
Assim, algumas boas obras acabaram sendo apreciadas no conforto do meu quarto, deitado na minha cama e com direito a eject, play, pause, stop e play novamente, mas nunca FFW – detalhe importante e que atesta a qualidade dos filmes.
Assim, vamos ao que interessa:
“Gomorra” – Esperava mais desse filme, por vários motivos: o alarde que foi feito em torno do livro que lhe deu origem foi sentido no mundo todo, seu autor foi ameaçado de morte, o filme esteve presente em quase todas as mais importantes premiações do mundo e filmes italianos sempre tem algo muito parecido com o estilo de filmar brasileiro.
Fraco, às vezes até mesmo raso, a força não está na denúncia proposta em seu roteiro, mas na atuação de boa parte do seu elenco. Talvez por ser brasileiro e assistir tantas reportagens sobre o crime organizado no Brasil, a proposta acaba não chocando ou afetando psicologicamente o espectador. Mesmo com as informações de como a “Nova Máfia” vem aterrorizando a Europa, o filme não preocupa a quem o vê. Mediano e apenas isso. Nota 5,5.

Raras são as vezes que não nos convencemos de que aquele universo estudantil de um colégio de freiras e padres não remete a algo já presenciado por qualquer pessoa. A trma é simples: um jovem e promissor padre (o sempre ótimo Philip Seymour Hoffman) acaba sendo julgado e condenado por duas freiras (Amy Adams e outra fera Meryl Streep) como um aproveitador de crianças.
Para piorar a situação, vivemos o encerramento da segregação entre negros e brancos nos EUA e o garoto – possivelmente abusado – é o primeiro aluno negro dessa tradicional escola. O que não é dito, mas visto, acaba trazendo mais dúvidas ou talvez certezas quanto a situação, mas tudo muda na sua percepção quando a mãe do garoto trava um diálogo com a diretora/freira (Streep). Bom filme, tradicional, intrigante e que merece sua atenção. Nota 8,0.

A graça de pegar um veterano, solitário, deslocado em sua própria comunidade e que tem mais coração do que a sua marra tenta demonstrar, acaba confundindo ator e personagem durante todo o filme. Ou será que vimos um ator sem sua maquiagem e disposto a ser ele mesmo em um filme?
Essa pergunta não pode ser respondido por outra pessoa que não o próprio diretor. E isso é apenas mais um charme do roteiro, que possui personagens tão encantadores quanto o de “Menina de Ouro”. Eles são humanos, engraçados, trágicos e criam uma impressionante empatia com o espectador, resultando em comentários e cabeças afirmando e negando a cada virada da história.
Clint e o filme mereciam mais atenção da imprensa especializada e indicações, mas acabou passando como se fosse somente mais um em exibição nos cinemas. Talvez o DVD faça mais justiça a película.
O mais importante de “Gran Torino” é notar que Eastwood não para de produzir – e bem – sempre priva por bons roteiros, lança novos nomes e está atento a realidade do seu país, nas mais diversas comunidades e castas.
Muito bom filme. Nota 8,5.
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