2 de dez. de 2010

Agora os dez mais desta última década!

10 – Vermelho Como o Céu (2006):

Explicar o cinema é algo que a própria mídia tenta há anos. No cinema italiano essa temática é um pouco mais freqüente do que nos demais cinemas mundiais. A diferença passa pela emoção, como o clássico “Cinema Paradiso” já o fez.

Em “Vermelho como o Céu” não é diferente. Uma das maiores homenagens ao som do cinema: garotos cegos de uma escola repressiva acabam se realizando através da experiência que somente o cinema pode dispensar.

Uma homenagem a inocência, a irmandade, as verdadeiras amizades e no querer fazer diferente. Prepare o lenço e não tenha vergonha, afinal, cinema é emoção.

09 – O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003):

Em 2002 “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions” chegaram aos cinemas com crédito e fãs de sobra. O último filme decepcionou, frustrou milhões de fãs que acreditavam poder assistir a algo tão poderoso quanto foi a trilogia de “O Poderoso Chefão”.

Esta possibilidade ficou para o ano seguinte, quando Peter Jackson levou para os cinemas a sua versão da última parte de sua trilogia baseada na obra de J.R.Tolkien. A plateia vibrava, os atores se divertiam e por mais de dois anos o mundo virou refém das estréias de final de ano, mas sem Frodo e seus companheiros de aventura da Terra Média. Feliz final cinematográfico para uma obra que tantas vezes foi chamada de impossível de ser adaptada para o cinema.


08 – O Grande Truque (2006):

“Amnésia”. “Insônia”, “Batman Beggins”. Uma adaptação de um conto. Outra de um filme sueco. E uma readaptação de um mito para os anos 2000. Nolan precisava de algo seu, mesmo que contasse com a ajuda do irmão/parceiro das obras anteriores.

“O Grande Truque” é um desafio, tanto para o diretor quanto para os espectadores. São tantas nuances, tantos aspectos e possibilidades que é impossível assistir ao filme mais uma vez e não perceber algo novo.Traz a mente a mesma sensação de quando você assiste ao mesmo espetáculo de um mágico e vê o truque da noite de uma forma diferente, mas ainda espetacular como da primeira vez.

07 – O Lutador (2008):

Darren Aronofsky consegue vender mentira como realidade.

Ele traz algo de verdade em suas obras que faz com que as pessoas se sintam dentro da história contada, como se fossem um personagem e não meros observadores. Não é somente um estilo de fazer filmes, tem isso, mas é muito mais.

É a vontade de contar algo único, de forma tocante, com personagens reais em histórias comuns, mas que se tornam impactantes pelo jeito com que ele narra imageticamente. Não há exageros em o “Lutador” um grande contraste com o personagem escolhido, um lutador de luta livre – que sempre ensaia suas lutas.

Não há como deixar passar uma atuação como a de Rourke no papel de Randy. Não há como conter as lágrimas ao final do filme.

06 – O Jardineiro Fiel (2005):

“X-Men 3”, a nova franquia de “James Bond” e mais um filme de imenso orçamento - dizem que o novo Batman, que seria de Nolan.

Três projetos oferecidos ao mesmo diretor, no caso, Fernando Meirelles - por cima após ter feito "Cidade de Deus". O que ele faz? Escolhe a adaptação de um consagrado livro de um dos autores mais difíceis de lidar no mundo: “O Jardineiro Fiel, de John le Carrè”.

Denso, fiel ao argumento original, dono de atuações poderosas e repleto de viradas calculadamente realizadas. Não é a toa que Meirelles escolheu o projeto, as possibilidades oferecidas ao diretor e ao público eram irrecusáveis.

Mesmo depois de 05 anos, rever “O Jardineiro Fiel” é sofrer o seu duro impacto, mesmo com uma cena tão bonita como a dos meninos que correm atrás da câmera. Reflexivo e emocionante.

05 – Bastardos Inglórios (2009):

O único filme de Quentin presente na lista. Mas acredite: “Kill Bill Vol. II” por muito pouco não teve seu espaço aqui. A recompensa vem em forma de insanidade - : já cometida nos dois volumes de kung-fu do queixada; ganha forma com personagens históricos retratados de forma exagerada em um roteiro peculiarmente realizado com total originalidade; e tem o famoso personagem Tarantinesco - falastrão e visivelmente perigoso - Hans Landa, o caçador de judeus.

Como o diretor mesmo fala, através de seu personagem principal, em seu já manjado take-assinatura: está é a sua obra-prima.

04 – Filhos da Esperança (2006):

Depois de dois filmes nos EUA, o mexicano Alfonso Cuarón largou a América e voltou para sua terra. Ali rodou o excelente “E Sua Mãe Também”, concorreu a dois Oscars – roteiro e filme estrangeiro – e em seguida retornou triunfante ao mercado que o subestimou, com o terceiro capítulo da série Harry Potter – inebriando o universo infantil e colorido do pequeno mágico, em “O Prisioneiro de Azhaban”.

Pronto, ele podia fazer o que quisesse, até realizar uma obra dita inadaptável, a ficção cientifica apocalíptica, “Filhos da Esperança”. Na história, por alguma razão as mulheres não conseguem mais engravidar – será? – e o último ser humano mais novo do mundo acaba de ser assassinado.

A história começa daí, passa por três espetaculares planos-sequência e chega a um final emocionante e memorável. Talvez o filme mais subestimado da década, mas isso o dignifica para se tornar o que já é: cult.

03 – Cidade de Deus (2002):

Um japonês (“Os Sete Samurais”). Um italiano, com produção americana (“Três Homens em Conflito”). Um brasileiro, “Cidade De Deus”. Estes são os únicos “estrangeiros” presentes na lista dos 250 melhores filmes de todos os tempos segundo o IMDB – lista feita por avaliação do público na internet.

Se formos levar em consideração somente os filmes dos anos 2000, apenas “A Origem”, “O Cavaleiro das Trevas” e “O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei” fazem companhia ao filme de Meirelles. Em tempo em que o Rio de Janeiro finalmente combate o tráfico e vence, nada como entender como a história começou.

Modernamente clássico, ou você tem dúvidas de que uma frase como “Dadinho é o caralho, meu nome agora é Zé Pequeno, porra.” não tem a mesma expressão para a história do cinema atual que “Rosebud”?

02 – Batman, O Cavaleiro das Trevas (2008):

Este filme nada mais é do que uma experiência de Nolan. Ele misturou o novo com o clásico e deu dois passos adiante, construindo um novo cinema, não só moderno, mas histórico.

Veja o elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Heath Ledger, Morgan Freeman, Maggie Gyllenhall e Michael Kane. Veja a montagem: construção elementar de um personagem perigoso que tem sua presença marcada por um som (“Psicose?”).

Note o momento da virada brutal e confrontadora entre os dois personagens principais do filme, com direito a comparações ideológicas e possíveis traições de contexto (“O Poderoso Chefão 2”?) e antes do fim: perceba que um filme dramático fabuloso foi embalado como blockbuster serial para consumo regado a pipoca e refrigerante. Como se Nolan perguntasse aos críticos: “Why so serious, aaaa?”.

01 – Sangue Negro (2009):

Se Nolan, agora a pouco, orquestrou a modernização do estilo trabalhado por Coppola em “Batman, O Cavaleiro das Trevas”, Paul Thomas Anderson mexeu em um vespeiro maior: “Cidadão Kane” de Orson Welles.

Sei que comparações estragam conceitos, mas é impossível ver a figura excêntrica de Daniel Plainview, o imperador do petróleo e não se lembrar de Foster Kane, o imperador da mídia.

A diferença passa pela condução magistral de Anderson, assim como a atuação de Daniel Day-Lewis, que era muito melhor que Welles, muito melhor mesmo. Este é o papel derradeiro do inglês e olha que estamos falando de um ator que fez Christy Brown de “Meu Pé Esquerdo” e Bill, O Açougueiro de “Gangues de N. Y.”.

Denso como petróleo e com a atuação mais inflamável dos anos 2000. O filme que não pode deixar de ser visto durante os próximos dez anos.

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