!!Uns bons, outros mais ou menos... ou: “O Vigarista do Ano”,“Vênus”, “Caminho para Guantanamo”, “Não Por Acaso” e “13 Homens...”!! por Rod Castro

30 de jan. de 2008

2007 ainda não terminou por aqui, isso porque havia prometido postar comentários sobre todos os filmes que assisti nesses últimos dois meses. Assim sendo, vamos nós e sempre lembrando: todos os filmes podem ser conferidos em uma locadora próxima ou até distante da sua casa...
“13 Homens e um novo segredo”

Todo jogador sabe: a sorte ajuda, mas não exagere. Se você acertou um número na roleta, não aposte nele mais de duas vezes. Ah, e todo apostador também sabe a hora da parar, de tirar o time de campo e de dar uma volta, se possível ainda de bolso cheio ou com alguns poucos trocados.

O pensamento é: “Tá bom, tive meus momentos e rendi por um bom tempo, mas agora deu”. Em 2000, quando o premiado diretor de cinema Steven Sondbergh reuniu-se com o amigo e sócio George Cloney, acho que eles travaram o seguinte dialogo: “Já sei: vamos rodar um filme que homenageie o Rat Pack - grupo de amigos da pesada (entre eles: Dean Martin e Samy Davies Jr.) - que andavam com Frank Sinatra, pra lá e pra cá, em festas e bebedeiras?”. “Acho uma boa!” respondeu o bonitão que na seqüência emendou: “E ainda podemos reunir um monte de novos astros, modernizarmos o conceito do clássico ‘Onze Homens e um Segredo’ e pormos um final surpresa!”.

Pouco tempo depois surgia nas telonas o bom “Onze Homens e um Segredo”. Sucesso total que deu mais prestígio a produtora de Clooney e Sondbergh – que hoje nem existe mais - e contava em seu roteiro com diálogos divertidíssimos – principalmente os travados entre George e Brad Pitt.

Fez suce$$o? É lei em Hollywood: continuação! “Doze Homens...” é fraco, distante do que foi seu original, mas ainda assim contava com um ritmo agradável e só. Fez suce$$o de novo? Os engravatados agradecem e ainda exigem a participação de um super astro de Hollywood que virou uma caricatura de si mesmo, como o vilão: o careteiro Al Pacino.

Resultado? Ruim que dói. Nem merece comentários. Nota 4,0 e tomara que tenha sido “a quebra da banca” dessa série!

“Não por Acaso”

Li tanto a respeito desse filme que minha expectativa talvez seja a maior culpada por não tê-lo achado um décimo do que o elogiavam. Distância entre pais e filhos? Sei. Depressão pela perda de um amor? Ok...

Metáforas “inteligentes” fazendo um paralelo entre um esporte de precisão (a sinuca no caso) e a vida desconcertada de um personagem (Rodrigo Santoro, bem) ou a vida de um homem pago para vigiar as pessoas de uma metrópole, através de uma rede de câmeras, e que em nenhum momento presta atenção para que caminho segue a sua própria vida – tentam dar algum valor para o filme, mas sinceramente não emocionam ou dramatizam o bastante.

Enfim: um filme tão chupado de outros, ditos “cabeça”, que perde seu valor pela falta de originalidade ou humanidade de seu texto em alguns momentos-chave. Pela fotografia e por alguns poucos bons momentos do elenco – Santoro e a menininha que descobre quem é o seu pai – leva um 4,5.

“Caminho para Guantanamo”

Se você fosse descendente de árabes e estivesse a poucos dias do seu casamento, após uma festa de despedida de solteiro, você daria uma volta no Afeganistão para espairecer, mesmo sabendo que o país acabou de ser invadido pelos EUA?

Segundo o diretor Michael Winterbottom - o mesmo do ótimo “A Festa Nunca Acaba” (“24 Hour Party People”) – foi isso que aconteceu a quatro amigos que acabaram sendo confundidos com terroristas pelos militares americanos e foram enviados para a prisão de Guantánamo – um local maravilhoso para você visitar senão tiver mais nada para fazer nas próximas férias.

E toma-lhe cenas de torturas psicológicas e físicas. E toma-lhe direitos humanos jogados no lixo e melhor: em certos pontos você até pensa se o que os árabes fizeram com os americanos no 11 de Setembro não foi tão ruim assim. Filme médio, com depoimentos dos verdadeiros protagonistas da “aventura” e momentos interessantes, mas só.

Nota 6,5. Podia ser melhor, mas não foi!

“O Vigarista do Ano”

Você assistiu ao bom “O Aviador” de Martin Scorsese? Gostou? Interessou-se pela figura maluca de Howard Hughes? Então nem pense duas vezes e corra para a locadora mais próxima e procure o filme “O Vigarista do Ano” (do diretor Lasse Hallström, mesmo de “Chocolate”).

Esse divertido filme, que não tem nem como classificá-lo – tamanha é a sua diversidade de estilos – aborda a verdadeira história de um fracassado escritor (Richard Geere bem demais), que se reúne a um amigo (o também bom Alfred Molina) e inventa que ambos tiveram acesso a Hughes em pessoa e que o mesmo tinha dado o aval para que eles tocassem em frente a sua biografia.

As confusões, as falcatruas, as viagens do protagonista, o roteiro dinâmico e repleto de reviravoltas e o final em que você realmente entende que só um cara recluso e meio doido da cabeça como Hughes poderia dar pano para manga para que uma história como essa se tornasse real, sem que ninguém realmente desconfiasse, fazem desse filme um belo exemplar.

Nota 8,0 e pena que ficou tão pouco tempo nos cinemas, mas já se encontra nas locadoras!

“Vênus”

Tyler Durden uma vez disse: “Você tem consciência que a cada dia que passa você está morrendo?”. Então porque não se permitir em determinados momentos da vida? Porque não vivê-la de uma forma menos descompromissada, mais próxima do estilo de pessoa que você sempre quis ser e sem ligar pros outros de preferência?

“Vênus” é um filme que possui exatamente esse espírito: isso porque conta uma das fazes mais interessantes da vida – a velhice – de uma forma inusitada e principalmente, verdadeira e respeitosa.

No filme acompanhamos a vida de um veterano ator de cinema – atuação marcante de Peter O’tolle - que foi um dia muito famoso, mas que agora só consegue exercer sua função em filmes feitos especialmente para televisão – e sempre no papel de alguém que está a poucos dias de sua morte.

Que razão de vida um senhor como esse teria? Resposta: Vênus. Não a deusa – apesar da capa do DVD ter total conexão com o famoso quadro “La Venus del Espejo” feito pelo espanhol Diego Rodríguez de Silva Velázquez - mas sim uma jovem inglesa, desbocada e com aquele espírito adolescente que habita o coração do personagem principal – o que gera um instantâneo conflito - e atração - entre os dois.

O’Tolle dá um show, me arrisco até a dizer que foi injusto, o fato de Forrest Whitaker ter vencido último Oscar, na categoria de melhor ator – mas falar de injustiça e Oscar na mesma linha soa até redundante. Seu papel é mágico, sem exageros e o veterano possui um brilho no olhar que é avassalador.

Excelente filme, nada depressivo, com muito para ensinar e que merece o seu tempo e a sua admiração. Nota 8,5

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