmo tempo um acerto. Chamar Jeff Bridges para fazer o papel que uma hora foi encarnado por um ícone do cinema americano outro tiro certeiro, assim como por a estreante Hailee Steinfeld no papel principal. Não refilmar boas histórias antigas? Não fazer mais Faroestes? Sei.




 

03 – O Palhaço, de Selton Mello
Astro-mirim? Confere. Dublador? Confere. Ator promessa? Confere. Um ator que gosta mais de fazer cinema que TV? Confere. Um diretor de mão cheia? Era uma promessa. Um diretor autoral de mão cheia? Sério? Sim, sério, muito sério. Tão sério que às vezes faz você chorar em certos momentos e se espocar de rir em outros. O Palhaço é um filme muito, mas muito acima de média. É um engole tudo o que você falava de mim do Selton Mello para muitas pessoas. E mais: é um caminho que mostra para dezenas de diretores e artistas do audiovisual que não é preciso ser bobo, ou fácil para se atrair público aos cinemas. 


02 – A Pele Que Habito, de Pedro Almodóvar
Toda vez que falo do cinema deste espanhol, faço um trajeto por alguns de seus filmes que assisti. O mais interessante é ver seu amadurecimento. O distanciamento da necessidade de chocar a qualquer custo e o principal: a preocupação com a trama a ser contada tornou-se mais sombria e dramática. Mas aí ele inventa de gravar seu primeiro roteiro adaptado e eu e muitos outros admiradores damos um passo para trás. E como é bom estar errado quanto a um pré-conceito, não? Almodóvar arrebenta, não exagera, põe mão firme em todas as cenas e faz Antonio Banderas lembrar que um dia ele realmente foi um ator.






01 – Meia Noite em Paris, de Woody Allen
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa. A Era do Rádio. Poderosa Afrodite. Todos Dizem Eu Te Amo. Poucas e Boas. Dirigindo no Escuro. E o sensacional recém-lançado em DVD, no mercado brasileiro, Descontruindo Harry. 

Esta sequência de filmes de um dos maiores diretores norte americano de todos os tempos, o baixinho Woody Allen, é toda gravada em solo americano. A partir de Match Point a coisa virou. Ele saiu dos EUA e mostrou que seu cinema é global e seu trabalho está cada vez mais próximo dos cineastas que ele tanto admirou, como Alfred Hitchcock, no já citado Match Point e Billy Wildder como vimos em Vicky Cristina Barcelona. 

Mas quando ele foi à Paris e decidiu rodar uma despretensiosa obra que fala sobre escapismo, romantismo e bebe na fonte do humor o resultado foi muito maior do que o esperado. Falar de Meia Noite Em Paris e sua história é depor contra a experiência que o diretor propõe ao espectador. De todos os filmes que vi em 2011, este foi o melhor.