"300 de Esparta" artigo (por Rodrigo Castro)

20 de abr. de 2007


Um homem de cabelos loiros voa por cima de um esquadrão formado por guerreiros Persas – que de tão eficientes são chamados de “Imortais”. Com um só golpe o grego arranca a mão do representante do Deus-rei Xerxes. Ainda sofrendo pela perda da mão o homem fala, em um misto de dor e ironia, para o guerreiro espartano: “Nossas flechas bloquearão o sol” e o soldado rival sorrindo, retruca: “Nós lutaremos nas sombras.”.

Há oito anos li este mesmo diálogo e vi esta mesma cena em todos seus detalhes em um gibi que contava a incrível e verdadeira história de 300 soldados espartanos que lutaram bravamente por suas vidas em 480 Antes de Cristo, na batalha de Termópilas.

O gibi intitulado “300 de Esparta” foi uma homenagem feita pelo mestre dos quadrinhos modernos Frank Miller – autor de clássicos como “Batman – O Cavaleiro das Trevas” e “Sin City” - ao filme “Os 300” da Metro Gold Mayer (1962). O autor extrapolava todos os conceitos de quadrinhos, transformando cada ato ou frases proferidas em situações heróicas e por vezes até únicas - tamanha sua inspiração.

Pois bem, acabo de assistir ao filme que adaptou os quadrinhos e digo: quase perfeito. Falo isso, e posso até mesmo ser execrado pelo “quase”, porque faltou algo: um pouco mais de ritmo, até mesmo de audácia por parte dos produtores e do diretor Zack Snyder. Faltou, mas não tirou todo o brilho da adaptação.

Sim, a coloração esplendorosa feita pela ex-mulher do autor – Lynn Varley – está lá. Assim como os diálogos, magistralmente escritos por Miller, que estouram de dez em dez minutos na tela, abrilhantando ainda mais o sentido do que está acontecendo e até mesmo do que está por vir. Mas, por ter dado mais espaço para a esposa do rei Leônidas – líder dos soldados espartanos que enfrentam de forma visceral o incrível exército inimigo – o filme acaba, por breves instantes, sendo maçante.

Não me entenda mal: não sou do tipo de fã que não perdoa intromissões ou muito menos um machista sedento por sangue – este último quesito foi respeitado ao extremo pelo diretor. O que ocorre é que a história contada em quadrinhos acabou “quebrada” por momentos, que no final das contas, nem somam. Pelo contrário: tiram a cadência da película.

Obliterando este fator, afirmo que “300 de Esparta” funciona e muito. O resultado está presente no sucesso de bilheteria alcançado – ainda mais para um filme que teve (merecida) censura alta, afastando crianças e jovens das salas; nas boas críticas recebidas e na grande chance de uma segunda parte para a obra, fato que nem o autor norte americano sonhou um dia.

Enfim, se Miller – que é chato no aspecto “não brinque com o meu brinquedo” – autor do quadrinho deu várias opiniões favoráveis a respeito do filme, quem sou eu para pestanejar contra 300 guerreiros moldados para matar, sobreviver e guerrear?

“Os 300 de Esparta” com certeza é o primeiro documento dramático digno a retratar, com entusiasmo, a história de soldados que morreram por sua liberdade em Termópilas. Vá ao cinema e prepare-se para a glória.

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