!!A Sobra do Oscar: “Discurso do Rei”!!

10 de mar. de 2011


Agora o ano de 2011 começa né, povo brasileiro? Mas deixando o carnaval, que com o passar do ano se torna cada vez mais sacal, de lado, vamos ao que interessa: filmes e mais filmes. Dos que conferi para acompanhar o Oscar com mais afinco, três foram boas escolhas e me fez olhar o cinema de forma diferente, algo que sempre busco em uma exibição.

O primeiro deles é “O Discurso do Rei” de Tom Hooper

É engraçado passar os olhos pelos sites e blogs em que a porção fã aflora e notar o ódio e desprezo de certas pessoas para com o ótimo filme de Hooper. A maioria viúva de Fincher, Nolan e até mesmo Aronofsky.

O pior é notar certa má vontade para com o filme do “Rei Gago” ao ponto de vários desses críticos dizerem que o filme não presta sem ao menos tê-lo visto. A porção paixão toma conta das palavras e mais um bom filme produzido este ano, será tido como ruim, mesmo não tendo sido visto. Uma pena.

Principalmente porque Hooper faz um trabalho diferente do que se espera, explico: ao invés de “pompar” mais um fato que cerca a realeza de seu país, o diretor prefere humanizar o drama de um homem que é gago e deve tomar as rédeas do seu país em um momento em que grandes oradores tomam os microfones públicos mundiais, no caso, Hitler e Mussolini – praticamente dois atores dramáticos.

Outro fator interessante é notar que ele apóia sua narrativa em terceira pessoa sem a necessidade de um narrador, fato comum quando se encena algo “baseado em fatos reais” – as aspas não são a toa, o roteiro é original, foi baseado em pesquisa, mas as falas e ações foram criadas a partir duma possível história, com “H” mesmo. 

Mas o que mais diferencia o trabalho realizado por Hooper, vencedor do Oscar desse ano é um tripé: distanciamento, o olhar diferenciado e a encenação. Esses três fatores passam por algo que um diretor deve ser acima de tudo: um bom líder de equipe.

O distanciamento já foi falado acima, o roteiro se prende a narrar sem se amarrar aos personagens. O olhar diferenciado é um trabalho magnífico do diretor de fotografia Danny Cohen – que tem em seus créditos o DVD de show do Arctic Monkeys, e os filmes “Piratas do Rock” e “This Is England”, entre muitos outros na TV britânica. 

Os 3 tenores: Helena, Firth e Geofrey

Nada de câmeras paradas em planos abertos para engrandecer o que já é suntuoso por natureza. Cohen aposta em ângulos diferentes, câmeras laterais, gruas inusitadas e até mesmo campos invertidos. Este com certeza é um dos nomes indicados a premiações, graças ao “Discurso do Rei”, que deve figurar em grandes filmes a partir de agora.

Mas a diferenciação de Hooper está no comando dos atores. Geofrey Rush é muito bom ator, assim como Helena Boham-Carter, mas ambos sofrem do mesmo problema: exageram em suas atuações, mas não aqui. Eles estão centrados em seus papeis e apostam em uma naturalidade necessária e que traz mais holofotes ao principal astro do filme, Colin Firth – praticamente um vulcão que não pode entrar em erupção e isso é mostrado não somente pela gagueira, mas pelos olhares por vezes serenos, noutros constrangido e por último, dramático no ponto certo.

Um filme excelente, que ainda traz uma das melhores trilhas sonoras do ano. Vale ser descoberto e “graças ao Oscar” pode ser descoberto. Recomendo. Nota 8,5.

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