!!Gibis mensais que merecem leitura: DC, Marvel e a volta da Vertigo!! Por Rod Castro!

27 de out. de 2009

Quando eu era novo, faz tempo isso, havia uma empresa que mandava em todo o setor de quadrinhos no Brasil: a Editora Abril. Antes dela também havia outra hegemonia: a EBAL. Ambas botavam nas bancas de jornal de todo o país os quadrinhos das duas melhores editoras americanas de quadrinhos – a Marvel e a DC.

Hoje, sou veinho, mas a hegemonia continua. Sim, teve um tempo em que a Abril viu seu império começar a ruir, graças a entrada da editora italiana Panini Comics no cenário – esta aliás, é a editora da Marvel Comis na Europa inteira - sua chegada foi um solavanco que a Abril nunca esperou viver.

Neste tempo, entre 2001 e 2002, a Abril colocava o seu eterno formatinho – aqueles gibizinhos, lembra? - com os herois da DC, para brigar frente à frente com o formato Americano e papel especial dos italianos. O resultado: a Panini acabou vencendo a guerra e tirou a DC da concorrente, consolidando um novo império nas bancas tupiniquins, até agora…

E é nesse cenário, que indico algumas boas opções em quadrinhos que você pode comprar por um preço, ainda, acessível, vamos lá?


Superman – foi-se o tempo em que ler um gibi do Superman era uma eterna chatiçe. A nova equipe formada por James Robinson (roteirista de cinema e autor do excelente título Starman) e o desenhista brasileiro Rafael Albuquerque, assumiram os principais gibis do escoteirão desde o mês passado e dão continuidade ao bom trabalho traçado durante mais de um ano por Geoff Johns - o cara que mais produz na DC e que também é roteirista de cinema.

Dimensão DC: Lanterna Verde – o Lanterna Verde é um dos melhores personagens já criados no universo DC, mas assim como vários heróis da editora, sofreu muito nos anos 90, ao ponto de se tornar um dos seus maiores vilões – Parallax. Graças ao já citado Geoff Johns, o personagem (Hall Jordan) voltou da morte e tem tido uma das melhores sequências de histórias dos últimos anos. Hoje a revista conta com um mix interessantíssimo (Tropa dos Lanternas Verdes e Gladiador Dourado) e em seu título principal um dos melhores desenhistas do mundo, o premiado e brasileiro Ivan Reis.


Batman – o escocês Grant Morrinson, o redator mais insano dos quadrinhos, há mais de um ano planta pistas deste atual momento do homem morcego e que deve cuminar na morte de Bruce Wayne – ah, vai dizer que você não sabia que o morcego bateu as botas nos quadrinhos? Batman descance em paz é a série mais conturbada do morcegão desde que Bane quebrou sua coluna – lá na década de 90. A revista não é de fácil acesso, ainda mais se você pegar para ler a partir do atual número, mas conta com duas grandes equipes no comando, Grant & Tony Daniel e Paul Dini (redator do aclamado desenho animado do morcego) & Doug Mankhe (um dos desenhistas mais bacanas da DC).






Marvel Max – não tenho noção de quantas vezes me perguntei quando a revista Marvel Max iria finalmente deixar de existir. Primeiro foi quando o próprio selo Max perdeu força nos EUA e depois quando Garth Ennis largou o principal título por lá, o do Justiceiro. Bem, a revista não só não foi cancelada como de um uns meses para cá, vem fazendo bonito no seu mix de histórias. Seja com o descompromissado terror de zumbis com Simon Garth - o Zumbi (do polivalente Kyle Holtz), com a série de ação do personagem mais intrasigente da atualidade o Fool Killer (muito bacana), o interessantíssimo Terror Ltda. (do premiado David Lapham) que possui um pé na história da humanidade e outro na espionagem e o já falado último arco produzido pelo mestre da escatologia Garth Ennis frente o título de Frank Castle em Justiceiro Max.




Os Novos Vingadores – Brian Michael Bendis é o cara hoje na Marvel – ele tem a mesma importância que Geoff Johns possui na DC. E ambos conseguiram tal posição graças a uma palavra: regularidade. O domínio que o carequinha BMB tem do mundo Marvel é tamanho que as principais histórias dos personagens da “casa das Ideias” sempre tem um toque seu, no caso dessa revista, o toque vai no título principal, o dos Vingadores. Para a revista ser uma das melhores publicações Marvel no Brasil pesa mais três títulos: Miss Marvel (hoje bem melhor que no início, apesar de ter o mesmo redator Brian Reed no comando), Thor (do sempre bom J.M. Stranckzynski e do desenhista Pat Ollife) e o excepcional Capitão América (do argumentista mais vanguardista dos últimos anos, Ed Brubacker, ao lado do desenhista Steve Epting). Um gibi que há mais de um ano sempre tem três ou as quarto histórias boas, todos os meses.




Homem Aranha – o bom e velho cabeça de teia se deu bem: entrou numa série que balançou seu status quo (Mary Jane não é mais casada com Peter e nem ele nem ela sabem disso), ganhou três novos redatores e uma nova equipe de desenhistas que mudou por completo o ritmo e o gosto e suas histórias. Desde que a mudança proposta pelo editor-chefe Joe Quesada ganhou as bancas do Brasil, ainda não li uma, sequer uma, história que fosse no mínimo interessante. Talvez o gibi que mais indico da Marvel hoje.

!!Um dos mais corajosos filmes do ano. Imperdível: Distrito 9!! Por Rod Castro!

16 de out. de 2009

O que falar de um filme que pega um mote tantas vezes já explorado no cinema e o inverte em quase todos os conceitos? “Genial”, “Transgressor”, “Obrigatório”, “Filme Do Ano”. Não, isso seria se utilizar de outro alicerçe, mas de divulgação, da mesma mídia para dizer o que não se pode ser dito.

“Distrito 9” é este tipo de filme. Que te pega por uma verve que você nunca tinha sido capturado e faz seu olhar enxergar todo um mito por outra lógica. Mas como isso é possível? Simples: um excelente enredo, aliado a efeitos especiais que complementam a história a ser contada – não se transformando em uma alavanca para chamar público, como a maioria o faz hoje em dia – e um diretor que acredita na realidade antes de transformá-la em imaginação.

Enredo
Os ETs existem, chegaram à Terra em uma grande nave, há 20 anos, doentes e foram abrigados em uma favela isolada por arames farpados. Já pensou nisso que acabei de escrever? Releia e pense por um instante nestas breves linhas. Já? Que filme traz esta inovação ao bom e velho segmento de filmes de ETs? Nenhum.

A transgreção proposta pelo diretor/roteirista não para por aí: a nave não surgiu sobre os EUA, mas sim sobre a África do Sul; não é uma invasão com milhares de mortos, mas sim um incidente; há sim, uma alusão declarada ao Apartheid, ainda mais se você notar que o apelido dado aos ETs é “Camarão”; e o maior problema da história a ser contada é que os alienígenas estão “enfeiando” a capital Africana e por isso serão removídos para uma área isolada – muito parecida com um campo de concentração nazista.

O elemento surpresa da história nos é apresentado bem em seu início: um pretencioso membro da organização responsável pela “manutenção” dos ETs na Terra. O papel deste pomposo cidadão é o de liderar a remoção dos “camarões” para a sua nova moradia – mas algo deu errado e ele fez algo que todos, os terrestres, recreminam.

A partir deste momento, ficção e realidade se confundem constantemente até você se sentir completamente imerso no contexto e abraçar este cenário inumano como algo possível. E esse sentimento é desenvolvido não pela presença dos ETs, mas pela reação racista da pior raça existente no mundo: nós, os terrestres.

Efeitos
Nada avassalador ou perfeito. Mas realista ao ponto do espectador ver os alienígenas como algo natural depois de dez minutos de projeção. Como Peter Jackson sempre falou – e ele é o produtor principal do filme: a contextualização vem antes da plástica.

É visível a participação dos técnicos envolvidos com a direção de arte do filme com os que cuidaram dos efeitos especiais. Este cuidado faz com que a unidade visual siga o seu percurso: dando apoio aos personagens e o desenvolvimento da excelente trama.

Está entre os melhores filmes do ano?
A minha lista ainda não está fechada. Tem nomes já citados por aqui, como “Bastardos Inglórios”, “Milk”, “Deixe Ela Entrar”, “State Of Play”, “Frost vs Nixon”, “Up”, “Está Chovendo Hambúrgueres” e “O Lutador” entre outros.

E com certeza “Distrito 9” terá presença garantida. Um filme que merece ser conferido em sala escura. Nota 9,0.

!!É Taranta, você fez sua obra-prima… ou: Bastardos Inglórios!! Por Rod Castro!!

14 de out. de 2009

Nesses mais de 30 anos de vida, não me lembro de ter falado tantas vezes “É o melhor filme dele (diretor)” em uma sala de cinema. Posso ter constatado isso ao assistir “Ratatouille”, mas esta reação veio com o subir dos créditos. Talvez em “O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei”, mas já estava no corredor de saída. Ali, assistindo e somente com 35 minutos de filme, isso nunca me ocorreu.

Ou melhor: na última sexta fiquei repetindo essas palavras dezenas de vezes enquanto assistia a obra-prima de Quentin Tarantino: “Bastardos Inglórios”. Sei que muitos arremessarão pedras, mas o filme é tão bom, que tive que rever todos os filmes do diretor Americano – incluindo aí, alguns que ele fez somente o roteiro, como “Amor À Queima Roupa”.

E esta minha conclusão não é empolgação, é certeza. A cada minuto de projeção você, principalmente quem é fã do diretor, entende porque Quentin demorou tanto neste roteiro: ele queria a perfeição.

E tudo está no lugar certo (como dizia Thom Yorke): personagens incríveis, história simples, sacadas visuais, palavras tão bem escritas (e ditas) que são decoráveis e sequências inteiras rodadas com maestria que arrancam riso ou sorrisos – a última reação é de constatação de que este é um filme para se ver e rever muitas vezes.

História

O roteiro é dividido em três partes: uma moça (Shosanna) se torna a única sobrevivente judia de uma família “genialmente” massacrada pelo “Caçador de Judeus”, o coronel Hans Landa, na França recém tomada pelo exército de Hitler; no futuro, Shosanna se torna dona de um cinema em Paris e acaba bolando um plano para por um fim a vida dos líderes nazistas, incluindo o próprio filho do cão, Hitler; neste mesmo tempo, somos apresentados a um grupo de soldados americanos cruéis, que se divertem massacrando os “nazis”, os Bastardos.

Basicamente é isso. Fácil e simples assim. Melhor, o filme não se utiliza de montagens entrecortadas para mais explicações ou transformar as histórias em mitos, pelo contrário, são narradas com câmeras quase estáticas e em muitos momentos, lembra uma peça encenada em grande tela.

Outra dado importante: não espere por um filme sobre a Segunda Guerra Mundial, a história de “Bastardos” é uma das mais corajosas já contadas sobre este fato histórico, sendo capaz de ter um final nunca antes pensado e brilhante – que não merece ser falado e sim descoberto por você no cinema.

Personagens

Quem leu até aqui, deve conhecer a capacidade de Tarantino em criar personagens únicos. Pois vou contar um segredo do filme: os melhores personagens criados pelo diretor estão em “Bastardos Inglórios”. Tempo para você se indignar e citar nomes inesquecíveis como os de Vincent Vega, A Noiva, Mr. White, Butch, Mr. Orange, Bill, entre outros. Pode xingar aí…

Já? Continuando. Parece que o queixudo leu um livro com delcarações de Walt Disney e viu que “o vilão tem que ser mais importante que o herói, sempre” e tal inspiração o fez criar seu personagem mais incrível: o coronel Hans Landa, criado (pois deve ter muito das percepções desse ator ali) de forma visceral pelo ator alemão Christoph Waltz – que deve levar todas as premiações de coadjuvante do ano que vem, já levou Cannes.

Landa é o mal encarnado. Sabe aquele mal estar que somente Hanibal Lecter (de “O Silêncio dos Inocentes”), Coringa (de Heath Ledger), Tony (de o “Poderoso Chefão II”) e o Coronel Walter E. Kurtz (de Marlon Brando em Apocalipse Now) são capazes de infligir quando estão em cena? Então, Landa consegue o mesmo efeito. Um personagem já perpetuado na história do cinema.

Os “Bastardos” não ficam atrás e levam à seguinte conclusão: o que faz Eli Roth ser diretor com tanto potencial para encenar? Como um arrogante inglês, mesmo sendo um britânico e crítico de cinema, conquista sua afeição de tal forma que você lamenta por ele aparecer tão pouco? E Aldo Raine é o segundo melhor papel já encarnado por Brad Pitt – o primeiro ainda é Tyler Durden, de o “Clube Da Luta”. Deve ganhar corpo e lembrança com o passar do tempo.

Sequências

São tantas, tantas, mas vamos lá: a primeira cena de Landa em uma casa de camponês (a maldade sem exageros); os resgates e torturas dos Bastardos; a apresentação do personagem crítico de cinema que é espião inglês; o melhor tiroteio já imaginado pelo diretor; e toda a sequência final no cinema de Shosanna – destacando o encontro entre Landa e os Bastardos - uma ode ao bom cinema em pouco mais de 25 minutos.

Veredicto

Aldo (ou seria Tarantino?) olhando direto para o público, já disse o que irei dizer: “essa deve ser a minha obra-prima”. Nota 10!!