!!E o Oscar? “Amor Sem Escalas”, “Preciosa” e “Guerra Ao Terror”!! Por Rod Castro!

5 de mar. de 2010

O Oscar está aí, ainda não vi todos os filmes que estão concorrendo este ano. A situação piora ainda mais quando a academia acaba escolhendo 10 e não mais os 5 de todos os últimos 20 anos ou senão mais.

Dos filmes deste ano, que concorrem ao prêmio principal, só não assisti a “Um Sonho Impossível”, “Educação” e “Um Homem Sério”. Dos 3, somente o último realmente tenho vontade de ver, os outros dois poderiam ter dado espaço a filmes bem melhores como “Sede de Sangue”, “Deixe Ela Entrar”, “A Estrada” e até mesmo “Onde Vivem os Monstros”.

Ainda entre os listados, não consigo entender a indicação de “Up, Altas Aventuras” já que o mesmo concorre na categoria de melhor animação, assim como “Amor Sem Escalas”, um filme mediano e que só pode ter uma explicação para tanta celeuma: Jason Reitman deve ter fotos de executivos de grandes estúdios fazendo coisas escabrosas.

Mas vamos as resenhas desses três candidatos? Do mais fraco ao mais interessante, simbá!

“Amor Sem Escalas” – Reitman fez um excelente filme em 2005, intitulado “Obrigado Por Fumar”, uma comédia de humor negro que mostrava o que realmente estava por trás do hábito dos milhões de consumidores de nicotina mundo afora. O filme ganhou, hoje em dia, status de Cult e infelizmente passou reto em várias premiações importantes.

Como sempre, o Oscar corre atrás do prejuízo e o indicou pelo mediano, talvez até regular, “Juno”, um filme qualquer que passaria na Sessão da Tarde e ninguém notaria. Mas o Oscar transformou-o no filme mais original do ano de sua exibição – mistificando a sua roteirista Diablo Cody como a nova esperança do cinema moderno/feminino.

Pois agora a dose se repete. Em um filme mais ou menos, com algumas poucas cenas interessantes, um personagem que poderia ter rendido mais – o do Clooney – e duas atrizes de apoio que foram indicadas, mas que não fazem o que um artista coadjuvante tem que fazer: roubar as cenas do seu principal.

A história mostra a vida de um sujeito que passa sua carreira a demitir pessoas por todo os EUA. Ele passa mais tempo nos aeroportos e no ar do que em casa ou perto de seus familiares. Seu lado mais humano aflora quando ele cruza o caminho de uma outra pessoa como ele, mas de saias – a linda Vera Farminga – e ganha praticamente uma jovem auxiliar – a interessante Anna Kendrick - que na verdade deseja encerrar com as viagens dos funcionários da empresa em que ela e Clooney trabalham.

Filme comum, mais uma vez, que ganha status de cool por algum motivo o qual não entendo. Nota 7,5.

“Preciosa” – Já havia assistido ao primeiro trabalho de Lee Daniels como diretor: o mais ou menos “Matadores de Aluguel” (com Helen Mirren e Cuba Gooding Jr.). Também vi um dos filmes que ele produziu: o subestimado “O Lenhador”. Pois este novo trabalho de Daniels, indicado ao Oscar como melhor diretor, é tão forte quanto qualquer filme indicado para este ano.

“Preciosa” é um filme mais que forte, é um filme realista. Tem a sua riqueza residente em um texto duro, atuações magistrais e uma direção de arte detalhada. A historia, assim como a do filme anterior, acompanha a vida de um personagem principal: Preciosa – a estreante Gabourey Sidibe que faz o papel na medida certa. Uma jovem que espera seu segundo filho – a primeira tem deficiência mental – fruto de relações/estupros praticadas pelo próprio pai e que vive com a sua mãe – uma interpretação arrebatadora da atriz Mo´Nique (talvez a maior barbada do Oscar deste ano, assim como Christoph Waltz por “Bastardos Inglórios).

Direção simples. Roteiro enxuto. Interpretações viscerais. Fotografia inovadora e por vezes empolgante. Com todos esses créditos é impossível não ver algum dos envolvidos com o projeto, veteranos ou não, habilmente possibilitados a tocar novos e poderosos filmes como este nos próximos anos.

Bom filme. Merecia mais sorte, pegou um ano atípico. Nota 8,5.

“Guerra Ao Terror” – Se há uma aposta que eu gostaria de fazer neste Oscar seria em Kathryn Bigelow. A diretora, ex-pintora, grandona (1,82m), quase sessentona e que foi mulher do outro indicado James Cameron (por dois anos), sempre foi bem quista por este redator.

Os motivos variam: ela é mulher e faz filmes de ação. Ela é mulher e quase sempre dirige marmanjos e até mesmo grandes astros, como se fosse só mais um do bando. Em seu currículo há trabalhos como: o divertido videoclipe de “Touched By The Hand Of God” do New Order; um dos filmes mais subestimados da década de 90 “Caçadores de Emoção” (dos surfistas assaltantes, com Patrick Swayze e Keanu Reeves); a subestimada ficção cientifica com sacadas interessantes “Strange Days” (com Ralph Fiennes); o interessante drama “O Peso da Água” (com Sean Penn); o drama de guerra “K-19, The Widowmaker” (com Harrison Ford).

“Guerra Ao Terror” é um filme que compreende bem o contexto em que os EUA forçosamente inseriu-se em todo o globo: mostra o dia a dia de uma companhia no Iraque. No filme acompanhamos uma equipe de soldados que vivem desmontando bombas deixadas a esmo por este gigante campo de batalha.

O filme é repleto de excelentes cenas de ação. Tem roteiro simples: logo no início do filme há uma baixa – o desmontador de bombas da companhia morre – e um novo desmontador chega para dar continuidade aos trabalhos (interpretado pelo excelente Jeremy Renner). É isso.

Todo dia é um dia cheio de desafios: da língua, do local apto para esconderijos, da população visivelmente revoltada com a situação em que seu país se encontra e dos soldados longe de suas famílias. Um filme é cru. Trabalha as relações de forma natural, tem uma fotografia sensacional, uma direção de arte dedicada e um punho firme da diretora que em nenhum momento tenta transformar seu “herói” em exemplo. Ele é um ser humano como os demais, que não suporta o calor, que sabe que a qualquer momento pode morrer e que ao voltar para casa se sente um total estranho – mas dessa vez, sem sua adrenalina.

Muito bom filme. Pena que "Avatar" tenha feito mais dinheiro. Nota 9,0.

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