!!Parece notícia velha, mas não é: Invictus é um dos melhores trabalhos de Eastwood!!

8 de nov. de 2010

Poucos anos após dois posts distintos, deparo-me com duas situações que já se tornaram artigos das antigas aqui do “A Sétima”: um diretor com idade avançada insiste em produzir bons filmes e mais que isso, ele faz, mais outra vez, um dos melhores filmes de esporte.

A semelhança entre Antonionni, Bergman e Eastwood não parece tão dispare como alguns tradicionalistas poderiam assinalar. É impossível contestar a competência do ex-carrancudo por detrás das câmeras. Quem com mais de 70 anos, no cinema americano atual, consegue soltar um filme por ano e com competência? O Sidney Lumet, quem mais?

Lógico que há, mas como não estou com tempo para “Googlar” deixo a informação para a sua pesquisa. Mas o importante da comparação é a palavra: competência. Eastwood entrega seus filmes com algo a mais sempre, mesmo que eles não sejam tão bons quanto parecem como os superestimados “Sobre Meninos e Lobos”, “A Conquista da Honra” e “Cartas de Iwo Jima”.

Mas o que falar de filmes sensacionais como “Os Imperdoáveis”, “Menina de Ouro”, “A Troca” e por último, mas não derradeiro “Invictus”? São filmes que apostam na história, nos atores e na direção - perante as pessoas de produção algo feito com leveza, mas que passa a impressão de firmeza a quem assiste ao espetáculo em tela grande.

Sim, ele fez um dos melhores filmes sobre esporte, desde Rocky. “Menina de Ouro” é um espetáculo a parte, principalmente por sua atriz principal e seu coadjuvante. Assim como roteiro corajoso, mas a construção realizada por detrás das câmeras é minuciosa e conquista o espectador a cada novo capítulo da história da moça que insiste em entrar no palco sagrado do esporte de combate, território marcado por machos.

Clint investe na simplicidade. Não aposta na resolução fácil, mas encaminha seus filmes para o final provável com maestria e isso o difere de centenas de cineastas do mundo todo.

Em “Invictus” não é diferente: na cena inicial ele localiza o espectador na área de conflito – racial e cultural somente mostrando que um campo de treino de Rugby – praticado por brancos - fica de frente a um campo de terra batida - em que negros jogam sem compromisso – em plena África do Sul.

Também permeia o mesmo caminho de conflito de ideais: um Presidente (Mandela) negro chega finalmente ao poder – uma atuação primorosa de Morgan Freeman – e ao contrário do que a maioria dos brancos e do que os que o escolheram para o trabalho, os negros, pensam, ele chega para agregar e não destituir – a cena em que ele assume o gabinete e chama todos os brancos para compor o Governo faz paralelo com a cena em que os negros tentam tomar conta da Confederação de Rugby.

A outra metade do fio de construção da trama passa por um branco – assim como em “Menina” ele traz um especialista na modalidade para ajudar quem prega o bom numa conquista maior que o esporte parece permitir – o capitão do time de Rugby, encarnado pelo sempre competente Matt Damon.

A trama gira em torno de alguns dias em que ocorrerá a Copa do Mundo de Rugby na África do Sul. Nela veremos como Mandela conseguiu romper as diferenças enraizadas entre brancos e negros e tomou para si um dos símbolos da conquista branca em seu território e o tornou algo do seu país com ações desafiadoras, mas simples, lidando com os assuntos como uma líder deve lidar, com paixão, mas razão.

A produção aposta na câmera real, assim como Oliver Stone o fez em “Um Domingo Qualquer”. Jogadores reais do time de Rugby da África colaboraram do início ao fim do projeto e fizeram o possível para que os jogos tivessem o máximo de realidade.

Um filme para ser visto. Apreciado e principalmente: reverenciado. É um trabalho emocionante, vivo e que faz jus ao esforço da equipe em realizar mais um filmaço com o selo de qualidade Eastwood. Que muitos outros cheguem às telas, longa vida ao Dirty! Nota 9,0!

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