"Não Tenha Medo do Escuro" de Troy Nixon - texto de Marcus Vinícius Pessoa

25 de out. de 2011


 "Não tenha medo do escuro" é o mais novo filme assinado pelo mexicano Guillermo Del Toro, desta vez como produtor e co-roteirista. Mesmo tratando-se de um remake do homônimo da década de 70, Del Toro conseguiu dar seu toque pessoal ao filme,  introduzindo  no roteiro um personagem infantil com sérios problemas psicológicos. 

Impossível não associar com obras recentes do cineasta como "O Labirinto do Fauno" e "O orfanato",  e de fato Del Toro tentou recriar a mesma atmosfera de seus filmes anteriores, mas foi aí que o mexicano errou a mão. A começar pelo idioma, já que "Não tenha medo do escuro" é uma produção Americana, e  querendo ou não a ausência do vocabulário espanhol e outros elemento narrativos fazem falta ao filme, principalmente para quem acompanha e conhece o trabalho do diretor. 

Fica claro que o inglês não funciona tão bem para justificar os eventos fantásticos característicos da obra de Del Toro, basta lembrar de algumas passagens de "O Orfanato" para ter certeza disso. Un, dos, três, toca La pared! A sensação de vazio dura o filme todo. 

O elenco é encabeçado por Kate Holmes que não convence como madrasta, Guy Pearce no papel de pai, e a excelente Bailee Madson  que interpreta a atormentada Sally e acaba sendo o grande destaque do filme.  

O prólogo da história nos mostra  um atormentando artista plástico do século passado sendo arrastado para as profundezas do porão de sua casa ao tentar recuperar seu filho supostamente levado por criaturas que vivem ali. Já no presente, acompanhamos a pequena Sally chegando na mesma casa para morar com seu pai e sua jovem esposa. 

Confinada em um ambiente estranho e perturbada pelas mudanças, Sally não demora para descobrir e começar a interagir com as criaturas do porão. Mas o que começou como uma brincadeira aos poucos torna-se algo perigoso e aterrorizante, já que as intenções dos monstrinhos não são boas. Nesse ponto o filme entra na parte em que a criança tenta provar de todas as formas possíveis que há algo errado na casa, mas nenhum adulto acredita, o que acaba tornando o roteiro cansativo com a repetição da situação inúmeras vezes, tendo poucos e pontuais momentos de terror. O filme melhora no seu clímax, quando a verdade vem a tona e as criaturas finalmente mostram suas garras, mas o final não surpreende nem empolga. 

No fim das contas "Não tenha medo do escuro" não chega a ser um total desperdício, mas o enredo poderia ter sido melhor aproveitado. Vale pela atuação de Bailee Madson e pela ambientação da casa que claramente tem o toque de Del Toro, mesmo que timidamente.

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