Deftones: Be Quiet & Drive no Maquinária

23 de nov. de 2009

Você adora ser notado, afinal, é uma forma de você provar que está vivo.

18 de nov. de 2009

O sol deu um pouco de trégua. Mas não o suficiente, e assim era notável o grande rebanho de branquelos e senhores e senhoras devidamente vestidos de preto, já vermelhos, encaminhando-se para as tendas laterais a pista principal. Ali se encontravam as barracas que vendiam água, cerveja, refrigerantes e comida.

Enquanto os roodies retiravam os equipamentos do Sepulta e preparavam o palco principal do Maquinária para a entrada da primeira atração internacional do dia – o Deftones – o palco My Space trazia uma banda nacional, que segundo o Marcos Magalhães, cantava um nu metal em português risível, mas chamava atenção de centenas de pessoas (confesso que a minha noção neste momento era outra; eles tão querendo é ficar embaixo daquela sombra que fica em frente ao palco, espertinhos).

E assim que o vocalista do palco menor parou de gritar que “o pai dele o havia estuprado e que agora ele ia fazer o mesmo com os que acompanhavam o seu show”, Chino e o Deftones invadiram o palco principal. Sinceramente, não me recordo qual foi a primeira música - Marcos deve ter este momento gravado – pois neste instante eu e todos que foram comigo, lembramos que não estavamos em Manaus e que ninguém estranharia o nosso grito de admiração e gozação: “Chinoooooo, eu te amo!!!”

O que dá para dizer desse show? Foi muito, mas muito, pesado. O sol, ainda irradiava forte sobre nossas cabeças e acabava refletindo em mais impacto à apresentação. Talvez por esse efeito sensorial, centenas de pessoas a nossa frente e próximas a contenção dos ricos - o povo que tinha R$ 450,00 para ficar longe do aperto, os VIPs - dançavam, com dreito a reboladinhas masculinas, em vários momentos do show. Causando uma reação de estranheza, que depois resultava na seguinte pergunta - que me foi feita pelo chapa Júlio Roberto: “pô, têm uns arranjos que lembram muito o som do Depeche Mode, hein?”. E eu respondia, enquanto pulava (o que causou algumas hematomas nas pernas): é este o espírito, irmão!

Destaques da apresentação: Chino emagreceu e não foi pouco – a cara de bolacha permanece, mas a silhueta de pêra desapareceu; sim, ele usa um recurso de reverb bem na hora dos gritos mais sinistros, mas isso não tira o brilho da performance e o cara realmente é bom; o baixista que substitui o acidentado Chi fez bem o seu papel; a guitarra não dá refresco e ao contrário do que muito li por aí, nos sites que cobriram o evento, este deve ter sido o melhor show da banda em território tupiniquim.

Ah, o prêmio “o foda do festival, sem ser o Mike Patton” vai para o baterista Abe Cunningham, do Deftones. Por quase uma hora e meia de música atrás da outra, este rapaz detonou suas peles com perfeição, apesar de o sol estar de frente para a sua bateria - em alguns momentos o comentário lá embaixo era de que em algum momento ele iria errar ou até mesmo cair duro, mortinho, mortinho. Mas ele aguentou e arrebentou. Um excelente show, nota 9,0!

!!Um Supertime do Rock em um clássico do novo século…ou Them Crooked Vultures!! Por Rod Castro!

16 de nov. de 2009

Este ano de 2009 foi repleto de bons lançamentos no mundo do rock. Entre tanta coisa boa, como os discos do Yeah Yeah Yeahs, o do Arctic Monkeys, o do Muse, entre outros, um se destacava por ter em sua formação um time de vencedores na categoria rock pesado com estilo: Chicken Foot.

A banda formada por dois ex-Van Halen (o baixista Marc Anthony e o vocalista Sammy Haggar), um super guitarrista solo (Joe Satriani) e o atual batera dos Red Hot Chilli Peppers (Chad Smith) é muito boa, festiva, possui boas músicas, mas faltava algo. Talvez, com o projeto seguindo, eles acabem com uma sonoridade real e as várias pontas soltas acabem se unindo.

O problema consiste no seguinte: por termos grandes artistas, distantes de suas bandas, você, fã, acaba tentando escutar o destaque de cada um e mesmo em momentos que eles soam como uma banda, algo acaba remetendo as suas origens. Enfim, o som não soa coeso.

Mas o motivo real para se falar tanto de Chicken Foot em uma resenha sobre o disco mais esperado do ano, o do Them Crooked Vultures – banda que junta Josh Homme (líder do Queens Of Stone Age, A BANDA de rock dos últimos 20 anos), David Grohl (eterno batera do Nirvana e vocal do Foo Fighters) e John Paul Jones (o melhor multi instrumentista da história do rock) – é que este projeto consegue desfazer de praticamente tudo o que foi dito do Chicken.

Assim eu te deixo atordoado e confuso?

“Gunman” e “Interlude With Ludes”, são músicas do Led Zeppelin, do Foo Fighters ou do Queens Of Stone Age? De nenhuma das bandas citadas, mas sim de uma nova banda. A capacidade dos três integrantes é tamanha que em certos momentos você se pergunta porque dezenas de roqueiros – que ainda tocam algo – não largam algumas bandas mais ou menos ou em franca decadência e juntam-se a outros com a mesma capacidade e formam uma (nova) boa banda, como essa.

Soltem os cachorros pretos: isso é roque em rou!!!

O baixo preciso de Jones, influenciador de toda uma geração – incluindo aí os dois membros do Them Crooked – dita o ritmo da banda em vários momentos, como em “Warsaw or The First Breath You Take After You Give Up” (com uma pegada no estilo do bons tempos de The Doors), na ritmada “Elephants”, na competente “Scumbag Blues” e na paulada “Reptilles” (Queens com Led Zeppelin, ou será que é esta canção é a mais digna prova de que o Queens sempre tentou soar como o Led e ninguém nunca percebeu?).

Jones também mostra sua maestria – ele já escreveu dezenas de óperas – e faz o clima sinitro ou alegre necessário em um par de canções, ao piano ou orgão, como: “Caligulove” (com direito a solo de orgão e mistureba indiana), a já citada “Gunman” e a derradeira “Spinning in Daffodils”.

E há cancões como a dos imigrantes?

Em um disco repleto de boas músicas, fica difícil citar três ou quatro que você deva por num repeat até porque, este é um dos poucos discos do ano que há uma obrigação real de se ouví-lo do início ao fim. Mas entre essas canções preparadas para um Best Of no futuro, destaco as interessantes e bem próximas de um hit “Bandoliers”, “New Fang” e as roqueiras “Dead And Friends”, “Mind Eraser, No Chaser” e a faixa de abertura, dona de um título impagável, “No One Loves Me & Neither Do I”.

Esses abutres curvados não se alimentam de carniça, ou se o fazem, regurgitam filé. Obrigatório, como poucos discos. Uma lição de como se fazer boa música, sem esforço, mas com vontade. Nota 9,0!

!!É sempre engraçado, até alguém se machucar e quando isso ocorre é hilário!! Por Rod Castro!

13 de nov. de 2009

Entre a emoção de saber que a minha banda favorita de hardcore havia voltado a atividade e o dia em que a vi se apresentando em um palco, um pouco distante e ao lado de milhares de pessoas, passaram-se mais de 4 meses. Mas a situação era tão extraordinária que a sensação é de que alguns minutos se foram nesse mesmo espaço tempo.

O sentimento se afirma e ganha força a cada memória lembrada, em detalhes, do melhor show que já vi – embaixo de muito sol, depois de muita chuva e com muitos metaleiros radicais sorrindo ao ouvir Mike Patton cantar “Ela é paulista, ela é paulista” em total gozação com o clássico “Ela é carioca, ela é carioca, basta o jeitinho dela andar…”. Mas antes…

A porrada aclimatada por um sol Amazonense em plena terra da garoa.

Conferir um festival de rock em São Paulo sempre traz bons momentos, seja antes das apresentações – em programas especiais com amigos ou parentes – durante o evento e muitas vezes, ao apagar das luzes, quando você se depara com aquele super exército de formigas vestidas com roupas escuras se dispersando por pequenas ruas e depois grandes avenidas até sumirem.
Mas este Maquinária 2009 entra para a história dos eventos musicais na “capital” do Brasil por ter acontecido em um clima nada hospitaleiro para os fãs do som que os papais, mamães e vizinhos tanto reclamam. Quando cheguei, com um grupo de amigos, a Chacará do Jóquei, os termômetros espalhados pela maior avenida próxima, marcavam exatos 36 graus.

Aqui um parêntese: a organização do evento merece palmas. A segurança era de primeira, o local era muito bom, limpo, havia um grande número de barraquinhas para compra de água, refrigerante, cerveja e alguns quitutes – sendo que o melhor, como sempre, era você ter comido algo antes. A revista foi feita praticamente 4 vezes seguidas, com direito a sorrisos de moças e simpatia dos grandes homens engravatados – era neles que eu pensava a cada olhada para o sol, tadinhos.

Após uma passada no Burguer King nada como uma subida e o Sepultura.

Encontrar o Sepultura é com over aquele seu amigo de longa data e que de vez em quando dá uma ligada para sua casa ou decide te visitar, sempre rende bons momentos. E foi após uma longa subida, que acabava em um grande gramado, que todos os fãs de mais de 4 bandas eram recepcionados com um som potente, limpo, à distância, e algumas milhares de cabeças já espalhadas a frente do palco. Com uma brisa que aliviava, mas não dissipava a onda de calor, fomos recebidos com riffs poderosos de guitarra, bateria e baixo compassados e os já tradicionais berros de Darrick.

A banda não poupou hits, fez a sempre competente apresentação e fez todos pularem ao som de sua canção que mais lembra um hino: Roots – com direito a paradinhas calculadas, pessoas freneticamente gritando um “Uaaaaaarghhhhh” junto com o negão e uma poeira alaranjada subindo de uma roda não tão distante, mas ainda assim contida.

É o Sepulta, só por isso já merece um digno 8,5.

Um vídeo para você entender o Maquinária

12 de nov. de 2009

!!Eu sempre tive fé de que no final nós nos encontrariamos de novo!! Por Rod Castro!

11 de nov. de 2009

Em 1991, uma banda roubaria a atenção do público e da mídia no mais esperado festival de rock em solo brasileiro (Rock In Rio II): o Faith No More. Em mais de uma hora de show, Mike Patton e seus 4 companheiros de banda fariam história e acabariam se rendendo não somente aos cariocas, mas ao Brasil como um todo: excursionaram pelos mais distantes Estados tupiniquins, chegando a minha cidade, Manaus.

Sim, assim como centenas de pessoas que lá estavam no Studio 5, eu e minha prima eramos dois que haviamos adquirido os LPs/CDs da banda e não só sabiamos de cor as letras, assim como as loucuras que Mike Patton era capaz de realizar em cima de um palco – não esperavamos, mas ele se jogaria, com direito a mortal, sobre os metaleiros próximos ao palco; pularia como um canguru insandecido durante boa parte da apresentação e encerraria sua performance com um salto de encontro a bateria, paralisando a apresentação por alguns minutos.

Com tudo isso é óbvio que aquele show foi no mínimo espantoso e significante para todos que estavam lá. Por mais de uma hora e meia, cantamos, nos divertimos, ficamos surdos e vimos uma performance digna de aplausos e muito, mas muito sour mesmo – tanto da banda, quanto dos nativos. Como fala um amigo meu: não foi um gasto de dinheiro, foi um investimento.

Naquele mesmo ano em que vi a banda com meus próprios olhos ao vivo, ouvi seu segundo excelente – e até hoje subestimado disco – “Angel Dust” a exaustão. Torci para que eles voltassem ao país e lembrassem que os amazonenses tinham feito tudo o que podiam para eles gostarem de ter passado por aqui, mas não existiu tal apresentação.

Dois anos depois, confeço que havia me afastado do Faith. E mesmo em 1995, quando eles lançaram, o que em minha opinião hoje é o seu melhor disco, “King For A Day, Fool For A Life Time”, deixei de lado a vontade de escutar o trabalho e acabei ficando para trás. A recuperação e a aliança entre meus ouvidos e som da banda foi feito um ano depois, quando um amigo me mostrou uma apresentação deles em um estúdio de uma rádio em São Paulo.

O Faith voltava a minha discoteca e teria mais presença em minhas audições solitárias em meu quarto, com direito a gritos e pulos – que faziam o aparelho de CD pular ou silenciar suas caixas, dependendo da intensidade do salto. Até que em 1997 Patton e seus 4 “amigos” lançavam o CD com o título mais sacana que já vi nesses últimos anos: “Album Of The Year”. A cada faixa passada, sentia algo diferente, como se fosse uma despedida, um certo despreendimento com o público e principalmente, uma mensagem cifrada de que eles não eram mais os mesmos – ainda assim realmente era um dos melhores discos do ano, afinal era um CD do Faith.

Houveram apresentações da banda, mas o sucesso da antes não era alcançado. E os rumores começaram a surgir de todas as partes, como: eles não se dão mais bem; Mike Patton passa mais tempo inventando novos projetos e não tem mais ambição musical com a banda; desde que o guitarrista original saiu, eles começaram a se atacar; é questão de tempo para que a banda chegue as vias de fato.

Em 19 de Abril de 1998, apõs muito se comentar e nada se concretizar, Bill, o baixista, em um email no site da banda comunicava que a “banda encerrava os boatos de separação… com uma separação”. Era assim, de uma forma até criativa, sem alardes ou marketing, que o Faith parava.

Nesses últimos dez anos de separação, ouvia-se de tudo: Mike fez o certo, é só ouvir os projetos dele – Fantômas, Peeping Tom e Tomahawk - e você vê que o cara era mais do que uma banda; o baterista se tornou o batera official de Ozzy Osbourne; o baixista trabalhou no projeto El Ninõ; e Rod produzia CDs de novas promessas do mundo do Rock.

Ah e quase ninguém falava de uma reunião, pelo menos não com Mike, que se recusava a falar do assunto ou quando se sentia disposto a tanto, acabava escrachando a possibilidade de tal forma que o próximo jornalista ficava com muito medo de retornar ao assunto. Até que…

Em fevereiro de 2009 os boatos tomavam conta da internet: Mike Patton decide não gravar mais um disco dos seus projetos; Bill e Rod são vistos juntos; Mike Bordin larga a excursão de Ozzy; a banda anuncia que está de volta e excursionará por todo o planeta. Confeço que quando li essa última notícia me senti emocionado ao ponto de ir ao banheiro aqui da empresa em que trabalho e olhando para o espelho chorei de felicidade, como em poucas vezes na minha vida.

Você pode rir dessa confissão, mas tenha certeza, naquele dia eu ri mais do que você agora. Só não ri mais, do que no dia em que soube que eles viriam ao Brasil, ou no dia em que minha prima Cláudia mandou um e-mail dizendo que estava com meu ingresso em mãos. Mas isso fica para o próximo post. Afinal, meu reencontro com o Faith No More ocorreu há 4 dias e ainda estou sob efeito do espetáculo. Até lá.

!!E O Faith No More, Hein?!! By Sra. T. Beresford (a Mari)!!

10 de nov. de 2009

Bem, amigos do A Sétima, estou de volta de Sampa - tempo corrido apenas três dias por lá e com muuuito sol na moleira. Meu texto sobre o show do Faith No More e todo o festival Maquinária você confere daqui uns dois dias, segue abaixo o que a Mariana - minha xapa e do Richard - escreveu sobre o show que assistiu no RJ. Divirtam-se!


E o Faith No More contrariou a todos e à eles mesmos (assim como qualquer outra banda depois de muito dizer que nunca fará isso) e resolveu se reunir e sair em turnê. E, depois de muito tentarem se desvencilhar de nosso país tropical, claro que acabaram dando as caras no país que os recebeu muito bem desde a lendária apresentação do Rock in Rio de 1991.

O Faith No More não é uma banda qualquer. Não por ter "inventado o Nu Metal" (ou sei lá que diabos querem dizer com isso), ou por reunir alguns músicos excelentes e um vocalista louco e carismático, ou por cometer um (ousaria dizer dois ou até mais) dos melhores discos da década passada (e do final dos 1980). Eles não são uma banda qualquer pelo fato de ser uma banda MUITO esquisita. Daquelas que quando você ouve pela primeira vez, tem aquela sensação de "mas o que é isso que tá acontecendo?!?!?". Os críticos que tentavam categorizar a banda (sem muito sucesso) lá no início dos anos 1990 que não me deixam mentir.

Levando para o lado pessoal, poderia dizer a vocês o seguinte: tanto o FNM não é uma banda qualquer que até eu, uma pessoa super farofa que só gosta de música pop e não tem apreço algum por bandas "pesadas", sou fã deles - isso, antes mesmo de saber que eles foram um dos poucos corajosos a aceitar tocar com o Sparks (e desde que soube disso a minha admiração só aumentou, óbvio). Ou então, levando para níveis mais absurdos ainda: eu nunca tive uma banda favorita quer caísse tanto no gosto de meus próprios pais, coisa que aconteceu com o FNM - para desgosto do meu irmão mais velho, o maior fã deles na face da Terra (dentre os que eu conheço, ao menos), que de tamanho frenesi por eles acabou contaminando a família inteira. Sim, ele também sofria de ciúme de banda (deve ser algo nos genes, como podem ver). Ou seja, a gama de fãs da banda transcede idade, gêneros e gostos, e vale lembrar que não é qualquer um que consegue tamanha façanha.

O caso da banda californiana ilustra bem o que eu quis dizer no post anterior, quando a história que você tem com certa banda vai além do que você possui ou sabe sobre ela. Ela é parte da sua vida, queira ou não. E eles eram tão bons que nem mesmo percebíamos o quão estranhos eram - ou então achávamos bons por serem tão estranhos, não sei. É daquelas perguntas tostines que não podemos (e nem queremos) tirar conclusões.

Claro que antes de eu por os pés naquela casa de show com nome de banco no Rio de Janeiro, a minha história com o show do Faith No More passou por altos e baixos: começou muito animada, com a confirmação dos shows no Brasil, e quase terminou bem mal, com a minha desistência em ir ao show - devido aos fatores de sempre, falta de dinheiro e poucas opções de transporte para mim - se não fosse pela aparição de uma mão amiga na última hora que me possibilitou de presenciar o evento. Devo dizer que foi uma sensação agridoce. Afinal, de uma família a qual praticamente todos os membros tinham algum nível de admiração pela banda, somente eu estava ali testemunhando algo tão especial.

Nem preciso dizer que passei a primeira metade do show às lágrimas (foi um bloco arrasador mesmo), e só parei em "Easy" por ser uma ótima piada, mas sem necessidade de choro. ;D
Mas logo depois vieram "Epic" e "Midlife Crisis" e aí nem preciso dizer que as lágrimas voltaram. Muitas lembranças ressurgiram: os primórdios da MTV Brasil; as madrugadas que eu passava acordada ouvindo música com meus irmãos; o amigo oculto do colégio na quinta série, quando pedi um vinil do FNM que nunca ganhei; de um amigo nosso que ligou aqui pra casa ao encontrar um dos integrantes após um show - e meu supracitadíssimo irmão mais velho desligou na cara por não acreditar que alguém do Faith No More estava querendo falar com ele no telefone; do meu saudoso irmão do meio, que adorava "roubar" as bandas favoritas do primogênito de forma que chegava a irritar; do meu igualmente saudoso avô, que adorava nos acompanhar até as lojas de discos importados e raridades e sempre com grande entusiasmo em estar conosco ouvindo aquele monte de música estranha. No show, eu via o tecladista Roddy Bottum e me lembrava de quando ele ainda tinha cabelo e de como eu o achava liiiindo (eu e os gays, sempre), olhava para o baixista Billy Gould e pensava que ele foi (junto com Les Claypool, Robert Trujillo, Kim Deal e Tina Weymouth) um dos responsáveis pelo meu interesse acerca deste instrumento durante a minha (pré-?)adolescência. E Mike Patton... ah, eu duvido que tenha existido uma adolescente sequer nos anos 1990 que não tenha se apaixonado por ele por um breve instante que seja, ao mesmo tempo em que havia um certo receio (pra não dizer medo) de sua figura - sem falar que na verdade eu sempre acabava preferindo a "outra banda" de Patton, mas se não fosse pelo Faith No More eu nunca saberia da maravilha que era o Mr. Bungle. Enfim, são apenas algumas das histórias para mostrar que o Faith No More, antes de ser uma banda interessante, criativa, caça-níquel ou qualquer outra coisa para o resto do mundo, era uma banda que eu precisava ver ao vivo.

O show deles foi tão carregado de significados que apenas avaliá-lo com notas ou dizendo que música tocou ou faltou torna-se pouco, irrelevante.

- Isn't that what it's about ?
Sra. T. Beresford