!!Diversão em novembro... ou: “Mandando Bala”, “Tá Dando Onda”, “Planeta Terror”, “O Balconista 2” e “Bewoulf”!! por Rod Castro

8 de jan. de 2008

“Mandando Bala”

Um cara, parado em uma estação de ônibus, lá pelas tantas da noite vê uma moça, grávida, ser perseguida por um monte de brutamontes. Ele larga a sua cenoura e sai atrás dos vilões. Você não sabe, nem ninguém, mas o tal cara é bom de tiro.

Após uma incrível sessão de tiros e coreografias absurdas, o “mocinho” ajuda a moça a fazer seu parto e quando a situação vai se acalmando, os bandidões apagam a moça e partem atrás do “mocinho”, que agora carrega o recém nascido enquanto aperta dezenas de vezes o gatilho de sua arma.

A partir daqui você verá tudo o que só um desenho do Pernalonga – será por isso o lance da cenoura? – se propõe a mostrar somado a algumas das mais espetaculares cenas de tiros já rodadas – lembrando muito algumas gravadas por John Woo, nos tempos de Hong Kong.

A irracionalidade faz parte da aventura e a cara de démodé do personagem principal – encarnado com necessária canastrice por Clive Owen – a cada loucura que acontece na tela deixa o filme mais engraçado ainda.

O vilão? Paul Giamatti. A moça que vai ajudar o “mocinho”? Mônica Bellucci. E a nota para tamanha loucura? Nota 6,5.

“Tá Dando Onda”

Eu sei que o seu filme preferido de pingüins é “Happy Feet”, e que por você considerá-lo um excelente filme – eu também o vejo assim – até valido sua indignação ao ver o cartaz ou trailer de “Tá Dando Onda”. Mas aqui vai um conselho: desfranza a cara, chame os filhos, sobrinhos e entre de cabeça nesse bom filme de computação gráfica.

As comparações entre essa animação e “HF” só podem ser feitas porque os animais que ganham vida são os mesmos personagens em ambos. O estilo, mais despojado, a estrutura de filme – que remete a um documentário em vários momentos – e até mesmo a formação de personagens são completamente diferentes.

Em “Tá Dando Onda” você acompanha a aventura de um pingüinzinho que decidiu ser o melhor surfista de sua tribo, mesmo que para isso, tenha que enfrentar as maldades de seu maior adversário – um pingüinzão, repleto de tatuagens e dono de voz, grossa, caricatural.

O filme possui personagens interessantes, além de uma competente trilha sonora. E em certos momentos é tão bem fotografado – desde a sua iluminação, passando pelas suas simulações de filtros que remetem a filmes antigos – que realmente parece que pingüins conseguem fazer tudo aquilo de verdade.

Talvez a única diferença que atrapalha na hora de colocá-lo no mesmo patamar que o já citado “Happy Feet”, é seu ritmo, a trama costuma empacar em certos momentos, para depois pegar no tranco até o cume.

Nota 7,5 com direito a ÊÊÊÊ, no final.

“Planeta Terror”

Gosto de Robert Rodriguez e seus projetos amalucados que vez por outra pipocam em salas de cinemas lotadas de minha cidade. Aprecio seu escracho praticado contra certos paradigmas do cinema moderno, mesmo que para isso suas idéias no final acabem por se tornarem bobas.

Ri com seu “Balada do Pistoleiro”. Diverti-me com seu insano “Um Drinque No Inferno” (nunca lançado em DVD no Brasil, uma pena!). Voltei à infância com os seus bons filmes da série “Pequenos Espiões”. E até mesmo comecei a levá-lo a sério após ver seu (fiel e) bem dirigido “Sin City”. Até que, no início do ano, sentado a mesa de trabalho, assisti ao trailer de “Grind House”, seu projeto de unir dois filmes em uma só sessão ao lado do sempre parceiro Quentin Tarantino.

“Planeta Terror” é a primeira parte de “GH” - que por ter sido detonado nas bilheterias americanas, acabou sendo vendido separadamente um filme do outro – a segunda parte é “À Prova de Morte” (dirigido por Tarantino) que ainda permanece inédito nos cinemas brasileiros.

“Planeta...” possui um enredo totalmente trash e típico dos filmes do final dos anos setenta que se dedicavam a assustar pessoas se utilizando de monstro e de zumbis: um material radioativo cai em mãos erradas e expõem todos os habitantes de uma cidade aos seus efeitos. Resultado: surge uma horrenda horda de zumbis, alguns caricaturais outros dignos de filmes B (zão) mesmo.

A diversão é garantida pelo grupo de moradores da cidade que decidem botar para quebrar e matar geral, personagens no mínimo inusitados: uma dançarina de boate (que tem uma perna amputada após ser mordida por zumbis e que para andar usa como apoio uma metralhadora lança-granadas); um matador profissional (ex-namorado da dançarina); uma mãe lésbica (que ataca os zumbis com suas seringas/pistolas) e mais uma paulada de outros seres que só podiam ter saído da mente insana de Taranta (a cena dele é hilária e ao mesmo tempo nojenta!) e seu compadre Rodriguez.

Resultado? Ponto para Rodriguez que se desfaz de qualquer tentativa de soar sério e que a cada cena ou ocasião esdrúxula parece deitar e rolar; ponto para Rose McGowan, no papel de dançarina, que voltou a habitar os sonhos de milhares de nerds do mundo todo – mesmo que com meia perna! Nota 8,0.

“O Balconista 2”

Há dois anos, conversando com um chegado meu que trabalha para uma revista especializada em cinema, o interroguei se havia alguma possibilidade de um dia sair “O Balconista” em DVD por essas bandas. Ele me respondeu que havia um projeto de uma empresa em fazer um pack com todos os filmes de Kevin Smith, incluindo este seu primeiro filme.

E? Nada. Para piorar: esta continuação de “O Balconista” não chegou aos cinemas de várias cidades do Brasil – inclua Manaus mais uma vez nessa – assim como a maioria das obras do diretor barbudo: “Barrados no Shopping”, “Procura-se Amy” e “Mutantes, Monstros e Quadrinhos com Stan Lee”. Com exceção de “Dogma” (estreou apenas no Renato Aragão no centro e passou por mais de um mês) e “O Império do Besteirol Contra-Ataca” que ficou em cartaz por uma semana em Manaus.

Mas Deus (seria a Alanis?) é um ser maravilhoso e criou no oitavo dia o DVD. Assim, no mês de novembro, consegui assistir a esta continuação que é no mínimo divertida. Sim, o estilo de fazer humor do barbudo está mais escatológico, mas o filme tem bons momentos.

A história respeita o primeiro filme. Os dois amigos que trabalhavam em uma locadora e que travavam interessantes diálogos sobre o mundo do entretenimento estão mais velhos e agora trabalham em uma espécie de rede de lanchonetes. O humor ácido em comentários sobre outros filmes – como na seqüência em que três personagens falam sobre a diferença entre a trilogia de “Guerra nas Estrelas” e “O Senhor dos Anéis” - mundo da música e referencias a quadrinhos continua e rende boas risadas.

A pegada para o humor escatológico – principalmente nas cenas em que os personagens célebres dos filmes de Smith, Jay e Silent Bob, estão em cena – recebe mais atenção nesta nova empreitada que tenta revigorar a carreira desse bom diretor que ainda possui afiados diálogos em seus roteiros, que merecem o meu e o seu respeito.

Nota 8,0. Bom filme, mas poderia ser melhor.

“A Lenda de Bewoulf”

Quantos filmes você já assistiu de Robert Zemeckis? Tá em dúvida, não sabe quem é, quer uma dica? Pois bem, Zemeckis é um diretor que começou carreira em um pequeno filme produzido por um cara que engatinhava na época, um tal de Steven Spielberg, e que retratava a vida de um punhado de fãs dos Beatles em plena semana em que eles se apresentavam pela primeira vez nos EUA, o já clássico filme da Sessão da Tarde: “A Febre da Juventude”.

Ok, você não teve a sorte de ver este bom filme... então as duas próximas empreitadas de Robert com certeza já está há um bom tempo no seu consciente, mesmo que de forma inconsciente: a trilogia “De Volta Para o Futuro” e o já clássico e endeusado por milhões de animadores espalhados pelo mundo, “Uma Cilada Para Roger Rabbit”.

Não falei? Você conhece o cara faz tempo e só não liga o nome a quem fez. E para você não pensar que ele não leva a vida a sério, dois petardos dramáticos com Tom Hanks no estilão Oscar: “Forrest Gump, O Contador de Histórias” e “O Náufrago”.

Mais referenciais de seriedade, já que você não é um crianção (tsic, tsic, uma pena)? Que tal uma homenagem aos filmes de suspense do mestre Hitchcock: “Revelação”, com Harrison Ford e Michelle Pfeiffer. Ou o ficção cabeça e que não tem grandes fãs – me inclua – “Contato”, com a sempre candidata ao careca dourado Jodie Foster?

Bem, agora que você está familiarizado com o estilo Zemeckis de fazer filme, e não: “Gonnies” não é dele! É do Richard Donner (o mesmo da série “Máquina Mortífera”). Que tal falarmos, finalmente, sobre “A Lenda de Bewoulf”?

Você viu aí que um dos primeiros filmes da carreira desse diretor foi “Uma Cilada para Roger Rabbit”, também notou que diversão é um dos seus principais focos quando o assunto é cinema. É nesse momento que eu o informo sobre o penúltimo filme de Zemmeckis, sua mais arriscada empreitada: a animação “O Expresso Polar”.

A tentativa – que deu certo - de “dar vida” para personagens em 3D, através de movimentos capturados - como o Gollum de Peter Jackson em “O Senhor dos Anéis”- rendeu boa bilheteria para o diretor, duas indicações ao Oscar 2004 e é a principal carta na manga dele para que um grande estúdio tenha investido nesse “A Lenda de Bewoulf”.

É bom falar que “Bewoulf” é um clássico poema escandinavo que retrata a vida de um guerreiro que pôs fim a maldição de um monstro – Grendel - e sua (boa) mãe a uma cidadela.

O poema foi adaptado pelo mestre dos quadrinhos Neil Gaiman (mesmo de “Sandman” e “Stardust”) e enaltece os feitos do mitológico guerreiro e sua trupe de mercenários. A dinâmica do estilo de animação evoluiu muito de “O Expresso Polar” para este “Bewoulf”. Apesar de alguns movimentos parecerem ainda “duros” em momentos-chave do filme.

Mas o diferencial da animação para todas as demais que imperam nos cinemas do mundo todo, é que sua temática é extremamente adulta: cenas com Angeline Jolie pelada, monstros degolando humanos e às vezes sendo estripados, além de vários diálogos e cantorias repletas de palavras que não se deve falar, “senão mamãe bate na boquinha”.

Pelas cenas de batalhas. Pelas tirações de sarro. Por algumas câmeras realmente fantásticas e por apostar em algo que a maioria dos estúdios não depositaria sequer meia fixa em uma grande roleta de Las Vegas, esse “A Lenda de Bewoulf” merece ser conferido e até mesmo residir entre os filmes que fazem parte da sua coleção. Nota 8,5.

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