
Houve um tempo em que Mickey Rourke roubava o ar das mulheres nos cinemas e nos quartos, quando elas assistiam aos seus filmes em VHS – é, a sua fama foi antes do DVD. Esse tempo deu espaço para o: “Poxa, porque ele tá fazendo isso?” também dito por essas mesmas mulheres que viram suas poucas lutas de boxes e testemunhavam seu rosto ser arrebentado soco após soco por seus adversários.
Em seguida, após o fim da carreira de boxer e a retomada aos filmes, a reação das fãs foi: “minha nossa, como ele tá horrível, desfigurado!”. O mais louco dessas afirmações é que nenhuma delas tocava em algo realmente importante para o ícone Rourke: seu talento estava acima daquele rosto bonito – na verdade ele tinha mais charme do que um belo rosto – ou daquela face recém saída da maquiagem do belo filme Marcas do Destino.
Mickey foi um dos poucos bons atores a surgirem no início dos anos oitenta. Não estou falando que não existam outros bons, sim eles realmente estão aí, mas assim como Sean Penn, Rourke já começou bem – roubou a cena na quente homenagem ao cinema noir, Corpos Ardentes.
E depois foi convidado a fazer papéis importantes e principais, como seu trabalho visceral e simplista no subestimado Selvagem da Motocicleta (de Francis Ford Coppola) ou o seu ápice artístico, em outro filme que emula o cinema detetivesco praticado nos anos 40 e 50, no também subestimado, Coração Satânico, ao lado de outro monstro na tela: o camaleão Robert DeNiro.

Após a carreira de boxer o ex-astro tentou sem sucesso a sua volta. Foi nocauteado em poucos rounds até que os amigos Sylvester Stallone e Sean Penn o convidaram para pequenos papéis em seus filmes: O Implacável e o subestimado A Promessa.

Outro importante diretor que contribuiu para que o público recebesse com carinho, o já velho, Rourke foi Tony Scott, irmão mais velho e menos famoso de Ridley. Dele vieram dois convites, um pequeno em Chamas da Vingança e outro maior e de destaque no interessante e talvez até original Domino.
Mas nenhum papel até hoje feito pelo quase senssentão Rourke o fez mostrar toda a sua capacidade dramática quanto o que lhe foi oferecido em 2007 por Darren Aronofsky: o de um lutador que já deveria ter se aposentado, mas que trava uma verdadeira batalha contra a idade e os excessos de uma vida desregrada, o emblemático Randy “The Ram” Robinson.
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