!!É Taranta, você fez sua obra-prima… ou: Bastardos Inglórios!! Por Rod Castro!!

14 de out. de 2009

Nesses mais de 30 anos de vida, não me lembro de ter falado tantas vezes “É o melhor filme dele (diretor)” em uma sala de cinema. Posso ter constatado isso ao assistir “Ratatouille”, mas esta reação veio com o subir dos créditos. Talvez em “O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei”, mas já estava no corredor de saída. Ali, assistindo e somente com 35 minutos de filme, isso nunca me ocorreu.

Ou melhor: na última sexta fiquei repetindo essas palavras dezenas de vezes enquanto assistia a obra-prima de Quentin Tarantino: “Bastardos Inglórios”. Sei que muitos arremessarão pedras, mas o filme é tão bom, que tive que rever todos os filmes do diretor Americano – incluindo aí, alguns que ele fez somente o roteiro, como “Amor À Queima Roupa”.

E esta minha conclusão não é empolgação, é certeza. A cada minuto de projeção você, principalmente quem é fã do diretor, entende porque Quentin demorou tanto neste roteiro: ele queria a perfeição.

E tudo está no lugar certo (como dizia Thom Yorke): personagens incríveis, história simples, sacadas visuais, palavras tão bem escritas (e ditas) que são decoráveis e sequências inteiras rodadas com maestria que arrancam riso ou sorrisos – a última reação é de constatação de que este é um filme para se ver e rever muitas vezes.

História

O roteiro é dividido em três partes: uma moça (Shosanna) se torna a única sobrevivente judia de uma família “genialmente” massacrada pelo “Caçador de Judeus”, o coronel Hans Landa, na França recém tomada pelo exército de Hitler; no futuro, Shosanna se torna dona de um cinema em Paris e acaba bolando um plano para por um fim a vida dos líderes nazistas, incluindo o próprio filho do cão, Hitler; neste mesmo tempo, somos apresentados a um grupo de soldados americanos cruéis, que se divertem massacrando os “nazis”, os Bastardos.

Basicamente é isso. Fácil e simples assim. Melhor, o filme não se utiliza de montagens entrecortadas para mais explicações ou transformar as histórias em mitos, pelo contrário, são narradas com câmeras quase estáticas e em muitos momentos, lembra uma peça encenada em grande tela.

Outra dado importante: não espere por um filme sobre a Segunda Guerra Mundial, a história de “Bastardos” é uma das mais corajosas já contadas sobre este fato histórico, sendo capaz de ter um final nunca antes pensado e brilhante – que não merece ser falado e sim descoberto por você no cinema.

Personagens

Quem leu até aqui, deve conhecer a capacidade de Tarantino em criar personagens únicos. Pois vou contar um segredo do filme: os melhores personagens criados pelo diretor estão em “Bastardos Inglórios”. Tempo para você se indignar e citar nomes inesquecíveis como os de Vincent Vega, A Noiva, Mr. White, Butch, Mr. Orange, Bill, entre outros. Pode xingar aí…

Já? Continuando. Parece que o queixudo leu um livro com delcarações de Walt Disney e viu que “o vilão tem que ser mais importante que o herói, sempre” e tal inspiração o fez criar seu personagem mais incrível: o coronel Hans Landa, criado (pois deve ter muito das percepções desse ator ali) de forma visceral pelo ator alemão Christoph Waltz – que deve levar todas as premiações de coadjuvante do ano que vem, já levou Cannes.

Landa é o mal encarnado. Sabe aquele mal estar que somente Hanibal Lecter (de “O Silêncio dos Inocentes”), Coringa (de Heath Ledger), Tony (de o “Poderoso Chefão II”) e o Coronel Walter E. Kurtz (de Marlon Brando em Apocalipse Now) são capazes de infligir quando estão em cena? Então, Landa consegue o mesmo efeito. Um personagem já perpetuado na história do cinema.

Os “Bastardos” não ficam atrás e levam à seguinte conclusão: o que faz Eli Roth ser diretor com tanto potencial para encenar? Como um arrogante inglês, mesmo sendo um britânico e crítico de cinema, conquista sua afeição de tal forma que você lamenta por ele aparecer tão pouco? E Aldo Raine é o segundo melhor papel já encarnado por Brad Pitt – o primeiro ainda é Tyler Durden, de o “Clube Da Luta”. Deve ganhar corpo e lembrança com o passar do tempo.

Sequências

São tantas, tantas, mas vamos lá: a primeira cena de Landa em uma casa de camponês (a maldade sem exageros); os resgates e torturas dos Bastardos; a apresentação do personagem crítico de cinema que é espião inglês; o melhor tiroteio já imaginado pelo diretor; e toda a sequência final no cinema de Shosanna – destacando o encontro entre Landa e os Bastardos - uma ode ao bom cinema em pouco mais de 25 minutos.

Veredicto

Aldo (ou seria Tarantino?) olhando direto para o público, já disse o que irei dizer: “essa deve ser a minha obra-prima”. Nota 10!!

7 comentários:

Aldemar Matias disse...

Concordo.
É o melhor vilão, no melhor filme, com os melhores diálogos... e por aí vai.

Diz o cara que tem continuação... Será?

Madame M. disse...

Poxa, vou ao cinema então e te conto o que achei depois!!!
Um beijo no fofucho do nenesto!

Thiago Henrik disse...

Esse filme é mesmo do caralho.
Meu conhecimento cinematográfico é medíocre, mas até eu sabia que esse filme era BOM DEMAIS pra ser 'normal', mesmo pra um grande diretor.
Depois de ler um cara que entende falando que essa é a "obra prima" do Tarantino, começa a fazer sentido =)

Leonardo J. Mancini disse...

Eu tive essa onda de "masterpiece" com Sangue Negro. Filmão.

Rod Castro disse...

Aldemar: parece que rolará um prequel - quem eram os Bastardos e tal, mas não acredito.

Madame M.: Ele agradece!

Thiago: Ontem revi "Bastardos" e há mais o que se falar. Um fator interessante: todos os espectadores felizes com o resultado.

Mancini: também tive com Sangue Negro, aliás, tirando Embriagados de Amor, todos os filmes do Paul Thomas Anderson deixam esse gosto. Mas com o Taranta é a primeira vez que isso me ocorre.

Sassaki disse...

A trilha repleta de Ennio Morricone tb está show.

Rod Castro disse...

E o David Bowie estourando as caixas do cinema enquanto Shosanna se veste de dame fatal? Inesquecível!!