Eles voltaram. Tin Tin e Spielberg.

16 de jan. de 2012

Antes de passar para o filme, quero falar sobre o título do artigo. Gosto da fase drama de Spielberg, foram bons filmes – apesar de não haver possibilidade de eu sair de casa e ir assistir ao Cavalo de Guerra – mas sempre fui fã do seu cinema criativo, aventureiro e por vezes até infantil.

Este cinema, na carreira do autor, praticamente foi abandonado ao realizar o “revolucionário” Jurassic Park. Mas antes deste filme ele dava passos largos dentro da diversão em tela grande. E posso afirmar, depois de longos 23 anos, ele voltou e voltou com ares de dono do pedaço.

A situação de Tin Tin não é diferente. Tirando as republicações das eternas e ótimas séries em quadrinhos do Hergé, o detetive que se tornou mais popular para os brasileiros graças a TV Cultura de São Paulo – através de seu desenho animado – retorna a mente dos milhares de fãs em uma aventura sensacional e que realmente respeita suas histórias – foi baseado em uma sequência delas.

É por isso que afirmo: eles voltaram e com o sucesso que o filme “As Aventuras de Tin Tin” está fazendo no mundo – esqueça a bobagem de que o filme não se pagou nos EUA, afinal, aquele é um mercado viciado e formuláico – este é somente o primeiro dentre vários filmes estrelados pelo topetudo detetive belga a estrear em salas de cinema.



A história é simples: Tin Tin está em um feira de variedades e tem a sua atenção roubada por um barco, ele o compra, mas rapidamente recebe duas propostas para vendê-lo. Óbvio que ao não vender ele já corre perigo, afinal, este barco tem, oculto em sua estrutura, a descrição de um mapa que leva a um grande tesouro.

Daí pra frente? Mistério, aventura, perseguições em longos e excelente planos-sequência, trilha sonora perfeita e atuação convincente de todos os atores envolvidos – fizeram suas interpretações através de captura de movimentos. Mas quero me prender ao tal de Spielberg.

Que bom que você acertou a mão. Está tudo perfeito, apesar do filme demorar para “pegar” – estaria eu também contaminado pelo tudo ao mesmo tempo agora das animações de hoje em dia? – as cenas de ação não devem nada a qualquer filme de aventura ou do mesmo segmento. O trabalho em cima do desenvolvimento dos personagens está excelente, com destaque ao Capitão Haddock e o Milu, sendo o primeiro capaz de arrancar gargalhadas dos homens e o segundo suspiro das mulheres.

O desencadeamento das sequências é que me espantou e me alargou o sorriso no rosto. O “passeio” com a câmera pelo cenário virtual criado em computação é inovador e traz mostras de que Spielberg e sua equipe re-imaginaram o conceito do 3D como ambiente de filmagem – mesmo ele não existindo. A cena de apresentação da feira mostra isso, assim como a longa e sensacional sequência de perseguição de moto – que remete também a de Indiana Jones e a Última Cruzada.

Mas se há sequência embasbacante, como conceito e desenvolvimento, destaco a que o Capitão recorda a saga do primeiro grande aventureiro da sua família. Ali pode-se ver o lado gênio de Spielberg, cada ida no tempo e volta tem elementos de composição sensacionais.

Aula de como fazer cinema? Sim. Aula de como divertir milhões de pessoas por mais de 02hs? Sim. A possibilidade de eu poder apresentar o Spielberg ao meu filho, dizendo a máxima: este é o diretor americano mais divertido de todos os tempos? Yep. Filmaço, nota 9,0.

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