
Os tempos de glória de “Ram” são mostrados nos créditos do filme através de um quadro de recados repleto de cartazes e ingressos afixados que transmitem a ideia de que aquele cara fortão já foi um grande ídolo do seu esporte, o teatro em tablado, a Luta Livre. A locução arremata a sensação de que aquilo passou quando chega a narração de sua luta mais importante com seu pior rival, que aconteceu em 1989 – 20 anos atrás.

É com esse semblante de “deslocado no tempo” que acompanharemos os derradeiros momentos finais de uma lenda – sim o fim está próximo para o “cordeiro” e por isso ele sofrerá muito. O momento que acompanhamos da vida de Ram é o pior possível: não tem mais forças para apresentações com os novos astros, seu marketing ficou preso a uma era em que se jogava videogame nos consoles de Nintendo e o seu maior contato com os fãs é realizado em galpões com outros veteranos tão destruídos fisicamente (e mentalmente?) quanto ele.
Aliás, aqui uma dica para quem assistir ao filme: prepare-se para muitas, muitas mesmo, cenas marcantes e emocionantes, como: o encontro do personagem central e sua filha (abandonada) e seus vários diálogos com a única mulher com quem se relaciona sem pudores e com certa alegria (uma dançarina de bar interpretada com maestria por Marisa Tomei).

Muitos falam que o filme não ganhou a força que deveria ter graças a biografia de seu ator principal – a história traçaria um paralelo tão forte com a vida de Rourke que traria confusão para quem o assiste – mas discordo muito. O Lutador é a batalha da vida de um homem que já foi adorado, já teve seus fiéis seguidores e que de forma arrebatadora leva os espectadores – que também adoram outras figuras públicas – ao nocaute.
Talvez este filme de Darren Aronofsky – injustamente ignorado por várias premiações – seja o mais bonito a passar nas telas dos cinemas dos últimos anos, senão o for, com certeza o melhor trabalho de Rourke em toda a sua carreira. Filmão nota 10.
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