Já pra locadora rapaz! Dicas de DVDs/Blu-Ray! por Rod Castro

26 de out. de 2011


Sumi. Tanta coisa acontecendo que acabei sumindo. Vi alguns filmes que merecem comentários e outros nem tanto, mas o que interessa é registrar, certo?

Vamos começar por DVD/Blu-Ray?
 Intermediario.com (de George Gallo)
Sabe aquela forma que tanto eu quanto você tem de pagar nossas contas de forma segura pela internet? Foi criada por um ex-estagiário da NASA e um faz nada da vida. Isso é sério. Como assim? Simples, eles tiveram a brilhante ideia de por pornografia na internet e cobrar para que você tivesse acesso. 

Esse código para compra – feita por cartão de crédito – acaba rendendo uma boa grana para a dupla, que perdeu o freio da gastança e também esqueceu da grana emprestada – de mafiosos russos – e não devolvida. Resultado: eles contam com a ajuda de um profissional, o tal intermediário, um cara que pode fazer o “meio-campo”. 

O filme é intenso no seu início, vai caindo até se tornar uma perda da meada ao completo. Não é ruim, mas para o que promete... uma imagem para você captar: é um tiro de espoleta desferido por uma escopeta. Nota 6,0.


Biutiful (de Alejandro González Iñárritu)
Logo na primeira linha uma afirmação que pode balançar você: este é o filme mais fraco, entre todos, já feitos pelo mexicano Iñárritu. E olha que temos a primeira parceria feita entre ele e o excelente ator Javier Bardem, este sim, como sempre, perfeito no papel de um homem perturbado pelo mundo que o cerca.

De um lado ele tem sua mulher: louca, bêbada, daquelas que sai e deixa os filhos com o pai; do outro tem seu emprego, que na verdade é uma sucessão de bicos reunidos – uma espécie de encaminhador de espíritos e um arranjador de produtos usados - e que não juntam um salário digno.

Dentro desta história principal temos outras que cerca o personagem de Bardem: os filhos praticamente abandonados – o garotinho que faz o papel de filho, Mateo, o ator mirim Guillermo Estrella, é sensacional – os principais clientes dele, sejam os africanos ilegais ou os chineses/coreanos, que vivem de trabalho escravo.
O filme se perde, não leva a reflexão e perde muito no roteiro nada coeso. Nota 6,5.


Sem Limites (de Neil Burger)
Em 2006 Neil Burger pôs seu filme, tão comentando pela crítica, entre um dos mais execrados por este escriba. “O Ilusionista”, com Edward Norton no papel principal, era um filme que tinha tudo o que “O Grande Truque”, de Christopher Nolan, não possuía: pretensão artística.

A comparação fez com que o Neil se tornasse um cara deixado a esmo por mim. Mas assim que li as primeiras críticas e entrevistas sobre “Sem Limites” me interessei de primeira. Assim que o filme saiu em DVD/Blu-Ray, tratei de aluga-lo.

Bom filme, muito bom filme. Divertido, faz pensar, traz a memória as histórias contadas em vários episódios do finado e saudoso “Além da imaginação”. Por esta descrição você deve pensar que o filme é complicado, mas não, pelo contrário.

Um escritor, interpretado pelo competente Bradley Cooper, se encontra em crise criativa e a pressão para que seu novo livro saia, só colabora mais ainda para seu atual estado: sem namorada, sem vida social, se m interesse por nada.

Até que... Ele encontra, na rua, se ex-cunhado, que lhe passa uma pílula que “está sendo testada” e faz com que o seu cérebro funcione em quase 90% da sua capacidade. A partir daqui o filme se torna outro. E é óbvio que ele fará o livro, pegará o maior número de mulheres possíveis, até retornar com a sua ex, a que o deixou no início do filme.

E cada minuto que se passa mais novos desafios são traçados e obviamente realizados com maestria, até que ele acaba dando uma passada além do que sua perna permite. Aqui eu paro e deixo você assistir e tirar suas próprias lições sobre um assunto: a ganância. Nota 7,5.


A Grande Virada (de John Wells)
Um filme atual. A crise que ronda os EUA e seus cidadãos que mais ganham dinheiro. Simples assim. Mas há muito mais neste filme do que resume esta primeira linha. A Grande Virada foi escrito e dirigido por John Wells, isso por si só já diz muito.

No cinema o nome não quer dizer muito, mas na TV americana traz qualidade. Ele foi roteirista de vários programas de sucesso, boa parte deles com muitos personagens em cena. São dele roteiros de séries como “West Wing” e “Plantão Médico”.

Neste drama acompanharemos a falência de uma gigante empresa de montagem de barcos e portos. As demissões têm início nos primeiros minutos do filme e vão tomando conta de boa parte dos personagens que nos são apresentados: Bem Affleck é o típico americano que não dá o braço a torcer quanto sua situação de desempregado; Chris Cooper praticamente rasteja pelo seu emprego, já que não tem mais idade ou muito menos conhecimento para entrar no mercado; e Tommy Lee Jones é o chefe de todos, com certeza o último a ser demitido e que briga, a cada dispensa, para que seus companheiros continuem empregados, na empresa em que estavam ou em outra.

O filme é bom, tem a dose certa. Possui diálogos interessantes e chega a um final correto, mas sem ser piegas. Pena que não ganhou o cartaz que merecesse, dê uma conferida que vale a pena. Nota 8,0.


Reencontrando a Felicidade (de John Cameron Mitchel)
Baseado em uma peça teatral de David Lindsay-Abaire, que também escreve o roteiro do filme, este drama passa por dezenas de sensações, quase todas elas angustiantes para quem o assiste, ainda mais se a pessoa já for pai ou mãe.

A história do casal que perde o filho e perde o rumo da vida é até mesmo comum no cinema e no teatro. Mas a forma como esta situação é trabalhada em Reencontrando a Felicidade é diferente. O primeiro diferencial está na seguinte situação: o pai é o mais afetado sentimentalmente pela perda, enquanto a mãe tenta a qualquer custo, de forma mais racional, levar a vida normalmente.

Os dois personagens principais são vividos por atores competentes e que não se deixam levar pela armadilha das caretas ou do exagero. Tanto Aaron Eckhart quanto Nicole Kidman, consegue passar no olhar e em atitudes físicas o que sentem de verdade por dentro. O filme tem uma virada proporcionada ao personagem de Nicole que ao contrário do que parece, acaba por somar a história. Bom filme, melhor ainda que não caiu no melodrama. Nota: 8,0.


O Assassino em Mim (de Michael Winterbottom)
Assisti somente a dois filmes, sempre polêmicos ou com críticas que põe em cheque o raciocínio do autor, do diretor inglês Michael Winterbottom: o ótimo “A Festa Nunca Termina” e o docudrama “Caminho Para Guatánamo”. 

Nos dois há o exercício da câmera presente e fisicamente presente: ele mostra que aquilo é um filme e os personagens parecem perceber isto desde o início. Pois neste drama/policial/noir “O Assassino Em Mim”, esta presença do real se fantasia na loucura que é o pensamento do personagem.

Por outras vezes, somos apresentados aos seus pensamentos no recurso mais usado, no já falado estilo Noir de se fazer filmes: locução Off. Ali sabemos o que realmente ocorre na mente insana, ou seria traumatizada, do principal personagem, vivido por um calmo, porém assustador, Casey Affleck: o ajudante do xerife, Lou Ford.

Logo no início percebemos que há algo de errado na fala mansa e talvez até inocente de Lou. Sua primeira missão, como ajudante, é mandar embora uma prostituta – bom papel de Jessica Alba – para fora da cidade, motivo: ela é a amante do filho, que está noivo, do dono da cidade. É óbvio que eles vão se apaixonar, falo de Lou e da prostituta. Mas este amor é marcado de violência, desde o início, até o surreal final.

No meio desta trama há: o Xerife que jura conhecer Lou; a amante de Lou, não a prostituta, mas uma moça mais soltinha da cidade, interpretada de forma voluptuosa por Kate Hudson; o dono da cidade que enlouquece com a virada proporcionada pela mente doentia de Lou; e o promotor da cidade que sabe e percebe o plano arquitetado e faz um revide inesperado.

Pela violência proposta pelo personagem de Affleck na sua relação coma as mulheres que o cercam, este “O Assassino em Mim” ganhou o repúdio de muitos meios de comunicação. O filme merece repúdio pelo seu personagem, mas não pelo filme em si, ou pelo trabalho, muito acima da média de Affleck – de novo, é só lembrar o que ele fez no subestimado “O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” – mas pelo que ocorre na trama, homem que bate em mulher, mesmo por um trauma ou uma má compreensão do que lhe ocorre quando criança tem que ser tratado e não deixado livre para continuar com suas atrocidades. Bom filme, mas é preciso sangue frio. Nota 8,0.

2 comentários:

Igor Guerreiro disse...

Destes filmes, Killer inside Me e Limitless são ótimos. Eu os recomendo.

Rod Castro disse...

Também gosto de ambos e ver a Kate Hudson mais cheinha e gostosíssima é um filme por si só!