!!Traição em três tomos... ou “O Despertar de Uma Paixão”, “Quebra de Confiança” e “Lady Vingança”!! por Rod Castro

19 de nov. de 2007

“O Despertar de Uma Paixão”

Digamos que você fizesse uns quatro ou cinco papéis seguidos que rendessem não só aplausos, como prêmios dos mais variados. Nesse momento da sua carreira, o que você faria? Sumiria? Daria um tempo? Tentaria buscar projetos mais independentes ou quem sabe até mesmo se arriscaria na profissão de produtor de filmes “cults”?

Quais dessas coisas? Todas? Edward Norton, você está lendo esse texto? Acho que não, mas foi isso que este grande ator – escolhido como o melhor de sua geração – fez nos últimos três anos. Nenhum trabalho com grande destaque, mas todos bem feitos.

Entre eles está o drama “O Despertar de uma Paixão”. O roteiro é fácil: bacteriologista (Norton) do século dezenove se apaixona por uma filhinha de papai (Naomi Watts), lhe propõe casamento e alguns anos depois – em uma relação enfadonha – acaba descobrindo que está sendo traído por ela com um figurão de um clube local - Liev Schreiber (diretor do ótimo: “Uma Vida Iluminada”) marido de Naomi na vida real.

Frio, calculista, como um cientista o é, o personagem de Norton traça um plano – o casal viaja para uma área infectada por cólera na China - que fará sua esposa repensar a relação e o compromisso de ambos – “Será que ele quer me matar sem deixar vestígios?” - ao mesmo tempo em que tenta penetrar no mundo frio e distante em que seu marido vive.

Todos os elementos que permeiam um bom drama de época estão presentes: cenários, roupas, estrutura social, trejeitos na atuação do elenco principal, transições lentas de uma cena para a outra, cenário natural magnífico e elenco local – chinês – de apoio azeitado.

Antes do fim: sim, há uma virada na trama; sim o casal acaba por se reencontrar em um momento interessante e bem realizado; sim o filme não tem um final feliz – e tinha de ser assim; e sim, está é uma obra que merece ser vista com atenção por seus grandes momentos.

Não é o melhor de Norton, talvez seja o melhor de Watts - longe de suas poses em “King Kong” e perto da vontade de “Mulholland Drive” e “21 gramas”. Quem sabe, este “Despertar de Uma Paixão” esteja revelando um novo bom diretor para filmes mais intimistas? Só o tempo dirá. Nota 8,0.
“Quebra de Confiança”

Bily Ray é um roteirista que nos últimos cinco anos tem conseguido fazer seus textos ganhar vida em Hollywood. Entre suas histórias estão “Cores da Noite”, “Volcano”, o chato “A Guerra de Hart”, o intrigante “Suspeito Zero” e o esquecível “Plano de Vôo”.

De três anos para cá Billy recebeu a proposta de dirigir alguns filmes, entre eles “Shattered Glass” inédito por aqui e bem elogiado lá fora. Com esse crédito, o redator e agora diretor emplaca mais um projeto, com bom elenco e uma historia que prometia render um filme tenso e com boas cenas.

Foi por pouco, muito pouco que este drama que retrata a verdadeira história do agente da CIA que traiu a inteligência americana vendendo informações para os inimigos russos, não se concretizou em um bom filme de espionagem.

O filme tem bons diálogos – todos quando um ator de peso serve de “escada” para Ryan Phillips – boas cenas – como a final em que é montado um esquema especial para a prisão do agente traidor – e questionamentos antigos, mas que ainda servem de argumentos graças à administração Bush no comando do império ianque.

O único fator contra: em determinados momentos, o diretor não imprime o ritmo certo para uma trama tão bem amarrada e tensa como essa. Ao subir dos créditos a história acaba por ser só mais uma que “se baseou em algo que aconteceu e como não é minha realidade não merece minha atenção”.

Destaques: a razão da traição do espião – interpretado com competência por Chris Cooper (o mesmo de “Adaptação”) – o esquema traçado pela outra agente da CIA – papel da eficiente e sempre subestimada Laura Liney - que bola sua prisão.
Nota 7,5. Um pouco mais de ritmo e o filme teria recebido um 8,5.

“Lady Vingança”

Chan-wook Park. Este nome é o do melhor diretor sul coreano. É dele clássicos instantâneos, que merecem seu olhar e até mesmo pertencer a sua coleção de DVDs: o intenso “Zona de Risco”, o surpreendente “Mr. Vingança” (recentemente lançado no mercado nacional de DVDs), o genial “Old Boy” e o interessante “Lady Vingança”.

Os últimos três citados fazem parte da sua trilogia da vingança. Em todas as histórias, você encontra aspectos parecidos, mas sempre enquadrados de formas diferentes. O princípio é o mesmo, como ocorre e o que será a vida daquela pessoa a partir do início do processo da vingança não.

Este “Lady Vingança” merece respeito pelos aspectos imagéticos empreendidos com requinte e a inteligência de sempre de um não tão inspirado Park. A história também é a mais simples de todas, contada de forma direta, com alguns poucos recursos de flashback no seu começo.
Vale a construção dos personagens, outra característica marcante na filmografia do ator, assim como a boa e sempre firme direção de atores e as cenas que retratam o surrealismo que é estar preso na cadeia sul coreana para mulheres.

Não é o melhor de Park, mas ainda assim supera e muito alguns suspenses americanos. Nota 7,0 e com certas dúvidas quanto a possibilidade do mesmo figurar entre os meus DVDs.

Um comentário:

Jaime Ohana disse...

Cade o Breno que nao passa por aqui?

Abraço

Uau!