!!Knights Of Cydonia transformou o Muse… ou: The Resistance!! Por Rod Castro

14 de set. de 2009

Sabe aquela banda que lembra aquela outra que copiava a clássica daquela época e que agora, a primeira, parece ser a mais nova banda que pode salvar o rock? Então, esse era o meu sentimento quanto ao som do Muse, banda inglesa surgida no final da década passada.

O jeito de cantar de seu letrista, os compassos dados por baixo e bateria emulavam o som do Radiohead e na maioria das vezes, essas lembranças acabam se tornando bloqueios para esse escriba. Foi assim com os Strokes e com o Interpol.

O primeiro era uma total homenagem ao som do The Clash – e pior, os conheci numa época em que o Clash não saia dos meus tímpanos – e o segundo era uma soma de Talking Heads com Joy Division. Isso é ruim? Não, mas o hype sempre me irritou bastante e assim, este desgosto pelo que é da moda, afastou-me do Muse inicialmente.

Foi uma pena, pois perdi o sentimento imediato que o seu melhor CD – “Absolution” – tinha a oferecer. Juro que tentei, mas não descia. Mas em 2006 um grande amigo me empurrou “Black Holes And Revelations” e disse: escuta. Para não frustrá-lo – um grande fã da banda, meu chapa Marcos Magalhães – ouvi uma, duas, trocentas vezes até saber cantar partes inteiras das músicas.

Voltei ao abandonado “Absolution” entendi muito de suas impressionantes e ao mesmo tempo devastadoras canções e busquei mais conteúdo no passado da banda – afinal rock é cultura e tem que ser cultivada – os paralelos com o Radiohead existem e quem não se sentiria feliz de ser comparado com Led Zeppelin, Beatles e Radiohead?

Mas por uma canção, a última de “Black Holes And Revelations”, a épica “Knights Of Cydonia” a referência ao som da banda mudou por completa em minha mente: eles soavam em boa parte com a banda de Thom Yorke, mas o seu objetivo era parecer ou resgatar o som do bom e velho Queen.

E é com essa grandiosidade sonora que o trio inglês lança seu novo rebento: “Resistance” – título mais apropriado impossível. Um CD inicialmente difícil, mas tão forte e repleto de referências que pode ser o melhor já lançado este ano, tirando este posto de outros compatriotas, os do Arctic Monkeys.

Resistir, sem perder a ternura. Esse lema do argentino-revolucionário-cubano dos anos 60 pode ter sido uma grande influência para o novo trabalho do Muse. Isso é sentido em mais de 40 minutos de rock pesado-leve-e-constantemente-renovador.
Abrir com uma música dançante – com direito a palminhas ao fundo - pop com voz amargurada e pequenos toques de guitarra não é comum entre as bandas de rock atuais. E aqui, logo no início fica um pensamento quanto a banda: quais artistas hoje conseguem fazer músicas com a sua “assinatura” artistica sem parecer com as demais tendências mercadologicas ou o que faz sucesso em rádios?

“Uprising” é perfetia para um disco viagem, mas ao mesmo tempo moderno como esse novo do Muse. Sem ela, seria impossível flutuar pelo espaço – como em “Knights Of Cydonia” - e curtir tudo o que um hino de resistência, igual a vários compostos com maestria pelo quarteto inglês Queen, proporcionado pelos quase seis minutos, incanssáveis, de “Resistence”.

Sim, lembra “Paranoid Android”, principalmente nos vocais triplos, do Radiohead. Mas aqui sai a tristeza de Yorke e companhia, dando espaço para um positivismo que permeia o futuro do rock britânico, como é dito em letra: “Love Is our resistance!”. Poucas faixas realizadas, por todas as bandas, este ano possuem um clamor como esta, é impossivel não se emocionar e gritar junto com ele no ápice da canção em que ele brada: “Resistanceeeee”.

A sombra do Queen continua pelo resto do disco, sendo preciso, por mais 4 canções, as três últimas – “Exogenesis” - que na verdade é uma canção dividida em atos (começo, meio e fim) e a magnífica “United States Of Eurasia”.

É ópera rock com requinte, vocais dobrados, piano lento, guitarra fervorosa, medo, graça e todo o drama necessário para se compor uma música assim. A diferença é que o Muse consegue trazer mais alguns elementos, assim como o já citado grupo de Fred Mercury. Posso até mesmo ser um louco de afirmar isso, mas “United States Of Eurasia” tem um poder acachapante como o da clássica “Bohemian Hapsody”.

Sim, há espaço para uma linda canção lenta (“Gunding Light”), outra pop, estilosa, dançante e com refrão grudento (“Undisclosered Desires”), uma mais rock e com o jeitão do som que a banda fazia no início de sua carreira (“unnatural Selection”) e uma saída de alguma trilha sonora de filme de ficção científica (“MK Ultra”).

Encerro falando o que disse agorinha para o responsável pela minha primeira audição de um trabalho da banda – o Marcos – eles conseguiram fazer um dos melhores trabalhos do ano. Irressistível e merecedor de uma cópia original em sua discoteca, mesmo a que só era formada por mp3. Nota 9,5!

2 comentários:

Rod Castro disse...

Obrigado pela visita, espero que tenha gostado. Aqui não é muito pessoal, tem mais estilão de um jornal escrito e editado pelo mesmo cara, ehhehehe. Mas não ditatorial. Vou visitar o seu agora mesmo!

markeetoo disse...

Esse disco me passou isso mesmo... uma certa resistência no início, mas depois quando vc vai degustando os sons vai percebendo a grandiosidade dele. Não sai do meu playlist ehehe.