!!A Trinca de ouro do Ano? Ou: como transformar blockbusters em verdadeiros filmes de arte pt. 3!! por Rod Castro

30 de jul. de 2008




Há alguns anos me deparei com uma afirmação interessante que dizia que “fãs são a pior raça que existe no mundo: nunca estão satisfeitos com nada, sempre há ‘um porém’ e se você ia fazer uma adaptação de quadrinhos então, tivesse a certeza de que seria esculachado, por ‘expert’!”.

Não me lembro se foi um crítico de alguma mídia que falou isso ou se foi um diretor. Mas sendo fã, ao ler aquilo, em vez de ficar nervosinho ou ser irracional, pensei e disse, com muita humildade: era a mais pura verdade.

Lidar com alguém que necessita da sua própria criatividade para mover uma arte (o fã) – literatura principalmente – tinha seus problemas. Primeiro porque você (diretor) mostraria a sua visão daquele universo – competindo com milhões de outras visões. Segundo, porque são tantos anos de mitologia – quadrinhos então, você soma décadas e décadas – que a chance de você (diretor) cometer algum impropério quanto à saga do “meu herói favorito” era imensa.

Mas veio a adaptação de Richad Donner (final da década de 70) para o mais conhecido e amado herói de capa: “Superman, o Filme”. Ali foi criada a “fórmula” a ser seguida e que se inspirava na tese tão bem trabalhada por mestres da nona arte, como Stan Lee e Will Eisner: a identidade secreta é mais importante que o herói. Clark somos nós, Superman é quem desejamos ser.

“Superman” foi a construção do personagem, se tornando uma verdadeira aula, tanto de cinemão quanto de mitologia. Presenciávamos a explosão de Krypton; acompanhávamos seu último sobrevivente; identificávamos-nos com sua juventude “diferente de todos”; e seguíamos com ele para o meio dos leões (Metrópolis). Em pouco mais de uma hora de filme você entendia o personagem: um ET deslocado em meio a pior raça do mundo, nós ora bolas!

Dali para mostrar do que o “homem de aço” realmente era feito, foi um pulo, ou melhor: um salto que fez crianças, jovens e adultos realmente acreditarem que um homem podia voar. Depois disso, tirando os subestimados “O Corvo” e “Blade II”, o restante de filmes que tentaram seguir essa simples lição, ensinada pelo mestre Donner, de alguma forma errava e feio.

E o primeiro erro em escalas mundiais aconteceu com o herói que eu ou você poderíamos ser ao não acreditar mais no sistema e por não ter nenhum outro poder além do seu corpo, treinamento e mente: o Batman. Acho engaçado quando as pessoas dizem que o alemão Joel Schumacher estragou a série do morcego nos cinemas.

Porque Tim Burton cometeu três erros capitais nos dois primeiros filmes da série: escolheu muito mal seu Bruce Wayne – Michael Keaton não tinha condições! – ligou a origem do principal vilão do morcego a biografia de Wayne – perdendo tantas possibilidades que não vale a pena nem listar – e pior, chamou um grande astro para ser o rival – não fosse o bastante, Nicholson parece ter baseado seu trabalho na série de TV da dupla dinâmica que por aliás, era o contrário do que Burton queria para o filme.

E nem vou tecer meus comentário sobre a continuação de Burton em “O Retorno”. Tirando as cenas de Michelle Pfeiffer o resto é esquecível. Daí para o Schumacher assumir algo que já estava degringolando e ter todas as suas concepções deturpadas por engravatados que defendiam interesses de outras empresas (que tinham contrato com a linha “Batman”) - em “Batman e Robin” aquele monte de uniformes foi uma imposição de uma rede de lanchonetes Mcmundial, para servir de brindes em seu “lanche infeliz!” – foi fácil.

E é nesse momento de “eu não acredito mais em quadrinhos nos cinemas” é que eu e você voltamos atrás. Pois a primeira lição com relação a adaptações de quadrinhos na verdade não foi à fórmula pensada por Donner, partiu dos engravatados, que chamaram um diretor que comandasse bem qualquer tipo de filme e que não faria feio frente a um desafio mundial.

Assim surgiram nomes como Sam Raimi (“O Dom a Premonição”) no comando do Homem Aranha, Bryan Singer (“Os Suspeitos”) na linha de frente dos X-Men e Ang Lee (“O Tigre e o Dragão”) pilotando o “Hulk”. Nessa linha de tempo, adicionamos mais um elemento aquela equação traçada em “Superman”: bons personagens merecem bons diretores.

Nessa linha chegamos a melhor adaptação de quadrinhos para o cinema atual, “Batman Begins” (de Christopher Nolan). Que ganha seu devido reconhecimento com a chegada da obra-prima “O Cavaleiro das Trevas”.

Neste filme você conheceu Bruce em todas as suas nuances, viu o que o movia, sentiu o que sua cidade e moradores viviam nas ruas e presenciou a criação de um ícone, um símbolo que remetia a justiça e possibilidades de revanche – contra tudo e todos.

E quando você constrói um alicerce como esse, que Nolan fez, fica mais fácil construir um monumento como ele pretende ao realizar a série de Batman nas grandes telas. Mas como toda obra(-prima?) é necessário o cimento (roteiro), os tijolos (elenco) e um mestre de obra (ou um coringa?) para dar continuidade a esse grande empreendimento.

É com um sorriso de ponta a ponta da orelha (lembra alguém?) feito à navalha ou faca, afirmo que Nolan e companhia conseguiram fazer o mais perfeito filme do ano até o momento, o que deve estar fritando a língua de muita gente (como a do meu chapa, Breno Yared, por exemplo).

Sem contar que esse filme posiciona o segmento de “adaptações de quadrinhos para cinema” ao lado da nomenclatura “obra de arte”, o que resultara em muita dor de cabeça para os “gênios” de hoje em dia que “trabalham o conceito e não para a indústria”.

“Batman, O Cavaleiro das Trevas” ou: “Eu Acredito em Chris Nolan!”

“Gosto de filmes que ficam girando na sua cabeça depois de você os assistir. Sempre espero que as pessoas saiam do cinema tendo se divertido com a história, mas que também tenham ressonâncias... sei lá, que tenham idéias interessantes para pensar.” Christopher Nolan.

Após acompanharmos os primeiros dias de Batman por uma Gothan abandonada a má sorte e tendo em seu comando bandidos comuns e chefões do crime organizado, o desafio agora é outro para Bruce Wayne e o morcego em seu peito: vários cidadãos de Gotham “assumiram” a fantasia de Batman; um vilão insano (?) literalmente rouba a cena a cada aparição; a disputa pelo amor de sua vida (Rachel agora é vivida por uma atriz um trilhão de vezes superior, Maggie Gyllenhaal) com outro personagem que também será seu aliado nessa nova etapa (Harvey Dent); e o pior, como se olhassem no espelho, ele encara o reflexo de uma personalidade que ele mesmo poderia ter assumido, senão tivesse tomado conta da situação em “Begins” – em uma cena que relembra a excelente história em quadrinhos “A Piada Mortal” de Alan Moore.

E aqui entra não o dedo de Nolan – e seus colaboradores, o redator de gibis David S. Goyer e o seu irmão roteirista de “Amnésia” e “O Grande Truque”, Jonathan – mas a sua privilegiada cabeça para montar um verdadeiro jogo de gato e rato que há tempos o cinema não assistia.

Ao mesmo instante presenciamos o surgimento de um ícone do cinema moderno, uma experiência verdadeiramente feita e pensada para ser vivida com a loucura e a tensão que o personagem sempre foi realizado nos quadrinhos – com direito um violino incomodo que remete as trilhas “friamente raciocinadas” de Hitchcock.

Esse personagem é o Coringa de Ledger que é: perturbador, magnético, estranhamente engraçado, de espírito pecador e, estrategicamente manipulador ao mesmo tempo em que é inteligente ao macabro. Sua presença na tela eclipsa qualquer outro personagem – não pelos exageros Jack! – mas porque a cada passada de língua em sua boca rasgada, pressupõem um ataque e uma atitude impensada – como ele declara sua filosofia ao citar o “cachorro que corre atrás do carro, mas não sabe o que fazer, caso o carro pare”.

É com esse estilo “real” de se fazer adaptações, com cenas de assalto criativas, criação de novos e estilosos vilões e até mesmo de construir uma estrutura clássica de cinema pensante para “um público-avo” que só consome baboseiras, é que o “Cavaleiro das Trevas” rouba a cena.

E não pense que não escrevi mais porque é somente isso. Há mais, mas cinema foi feito para ser visto, não lido – como um filósofo da internet me recomendou, dia desses. Mas é uma pena que Ledger não esteja vivo para ver o temor nos olhos dos espectadores, a cada risada e olhar ameaçador traçado por ele nesse papel.

Aliás chega a ser uma piada de mal gosto do destino para com um ator que já deveria ter recebido seu reconhecimento – pelo belo trabalho em “O Segredo de Brokeback Mountain”. Nota 10 (Sem duas - caras ou piadinhas).

Obs.: você notou que a cena em que Batman segura o Coringa por um cabo, eles ficam inversamente proporcionais na tela? O que lembra a figura de um rei na carta do baralho e mque a mesma imagem fica posicionada ao inverso. Afirmando que amobs fazem parte da mesma moeda, mas pertencem a lados diferentes (um se tornou um sociopata e outro um potencial psicopata). Mais interessante ainda é ver que na mesma seqüência, mesmo de cabeça para baixo, Nolan inverte a câmera até que os dois fiquem "frente a frente" e se encarem, como um reflexo distorcido de sua figura. Isso meu amigo é arte.

!! A Trinca de ouro do Ano? Ou: como transformar blockbusters em verdadeiros filmes de arte pt.2!! por Rod Castro

28 de jul. de 2008

Ao contrário do que falei no post anterior, não farei ainda um artigo a respeito do excelente “Batman, O Cavaleiro das Trevas”. Ainda irei assisti-lo mais uma vez para tecer meus comentários. Falaremos de outro elemento que complementa essa trinca de melhores filmes do ano, até o momento.

Elemento não, uma equipe. A Pixar nasceu nos cantinhos dedicados aos “esquisitos” dentro dos estúdios Disney. Explico: enquanto o mundo ainda respirava desenhos o estilo clássico – o jeito Disney de se fazer – em um cantinho do vasto estúdio, alguns nerds que se encantavam por tecnologia, tentavam o diferente e usavam computadores e programas que davam vida a projetos dedicados a animação.

O resultado foi mostrando bons resultados pouco a pouco. Mas ali foi feita a lição de casa que é: crianças não são bobas e muito menos vão sozinhas aos cinemas. É preciso mais que um lindo desenho ou efeitos especiais para que o encanto se transforme em um marco.

Assim eles se dedicavam a montar roteiros bem feitos e amarrados (uma base de três anos para cada). Que contavam histórias não somente para os pequenos, mas para os seus pais – a diversão tinha que ser completa. E acabaram por transformar a exceção em base para o futuro da animação mundial.

Essa pequena biografia da Pixar não é diferente da que contei ao falar de Julie Taymor e Christopher Nolan. Os “gênios” da Pixar ralaram muito, apostaram e subiram os mesmos degraus até se tornarem, para nós reles mortais, a verdadeira “Disney” do século 21 – e sem eles esse grande estúdio de animação entra na sala de U.T.I. e com grandes chances de não conseguir respirar nem com ajuda de aparelhos.

Tirando a Pixar, hoje, apenas três estúdios têm maiores destaques: o Estúdio Ghibli, do mestre Hayao Miyazaki (“O Castelo Animado e A Viagem de Chihiro”), o Blue Sky, que tem como um de seus líderes o brasileiro Carlos Saldanha (“A Era do Gelo”) e o PDI/Dreamworks, liderada pelo excêntrico Jeffrey Katzenberg (de “Formiguinha Z e Kung-Fu Panda”).
E não é que os renegados se tornaram os maiorais e fizeram dois dos melhores filmes feitos nesse século: “Os Incríveis” e o sensacional “Ratatouille”? O primeiro uma clara homenagem aos quadrinhos (“Watchmen e Quarteto Fantástico”), já o segundo uma obra-prima - nada de “pequena obra-prima”, grande, engraçada e clássica.
“Wall-e” - é com esse patamar que a Pixar consegue subir ao posto de melhor animadora em 3D que já existiu, com o excelente filme do robozinho que busca o amor. A primeira impressão que tive do filme, foi de que estava a minha frente um personagem que lembrava outros dois ícones do cinema: Carlitos (de Chaplin) e E.T (de Steven Spielberg). E compará-lo a ambos, não demérito pela inspiração, é uma sacada que somente as pessoas desse estúdio podiam fazer.
Não é qualquer filme hoje em dia que se dá o direito de ficar praticamente 30 minutos sem uma fala – aliás, vale lembrar que muitos disseram, após assistirem as sessões-testes, que duvidavam que as crianças não ficassem chateadas de o personagem principal não falar.

Não é qualquer estúdio “infantil” que investe em mostrar um planeta Terra desolado, poluído, repleto de tempestades e conseqüências dos maus tratos feitos pelos seus moradores – será que essa não é uma forma mais inteligente de mostrar o que está havendo com o planeta, M. Night Shyamalan?

Mas “Wall-e” é bem mais do que a superfície mostra, do que a técnica demonstra ou até do que uma simples lufada de vento criativo - que não espanta (abraços Shy!).

O filme tem referencias ao cinema no espaço - os cenários da nave lembram “THX” (de George Lucas), as linhas automáticas e pessoas que não raciocinam apenas cumprem o que deve ser feito de “Metrópolis” (de Fritz Lang), o balé no espaço e a anarquia do piloto automático tirados de “2001, uma Odisséia no Espaço” (de Stanley Kubrick), a nave injetável de “Alien” (de Ridley Scott) – que homenageiam não só ao gênero como reafirmam a idéia base que moveu cada filme citado: a insegurança e a negatividade que o futuro (será que já não seria o presente?) nos reserva.

Mas há um toque a mais em “Wall-e” e que me deixou cabisbaixo, como ser humano: como pode alguém “sem vida” ou alma (o robozinho) desejar tanto conhecer outros seres – colecionando objetos alheios e sonhando acordado com uma companheira – ao mesmo tempo em que milhões de outros que possuem tal possibilidade abdicam-na pelo comodismo e pela rotina que nos faz cada vez menos sociais - como na cena em que duas pessoas conversam lado a lado pela tela, mas nem ao menos notam que uma está ao lado da outra.

Ali está o grande papel do filme, não apenas divertir, mas passar aos futuros adultos e idosos – filhos e pais – o quão distante estamos de nos tornar verdadeiramente civilizados.

É dureza enfrentar algo imensamente pesado e pessimista em um filme de “crianças”? Nada, esse é o jeito Pixar de se fazer bons filmes: diversão sim, burrice não; efeitos e realismo? Com certeza, mas o principal ainda é a história e o contexto. E para quem sempre afirma que não vê filme de arte um aviso: ao subir as letrinhas desse filmão, você vai ter visto um fidedigno exemplar da arte de se fazer cinema. Nota 9,5.

!!A Trinca de ouro do Ano? Ou: como transformar blockbusters em verdadeiros filmes de arte!! por Rod Castro

24 de jul. de 2008

Hoje em dia é freqüente o número de bons diretores que se propõem a seguir uma linha de conduta artística, mas larga tudo o que fez e construiu, para tocar um projeto mais “comercial”.

Mas mesmo assim, por se tratar de uma pessoa acima da média, vários deles metem os pés pelas mãos e acabam se vendo vítimas de “fãs furiosos”, “cri-críticos ferrenhos” e às vezes, acabam por serem intitulados como os mais novos gênios que se renderam ao mercado e ponto final.

Mas e quando você consegue fazer o que você já fazia, mesmo freqüentando grandes salas repletas de “corvos engravatados”? O seu valor extrapola os paradigmas e quebra regras? Será que apenas agora alguns bons diretores estão tendo essa real possibilidade?

E pior: será que um diretor que sempre freqüentou o “mainstream” (vulgo independente) é uma vítima quando freqüenta tais reuniões, ou será ele um artista que finalmente realiza o grande plano de “dominar o mundo” via salas de exibições?

Falo isso por conta de 3 filmes que passaram nas telas de cinema nesse ano de 2008: “Across The Universe”, “Fim dos Tempos” e “Batman, O Cavaleiro das Trevas”.

Todos tendo no comando diretores que começaram pequenos e rumaram para algo maior. Mas será que a essência artística daqueles magros dias ainda está presente, hoje, abaixo dos holofotes, das cobranças financeiras e dos flashes?

Comecemos por um dos mais polivalentes diretores de cinema a surgirem no final da década de 90, o indiano M. Night Shyamalan.

Em seu começo pequeno ele arriscava. Fosse em uma comedia de costumes com excelentes diálogos, em um suspense inovador e surpreendente (sucesso de público, prêmios e críticas), em uma linda homenagem aos nerds do mundo inteiro, em um drama manipulador que criticava o american way de ser, e por último, frente a um projeto desafiador e de fundo artístico – que fez mais celeuma pelas discordâncias dele com os engravatados, do que pelo valor artístico que o projeto realmente tinha.

Mas confesso que a coisa desandou em “Fim dos Tempos” – já até escrevi a respeito disso em um post anterior. E acho errada a fanática pregação de que ele está sendo autoral, genial ou como até mesmo li: “estendendo o seu dedo médio frente aos engravatados e grandes fãs de filmes de Blockbuster”.

É um filminho, com roteiro fraco e ele não é um escravo dos engravatados como alguns pregam, se fosse o seu passado mostra que os caminhos – independentes – das pedras ele conhece, não volta para lá porque está em um momento ruim e não quer largar o o$$o.

Não muito diferente de Shyamalan, temos dois diretores diferentes entre si e em seus estilos de trabalhar, que souberam “estender vários dedos médios” para os engravatados e ao mesmo tempo arrancaram aplausos do público e da crítica com dois belos exemplares de cinema bem feito: “Across The Universe” (da americana Julie Taymor) e “Batman, O Cavaleiro das Trevas” (do inglês Christopher Nolan).

E olha que ambos passaram por patamares menores, como M. Night – ela fez vários filmes de TV e roteiros para cinema até engatar um projeto ‘menor’ (“Titus”) com excelente elenco. Já ele fez dois curtas antes de azeitar o simples e independente “Amnésia” – e ambos galgaram, com sacrifícios, assim como o indiano, os degraus para os grandes estúdios.

Mas exatamente neste ponto a história difere: enquanto ele fez uma regravação de um sucesso europeu “Insônia” (com grande elenco e grande estúdio nas costas), ela bancava uma história difícil e contada com eficácia em “Frida” (com grande elenco e um grande estúdio em suas costas).

Em seguida Julie tocou alguns comerciais grandes para TV e outros roteiros para cinema. Enquanto Nolan subiu quatro degraus de uma só vez sem rasgar a calca ou se sentir cansado com a excelente adaptação ‘realística’ de quadrinhos “Batman Begins” e em seguida fez mágica com o drama/suspense (com elenco mais que estrelado e com um estúdio gigante as costas) no já clássico “O Grande Truque”.

Em 2008 esses dois diretores fizeram mais. Entregaram obras-primas artísticas. Fazendo o que um verdadeiro autor deve fazer: seu trabalho muito bem feito e com o seu toque particular que o diferencia dos demais sem ser piegas, ruim ou “popular” – e rendendo de igual para igual com os que optam por esse estilo.

“Across The Universe” – Uma experiência deve ser vivida por inteira. Por isso que o cinema é no escuro, com grandes caixas e tela, além de um projetor que possibilita mais cores a película. E viver uma experiência que você no mínimo sabe um pouco e acaba por se interessar mais é algo para se marcar na memória.

“Across The Universe” poderia ser resumido nesse primeiro parágrafo. Mas seria muito pouco para algo tão grandioso. É necessário falar que o grande diferencial desse musical/romance, na verdade é o seu fundo e seu contexto: fazer um filme inteiro como uma verdadeira homenagem a uma das mais completas bandas de pop/rock que já existiu: os Beatles.

Banda que vive no inconsciente coletivo até de marciano – cientificamente falando, já que muitas músicas deles foram mandadas literalmente para o espaço em sondas e mais sondas – e que por isso mesmo merece o respeito devido e uma proporção que lhe respeitasse toda a sua história e genialidade.

Assim a diretora americana Julie Taymor formou uma grande equipe de redatores, sentou a frente da tela do computador e coordenou trabalho primoroso, inusitado, fantástico e pop, como a banda sempre o foi e como seus fãs (e não fãs também) sempre sonharam em ver.

Tem referencias a personagens de músicas (“Jude”), novos patamares para as letras mais cabeças (“I Want You, She’s So Heavy”) – a melhor cena do filme em minha opinião – novos estilos de tocar canções mais conhecidas (“Strawberry Fields Forever” e “With A Little Help From My Friends”), homenagens e citações transformadas em ação, enfim, um verdadeiro filme tributo, a uma obra tão complexa e única como Paul, John, Ringo e Lennon sempre fizeram.

Este é o verdadeiro encontro da sétima arte com o melhor da música mundial. Em um acorde uníssono entre a direção de arte e a trilha. “Across The Uiverse” é Fabuloso, como os 4 já o foram. Nota 9,0.

Continuo o post segunda-feira falando de “Batman o Cavaleiro das Trevas”.

!!E ainda tem nêgo que não gosta de ir ao cinema... ou: realmente faltou o Nárnia!! Por Rod Castro

9 de jul. de 2008

Junho se foi e com ele uma paulada de filmes que conferi, seja em DVD, pela televisão – dublados – e até mesmo no cinema. Aquela máxima de que pai novo não consegue ir ao cinema pelo menos pelos próximos três anos é um pouco de exagero e talvez até mesmo mito.

O que realmente pega é tempo. Pelo trabalho, pelas reuniões e sim, pelo seu filho que sempre precisa de mais atenção do que você às vezes pensa. Mas outro fator que pesa é o preço, nunca cinema foi tão caro e a culpa é de quem? Não sei, mas esse fator – preço – nunca é citado para justificar a pirataria, nunca.

E com as economias em dia e com um pouco mais de esquematização consegui ver quase todos os filmes que gostaria de ter visto neste mês. Deixando apenas um de fora um que sempre que eu tentava ver acabava sendo prejudicado pelos horários das sessões, o elogiado “As Crônicas de Nárnia: o Príncipe Caspian”.

Assim, falemos de decepções, obras superestimadas e uma agradável surpresa. Simbá?

“Fim dos Tempos” – sou um fã de M. Night Shyamalan, o indiano que sacudiu Hollywood na virada do século com o seu filme surpresa “O Sexto Sentido”. Admiro toda a sua obra, sua incrível capacidade de escolher a dedo como contará determinada cena – e os seus estupendos enquadramentos, me impressionam.

Acho “Sexto Sentido” um filme 8,5. Penso que “Corpo Fechado” é um dos filmes de temática “quadrinhos” mais bem feito no cinema, merecendo uma nota 9,0. Acredito que “Sinais” é uma excelente ficção científica e uma bela homenagem a “Os pássaros”, do mestre e eterno ídolo de M. Night, Alfred Hitchcock. E vejo muitas coisas boas em “A Vila” e no subestimado “A Dama na Água”.

Mas infelizmente tenho que dizer que, pela primeira vez, o indiano me decepcionou. Contar a história de um fato que ocorre subitamente e muda toda a vida de um local é uma premissa batida, mas que eu tinha convicção que por ser ele teria outro foco, mais humano e mais original.

Não há nada inovador. Há técnica – a cena em que os homens que trabalham em um canteiro de obras e começam a se jogar é emblemática e assustadora. Mas o filme não te abala, nem te prende e em determinados momentos você realmente confere o relógio – e quando se faz isso, tenha certeza: o filme não é bom.

As atuações são as mais ridículas de todos os filmes que vi este ano. O enredo é mal trabalhado e ainda tenta se explicar – existe algo no ar que faz com que qualquer pessoa perca o senso de alta preservação, assim: toma-lhe suicídio – que sinceramente, poucas vezes choca.

Enfim, filme medíocre de um grande diretor. E se foi o intuito era homenagear um segmento do cinema, como alguns tentam defender, que M. Night o faça em cinema menor – direto para DVD no caso – pois se foi pro cinemão, faça cinemão – como sempre fez. Nota 4,0.

“The Mist” – o francês Frank Darabont é um diretor/redator de respeito. De suas mãos saíram à série do “Jovem Indiana Jones”, o novo roteiro para o clássico filme de François Truffaut, “Fahrenheit 451” (que será filmado em 2009) e de sua cabeça saíram adaptações de excelentes livros de Stephen King, como “Um Sonho de Liberdade” e “A Espera de um Milagre”.

E este “The Mist” que ainda não chegou aqui e que é mais uma adaptação de uma obra de King, como fica? Primeiro a história: em um dia comum como qualquer outro na vida de uma família americana do interior, um nevoeiro se aproxima da cidade e fatos estranhos começam a ocorrer, como árvores se partindo, abastecimento de energia cortado e milhares de militares espalhados pelas ruas.

A solução básica de sobrevivência é seguida à risca e assim pode se ver meia cidade indo se abastecer no maior supermercado local. Mas as coisas dentro do templo do consumo não ocorrem como se esperava e o tal nevoeiro se aproxima da cidade cada vez mais. Daqui pra frente o filme se transforma em um filme gore – sanguinolento demais – e tem alguns bons momentos, mas efeitos especiais que às vezes são risíveis.

Filme interessante, mas sinceramente acho que prometeu demais e foi caindo até o final que era bem previsível – e que não me chocou. Nota 6,0.

“O Incrível Hulk” – em 1960 e alguma coisa, sentado em seu escritório na Marvel Comics, Stan Lee pensava como criar um novo personagem que tivesse o seu estilo e que fosse ao mesmo tempo atual. Para isso ele “chupou” a idéia clássica do médico e o monstro, mas a atualizou para os tempos da Guerra Fria, cirando o mito dos quadrinhos: o Incrível Hulk.

Após um sucesso arrebatador, a Marvel lançou a sua criação em outra mídia, a TV. A série abordava mais a vida de Bruce Banner – na série era outro nome, senão me engano Robert Banner – do que o próprio Hulk. Sucesso de crítica e de público, a musiquinha da trilha ecoava pelos televisores do mundo todo, e esse era apenas um gostinho do que as câmeras poderiam fazer pela Marvel.

Tempos depois, quando uma adaptação de quadrinhos para o cinema havia se tornado um novo segmento investido pelos engravatados dos grandes estúdios, a Marvel vendeu os direitos do verdão para a Universal, que fez um filme filosófico com um grande diretor no comando, Ang Lee.

Bom filme, moderno, respeitoso, mas cheio de equívocos: era muito mental, pouco braçal; a edição, ao mesmo tempo estilosa e cansativa, era um recurso que abusava dos referenciais; o roteiro tinha situações escabrosas como à luta dos cachorros Hulk e a batalha final de Banner contra o seu pai; e pior, o Golias verde parecia, na cor, com o Shrek.

Resultado? O filme teve retorno financeiro, mas foi tão escrachado por fãs e críticos que penou muito e chegou a ser intitulado pelos especialistas como “O Esquecível Hulk”. O contrato se rompeu. A Marvel fundou seu próprio estúdio, tirou um grande nome do comando e pôs em cena um grande interprete – como havia feito em “O Homem de Ferro”.

Acertou e muito. O grande segredo do sucesso dos personagens de quadrinhos está no humano que pode se tornar, de alguma forma, fantástico – é assim com Tony Stark, com Bruce Wayne, com Peter Parker e agora com Bruce Banner.

E nesse “Incrível Hulk” temos tudo o que não se tinha no filme de Ang: ação, uma nova e simples forma de contar a origem do personagem, mais ação, um novo estilo de construção em efeito especiais do Hulk, cenas de ação, um Banner angustiado cheio de dilemas e com um interprete respeitável, emo(a)ção, várias citações a mitologia do verdão e mais uma coisa: ação.

Excelente adaptação. Divertida. Filosófica sem ser filochata. E que merece mais continuações. Definitivamente, agora: Hulk Esmaga! Nota 9,0.

!!A Sétima Arte em Sete...ou: DVD a sétima maravilha moderna?!! por Rod Castro

1 de jul. de 2008

Alugar um filme hoje em dia, em uma locadora de DVDs, é uma missão quase impossível de ser realizada. São tantos filmes para se ver, tão pouco tempo (e dinheiro?) para se ir ao cinema e tanta porcaria lançada que alguns momentos você não lê a sinopse ou identifica o projeto, mas “mata” as opções pelo “olhomêtro” – reservando o que vai levar pelos títulos, artistas e as vezes, raramente, pelos diretores.

Outro fator determinante na hora da escolha são as promoções. Alugue um e veja dois, alugue três e leve três pipocas e alugue 4 e devolva quando quiser – essa eu inventei agora, mas se existisse eu seria um cliente feliz.

Assim, neste mar de lançamentos em DVD de “filmes imperdíveis” que todos os meses você acaba não vendo, mas confere meses depois no conforto da sua sala de estar ou quarto no friozinho e com direito a pause, sento o verbo em sete filmes que recentemente aluguei.

Os Senhores da Guerra – A fórmula de sucesso: filme de ação com aventura que tem Je Li metido em alguma saga na China antiga, pela primeira vez falha em um filme chato, arrastado, repleto de falas e com uma, somente uma eu disse, cena de luta (e fraquinha) com o mestre do kung fu moderno. Esquecível. Nota 2,0.

Meu Nome Não é Johny – É engraçado como determinados filmes são vendidos na mídia e como certos “críticos” vêem aspectos penetrantes em coisas superficiais. Enquanto assistia ao fraco “Meu nome não é Johny” me lembrava de “Juno” outro “fantástico filme” em que não vi nada demais.

A história de um jovem, classe média alta, que não precisava traficar, vai preso, cumpre pena em um hospício e acaba saindo de lá recuperado não é nova – vide o excelente “Expresso da Meia Noite” (e ser preso pro porte de drogas na Turquia ainda é o terror para dezenas de traficantes mundo a fora).

A diferença, que é imensa, entre o dois está na parte mais fraca do nacional que explora o tempo em que João Estrela – bom trabalho e nada mais que isso, de Selton Melo – vai a Europa levar drogas ao lado da namorada – Cléo Pires que não cheira nem fede – e acaba bancando o “excêntrico drogadão brasileiro”.

O que salva esse filme de tomar uma nota 2,0 são o Selton Mello e toda a parte que é rodada na prisão, com cenas interessantes e engraçadas, mas podia ser melhor. Nota 4,5.

Atos Que Desafiam a Morte – Harry Houldini foi um mágico que desafiou a morte todos os anos de sua curta carreira. A perseguição por algo fantástico através de atos mirabolantes e planos de mágica que realizava em apresentações por todo o mundo – mais especificamente a Europa e a América – foi um marco na mágica em todos os tempos.

Neste bom “Atos Que Desafiam a Morte” acompanhamos os últimos dias do mágico – muito bem vivido pelo australiano Guy Pearce, que não acertava um papel que prestasse desde o inteligente “Amnésia” - que cansado de tantas estripulias lança um desafio final a todos os adivinhos do planeta: “digam quais foram as últimas palavras de minha mãe em seu leito de morte, ditas somente para mim, e eu lhe pago 10 mil dólares”.

É neste momento que cruzamos com uma falsaria (boa interpretação de Catherine-Zetta Jones) e sua filha (Saoirse Ronan) que vivem de pequenos golpes pelas ruas de Edimburgo, na Escócia. As duas farão de tudo para conseguir a quantia oferecida pelo mago, mesmo que para isso a mãe tenha que pagar um preço alto: o amor.

A história é interessante. A direção de arte e a fotografia são magistrais. E a interpretação de dois coadjuvantes – a já citada Siorse e o talentoso Timothy Spall, como empresário de Harry - é vital para que o filme tenha humor, tensão e até mesmo toques de genialidade. Não passou nos cinemas locais e merece sua atenção. Nota 8,0.

PQD – Em um país que exaltou o esculacho nos bandidos que é o “Tropa de Elite” acho estranho que a mesma exaltação não tenha sido feita a este bom documentário que registra em mais de um ano toda a prova de seleção para ser pára-quedista nas forcas armadas do Brasil.

Processo difícil, repleto de desafios mentais e físicos que devem ser cumpridos e quebrados. Destaque para as cenas hilariantes em que os candidatos falam do porque de sua decisão em prestar o exame e algumas constatações de futuro a ser seguido, após a reprovação ou aprovação no mesmo – sempre na presença da família (os comentários de mães, pais, irmãos e vós são sensacionais).

Um bom trabalho que serve de guia para um exame mais aproximado do que os jovens do sexo masculino e sem boas condições pensam e suas dificuldades atuais de seguir uma carreira, já que faculdade é uma coisa bem distante de suas realidades. Atual e como todo excelente documentário, verdadeiro. Nota 8,0.

Jogos do Poder – Você já assistiu a algum filme com Phillip Seymour Hofman que fosse ruim? Eu tentei lembrar de algum aqui, mas não consegui – “Embriagado de Amor” merece no mínimo respeito, principalmente pelas suas atuações e seus diálogos inusitados.

Em “Jogos do Poder” Hoffman rouba a cena a cada entrada. No papel de um agente da CIA de ascendência grega, o robusto e talentosíssimo ator, compõe mais um incrível personagem para figurar entre seu repleto cardápio artístico.

A história do filme é atual: acompanhamos os dias mais importantes da vida do congressista pelo Texas, Charles Wilson (Tom Hanks quase no automático) , tempo em que ele em uma festa regada a cocaína e várias mulheres decide que vai se interessar um pouco mais pela causa de “liberdade” pregada e alardeada por todos os EUA.

A tal liberdade deve chegar a um país distante – mas que hoje todo mundo sabe onde fica: o Afeganistão. E assim, o que seria somente um ímpeto em ter um pouco de destaque, já que Wilson até aquele momento só obteve grande sucesso em sua carreira parlamentar “ao se eleger cinco vezes seguida sem plataforma nenhuma” como diz o personagem de Hofman, acaba por se tornar um filme interessante, repletos de diálogos ácidos e situações surrealistas para aquela época e os dias atuais.

Filmão, com direção simplista do mestre Michael Nichols (de “Angels In América” e “Closer”) muito recomendado para se entender como as coisas realmente aconteciam no poder americano durante a famigerada “Guerra Fria” lançada e defendida com ímpeto pelo fanfarrão do Reagan. Nota 8,5.

A Família Savage – Já disse agorinha acima que P.S.Hoffman é o cara? Pois a atriz Laura Liney é a “cara” quando o assunto é escolher bons projetos e criar personagens críveis em uma atuação sem exageros e sempre memoráveis.

Laura não é aplaudida e nem ganha o destaque que mereceria porque não participa de escândalos, tira fotos ousadas ou dá declarações que merecem capas de revistas de estrelas - ainda bem. Mas merecia um Oscar faz tempo.

Nesse drama lindo e por vezes chocante de tão intenso, podemos assistir dois dos melhores atores americanos em cena e em uma história que pode acontecer com qualquer pessoa: dois filhos que nunca foram lá grandes irmãos juntam forcas para cuidar de seu pai que está apresentando sinais latentes de demência.

São tantas cenas boas. São tantos diálogos bem escritos. Tem tantos personagens interessantes, que fica difícil dizer o que você deve prestar mais atenção em “A Família Savage”.

Mas filme bom é assim mesmo: deve ser sentido, vivido e analisado. Mais um lindo e sensível trabalho realizado pela diretora/redatora Noah Baumbach (mesma do inesquecível “A Lula e a Baleia”, também com Liney – novamente perfeita). Para ficar na estante ao lado de “Vênus”, no setor “como envelhecer e pensar na morte de outra forma”. Nota 8,5!

Vermelho como o Céu – Existem duas máximas que me tiram do sério, são elas: “o cinema americano é o melhor do mundo”, “desde o fim da década de 90 não se têm bons filmes” e “(não entendi por isso desdenho afirmando que é ) cinema de ‘arte’”. Três mentiras que infelizmente se tornaram um mantra tanto nas pontas dos dedos dos críticos, quanto nas pontas das línguas de pessoas que entendem ou gostam de verdade de cinema.

O que falar de filmes como “Cachê” e “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (ambos da França)? Ou “Diários de Motocicletas” e “Cidade de Deus” (ambos dirigidos por brasileiros e rodados na América do Sul)? E preciosidades americanas do quilate de “O Grande Truque” e “Filhos da Esperança”.

Não são bons filmes? Realmente não, são obras-primas. Que desmentem as três frases difamatórias já citadas que, por sua repetição, afastam as pessoas que buscam algo a mais do cinema de qualidade das filas das salas de exibição.

“Vermelho como o Céu” é mais um filme a desmentir os “mantras”. Primeiro porque, até o momento, é o filme mais lindo que assisti em 2008. Segundo porque é cinema com “C” maiúsculo de clássico. E terceiro por ser italiano e retratar uma história biográfica de um editor de som italiano que perdeu a visão ainda criança.

A história do filme é encantadora e nela podemos ver – graças a Deus eu e você podemos enxergar – como um garoto, Mirco, sente e expressa a vida através de um sentido pouco usado por todos nós: a audição. As fitas produzidas por ele e seu amigos, a visita ao cinema no meio da noite e a peça apresentada no último ato do filme são de emocionar qualquer coração de pedra, como às vezes aparenta ser o meu – mas as aparências enganam.

E mais tocante ainda é saber que aquele garotinho se tornará um dos maiores editores de som do cinema italiano. Filme para ficar na sessão de “para ser revisto sempre quando possível”. Nota 9,5.