!!Barak Obama é o culpado do Oscar… ou: alguns filmes que assisti recentemente – parte 1!! por Rod Castro

30 de mar. de 2009

O Oscar desse ano parece ter tido muito bons concorrentes. Mas a uma hora dessas, tanto eu quanto você, sabemos que o melhor filme, segundo a Academia, é o filme “indiano” “Quem Quer Ser Milionário?” Mas será que esse ano a onda Barak não invadiu os bastidores de Hollywood e acabou afogando bons filmes pelo caminho?

Acho que sim. É impossível conseguir outra razão para se sentender como quarto excelentes filmes, como “O Curioso Caso de Benjamin Button”, “O Lutador”, “Batman, O Cavaleiro das Trevas” e “Milk” não ganharam o preêmio principal da noite.

Será que: a constatação de que a morte é algo palpável e que em algum momento nos tocará – como bem dizia Tyler Durden no “Clube da Luta” – é um assunto ruim ou depressivo? (“Benjamin Button”);

Ou um olhar mais realístico de um mundo fantasioso - revistas em quadrinhos e lutas livres americanas - e que rendeu borbotões a uma fábrica de sonhos que não conseguia mais fazer clássicos como antigamente, vai de encontro ao marasmo das atuais salas de cinema e dos produtos oferecidos por Hollywood aos seus consumidores? (“Batman e O Lutador”);

E a história de um homem corajoso que representava uma minoria – não estou falando do Obama e sim de Harvey Milk - que passa por algo que ninguém quer ver nas telinhas, quanto mais nas telonas, acaba quebrando a atual onda de “que tudo vai bem e que seremos felizes para sempre” que o mundo vive? (“Milk”)

Tantas perguntas, a mesma resposta: uma fábrica que produz tanto lixo hoje em dia, não consegue mais reconhecer bons produtos, mesmo quando são seus. E assim, mais um filme que nem merecia ser tão aclamado acaba sendo a “o-novo-filme-que-você-não-pode-perder-dessa-semana” – desculpa Boyle.

Mas vamos falar de filmes e deixar a crítica de lado, esses são os indicados dessa semana:

“Segurando as Pontas” – Quem disse que Judd Apattow e sua trupe – a mesma de “O Virgem de 40 anos”, “Ligeiramente Grávidos” e “Superbad” – nunca estariam no Oscar? Durante a transmissão desse ano, os dois personagens principais dessa comédia - um ajudante jurídico e um traficante - surgiram no telão, recomendando filmes e fazendo comentários “hilariantes” para os participantes da festa.

O filme, mais uma comédia, se resume a várias sequências de gagts – quadros cômicos ou piadas mesmo – em que os personagens, o máximo possível deles, ficam se cruzando do início até o fim do filme. Confesso: tá começando a pegar o mal das comédias dos Irmãos Farelly – em que todos os personagens são exageradamente estereotipados – e do Will Ferrell – que pega um mote esportivo ou televisivo e suga até não sobrar nada, nem as piadas.

Tá começando a cansar – e eu sei que este não foi dirigido por Apattow, mas o tem como produtor e redator, assim… - comédia para rir um pouco, mesmo com a presença de Seth Rogen. Nota 5,5.

“O Leitor” – Stephen Daldry é um dos diretores mais promissores da nova geração inglesa. É dele os subestimados “Billy Elliot” e “As Horas”. Por ter vindo do teatro, Stephen consegue arrancar de seus atores interpretações dignas de prêmios – e não falo apenas de Oscars – além de impor um ritmo mais espaçado e contemplador, absorvendo a atenção e a apreensão de seu público.

Mas confesso que com todos esses elogios, seu novo filme, que mostra a história de uma mulher madura que socorre um jovem – no máximo 16 anos – e que acaba se envolvendo sexualmente com ele, não rende bons momentos como em seus trabalhos anteriores.

É intrigante pensar porque aquela mulher – amargurada e direta, como a maioria das mulheres solteiras pós-guerra deveriam ser na Alemanha derrotada – sempre antes ou depois de se relacionar com o garoto, pede para que ele leia obras inteiras para ela ouvir.

Mas assim que descobrimos porque o verdadeiro motivo do tal hábito literário e quem realmente foi a personagem de Kate Winslett, durante a Guerra que a pouco se encerrou, o filme perde sua força e acaba sendo repetitivo. As vezes até maçante.

A atuação de Kate Winslet é muito boa – o papel lhe rendeu o Oscar e o Globo de Ouro – mas pelo que falaram, seu grande papel foi em “Foi Apenas um Sonho” – dirigido pelo seu marido Sam Mendes. Esperava mais desse filme, Nota 7,5.

“Quem Quer Ser Milionário?” – Assisti ao novo filme de Danny Boylle e gostei. O ritmo acelerado, uma das marcas do diretor, ganhou as favelas da India e tornou dois garotos que nunca fizeram um filme na vida em grandes ícones do cinema moderno.

A história de um garoto pobre que pode se tornar o primeiro milionário da Indía em um programa de TV – como o do Silvio Santos – é cheia de idas e vindas em sua própria biografia, tornando sua vida fantástica e ao mesmo tempo dramática.

É um filme emocionante, rápido, engraçado, moderninho, mas a pergunta que realmente se deve fazer é: esse é um estilo de cinema que merece toda a aclamação pop, a qual a Academia sempre deixou de lado, como em “Cidade De Deus”? Ou melhor: será que depois de ter deixado tão bons filmes de lado, incluindo o brasileiro já citado, o maior prêmio da indústria cinematográfica Americana se modernizou?

A premiação foi justa em alguns itens, mas acho que o fundo de verdade de tanta aclamação é a seguinte: as bilheterias americanas ano a ano perdem cada vez mais público, enquanto que o cinema indiano continua lotando e lotando.

Será que depois de destroçar o que restou do Iraque, os americanos tentarão acabar com a cultura - meio boba de se fazer filmes, é verdade - indiana? nota 7,5.

Essa semana teremos os pensamentos sobre "Queime Depois de Ler", "O Curioso Caso de Benjamin Button", "O Lutador", "Milk".

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