!!Como não fazer uma adaptação de HQs, ou: "Justiceiro" e "The Spirit"!! por Rod Castro

20 de mai. de 2009

“Justiceiro: Zona de Guerra”: É impressionante como alguns personagens não emplacam no cinema. O caso do Justiceiro (um sociopata e assassino de pilantras e mafiosos, personagem da Marvel Comics) é mais grave entre todos: um personagem bacana, que já teve três filmes, contando com esse, e que não consegue vingar.

Pelo contrário, parece que cada vez que o personagem surge na tela, um diretor inexperiente prefere contar a sua origem ao encaixá-lo em um mundo real, como se faz há tempos nos quadrinhos e que garante o sucesso do personagem na nona das artes – as HQs.

Dessa vez eles arranjaram um bom intérprete, mas o filme desanda na parte dos vilões, ridicularmente encarnado por dois atores sofríveis. As poucas sequências de ação salvam um pouco – a inicial na reunião de mafiosos, quando o Justiceiro surge na mesa do Capo é ao mesmo tempo louca e sanguinolenta, como sempre deveria ter sido.

Senão fosse pelos vilões e uma insistência em deixar certos ambientes coloridos, cores que na verdade acabam empobrecendo a adaptação, já que o personagem na verdade vive na escuridão, o filme seria bem melhor.

Pelo bom ator que chamaram para encarnar Castle e pelas boas cenas de ação, o filme merecia um roteiro um pouquinho melhor, Nota 5,5.

“Spirit”: Existe uma Santa Trindade entre os autores de quadrinhos. Ela é respeitada pelas suas obras que revolucionaram as HQs durante a década de 80 e 90, e tem a seguinte formação devido a genialidade:

(Pai ou o mais poderoso) Alan Moore - que finalmente ganhou o devido respeito em adaptações para cinema, com “Watchmen”. Mas que teve o infortúnio de ter suas outras obras-prima adaptadas de forma ridícula, como “Do Inferno” e “Liga Extraordinária”.

(Filho ou o revolucionário) Frank Miller – Teve um tempo que os quadrinhos de super heróis foram respeitados e boa parte desse sentimento se deve a Miller, que pegou uma revista da Marvel pronta pra ser cancelada – Demolidor – e a trasformou em um imenso sucesso. E assim seguiu por Batman Ano Um (revista que influenciou “Batman Begins” de Chris Nolan), Batman - O Cavaleiro das Trevas (que merece ser filmada) e seu trabalho independente em Sin City (que já virou filme e deve ganhar uma segunda parte qualquer dia desses).

(Espírito Santo ou o sonhador) Neil Gaiman – Se Miller pegou um personagem a beira do cancelamento e o revolucionou imagina o que falar de um cara que pegou um esquecido personagem da DC (Sandman) e conseguiu transformá-lo em uma experiência para a vida toda? No cinema, Gaiman adaptou a sua obra Máscara da Ilusão – dirigindo o filme –- e teve certo sucesso ao vender os dieritos de outra história que foi filmada em 3D, “Caroline”.

Bem, o “Filho” sempre quis ter ligação direta com o cinema – Miller já escreveu dois roteiros, que segundo ele, foram “deformados” por engravatados (“Robocop 2 e 3”) – e a sua grande chance surgiu com essa adaptação de Spirit – herói criado pelo mestre Will Eisner. O filme tinha tudo para dar certo, mas ganhou um roteiro tão fraco, tão fraco, que a única coisa boa do filme são as mulheres (Eva Mendes e Scarlett Johansson principalmente).

Talvez a influência de Robert Rodriguez – que adaptou Sin City pros cinemas – tenha definido o modo de trabalhar de Miller, mas o filme não merece o mínimo de respeito, apesar de às vezes ser bem engraçado. A construção dos personagens é ridícula, quase amadora. E Samuel L. Jackson como vilão ficou entre as piores atuações do ano.

Fraquinho para um Miller e para o espírito dos quadrinhos. Ainda bem que Eisner já está morto. Nota 6,0!!

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