!!Aproveite-se dos óculos 3D e do escuro do cinema para chorar ao final, ou: UP, Altas Aventuras!! Por Rod Castro!

8 de set. de 2009

Escrever, contar uma história, prender as pessoas por mais de uma hora em suas cadeiras e porque não em suas próprias mentes ao acender das luzes. Esse desafio deve ser proposto a cada ideia mirabolante dos caras que tocam uma empresa divertida, mas que ainda é um negócio, chamada Pixar.

Isso é nadar contra a maré, já que cinema deveria ser a maior diversão que um humano pode ter contato? Não, mas esse toque ou preocupação a mais, a de fazer rir quase ao mesmo instante em que faz chorar, difere este estúdio dos demais que produzem dezenas de histórias por ano.

Talvez a grande sacada por detrás da Pixar é: fazemos filmes para crianças, mas não podemos subestimá-las ou esqueçermos que junto com elas estarão seus pais, que não são tão velhos assim ou acabaram de deixar de ser como elas, crianças.

Tudo tem razão de existir em seus filmes, nada está lá por estar, mas sim para que ao final tudo se encaixe no roteiro, na história, no filme e nas demais cabeças que estão expostas àquelas ideias. E a sombra projetada – pela admiração de todos os funcionários do estúdio – por Myazaki (de “A Viagem de Chihiro”) tem rendido grandes filmes por parte desses americanos.

Quem hoje pode se orgulhar de possuir em seu catálogo uma sequência de filmes premiados, com rendas impressionantes, aclamados por público e crítica, como essa: “Monstros S/A”, “Procurando Nemo”, “Os Incríveis”, “Ratatouille” e “Wall-e”. Apostar no que a maioria ignora, enredo, está transformando a Pixar em uma potência além do seu segmento.

“Up, Altas Aventuras” é a consolidação dessa afirmativa. Em pouco mais de 20 minutos – uma introdução que remete a duas importantes figuras da história do cinema: Howard Hughes (o Aviador) e Forster Kane (personagem principal de Cidadão Kane) – com narrativa básica, cheia de elementos exagerados, é criada a empatia pelo personagem de um garoto que quer viajar pelo mundo, como seu ídolo.

O garoto conhece uma menina que pensa como ele e sem nenhuma palavra a mais acompanhamos 10 ou 15 minutos dos anos seguintes dessa vida a dois. É o contexto explodindo na tela sem explicações, mas desenvolvido por completo pela técnica de se fazer cinema. O amor pelo personagem é automático e os espectadores abraçam aquele velho ranzinza, que um dia foi o garotinho, porque sabemos o que houve e o que deixou daquele jeito.

Pior: compramos sua briga por não aceitar que tudo ao redor de sua casa – que ele e sua esposa reformaram com as próprias mãos – está “evoluindo” e a residência está se tornando um empecilho para as grandes contrutoras, que com certeza irão derrubá-la.

Em um dos rompantes do personagem contra a construtora, acabamos notando uma cena emblemática, ainda mais em um filme com a marca Disney próxima ao título: o senhor acerta um funcinoário da construtora e o ferimento que traz um pouco de sangue ao filme, resultando em falas infantis ao redor do cinema que alardam: “É sangue! Caramba pai!”

É a realidade – assim como a barba do senhor que cresce com o passar do tempo – interferindo, além do 3D. E a afirmação de que animação é feita para crianças – será? – ganha resposta e até mesmo rosto com a presença de um personagem nada caricato e engraçadíssimo: o escoteiro, que precisa de mais uma “medalha”, a de ajuda a idosos, Russel.

Sim, eles viajam juntos para a América do Sul e encontram um vilão. Sim você vai rir muito, teremos bichos engraçados, cenários impressionantes (como o Monte Roraima) e você vai chorar na mesma proporção que riu. Filme para se ter na estante, ao lado dos já listados e que possuem o selo Pixar de qualidade. Nota 9,0.

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