!!Crime de Mestre ou: É um crime copiar o mestre!! Por Rod Castro

5 de nov. de 2007

A primeira vez que vi Ryan Gosling atuando foi em “Tolerância Zero”. No filme ele fazia um neonazista que se dava mal por suas atitudes e pensamentos. Foi exatamente por este trabalho, que o ator recebeu minha total antipatia.

E não. Não foi porque seu papel foi bem desempenhado, mas sim porque ele praticamente fez uma homenagem a Edward Norton – o qual Ryan lembra fisicamente – e seu odiado, esse sim, personagem de “A Outra História Americana”. São historias diferentes, com temáticas parecidas, mas na minha cabeça o mais jovem quis “soar” como o mais competente. E acredite: houve esforço por parte dele, que nem ao menos ressoou como Ed.
Alguns anos se passaram e, após ser indicado ao Oscar como ator principal este ano, Gosling conseguiu novamente: fez uma escolha de personagem que remete a sombra projetada por Norton sobre sua carreira. Explico: com “Crime de Mestre” Ryan praticamente fez dois filmes do seu perseguido exemplo de categoria em um só.


No filme, o personagem de Gosling é um advogado jovem (como o de Ed em “O Povo Contra Larry Flint”) e ambicioso, que se envolve em um caso intrigante no qual um engenheiro (Anthony Hopkins) assassinou sua infiel esposa e por razões, inicialmente não explicadas, acaba por se entregar a polícia.

Tirando o lance do advogado, o que isso tem haver com Norton? Muito, pois em seu primeiro trabalho nas grandes telas – até aquele momento ele tinha feito somente papéis nos palcos e tablados americanos – o jovem ator encarnou um rapaz, frágil e “santinho”, que assassina um arcebispo e se entrega à polícia, em vez de fugir (atitude idêntica ao de Hopkins).

O filme em questão? “As Duas Faces de um Crime”. O resultado para Norton: várias indicações aos principais prêmios da sétima arte e os aplausos dos mais chatos críticos de plantão da época.

As coincidências não param por aí, siga as pistas: o jovem advogado de Ryan – que é arrogante e prepotente – em meio ao filme acaba por ter sua redenção (assim como o de Ed em “A Outra História Americana”); as melhores falas entre os personagens principais ocorrem em um tribunal e são proferidas pelo personagem mais experiente (Hopkins) – de forma idêntica aos personagens de Richard Geere (“As Duas Faces de um Crime”) e Woody Harrelson (“O Povo Contra Lary Flint”); e para terminar com chave de ouro: há um final surpresa com direito a virada inteligente (“Clube da Luta”? Calma que eu tô brincando!).

Bem, antes que haja a condenação por total persuasão dos meus argumentos, recomendo que você vá à locadora mais próxima, alugue os filmes acima citados - assista primeiro os do Ed - e aperte o play do seu aparelho de DVD após colocar o disquinho de o “Crime de Mestre”.


Meu veredicto: crime de cópia. Nota 6,5 (algo raro na carreira de Norton).

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