!!Duro de Matar 4.0 ou... Yippee Ki Yay Mother Fucker!! por Rod Castro

1 de out. de 2007

Se você pudesse entrar em uma máquina do tempo, regredisse quase duas décadas e entrasse em um cinema do centro de Manaus em uma sexta-feira, encontraria o seguinte cenário: muitas filas, pipoqueiros ao redor das pessoas e, se o filme fosse de ação, com certeza veria Arnold Schwarzenneger, Sylvester Stallone ou – isso mais para o fim da década de oitenta – Jean-Claude Van Damme.

Então foi com certo estranhamento que em uma sexta-feira, sentado na escadaria do cinema 02, também conhecido como Cantinflas, que me deparei com um cara comum e quase careca, que havia viajado para encontrar sua esposa em uma daquelas festas de final de ano chatas e acabou participando de uma aventura irresponsável: lutar sozinho – e descalço - contra terroristas armados até o pescoço.

Ao final daquela maluquice, enquanto as pessoas pediam para que eu me afastasse para subirem ao hall de entrada do cinema, percebi que duas coisas mudariam na escola de se fazer filmes de ação com personagens masculinos: não era preciso fazer parte de tríade imbatível de brucutus para empolgar o ser macho no escurinho do cinema.

E o carequinha, que se feria, se rasgava, sangrava, gritava de dor, contava piadas enquanto levava bordoadas e mesmo assim derrotava os mais perversos vilões, conquistava de forma sincera boa parte das mulheres que assistiam ao filme que se tornava a revelação daquele ano de 1988, “Duro de Matar”.
Depois de John McClane, a vida de Bruce Willis alcançou degraus nunca antes galgados. E olha que nesse tempo ele já tinha conquistado a admiração da ala feminina e a simpatia dos machões por seu personagem canastrão David Addison Jr., da série de televisão – que passava na TV Globo aos domingos entre os anos de 1986 a 1989 – “A Gata e o Rato”, com Cybill Shepherd.

Pois bem, quase vinte anos se passaram. Mais dois filmes da série “Duro de Matar” foram feitos. E apesar de ter conseguido boas bilheterias o gostinho de inusitado não fazia mais parte da franquia que foi a responsável pela criação não só de um ícone, mas de uma marca que levava multidões aos cinemas e fãs ao delírio.

Aqui um parêntese: o maior responsável por todo este sucesso com certeza é Bruce. O alemão – é ele não é americano – que topou fazer um filme que dezenas de astros de TV de hoje em dia não teriam o mínimo de coragem. E melhor: de tão bem feito era o seu trabalho, você não conseguia ver o astro em ação, mas sim o detetive John McClane.

O tempo passou e após dezenas de tentativas frustradas, Willis jogou mais de quinze roteiros fora depois dos atentados de 11 de setembro, em 2007 mais um filme da série estréia nas salas de cinema. A pergunta que qualquer fã faz é: “E?”. E que o filme é muito bom. Tão surpreendente quanto sua primeira parte.

E a quem se deve este grande resultado? O diretor/roteirista Len Wiseman, responsável pela série de vampiros e lobisomens “Anjos da Noite” - a primeira parte é meiote, já a segunda merece respeito - com a bela Kate Beckinsale, não se empolgue que ela é esposa do diretor.


Com Wiseman no comando, “Duro de Matar” ganha takes inovadores, diálogos engraçados, personagens secundários novos – tanto o hacker quanto a filha de McClane – que põem mais lenha na fogueira para filmes futuros e o principal: um diretor que rende uma sincera e movimentada homenagem a um personagem que fazia sua alegria durante a adolescência.

Antes de assistir ao filme faça uma lista e a cada cena vá marcando com uma caneta ou com risos de satisfação, pois está tudo lá, exagerado e barulhento como tem que ser: vigor, descontração, criatividade, explosões, tiros, batidas de carro, os adversários mortais que no final levam a maior peia de McClane e muitas, muitas mentiras.

Só resta dizer uma coisa e com um grande sorriso no rosto: Yippee Ki Yay mailto:MotherF@#$%r! (até isso tem!). Nota 8,5!

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