Você adora ser notado, afinal, é uma forma de você provar que está vivo.

18 de nov. de 2009

O sol deu um pouco de trégua. Mas não o suficiente, e assim era notável o grande rebanho de branquelos e senhores e senhoras devidamente vestidos de preto, já vermelhos, encaminhando-se para as tendas laterais a pista principal. Ali se encontravam as barracas que vendiam água, cerveja, refrigerantes e comida.

Enquanto os roodies retiravam os equipamentos do Sepulta e preparavam o palco principal do Maquinária para a entrada da primeira atração internacional do dia – o Deftones – o palco My Space trazia uma banda nacional, que segundo o Marcos Magalhães, cantava um nu metal em português risível, mas chamava atenção de centenas de pessoas (confesso que a minha noção neste momento era outra; eles tão querendo é ficar embaixo daquela sombra que fica em frente ao palco, espertinhos).

E assim que o vocalista do palco menor parou de gritar que “o pai dele o havia estuprado e que agora ele ia fazer o mesmo com os que acompanhavam o seu show”, Chino e o Deftones invadiram o palco principal. Sinceramente, não me recordo qual foi a primeira música - Marcos deve ter este momento gravado – pois neste instante eu e todos que foram comigo, lembramos que não estavamos em Manaus e que ninguém estranharia o nosso grito de admiração e gozação: “Chinoooooo, eu te amo!!!”

O que dá para dizer desse show? Foi muito, mas muito, pesado. O sol, ainda irradiava forte sobre nossas cabeças e acabava refletindo em mais impacto à apresentação. Talvez por esse efeito sensorial, centenas de pessoas a nossa frente e próximas a contenção dos ricos - o povo que tinha R$ 450,00 para ficar longe do aperto, os VIPs - dançavam, com dreito a reboladinhas masculinas, em vários momentos do show. Causando uma reação de estranheza, que depois resultava na seguinte pergunta - que me foi feita pelo chapa Júlio Roberto: “pô, têm uns arranjos que lembram muito o som do Depeche Mode, hein?”. E eu respondia, enquanto pulava (o que causou algumas hematomas nas pernas): é este o espírito, irmão!

Destaques da apresentação: Chino emagreceu e não foi pouco – a cara de bolacha permanece, mas a silhueta de pêra desapareceu; sim, ele usa um recurso de reverb bem na hora dos gritos mais sinistros, mas isso não tira o brilho da performance e o cara realmente é bom; o baixista que substitui o acidentado Chi fez bem o seu papel; a guitarra não dá refresco e ao contrário do que muito li por aí, nos sites que cobriram o evento, este deve ter sido o melhor show da banda em território tupiniquim.

Ah, o prêmio “o foda do festival, sem ser o Mike Patton” vai para o baterista Abe Cunningham, do Deftones. Por quase uma hora e meia de música atrás da outra, este rapaz detonou suas peles com perfeição, apesar de o sol estar de frente para a sua bateria - em alguns momentos o comentário lá embaixo era de que em algum momento ele iria errar ou até mesmo cair duro, mortinho, mortinho. Mas ele aguentou e arrebentou. Um excelente show, nota 9,0!

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