!!Capitão América: O Primeiro Vingador!!

8 de ago. de 2011


Perdedores. Nerds. Aqueel tipo de gente a parte. Exatamente este tipo de gente que a Marvel Comics buscava como público. Se as pessoas se identificam com os personagens que os autores nos apresentam, como os adolescentes dos EUA e do mundo inteiro poderiam virar as costas a “pessoas” tão próximas?

A “sacada” de Stan Lee, Jack Kirby e tantos outros autores que faziam parte da Marvel Comics, naqueles anos de 2ª Guerra Mundial, era essa: trazer o “a parte” e incluí-lo em um mundo repleto de “maravilhas”, torna-lo especial, nem que fossem por exatas 21 páginas de ação contínuas.

Dava certo. Ô se dava. Foi assim com o rapaz que todos tiravam sarro, órfão e metido a cientista, Peter Parker, que mordido por uma aranha radioativa se tornou o “Homem Aranha”; também assim com o nerd cientista Reed Richards e sua “turma”, em o “Quarteto Fantástico”; ou com o verdadeiro cientista, mas que sofria de múltiplas personalidades Bruce Banner, que após ser radiado pela bomba gama, tornou-se o “Incrível Hulk”.

Mas em tempos de guerra, quando crianças viam seus pais saírem de casa e cruzarem o mundo para fazerem “justiça”, ou quando jovens rapazes se alistavam para levarem a “democracia” aos mais distantes confins, eis que a Marvel traça e desenvolve uma arma letal, para Hitler: Steve Rogers.

Jovem franzino, daqueles que apanham o tempo inteiro, no bairro ou no colégio. Mas que não desiste nunca e que por diversas vezes foi reprovado no exame de admissão no Exército Americano, o que faz mudar de bairro e estado de exame para exame, o famoso “vai que rola?”.

Após cruzar o caminho de um cientista alemão, que não concordava muito com os gritos de Hitler, Steve participa de uma experiência e se torna o maior invento da 2ª Guerra Mundial: o Capitão América. E assim como na história contada por Joe Simon (roteirista) e Jack Kirby (desenhista) nos quadrinhos, a Marvel Studios e o diretor Joe Johnston trazem este mito, para as telas do mundo inteiro, sem tirar sequer um ponto desta caracterização.

A diferença esta na parte autocrítica do argumento usado pela dupla Simon e Kirby: Steve sai de cena e o Capitão América na verdade é uma propaganda para que jovens se alistem cada vez mais no exército, mas a coisa não convence nos dias atuais, em que os jovens americanos se alistam no exército para pagar as contas ou brincarem de Counter Strike ao vivo.

Aqui entra a mão experiente, mas sem grandes invencionices, do diretor Joe Johnston. Ele faz de Steve e seu personagem uma anedota. Até que o personagem se note por detrás de tal situação e decida virar o jogo para resgatar um amigo – Bucky Rogers – é um pulo, mas bem trabalhado.

“Jumanji”, “Jurassic Park 3”, “Mar de Fogo” e “O Lobisomem”. O americano Joe Johston tem estes e mais outros filmes em seu currículo como diretor de cinema. Entre estes quatro, o melhor mesmo é a aventura-imaginativa-que-se-torna-real, “Jumanji”. Os outros três filmes são filmes de ação, mas que tem muitos problemas, principalmente o engodo intitulado “O Lobisomem”.

Mas Johnston não começou sua carreira dirigindo, seus primeiros trabalhos na indústria do cinema americano foram como: fazedor de efeitos visuais e em seguida diretor de arte da ILM de George Lucas. Trabalhou “apenas” em “Guerra nas Estrelas”, “O Império Contra-Ataca”, “ O Retorno de Jedi” e “Caçadores da Arca Perdida”.

O cuidado com que ele reconstrói os EUA e a Europa dos anos da Segunda Guerra Mundial é impecável. A conduta de como contar a história remete ao mesmo estilo e conteúdo mostrado por seu mestre Steven Spielberg no já citado “Caçadores da Arca Perdida”, as cenas de ação são menos impactantes que as do clássico da década de 80, mas não são de se jogar fora. Um trabalho honesto, como falava um antigo chefe que eu tive.

E se os EUA tinham o CA, os nazistas tinham o Caveira Vermelha. Um vilão tipicamente Marvel: mal ao extremo, rodeado de cientista maluco e ganancioso e que deseja não só dominar o mundo, mas se apossar de uma lenda, o Cubo Mágico. Falar mais, como descrever a briga entre o Caveira e o Capitão seria estragar surpresas. E estas merecem ser conferidas na telona.  

Mas aqui outra anotação mental. O que faz deste filme, com a marca dos Studios Marvel, um dos seus melhores produtos até hoje lançados nos cinemas? Dois fatores, ou melhor, dois nomes: Mark Millar e Chris Evans.  

Millar é um escocês maluco que deu início a sua carreira como roteirista de quadrinhos ainda nos anos 80. Na década seguinte começou a se destacar por contar histórias mais violentas e que revertiam o status quo de personagens icônicos – é dele a reformulação dos Vingadores nos quadrinhos da Marvel, os Ultimate.

E tudo o que Millar propôs está ganhando vida em tela grande. É até possível entender porque ele está se afastando da Marvel e criando o seu próprio universo de quadrinhos, chamado de “Millarworld” – de lá saiu outra famosa criação do escocês e que já virou cinema, “Kick Ass”. Quanto será que a Marvel não está repassando a ele por suas ideias já contadas em páginas, mas que rendem mais em imagens em movimento?

Já Chris Evans é um achado. Sim, porque ele já é conhecido, tanto do público em geral quanto pelo público de quadrinhos – foi o Tocha Humana do “Quarteto Fantástico” e um dos profissionais malucos de “Os Perdedores”. Aqui ele realmente se descaracteriza de todos os meandros que marcaram suas atuações e traz um lado humano e corajoso convincente ao franzino e depois robusto Steve Rogers. Excelente trabalho. 

Boa adaptação, muitos afirmam que este filme é na verdade um trailer para o dos "Vingadores", mas é bem mais que isso. Nota 8,5.

4 comentários:

CatWoman disse...

Dios! 8,5? Só valeu o trailer dos Vingadores depois dos créditos. Que roteiro tosco. Caveira é derrotado tão ridiculamente que passa batido e ele não consegue representar uma ameaça. Não tem uma parte tensa nesse filme, reparou? Nem envolvente, até o romance é bobo. Trama rasa e entediante.

Rod Castro disse...

Por partes dona Anne Hathaway: não chega nem a ser um trailler né? Tá mais para aquela "diquinha" que a Marvel dá a cada filme. O Caveira foi mesmo derrotado? Eu acho que não, ainda mais se lembrarmos da diquinha após os créditos de Thor. A tensão eu concordo, mas é o estilão que o filme propõem - apesar de agora pensando aqui, acho que a primeira vez que o Caveira surge em cena há sim um bom ponto de tensão. O romance, graças a Deus é bobo, acho que esse artífice já deu o que tinha que dar. Não achei tão raso a trama e pelo que vi na sala tédio não houve, pelo menos na minha sessão. Abraços!

Apollo Marcelo disse...

Da primeira vez que assiti esse filme não valorizei muito, assim de dizer q foi o melhor de todos tempos, até por que não sou muito fã do Capitão América, mas isso ja é outra questão. Fui e assisti novamente, prestando atenção em detalhes que antes não vi por estar sem muita paciência. Achei muito bom os gráficos, a forma que trabalharam no início do filme, um ator alto e forte no corpo magro, coisa de louco, as luzes batendo no rosto no mesmo tom de cor que o resto do corpo, as sombras impecáveis, tudo perfeito. Se não conhecesse o ator de outros longas nunca diria que aquilo foi manipulação de imagem.

Rod Castro disse...

Hehe. Tô falando, quem assistiu sem vontade, ou querendo que o filme lhe despertasse não gostou. O filme não é ação por ação, não tem um personagem engraçado ou charmoso - como o Tony Stark - mas é bem mais próximo as pessoas, normais. E nisso realmente a atuação do Chris Evans é um trunfo e até mesmo uma surpresa. Ah, o efeito usado para deixar o cara magrelo e pequeno é o mesmo usado para envelhecer e fragilizar o Brad Pitt em "O Curioso Caso de Benjamin Button".