!!10 anos de Gran Turismo e não é o jogo não, mas sim o The Cardigans!! Por Rod Castro!

12 de nov. de 2008

Esta semana, para ser mais preciso, no último dia 03, um dos discos mais ignorados por críticos do rock/pop, da década de 90, completou 10 anos de vida. Antes de dar os parabéns, vale lembrar que antes de “Gran Turismo” os Cardigans tinham feito dois discos – o segundo um sucesso total: “First Band On The Moon”.

Ter uma voz fofinha, conseguir arranjos desconcertantes e ainda assim soar pop/rock é tão complexo quanto inusitado. Essa frase seria um resumo sentimental deste que escreve se pudesse resumir o que “Gran Turismo” me proporcionou logo na primeira audição.

De tanto que “Lovefool” tocou nas rádios e MTVs da vida, acabei optando por não ouvir a banda e pior, criei a velha e conhecida antipatia por todo mundo adorar, conhece? Então, em 1998, vendo o tal canal de música, me deparei com um videoclipe interessantíssimo dos suecos: “My Favourite Game”. Dali para ouvir a música centenas de vezes – após gravar o clipe em fita, lembra disso? – e correr para uma loja que alugava (e ainda o faz) CDs em uma grande avenida da cidade, foi um pulo.

Não comprei o disco, acabei fazendo-o mais tarde, mas este é um disco que tem meu total respeito e ouvidos. Confere aí as razões...

01 – “Paralyzed”: Há frase melhor para se começar um disco completamente diferente do que você poderia pensar ser um CD dos Cardigans, que: “This is where your sanity gives in, And love begins.” Esse refrão é permeado por guitarras distorcidas, uma batida elegante, elementos fantasmagóricos/leves e uma vocalista estilosamente relaxada transformam uma primeira faixa – quase sempre o hit da banda – em uma das melhores aberturas de 98.


02 – “Erase/Rewind”: Um dos clipes mais interessantes dos suecos: em um local já apertado, a banda começa a ser “amassada” pelas paredes que vão se aproximando, a luta de todos os componentes e os seus cuidados com os instrumentos é notável. Quanto à música: lentamente eles constroem uma melodia com violão elétrico, um baixo marcante (inclua aí uma “puxada” no silêncio), bateria concisa e a impressionante voz de Nina Persson, com seus “An, An, Annnnn”.

03/04 – “Explode e Starter”: Com letras subversivamente sensíveis (?) e ao mesmo tempo ácidas, os Cardigans mostram que só não estão no mesmo patamar que um Massive Attack – sem cantora convidada – porque não querem fazer Trip Hop e sim rock, daqueles diferentes a cada faixa.

05 – “Hanging Around”: Tudo bem que o início lembra uma música dos chatos dos “Engenheiros do Havaí”, mas a evolução ruma para uma mistura de Blondie com Chemical Brothers interessante, ainda mais com a letra que fala de uma nova tentativa entre duas pessoas, com direito a “I’m Hanging Around For Another Round”.

06 – “Higher”: Com certeza a mais linda canção feita pelos Cardigans. Suave, excelentemente bem cantada, cheio de coral ao fundo, uma guitarra insinuante e a economia na cozinha. Na letra, o inverso da canção anterior, uma entrega completa.

07 – “Marvel Hill”: Misture os arranjos dos Siouxssie And The Bunishment, com alguns elemntos mais modernosos do Depeche Mode. Para completar o clima, nada como uma letra ao bom e velho estilo surreal de David Lynch a mais diferente música do disco e uma das mais originais apesar de tantos referenciais.

08 – “My Favourite Game”: É impossível falar dessa canção e não se lembrar de seu maravilhoso vídeo clipe. Com o passar do ano ele perdeu em estilo, mas quando surgiu nas telas contagiou a todos e a impressão de que se está em um carro, por vezes sem controle, ao ouvir a música sem ver o vídeo é tão notável que diverte. Um clássico dos Cardigans. Esqueça Love Fool.

09 – “Do You Believe”: Se antes dessa música você ouviu um hit, aqui você tem a melhor música do disco, tudo em seu devido lugar. Início apoteótico, vocal arrastado, letra apocalíptica e uma mistura de teclados com bateria eletrônica e um agudo de guitarra fazem a base dessa deliciosa (?) canção.

10 – “Junk Of The Hearts e Nil”: Sabe quando você sente que fez o seu melhor disco e tem que encerrá-lo de forma inusitada e deixar o ouvinte com cara de paspalho? Essas duas canções foram feitas com esse objetivo. A primeira uma balada leve com refrão rock, enquanto a outra devolve você e seu espírito de volta a Terra após a maluca experiência que é ouvir Gran Turismo do início ao fim.

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