O que falar de um filme que pega um mote tantas vezes já explorado no cinema e o inverte em quase todos os conceitos? “Genial”, “Transgressor”, “Obrigatório”, “Filme Do Ano”. Não, isso seria se utilizar de outro alicerçe, mas de divulgação, da mesma mídia para dizer o que não se pode ser dito.“Distrito 9” é este tipo de filme. Que te pega por uma verve que você nunca tinha sido capturado e faz seu olhar enxergar todo um mito por outra lógica. Mas como isso é possível? Simples: um excelente enredo, aliado a efeitos especiais que complementam a história a ser contada – não se transformando em uma alavanca para chamar público, como a maioria o faz hoje em dia – e um diretor que acredita na realidade antes de transformá-la em imaginação.
Enredo
Os ETs existem, chegaram à Terra em uma grande nave, há 20 anos, doentes e foram abrigados em uma favela isolada por arames farpados. Já pensou nisso que acabei de escrever? Releia e pense por um instante nestas breves linhas. Já? Que filme traz esta inovação ao bom e velho segmento de filmes de ETs? Nenhum.
A transgreção proposta pelo diretor/roteirista não para por aí: a nave não surgiu sobre os EUA, mas sim sobre a África do Sul; não é uma invasão com milhares de mortos, mas sim um incidente; há sim, uma alusão declarada ao Apartheid, ainda mais se você notar que o apelido dado aos ETs é “Camarão”; e o maior problema da história a ser contada é que os alienígenas estão “enfeiando” a capital Africana e por isso serão removídos para uma área isolada – muito parecida com um campo de concentração nazista.
O elemento surpresa da história nos é apresentado bem em seu início: um pretencioso membro da organização responsável pela “manutenção” dos ETs na Terra. O papel deste pomposo cidadão é o de liderar a remoção dos “camarões” para a sua nova moradia – mas algo deu errado e ele fez algo que todos, os terrestres, recreminam.A partir deste momento, ficção e realidade se confundem constantemente até você se sentir completamente imerso no contexto e abraçar este cenário inumano como algo possível. E esse sentimento é desenvolvido não pela presença dos ETs, mas pela reação racista da pior raça existente no mundo: nós, os terrestres.
Efeitos
Nada avassalador ou perfeito. Mas realista ao ponto do espectador ver os alienígenas como algo natural depois de dez minutos de projeção. Como Peter Jackson sempre falou – e ele é o produtor principal do filme: a contextualização vem antes da plástica.
É visível a participação dos técnicos envolvidos com a direção de arte do filme com os que cuidaram dos efeitos especiais. Este cuidado faz com que a unidade visual siga o seu percurso: dando apoio aos personagens e o desenvolvimento da excelente trama.
Está entre os melhores filmes do ano?A minha lista ainda não está fechada. Tem nomes já citados por aqui, como “Bastardos Inglórios”, “Milk”, “Deixe Ela Entrar”, “State Of Play”, “Frost vs Nixon”, “Up”, “Está Chovendo Hambúrgueres” e “O Lutador” entre outros.
E com certeza “Distrito 9” terá presença garantida. Um filme que merece ser conferido em sala escura. Nota 9,0.
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