
Este filme nasceu bom. Primeiro pelo seu diretor – Bryan Singer (nesse tempo só havia feito “Os Suspeitos”) – segundo por seu contexto – um garoto descobre que em seu bairro mora um ex-nazista – e terceiro por seu elenco azeitado: no papel do senhor nazista o sempre competente Ian McKellen e no do garoto um dos melhores atores jovens de Hollywood, Brad Renfro.
Renfro teve a sorte de iniciar sua careira com um filmão, “O Cliente” (de 1994), e mais sorte ainda por ter em seu primeiro papel a possibilidade de contracenar com pesos pesados do quilate de Susan Sarandon, Tomy Lee Jones, além de ter sido dirigido por Joel Schumacher.
Dois anos depois Renfro fez o líder de um grupo de garotos, em “Sleepers, A Vingança Adormecida”, que moravam em um orfanato e sofriam abusos por parte de um inspetor (Kevin Bacon). O grupo de garotos crescia e anos depois, em um bar acabavam por encontrar seu algoz e davam o troco.
Depois veio “O Aprendiz” e na seqüência, dezenas de situações que colocavam o nome do ator lado a lado com palavras não muito boas, como: drogas, álcool, problemas, reabilitação, talento desperdiçado e fim trágico próximo.
No dia 30 de dezembro último, assisti ao lado de minha esposa ao “Aprendiz”. Impressionei-me com o duelo entre o pupilo e seu mestre em fazer maldades.
Dia seguinte, em um almoço de final de ano com primos meus, falo do filme e todos comentam sobre como o filme é bom. 15 dias depois, Renfro é encontrado morto, a imprensa afirma que seria overdose por consumo de drogas.
No mesmo almoço, comentei como o trailler do novo filme do Batman, “Batman O Cavaleiro das Trevas” me impressionou e como Heath Ledger roubava a cena com o seu psicótico Coringa. Não era novidade até ali, Ledger nos seus últimos trabalhos já mostrava que seu futuro seria mais do que promissor.
O australiano que nasceu para o mundo após fazer o juvenil “Dez Coisas Que eu Odeio em Você” e que mais tarde faria o divertido “Coração de Cavaleiro”, só começou a receber minha atenção, e dos críticos, após suas boas atuações em “O Patriota” e “A Última Ceia”.
Em ambos os filmes, Ledger encarna os filhos dos personagens principais – Mel Gibson e Billy Bob Torthon – que se parecem muito: ambos são deslocados, distantes de seus pais e morrem de forma trágica – o suicídio do seu personagem em “A Última Ceia” é pesado e ao mesmo tempo surpreendente.
Tudo bem que ainda houve atuações mais ou menos em filmes que ninguém leva em consideração, como em “O Devorador de Pecados”, “As Quatro Plumas” e na regravação de “Ned Kelly”.
Mas ele se recuperaria e engataria três excelentes projetos: o alternativo e documental “Reis de Dogtown” – em que encarna o dono da loja de surfe que banca a carreira dos três mais importantes esqueitistas da década de setenta – o filme fantasia “Os Irmãos Grimm” – contracenando com Matt Damon e sendo dirigido pelo mestre Terry Gilliam – e por último o seu papel mais importante, como o cowboy gay de “O Segredo de Brokeback Mountain”.
Três papéis distintos. Três caracterizações marcantes. Varias indicações a prêmios e dois convites inusitados depois – para “I’m Not There” (em que vários atores vivem as mais diferentes fazes da vida de Bob Dylan) e para “Batman, O Cavaleiro das Trevas” – o ator promissor sofre um baque: suas esposa, a atriz Michelle Williams, pede a separação e com ela vai a filha de apenas dois anos.
O resultado: ontem, as 18 horas local, recebi um telefonema que me dizia: “Ledger acabou de ser encontrado morto, por overdose de medicamentos para dormir”. Exatamente uma semana após o anúncio da morte de Renfro.
Um comentário:
Eu amo Brad, é uma perda muito grande.
Fiz um blog em homenagem a ele.
Visitem e comentem:
http://meumundodefantasia.multiply.com/
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