!!Uns bons, outros mais ou menos... ou: “O Vigarista do Ano”,“Vênus”, “Caminho para Guantanamo”, “Não Por Acaso” e “13 Homens...”!! por Rod Castro

30 de jan. de 2008

2007 ainda não terminou por aqui, isso porque havia prometido postar comentários sobre todos os filmes que assisti nesses últimos dois meses. Assim sendo, vamos nós e sempre lembrando: todos os filmes podem ser conferidos em uma locadora próxima ou até distante da sua casa...
“13 Homens e um novo segredo”

Todo jogador sabe: a sorte ajuda, mas não exagere. Se você acertou um número na roleta, não aposte nele mais de duas vezes. Ah, e todo apostador também sabe a hora da parar, de tirar o time de campo e de dar uma volta, se possível ainda de bolso cheio ou com alguns poucos trocados.

O pensamento é: “Tá bom, tive meus momentos e rendi por um bom tempo, mas agora deu”. Em 2000, quando o premiado diretor de cinema Steven Sondbergh reuniu-se com o amigo e sócio George Cloney, acho que eles travaram o seguinte dialogo: “Já sei: vamos rodar um filme que homenageie o Rat Pack - grupo de amigos da pesada (entre eles: Dean Martin e Samy Davies Jr.) - que andavam com Frank Sinatra, pra lá e pra cá, em festas e bebedeiras?”. “Acho uma boa!” respondeu o bonitão que na seqüência emendou: “E ainda podemos reunir um monte de novos astros, modernizarmos o conceito do clássico ‘Onze Homens e um Segredo’ e pormos um final surpresa!”.

Pouco tempo depois surgia nas telonas o bom “Onze Homens e um Segredo”. Sucesso total que deu mais prestígio a produtora de Clooney e Sondbergh – que hoje nem existe mais - e contava em seu roteiro com diálogos divertidíssimos – principalmente os travados entre George e Brad Pitt.

Fez suce$$o? É lei em Hollywood: continuação! “Doze Homens...” é fraco, distante do que foi seu original, mas ainda assim contava com um ritmo agradável e só. Fez suce$$o de novo? Os engravatados agradecem e ainda exigem a participação de um super astro de Hollywood que virou uma caricatura de si mesmo, como o vilão: o careteiro Al Pacino.

Resultado? Ruim que dói. Nem merece comentários. Nota 4,0 e tomara que tenha sido “a quebra da banca” dessa série!

“Não por Acaso”

Li tanto a respeito desse filme que minha expectativa talvez seja a maior culpada por não tê-lo achado um décimo do que o elogiavam. Distância entre pais e filhos? Sei. Depressão pela perda de um amor? Ok...

Metáforas “inteligentes” fazendo um paralelo entre um esporte de precisão (a sinuca no caso) e a vida desconcertada de um personagem (Rodrigo Santoro, bem) ou a vida de um homem pago para vigiar as pessoas de uma metrópole, através de uma rede de câmeras, e que em nenhum momento presta atenção para que caminho segue a sua própria vida – tentam dar algum valor para o filme, mas sinceramente não emocionam ou dramatizam o bastante.

Enfim: um filme tão chupado de outros, ditos “cabeça”, que perde seu valor pela falta de originalidade ou humanidade de seu texto em alguns momentos-chave. Pela fotografia e por alguns poucos bons momentos do elenco – Santoro e a menininha que descobre quem é o seu pai – leva um 4,5.

“Caminho para Guantanamo”

Se você fosse descendente de árabes e estivesse a poucos dias do seu casamento, após uma festa de despedida de solteiro, você daria uma volta no Afeganistão para espairecer, mesmo sabendo que o país acabou de ser invadido pelos EUA?

Segundo o diretor Michael Winterbottom - o mesmo do ótimo “A Festa Nunca Acaba” (“24 Hour Party People”) – foi isso que aconteceu a quatro amigos que acabaram sendo confundidos com terroristas pelos militares americanos e foram enviados para a prisão de Guantánamo – um local maravilhoso para você visitar senão tiver mais nada para fazer nas próximas férias.

E toma-lhe cenas de torturas psicológicas e físicas. E toma-lhe direitos humanos jogados no lixo e melhor: em certos pontos você até pensa se o que os árabes fizeram com os americanos no 11 de Setembro não foi tão ruim assim. Filme médio, com depoimentos dos verdadeiros protagonistas da “aventura” e momentos interessantes, mas só.

Nota 6,5. Podia ser melhor, mas não foi!

“O Vigarista do Ano”

Você assistiu ao bom “O Aviador” de Martin Scorsese? Gostou? Interessou-se pela figura maluca de Howard Hughes? Então nem pense duas vezes e corra para a locadora mais próxima e procure o filme “O Vigarista do Ano” (do diretor Lasse Hallström, mesmo de “Chocolate”).

Esse divertido filme, que não tem nem como classificá-lo – tamanha é a sua diversidade de estilos – aborda a verdadeira história de um fracassado escritor (Richard Geere bem demais), que se reúne a um amigo (o também bom Alfred Molina) e inventa que ambos tiveram acesso a Hughes em pessoa e que o mesmo tinha dado o aval para que eles tocassem em frente a sua biografia.

As confusões, as falcatruas, as viagens do protagonista, o roteiro dinâmico e repleto de reviravoltas e o final em que você realmente entende que só um cara recluso e meio doido da cabeça como Hughes poderia dar pano para manga para que uma história como essa se tornasse real, sem que ninguém realmente desconfiasse, fazem desse filme um belo exemplar.

Nota 8,0 e pena que ficou tão pouco tempo nos cinemas, mas já se encontra nas locadoras!

“Vênus”

Tyler Durden uma vez disse: “Você tem consciência que a cada dia que passa você está morrendo?”. Então porque não se permitir em determinados momentos da vida? Porque não vivê-la de uma forma menos descompromissada, mais próxima do estilo de pessoa que você sempre quis ser e sem ligar pros outros de preferência?

“Vênus” é um filme que possui exatamente esse espírito: isso porque conta uma das fazes mais interessantes da vida – a velhice – de uma forma inusitada e principalmente, verdadeira e respeitosa.

No filme acompanhamos a vida de um veterano ator de cinema – atuação marcante de Peter O’tolle - que foi um dia muito famoso, mas que agora só consegue exercer sua função em filmes feitos especialmente para televisão – e sempre no papel de alguém que está a poucos dias de sua morte.

Que razão de vida um senhor como esse teria? Resposta: Vênus. Não a deusa – apesar da capa do DVD ter total conexão com o famoso quadro “La Venus del Espejo” feito pelo espanhol Diego Rodríguez de Silva Velázquez - mas sim uma jovem inglesa, desbocada e com aquele espírito adolescente que habita o coração do personagem principal – o que gera um instantâneo conflito - e atração - entre os dois.

O’Tolle dá um show, me arrisco até a dizer que foi injusto, o fato de Forrest Whitaker ter vencido último Oscar, na categoria de melhor ator – mas falar de injustiça e Oscar na mesma linha soa até redundante. Seu papel é mágico, sem exageros e o veterano possui um brilho no olhar que é avassalador.

Excelente filme, nada depressivo, com muito para ensinar e que merece o seu tempo e a sua admiração. Nota 8,5

!!Dois com uma porrada só... ou: Brad Renfro e Heath Ledger!! Por Rod Castro

23 de jan. de 2008

Dia 21 de dezembro, em uma super promoção de uma locadora local entre milhares de DVDs, encontro um filme que há muito tempo caçava por sites e lojas especializadas: “O Aprendiz”.

Este filme nasceu bom. Primeiro pelo seu diretor – Bryan Singer (nesse tempo só havia feito “Os Suspeitos”) – segundo por seu contexto – um garoto descobre que em seu bairro mora um ex-nazista – e terceiro por seu elenco azeitado: no papel do senhor nazista o sempre competente Ian McKellen e no do garoto um dos melhores atores jovens de Hollywood, Brad Renfro.

Renfro teve a sorte de iniciar sua careira com um filmão, “O Cliente” (de 1994), e mais sorte ainda por ter em seu primeiro papel a possibilidade de contracenar com pesos pesados do quilate de Susan Sarandon, Tomy Lee Jones, além de ter sido dirigido por Joel Schumacher.

Dois anos depois Renfro fez o líder de um grupo de garotos, em “Sleepers, A Vingança Adormecida”, que moravam em um orfanato e sofriam abusos por parte de um inspetor (Kevin Bacon). O grupo de garotos crescia e anos depois, em um bar acabavam por encontrar seu algoz e davam o troco.

Depois veio “O Aprendiz” e na seqüência, dezenas de situações que colocavam o nome do ator lado a lado com palavras não muito boas, como: drogas, álcool, problemas, reabilitação, talento desperdiçado e fim trágico próximo.

No dia 30 de dezembro último, assisti ao lado de minha esposa ao “Aprendiz”. Impressionei-me com o duelo entre o pupilo e seu mestre em fazer maldades.

Dia seguinte, em um almoço de final de ano com primos meus, falo do filme e todos comentam sobre como o filme é bom. 15 dias depois, Renfro é encontrado morto, a imprensa afirma que seria overdose por consumo de drogas.

No mesmo almoço, comentei como o trailler do novo filme do Batman, “Batman O Cavaleiro das Trevas” me impressionou e como Heath Ledger roubava a cena com o seu psicótico Coringa. Não era novidade até ali, Ledger nos seus últimos trabalhos já mostrava que seu futuro seria mais do que promissor.

O australiano que nasceu para o mundo após fazer o juvenil “Dez Coisas Que eu Odeio em Você” e que mais tarde faria o divertido “Coração de Cavaleiro”, só começou a receber minha atenção, e dos críticos, após suas boas atuações em “O Patriota” e “A Última Ceia”.

Em ambos os filmes, Ledger encarna os filhos dos personagens principais – Mel Gibson e Billy Bob Torthon – que se parecem muito: ambos são deslocados, distantes de seus pais e morrem de forma trágica – o suicídio do seu personagem em “A Última Ceia” é pesado e ao mesmo tempo surpreendente.

Tudo bem que ainda houve atuações mais ou menos em filmes que ninguém leva em consideração, como em “O Devorador de Pecados”, “As Quatro Plumas” e na regravação de “Ned Kelly”.

Mas ele se recuperaria e engataria três excelentes projetos: o alternativo e documental “Reis de Dogtown” – em que encarna o dono da loja de surfe que banca a carreira dos três mais importantes esqueitistas da década de setenta – o filme fantasia “Os Irmãos Grimm” – contracenando com Matt Damon e sendo dirigido pelo mestre Terry Gilliam – e por último o seu papel mais importante, como o cowboy gay de “O Segredo de Brokeback Mountain”.

Três papéis distintos. Três caracterizações marcantes. Varias indicações a prêmios e dois convites inusitados depois – para “I’m Not There” (em que vários atores vivem as mais diferentes fazes da vida de Bob Dylan) e para “Batman, O Cavaleiro das Trevas” – o ator promissor sofre um baque: suas esposa, a atriz Michelle Williams, pede a separação e com ela vai a filha de apenas dois anos.

O resultado: ontem, as 18 horas local, recebi um telefonema que me dizia: “Ledger acabou de ser encontrado morto, por overdose de medicamentos para dormir”. Exatamente uma semana após o anúncio da morte de Renfro.

É uma pena. Dois jovens atores. Com trabalhos significantes e de certo, profissionais que há mais de dez anos estariam na lista dos mais promissores de suas gerações, se vão no intervalo de uma semana. Será que semana que vem na próxima terça, se via mais um?

!!Melhores Filmes 2007!! por Rod Castro

22 de jan. de 2008

Ê ano bom foi este de 2007 para o cinema e para os meus olhos. Foram bons filmes, muitas surpresas, várias injustiças e até mesmo certas decepções que marcaram este ano que deve ficar para a história por vários motivos.

2007 será o ano em que finalmente Scorsese venceu o Oscar, Paul Greengrass não foi reconhecido na mesma categoria, a tríade dos 3 (Homem Aranha, Piratas do Caribe e Shrek) lucraram muito e se tornaram três decepções seguidas nos cinemas, os Autobolts e Decepticons invadiram as telas de cinema com um roteiro mais raso que um pires, um filme nacional totalitário e até mesmo fascista ganhou aplausos da população impactada e bons filmes não chegaram as telas do Amazonas – nessa última parte nenhuma novidade.

Vale citar alguns filmes que não estarão nessa lista dos melhores de 2007, mas que merecem sua atenção e até mesmo ficar entre os seus preferidos da estante, são eles: o alucinante e bem dirigido “Apocalypto” (de Mel Gibson); os filmões políticos com jeito de documentário “Bobby” (de Emílio Estevez) e “A Rainha” (do sempre bom Stephen Frears); o engraçado e interessante “O Vigarista do Ano” (com Richard Geere); a fantasia bem dirigida e com excelente elenco “A Bússola de Ouro”; a viagem visual de “Perfume”; o filme denúncia “Fast Food Nation” (do prolífico Richard Linklater); a estréia dos “Simpsons” nos cinemas e “Vênus” excelente filme sobre a velhice com um dos maiores atores de todos os tempos (Peter O’Tolle).

Agora vamos ao filé – como fala meu amigo Sidney Gusman? Simbora e em ordem decrescente!

10 – Babel: Contar várias histórias por pontos de vistas diferentes não é uma novidade no cinema. Unir esses pontos para que a “verdade” venha à tona, virou uma marca registrada de Iñarritú e seu redator Guillermo Arriaga – vide “Amores Brutos” e “21 gramas”. Mas nunca um filme mostrou a globalização de forma tão interessante como este bom filme – e Brad Pitt e a empregada mexicana arrebentam!

9 - O Hospedeiro: Difícil classificar este excelente filme coreano que não chegou às telas do Amazonas, mas que pode ser encontrado nas melhores locadoras da cidade. Engraçado, conflitante, tenso, incrível e original ao extremo. Para ter na estante junto a maravilhas como “Oldboy”, “Mr. Vingança” e “Zona de Risco”.

8 - Notas Sobre um Escândalo: Um dos filmes mais injustiçados do último Oscar. Inteligente, cheio de bons diálogos e registro vivo de duas das melhores interpretações de atrizes fabulosas: Cate Blanchet e Judi Dench, sem contar o garotinho que tem seus momentos.

7 – 300: Este é mais um filme que entra para a lista de revistas em quadrinhos que viraram filme de forma respeitável, como foram “X-Men”, “Sin City” e “Batman Begins”. Combates impressionantes, direção de arte fabulosa e atuações marcantes por parte de Gerard Butler e Rodrigo Santoro, marcam este clássico da nona arte transposto pelas competentes mãos de Zack Snyder para a sétima arte.

6 - O Cheiro do Ralo: Original. Embasbacante. Grosseiro. Competente. Eu poderá ficar horas a fio aqui tecendo comentários sobre este filmão brasileiro que é adaptação do livro do melhor quadrinista brasileiro, Lourenço Mutarelli. Isso sem contar a bunda, o olho, o Selton e o cheiro.

5 - Ultimato Bourne: É uma sensação boa, saber que uma série de filmes de ação revolucionou o mercado de películas do segmento policial/espionagem. Ainda mais com um fim que remete ao seu princípio e com cenas cada vez mais impressionantes de perseguições e lutas. Paul Greengrass deveria dirigir um filme da nova série do James Bond.

4 - Sunshine (Alerta Solar): Impressionante. Filosofal. Intrigante. Totalmente viagem. Este excelente filme de ficção cientifica dirigido pelo competente Danny Boyle (mesmo de “Trainspotting” e “Extermínio”) é uma verdadeira homenagem ao gênero de filmes com “tripulações salvadoras” da humanidade. Entre em êxtase com imagens impressionantes e cuidado para não se queimar.

3 – Zodíaco: Em 1997 “Se7en” se tornou um clássico dos filmes de terror/suspense ao mostrar um impressionante caso de um serial killer: seu modo operantis, sua filosofia, seus diálogos e o final surpresa marcaram seus espectadores. Pois o mesmo diretor de “Se7en”, David Fincher, fez a contra parte de seu primeiro filme: mostrando o que um assassino serial pode fazer as pessoas que entram em contato com a sua historia no dia-a-dia. Simples, honesto e verdadeiro.

2 – Ratatouille: As pessoas costumam ir aos cinemas e dizer que vão ver um desenho. Animação não é desenho e “Ratatouille” é a prova de que este segmento tem mais a oferecer do que entretenimento barato e infantil. Clássico instantâneo e com uma das melhores cenas dos últimos anos do cinema – a do crítico. Como a platéia fez ao fim de sua exibição em que estaca presente, agora também faço: Clap, clap e clap.

1 - Filhos da Esperança: O filme mais subestimado ou esquecido por premiações do ano passado está aqui em primeiro lugar por muitos e bons motivos: a direção de Alfonso Cuarón (mesmo de “E Sua Mãe Também”) é primorosa; seus três planos-sequência (o início do filme, a parte do carro e os últimos vinte minutos) são os mais inovadores da história do cinema; seu contexto e estilo documental farão escola; e a naturalidade de seus diálogos são proferidos com maestria por seus personagens principais e estão estrategicamente colocados em momentos chave da trama. Clássico.

!!Diversão em novembro... ou: “Mandando Bala”, “Tá Dando Onda”, “Planeta Terror”, “O Balconista 2” e “Bewoulf”!! por Rod Castro

8 de jan. de 2008

“Mandando Bala”

Um cara, parado em uma estação de ônibus, lá pelas tantas da noite vê uma moça, grávida, ser perseguida por um monte de brutamontes. Ele larga a sua cenoura e sai atrás dos vilões. Você não sabe, nem ninguém, mas o tal cara é bom de tiro.

Após uma incrível sessão de tiros e coreografias absurdas, o “mocinho” ajuda a moça a fazer seu parto e quando a situação vai se acalmando, os bandidões apagam a moça e partem atrás do “mocinho”, que agora carrega o recém nascido enquanto aperta dezenas de vezes o gatilho de sua arma.

A partir daqui você verá tudo o que só um desenho do Pernalonga – será por isso o lance da cenoura? – se propõe a mostrar somado a algumas das mais espetaculares cenas de tiros já rodadas – lembrando muito algumas gravadas por John Woo, nos tempos de Hong Kong.

A irracionalidade faz parte da aventura e a cara de démodé do personagem principal – encarnado com necessária canastrice por Clive Owen – a cada loucura que acontece na tela deixa o filme mais engraçado ainda.

O vilão? Paul Giamatti. A moça que vai ajudar o “mocinho”? Mônica Bellucci. E a nota para tamanha loucura? Nota 6,5.

“Tá Dando Onda”

Eu sei que o seu filme preferido de pingüins é “Happy Feet”, e que por você considerá-lo um excelente filme – eu também o vejo assim – até valido sua indignação ao ver o cartaz ou trailer de “Tá Dando Onda”. Mas aqui vai um conselho: desfranza a cara, chame os filhos, sobrinhos e entre de cabeça nesse bom filme de computação gráfica.

As comparações entre essa animação e “HF” só podem ser feitas porque os animais que ganham vida são os mesmos personagens em ambos. O estilo, mais despojado, a estrutura de filme – que remete a um documentário em vários momentos – e até mesmo a formação de personagens são completamente diferentes.

Em “Tá Dando Onda” você acompanha a aventura de um pingüinzinho que decidiu ser o melhor surfista de sua tribo, mesmo que para isso, tenha que enfrentar as maldades de seu maior adversário – um pingüinzão, repleto de tatuagens e dono de voz, grossa, caricatural.

O filme possui personagens interessantes, além de uma competente trilha sonora. E em certos momentos é tão bem fotografado – desde a sua iluminação, passando pelas suas simulações de filtros que remetem a filmes antigos – que realmente parece que pingüins conseguem fazer tudo aquilo de verdade.

Talvez a única diferença que atrapalha na hora de colocá-lo no mesmo patamar que o já citado “Happy Feet”, é seu ritmo, a trama costuma empacar em certos momentos, para depois pegar no tranco até o cume.

Nota 7,5 com direito a ÊÊÊÊ, no final.

“Planeta Terror”

Gosto de Robert Rodriguez e seus projetos amalucados que vez por outra pipocam em salas de cinemas lotadas de minha cidade. Aprecio seu escracho praticado contra certos paradigmas do cinema moderno, mesmo que para isso suas idéias no final acabem por se tornarem bobas.

Ri com seu “Balada do Pistoleiro”. Diverti-me com seu insano “Um Drinque No Inferno” (nunca lançado em DVD no Brasil, uma pena!). Voltei à infância com os seus bons filmes da série “Pequenos Espiões”. E até mesmo comecei a levá-lo a sério após ver seu (fiel e) bem dirigido “Sin City”. Até que, no início do ano, sentado a mesa de trabalho, assisti ao trailer de “Grind House”, seu projeto de unir dois filmes em uma só sessão ao lado do sempre parceiro Quentin Tarantino.

“Planeta Terror” é a primeira parte de “GH” - que por ter sido detonado nas bilheterias americanas, acabou sendo vendido separadamente um filme do outro – a segunda parte é “À Prova de Morte” (dirigido por Tarantino) que ainda permanece inédito nos cinemas brasileiros.

“Planeta...” possui um enredo totalmente trash e típico dos filmes do final dos anos setenta que se dedicavam a assustar pessoas se utilizando de monstro e de zumbis: um material radioativo cai em mãos erradas e expõem todos os habitantes de uma cidade aos seus efeitos. Resultado: surge uma horrenda horda de zumbis, alguns caricaturais outros dignos de filmes B (zão) mesmo.

A diversão é garantida pelo grupo de moradores da cidade que decidem botar para quebrar e matar geral, personagens no mínimo inusitados: uma dançarina de boate (que tem uma perna amputada após ser mordida por zumbis e que para andar usa como apoio uma metralhadora lança-granadas); um matador profissional (ex-namorado da dançarina); uma mãe lésbica (que ataca os zumbis com suas seringas/pistolas) e mais uma paulada de outros seres que só podiam ter saído da mente insana de Taranta (a cena dele é hilária e ao mesmo tempo nojenta!) e seu compadre Rodriguez.

Resultado? Ponto para Rodriguez que se desfaz de qualquer tentativa de soar sério e que a cada cena ou ocasião esdrúxula parece deitar e rolar; ponto para Rose McGowan, no papel de dançarina, que voltou a habitar os sonhos de milhares de nerds do mundo todo – mesmo que com meia perna! Nota 8,0.

“O Balconista 2”

Há dois anos, conversando com um chegado meu que trabalha para uma revista especializada em cinema, o interroguei se havia alguma possibilidade de um dia sair “O Balconista” em DVD por essas bandas. Ele me respondeu que havia um projeto de uma empresa em fazer um pack com todos os filmes de Kevin Smith, incluindo este seu primeiro filme.

E? Nada. Para piorar: esta continuação de “O Balconista” não chegou aos cinemas de várias cidades do Brasil – inclua Manaus mais uma vez nessa – assim como a maioria das obras do diretor barbudo: “Barrados no Shopping”, “Procura-se Amy” e “Mutantes, Monstros e Quadrinhos com Stan Lee”. Com exceção de “Dogma” (estreou apenas no Renato Aragão no centro e passou por mais de um mês) e “O Império do Besteirol Contra-Ataca” que ficou em cartaz por uma semana em Manaus.

Mas Deus (seria a Alanis?) é um ser maravilhoso e criou no oitavo dia o DVD. Assim, no mês de novembro, consegui assistir a esta continuação que é no mínimo divertida. Sim, o estilo de fazer humor do barbudo está mais escatológico, mas o filme tem bons momentos.

A história respeita o primeiro filme. Os dois amigos que trabalhavam em uma locadora e que travavam interessantes diálogos sobre o mundo do entretenimento estão mais velhos e agora trabalham em uma espécie de rede de lanchonetes. O humor ácido em comentários sobre outros filmes – como na seqüência em que três personagens falam sobre a diferença entre a trilogia de “Guerra nas Estrelas” e “O Senhor dos Anéis” - mundo da música e referencias a quadrinhos continua e rende boas risadas.

A pegada para o humor escatológico – principalmente nas cenas em que os personagens célebres dos filmes de Smith, Jay e Silent Bob, estão em cena – recebe mais atenção nesta nova empreitada que tenta revigorar a carreira desse bom diretor que ainda possui afiados diálogos em seus roteiros, que merecem o meu e o seu respeito.

Nota 8,0. Bom filme, mas poderia ser melhor.

“A Lenda de Bewoulf”

Quantos filmes você já assistiu de Robert Zemeckis? Tá em dúvida, não sabe quem é, quer uma dica? Pois bem, Zemeckis é um diretor que começou carreira em um pequeno filme produzido por um cara que engatinhava na época, um tal de Steven Spielberg, e que retratava a vida de um punhado de fãs dos Beatles em plena semana em que eles se apresentavam pela primeira vez nos EUA, o já clássico filme da Sessão da Tarde: “A Febre da Juventude”.

Ok, você não teve a sorte de ver este bom filme... então as duas próximas empreitadas de Robert com certeza já está há um bom tempo no seu consciente, mesmo que de forma inconsciente: a trilogia “De Volta Para o Futuro” e o já clássico e endeusado por milhões de animadores espalhados pelo mundo, “Uma Cilada Para Roger Rabbit”.

Não falei? Você conhece o cara faz tempo e só não liga o nome a quem fez. E para você não pensar que ele não leva a vida a sério, dois petardos dramáticos com Tom Hanks no estilão Oscar: “Forrest Gump, O Contador de Histórias” e “O Náufrago”.

Mais referenciais de seriedade, já que você não é um crianção (tsic, tsic, uma pena)? Que tal uma homenagem aos filmes de suspense do mestre Hitchcock: “Revelação”, com Harrison Ford e Michelle Pfeiffer. Ou o ficção cabeça e que não tem grandes fãs – me inclua – “Contato”, com a sempre candidata ao careca dourado Jodie Foster?

Bem, agora que você está familiarizado com o estilo Zemeckis de fazer filme, e não: “Gonnies” não é dele! É do Richard Donner (o mesmo da série “Máquina Mortífera”). Que tal falarmos, finalmente, sobre “A Lenda de Bewoulf”?

Você viu aí que um dos primeiros filmes da carreira desse diretor foi “Uma Cilada para Roger Rabbit”, também notou que diversão é um dos seus principais focos quando o assunto é cinema. É nesse momento que eu o informo sobre o penúltimo filme de Zemmeckis, sua mais arriscada empreitada: a animação “O Expresso Polar”.

A tentativa – que deu certo - de “dar vida” para personagens em 3D, através de movimentos capturados - como o Gollum de Peter Jackson em “O Senhor dos Anéis”- rendeu boa bilheteria para o diretor, duas indicações ao Oscar 2004 e é a principal carta na manga dele para que um grande estúdio tenha investido nesse “A Lenda de Bewoulf”.

É bom falar que “Bewoulf” é um clássico poema escandinavo que retrata a vida de um guerreiro que pôs fim a maldição de um monstro – Grendel - e sua (boa) mãe a uma cidadela.

O poema foi adaptado pelo mestre dos quadrinhos Neil Gaiman (mesmo de “Sandman” e “Stardust”) e enaltece os feitos do mitológico guerreiro e sua trupe de mercenários. A dinâmica do estilo de animação evoluiu muito de “O Expresso Polar” para este “Bewoulf”. Apesar de alguns movimentos parecerem ainda “duros” em momentos-chave do filme.

Mas o diferencial da animação para todas as demais que imperam nos cinemas do mundo todo, é que sua temática é extremamente adulta: cenas com Angeline Jolie pelada, monstros degolando humanos e às vezes sendo estripados, além de vários diálogos e cantorias repletas de palavras que não se deve falar, “senão mamãe bate na boquinha”.

Pelas cenas de batalhas. Pelas tirações de sarro. Por algumas câmeras realmente fantásticas e por apostar em algo que a maioria dos estúdios não depositaria sequer meia fixa em uma grande roleta de Las Vegas, esse “A Lenda de Bewoulf” merece ser conferido e até mesmo residir entre os filmes que fazem parte da sua coleção. Nota 8,5.

!!Outubro em resumo ou... “Stardust”, “Possuídos”, “Quarteto Fantástico”, “Entre o Céu e o Inferno” e “Bobby”!! por Rod Castro

7 de jan. de 2008

Não sei se você percebeu, mas de um mês e meio para cá acabo por traçar, post após post, artigos que falam dos filmes que assisti, seja em DVD ou cinema. E como os planos para 2008 são muito mais ambiciosos, como escrever sobre todos os filmes em que pus os meus olhos, sejam eles: clássicos, pertencentes ao meu acervo e principalmente os inéditos.

Aliás, não só filmes estarão por aqui neste ano que se inicia, muito pelo contrário, teremos CDs, livros e quadrinhos sendo resumidos, criticados e indicados por este que aqui aperta essas teclas que unem letras, aproximam as palavras, formam frases, que ganham maior sentido ao serem lidas em seqüência, por você.

Para o bonde seguir seu trilho e você cumprir todo o percurso com muito mais afinco, seguimos em frente, das estações mais ou menos até as que você deveria descer para dar uma conferida...

Atenção, passageiros. Estação: adaptação de quadrinhos número um.

“Stardust, o Segredo das Estrelas”

Uma das primeiras adaptações com o selo Neil Gaiman - um dos maiores autores de quadrinhos, na verdade um dos escritores que fazem parte da tríade sagrada, composta por Frank Miller (Sin City e Cavaleiro das Trevas) e Alan Moore (Watchmen e V de Vingança) – a chegar as grandes telas do mundo todo.

No filme, acompanhamos a história de um apaixonado rapaz que promete uma estrela cadente para a sua amada – quem já não planejou isso em uma noite romântica? Eu não. E para conseguir levar tal estrela (Claire Danes) até a amada (Siena Miller), o jovem irá passar por dezenas de incríveis situações, como enfrentar bruxas (lideradas pela ótima Michele Pfeifer) e herdeiros de um trono distante.

Duas coisas merecem destaque no filme, além da boa interpretação de Michelle: a direção de arte é interessantíssima e conservou o ar fantasioso que o sempre competente desenhista Rich Veitch deu a obra nos quadrinhos. Segundo: o pirata interpretado por Robert De Niro que rouba por completo a cena de qualquer outro personagem com o qual contracena.

O filme poderia ser melhor. Em certas horas empaca e pior, arranca alguns suspiros de quem o acompanha com maior empolgação. Bateu na trave, mas merece ser conferido.

O diretor é o competente Mathew Vaughn, o mesmo do interessantíssimo “Nem Tudo é o que Parece” - praticamente o ensaio para a estréia de Daniel Craig como James Bond. Mathew ficou mais conhecido em Hollywood por ter sido o braço direito de Guy Ritchie (marido da Madonna) nos excelentes “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e “Snatch”, por ter deixado de lado “X-Men 3” - ficou com saudades da sua recém formada família – e por ter assinado contrato para dirigir a adaptação de “Thor” para as telonas.

Nota 6,5! Queria ver sua cara quando De Niro começar a... (surpresa!).

Agora que você já visitou a nossa primeira estação, se divertiu com o mundo de magia conferido e imaginado pelo mestre Gaiman – um filme de Sandman pelas mãos de Guillermo Del Toro seria uma benção para os meus olhos – embarque novamente em nosso bonde cinematográfico e se prepare para o assombro.

Assim que nos aproximamos da próxima estação, a cabine treme, as luzes piscam e após certo desespero, chegamos a uma estação escura repleta de mosquitos e insetos (ou seria somente sua imaginação?). Desça!

“Possuídos”

Certa vez, assistindo aos extras de um dos vários filmes de Hitchcock que tenho em casa, o diretor M. Night Shyamalan (o mesmo de “Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”) falava que o grande diferencial do mestre Alfred era a sugestão. As coisas que deveriam estar em imagem, na verdade residiam em um lugar muito mais sombrio: a sua mente.

As vezes, não mostrar, sugerir, é pior do que você tivesse visto. Este é o charme desse filme, que se eu pudesse segmentar, não o trataria nem como suspense ou muito menos como terror, como alguns fizeram. O intitularia como mais um bom título do cinema de guerra que dá mais abertura para o combate que existe na mente de quem passa por uma situação dessas, do que pelos corpos estendidos repletos de sangue.

A história é mais simples do que parece e remete diretamente para o clássico “Sob o Domínio do Mal” de John Frankheimmer: um homem volta da Guerra do Golfo e acaba por cruzar o caminho de uma garçonete (boa atuação de Ashley Judd) maltratada pelos infortúnios da vida. Após uma noite daquelas, ele decide lhe falar que foram feitas experiências com o seu corpo durante a Guerra.

A partir daqui começa uma verdadeira odisséia ao mundo da paranóia, da teoria da conspiração, do medo, do terror e do verdadeiro medo. Seria delírio? Seria verdade? Você agüenta cenas de mutilação fortes? Sangue frio mesmo?

Este é o filme. Repleto de boas atuações. Roteiro enxuto, assim como a produção. Boa direção – do mestre William Friedkin (mesmo de “Operação França” e o “Exorcista”). E cenas que se agarrarão as suas memórias.

Nota 7,5 – recomendo que você o veja de dia e longe da sua esposa se possível!

Sei que você já se imaginava em um trenzinho do terror, ou algo do tipo, mas não. Aqui é um verdadeiro bonde. E tão leve como a brisa – graças a Deus um pouco de ar, depois de um filme como o da última estação – surge ao fundo a imagem em azul de quatro companheiros que estavam a sua espera para mais uma aventura em família – ou seria, mais uma aventura para famílias?

“Quarteto Fantástico”

Você gostou do primeiro filme? Ok, vai gostar desse também. Você odiou o primeiro filme? Sem problemas, este segundo conseguiu corrigir certas falhas do primeiro. Você fã dos quadrinhos achou que faltou mais ação na primeira parte dessa franquia, que estava repleta de cenas engraçadas? Tá bom cabeça de fogo, a pancadaria come solta e as cenas agora estão engraçadas, mas no ponto certo.

A história dá continuidade direta ao primeiro filme da família mais aventureira dos quadrinhos. E ainda traz de lambuja a presença de dois dos mais fantásticos adversários já criados para a turma liderada por Red Richards: o impressionante conquistador das galáxias, Galactus, e o seu arauto, o fabuloso Surfista Prateado.

Para quem não sabe, estes são os dois mais clássicos “vilões” de todos os tempos de quadrinhos dos Fantásticos. E para não fazer feio na tela, o diretor Tim Story chupou vários aspectos clássicos e modernosos de ambos os personagens: Galactus não é um ser vivo com um puta capacete na cabeça – veja a foto abaixo – mas sim uma entidade, como uma poeira espacial (conceito utilizado recentemente em uma revista dos Fantásticos) – já o Surfista está idêntico ao que sempre foi: um ser reflexivo e que de mal não tem nada.

Os efeitos melhoraram. As batalhas aumentaram. As graças estão presentes, mas pontuam as cenas e não tiram a emoção do filme. Cada vez mais os quatro principais personagens e seus interpretes conseguem ter mais semelhanças do que apenas formas. E é um bom filme para se divertir.

Recomendo: não pense. Apenas se divirta. Nota 8.

Com um belo sorriso na cara, você adentra ao nosso bonde que segue sua trajetória. E assim que você começa a pensar que faltam apenas mais duas estações para o final de nosso passeio cinematográfico, algumas notas de uma guitarra começam a arranhar seus tímpanos. Com o passar do tempo e com a chegada a nossa próxima estação, você percebe que temos um guitarrista negro a sua espera enquanto desembarcamos. E descemos bem...

“Entre o Céu e o Inferno”

Sabe aquela máxima do raio? A de que um desses fenômenos não acontece duas vezes no mesmo local? É mentira. E após conferir esse bom filme, você vai concordar comigo.

Há quase um ano e meio, conferi um filme que rendeu uma indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro para o ator Terence Howard, o inédito nos cinemas de Manaus, “Ritmo de Um Sonho”. O filme que retratava a vida de um gigolô que se tornava rapper, com a ajuda de um colega de infância e suas prostitutas, chamou minha atenção e de mais milhares de pessoas que gostam de filmes diferentes.

Pois bem, com o passar de mais um ano, foi lançado no Brasil inteiro, menos Manaus, novamente, “Entre o Céu e o Inferno”, segundo filme do diretor Craig Bewer, que também dirigiu o já citado “Ritmo”. A história aqui é totalmente diferente, apesar de englobar outro estilo de vida/música dos negros americanos: no caso o blues.

Em uma cidade do interior, um pacato fazendeiro negro (Samuel L. Jackson, arrebentando) que foi corneado pela sua esposa, acaba por cruzar a estrada de uma moça branca (ótima atuação de Christina Ricci), que ao que tudo indica pirou da cabeça por ter perdido seu namorado/marido (Justin Timberlake) para a Guerra do Iraque e decidiu “pegar” todos os homens da cidade.

“Que plotzinho escroto?”. Diz você do outro lado da tela. E eu respondo dedilhando meu teclado: “Calma rapaz, que este talvez seja um dos filmes mais interessantes a retratar o blues e suas tendências religiosas (apesar de muita gente afirmar o contrário)”.

Se prepare para atuações impressionantes, canções de raiz do cancioneiro americano, direção impecável e cenas de tirar o fôlego em todos os sentidos. Filme para ver com calma e atenção, características que marcam um apreciador de boa música.

Para entrar na coleção de DVDs com certeza! Nota 8,5!

Ao som da guitarra dedilhada com maestria pelo personagem de Samuel L. Jackson para espantar o mal do corpo de Ricci (magrinha!!!), seguimos nossa viagem que ruma para a última estação da linha “Outubro Cinematográfico”. Uma estação que marcou história e que pode ter certeza é uma das mais subestimadas de 2007. Tão importante que tem até nome de irmão de presidente, mártir, americano.

“Bobby”

Você se lembra de Emílio Estevez? O jogador de futebol americano que aprontou alguma e ficou enclausurado com mais quatro tipinhos em pleno final de semana, quando ainda cursava o colegial?

Aquele mesmo cara que mais tarde seria o garçom de um restaurante em que mais de seis amigos sempre iam comemorar os mais diversos motivos, enquanto ele procurava a cada instante pelo verdadeiro amor, mesmo que no corredor de um hospital?

Emílio Estevez. Que mesmo tendo gravado filmes interessantes na década de oitenta, como os já citados “Clube dos Cinco” e “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas”, sempre era apresentado como o irmão de Charlie Sheen (de “Platoon”) e filho de Martin Sheen (de “Apocalipse Now”)?

Pois então. Emílio, o baixinho. Rodou, roteirizou e até mesmo atuou em um dos melhores dramas do ano. Este recomendado “Bobby”. O filme conta a história, em quase tempo real, das pessoas que estavam e trabalhavam no Hotel Embassador, que serviu de sede para as comemorações da vitória para a concorrência a presidência da República dos EUA, pelo irmão mais novo de John Fritzgerald Kennedy, Robert Kennedy.

O trabalho de Emílio e de toda a sua equipe de produção é soberbo. Cheguei até mesmo a apelidar o filme de “Magnólia mais politizado”, tamanho é o número de personagens presente na trama. Assim como P. T. Anderson fizera nesse maravilhoso filme já citado, Estevez se utiliza de excelentes atores para contar uma história vista por dezenas de olhares diferentes.

E cada um desses olhares em algum momento se depara com trechos reais de entrevistas, depoimentos e matérias que mostram o verdadeiro plano de Robert para aquele país. Em certos momentos chega a ser emocionante, sem nenhum sentimento piegas de minha parte que sou contra os americanos em centenas de ocasiões.

Filme para se ver com emoção. Prestando atenção na câmera bem utilizada, nas atuações coreografadas – a última cena fala por si – e no texto corrido que saem das bocas de seus personagens - as atuações de Anthony Hopkins, Shia Labeouf, Laurence Fishburne e Christian Slater, assim como os mexicanos, são excelentes.

Nota 8,5 e com lugar de destaque na safra 2007.

Chegamos ao fim de nossa viagem. Fique esperto, após subir os degraus desta última estação.

Você encontrará um trem que o levara para a locadora mais próxima em que você encontrará todos esses filmes.