!!Os ponteiros quase se acertaram... ou Watchmen!! por Rod Castro!

16 de mar. de 2009

Em 2001 assisti ao primeiro Senhor dos Anéis, a Sociedade do Anel. Sim, eu era um dos poucos espectadores, no cinema, que havia lido o livro de Tolkien e estava louco pra ver o resultado daquela transposição. Mas antes mesmo do filme iniciar, pensei comigo: esta é a visão de Peter Jackson da obra e não a minha – criada a partir de uma imaginação um pouco juvenil.

Com essa idéia, não tive problemas ao ver que Bombadil foi sublimado, que algumas partes foram contadas de forma diferente de como eram realizadas no livro e, confesso, que em certos momentos vibrei ao constatar que o barbudo Jackson viu cenas inteiras da forma que eu “vi”.
Por tudo isso, saí bem feliz de dentro do cinema e já roia minhas unhas para ver o que o diretor neozelandês havia feito com as outras duas partes da saga de Frodo e seus companheiros.

A partir daquele momento pensei o seguinte quanto adaptações: você não é especial porque leu a obra e as demais pessoas ao seu redor não são burras porque não o fizeram; sim o diretor tentou o seu melhor, mas lembre que há variáveis que pesam, como engravatados que vêem cinema pelo prisma da grana e não da arte; e se você imaginou aquele grande calhamaço de páginas de uma forma que somente você poderia fazer, seu nome não é fã ou muito menos diretor, mas autor.

Dito isso, agora podemos falar do novo filme de Zack Snyder – o homem que está se profissionalizando em modernização de grandes obras para as telas de cinema, vide “Madrugada dos Mortos” e “300” – uma adaptação para cinema da melhor obra em quadrinhos que meus olhos devoraram e que minha mente jamais esquece: “Watchmen”.

Primeiro os pontos positivos: não vi grandes diferenças visuais – resultado da participação direta do desenhista da obra, Senhor Dave Gibons, nos bastidores da adaptação – pelo contrário, fiquei feliz de muita coisa ter sido levada em conta e outras até mesmo elevadas a uma realidade irrepreensível.

O contexto não foi alterado, assim ainda estamos na década de 80, mais precisamente em 1985, o ápice da Guerra Fria, mas com o terrível Nixon ainda no poder. Vivemos uma era em que os heróis mascarados foram retirados das ruas para que o governo tivesse um maior controle da população e até mesmo da informação.

É aqui que a história começa, tanto no cinema como na revista, com o assassinato de um dos veteranos heróis e que agora trabalha pro governo dos EUA: o inescrupuloso Comediante. E a partir daqui seguiremos as pistas espalhadas por esse universo destoante de hoje em dia, mas tão bem imitado por séries de TV – como “Heroes”.

Os personagens estão perfeitos. Não há diferença na encarnação em pele e ossos desse ícones da nona arte. Mas admito que dois ultrapassaram as interpretações e se tornaram reais, graças a performance de seus interpretes: Rorschach (perfeita atuação de Jackie Earle Haley) e o Comediante (de Jeffrey Dean Morgan).

O final foi alterado, mas sinceramente não faz tamanha diferença e talvez seja até mais sombrio que o final original – em que uma lula gigante matava boa parte da população de Nova Iorque.
E o mais importante, textos de diálogos inteiros – talvez os melhores já escritos na historia dos quadrinhos – foram seguidos ao pé da letra, ou como os advogados tanto gostam de dizer: ipsi litteris.

No acerto dos ponteiros posso dizer 3 importantes coisas: a adaptação é fiel, mas está longe de passar toda a experiência que o gibi oferece – diferente do caso do Senhor dos Anéis; espere com ansiedade pelo DVD duplo que logo deve pintar nas lojas – ali está a versão do diretor, com mais 30 a 45 minutos de cenas inéditas, além do Conto do Cargueiro, que vem em animação; sim, Zack Snyder acertou a mão mais uma vez e ao prestar atenção no público que sai com um sorriso na cara apos a sessão, ele merece palmas – pela coragem e pela competência.

Bom filme, mas Watchmen - o gibi, é mais que Watchmen - o filme. Nota 8,5!

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