!!E ainda tem nêgo que não gosta de ir ao cinema... ou: realmente faltou o Nárnia!! Por Rod Castro

9 de jul. de 2008

Junho se foi e com ele uma paulada de filmes que conferi, seja em DVD, pela televisão – dublados – e até mesmo no cinema. Aquela máxima de que pai novo não consegue ir ao cinema pelo menos pelos próximos três anos é um pouco de exagero e talvez até mesmo mito.

O que realmente pega é tempo. Pelo trabalho, pelas reuniões e sim, pelo seu filho que sempre precisa de mais atenção do que você às vezes pensa. Mas outro fator que pesa é o preço, nunca cinema foi tão caro e a culpa é de quem? Não sei, mas esse fator – preço – nunca é citado para justificar a pirataria, nunca.

E com as economias em dia e com um pouco mais de esquematização consegui ver quase todos os filmes que gostaria de ter visto neste mês. Deixando apenas um de fora um que sempre que eu tentava ver acabava sendo prejudicado pelos horários das sessões, o elogiado “As Crônicas de Nárnia: o Príncipe Caspian”.

Assim, falemos de decepções, obras superestimadas e uma agradável surpresa. Simbá?

“Fim dos Tempos” – sou um fã de M. Night Shyamalan, o indiano que sacudiu Hollywood na virada do século com o seu filme surpresa “O Sexto Sentido”. Admiro toda a sua obra, sua incrível capacidade de escolher a dedo como contará determinada cena – e os seus estupendos enquadramentos, me impressionam.

Acho “Sexto Sentido” um filme 8,5. Penso que “Corpo Fechado” é um dos filmes de temática “quadrinhos” mais bem feito no cinema, merecendo uma nota 9,0. Acredito que “Sinais” é uma excelente ficção científica e uma bela homenagem a “Os pássaros”, do mestre e eterno ídolo de M. Night, Alfred Hitchcock. E vejo muitas coisas boas em “A Vila” e no subestimado “A Dama na Água”.

Mas infelizmente tenho que dizer que, pela primeira vez, o indiano me decepcionou. Contar a história de um fato que ocorre subitamente e muda toda a vida de um local é uma premissa batida, mas que eu tinha convicção que por ser ele teria outro foco, mais humano e mais original.

Não há nada inovador. Há técnica – a cena em que os homens que trabalham em um canteiro de obras e começam a se jogar é emblemática e assustadora. Mas o filme não te abala, nem te prende e em determinados momentos você realmente confere o relógio – e quando se faz isso, tenha certeza: o filme não é bom.

As atuações são as mais ridículas de todos os filmes que vi este ano. O enredo é mal trabalhado e ainda tenta se explicar – existe algo no ar que faz com que qualquer pessoa perca o senso de alta preservação, assim: toma-lhe suicídio – que sinceramente, poucas vezes choca.

Enfim, filme medíocre de um grande diretor. E se foi o intuito era homenagear um segmento do cinema, como alguns tentam defender, que M. Night o faça em cinema menor – direto para DVD no caso – pois se foi pro cinemão, faça cinemão – como sempre fez. Nota 4,0.

“The Mist” – o francês Frank Darabont é um diretor/redator de respeito. De suas mãos saíram à série do “Jovem Indiana Jones”, o novo roteiro para o clássico filme de François Truffaut, “Fahrenheit 451” (que será filmado em 2009) e de sua cabeça saíram adaptações de excelentes livros de Stephen King, como “Um Sonho de Liberdade” e “A Espera de um Milagre”.

E este “The Mist” que ainda não chegou aqui e que é mais uma adaptação de uma obra de King, como fica? Primeiro a história: em um dia comum como qualquer outro na vida de uma família americana do interior, um nevoeiro se aproxima da cidade e fatos estranhos começam a ocorrer, como árvores se partindo, abastecimento de energia cortado e milhares de militares espalhados pelas ruas.

A solução básica de sobrevivência é seguida à risca e assim pode se ver meia cidade indo se abastecer no maior supermercado local. Mas as coisas dentro do templo do consumo não ocorrem como se esperava e o tal nevoeiro se aproxima da cidade cada vez mais. Daqui pra frente o filme se transforma em um filme gore – sanguinolento demais – e tem alguns bons momentos, mas efeitos especiais que às vezes são risíveis.

Filme interessante, mas sinceramente acho que prometeu demais e foi caindo até o final que era bem previsível – e que não me chocou. Nota 6,0.

“O Incrível Hulk” – em 1960 e alguma coisa, sentado em seu escritório na Marvel Comics, Stan Lee pensava como criar um novo personagem que tivesse o seu estilo e que fosse ao mesmo tempo atual. Para isso ele “chupou” a idéia clássica do médico e o monstro, mas a atualizou para os tempos da Guerra Fria, cirando o mito dos quadrinhos: o Incrível Hulk.

Após um sucesso arrebatador, a Marvel lançou a sua criação em outra mídia, a TV. A série abordava mais a vida de Bruce Banner – na série era outro nome, senão me engano Robert Banner – do que o próprio Hulk. Sucesso de crítica e de público, a musiquinha da trilha ecoava pelos televisores do mundo todo, e esse era apenas um gostinho do que as câmeras poderiam fazer pela Marvel.

Tempos depois, quando uma adaptação de quadrinhos para o cinema havia se tornado um novo segmento investido pelos engravatados dos grandes estúdios, a Marvel vendeu os direitos do verdão para a Universal, que fez um filme filosófico com um grande diretor no comando, Ang Lee.

Bom filme, moderno, respeitoso, mas cheio de equívocos: era muito mental, pouco braçal; a edição, ao mesmo tempo estilosa e cansativa, era um recurso que abusava dos referenciais; o roteiro tinha situações escabrosas como à luta dos cachorros Hulk e a batalha final de Banner contra o seu pai; e pior, o Golias verde parecia, na cor, com o Shrek.

Resultado? O filme teve retorno financeiro, mas foi tão escrachado por fãs e críticos que penou muito e chegou a ser intitulado pelos especialistas como “O Esquecível Hulk”. O contrato se rompeu. A Marvel fundou seu próprio estúdio, tirou um grande nome do comando e pôs em cena um grande interprete – como havia feito em “O Homem de Ferro”.

Acertou e muito. O grande segredo do sucesso dos personagens de quadrinhos está no humano que pode se tornar, de alguma forma, fantástico – é assim com Tony Stark, com Bruce Wayne, com Peter Parker e agora com Bruce Banner.

E nesse “Incrível Hulk” temos tudo o que não se tinha no filme de Ang: ação, uma nova e simples forma de contar a origem do personagem, mais ação, um novo estilo de construção em efeito especiais do Hulk, cenas de ação, um Banner angustiado cheio de dilemas e com um interprete respeitável, emo(a)ção, várias citações a mitologia do verdão e mais uma coisa: ação.

Excelente adaptação. Divertida. Filosófica sem ser filochata. E que merece mais continuações. Definitivamente, agora: Hulk Esmaga! Nota 9,0.

Um comentário:

rapaz disse...

ei, lendo sua crítica por filme do Shyamalan fiquei realmente triste. Ainda não vi o filme mas tinha ficado animado com o trailer, até porque concordo com suas críticas aos últimos filmes dele...bicho, irei ver!