!!E O Oscar foi para... ou: “Onde os Fracos não têm vez”!! por Rod Castro

25 de fev. de 2008

Sai ano, entra ano e uma verdade inconveniente toma conta da “maior” premiação do cinema mundial, o Oscar no caso: o cinema independente ou que se mostra superior a grandes produções vai trilhando um caminho interessante, o de histórias com qualidade.

Faça um apanhado dos últimos três ou quatro anos e você verá que não há exagero ou predileções, muito pelo contrário. É uma realidade, talvez até uma conduta de risco, pois qual será a reação dos grandes estúdios?

Esse ano não foi diferente, a Academia – se você não sabe, ela não é composta por um monte de velhinhos caquéticos, mas sim por todos aqueles que um dia foram indicados ao prêmio – recheou suas categorias de filmes, menores, mais próximos do público que gosta de filmes com histórias interessantes, deixando de lado aqueles da linha muito barulho por nada.

Assim, filmes como o independente “Juno”, “Senhores do Crime”, “Na Natureza Selvagem” e até mesmo “Onde os Fracos não têm Vez” saíram catando indicações, desde as mais importantes até as que menos se esperava.

Mas, uma das marcas da violência anual que Hollywood impõe a sua indústria continua presente: a mesmice. Favoritos como “Onde Os Fracos...” saem fazendo a rapa no carecas dourados e ganham mais destaque em sua caixinha de DVDs: vencedor de tantos Oscars. Mas merecia tudo isso?

Não sei. Infelizmente não vi muitos filmes como de costume e minha opinião seria no mínimo tendenciosa e isso nunca é bom, gostos tem que ficar a parte quando você fala de algo maior, senão você é capaz de fazer um comentário, como o que ouvi em uma exposição de arte, em que um professor parou em frente a um quadro do Rembrandt e disse: “Esse é um Rembrandt, e Rembrandt é Rembrandt né?”.

Mas após a premiação dá para se falar algumas coisas:

Finalmente os irmãos Coen não tiveram nenhum grande filme contra seu estilo de filmar e seus personagens únicos. Javier Bardem finalmente teve o mínimo de reconhecimento artístico – talvez seja um dos melhores atores que vi atuando nesses últimos dez anos. Não acredita? Aponte um filme em que ele esteja mais ou menos?

Infelizmente não foi dessa vez que um talentoso Mr. Aderson (Paul Thomas no caso) não levou algumas estatuetas para a sua casa, mas como sempre, um dos seus atores em ação levou algum prêmio, no caso um pai de santo, Daniel Day-Lewis (segundo Oscar, o primeiro foi por “Meu Pé Esquerdo”), que eu carinhosamente chamo de “monstro” ou o “favorito sempre”.

Outro grande vencedor, mas que não ganha tanto destaque por ser um filme de ação – ou como ridiculamente insistiu José Wilker em seus comentários direcionados: “um filme barulhento” – é o filme que encerra – será? – a saga do desmemoriado Jason Bourne, em o “Ultimato Bourne”, vencedor de três categorias técnicas.

E surpresas houve? Claro que sim e duas delas ao biográfico filme francês que retrata a vida da sensacional cantora Edith Piaff: melhor maquiagem – destroçando o favoritismo de “Piratas do Caribe” – e melhor atriz, detonando a instabilidade que existia na categoria.

E outra mulher desfez de todas as previsões de adivinhos e se tornou mais uma vencedora do prêmio mais cobiçado do cinema: a andrógena Tilda Swinton por, dizem, seu excelente trabalho em “Conduta de Risco”.

Após o anúncio de Denzel Washington - outro que passou limpo este ano, mesmo tendo feito um excelente trabalho em "O Gangster", dizem - de quem vencera a categoria mais importante de todas - a de melhor filme - uma pergunta não quis calar em minha cabeça: será que daqui a alguns anos Hollywood será conhecida como a terra em que os fortes não têm mais vez?

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