!!Já pra locadora menino!! by Rod Castro

26 de mai. de 2008

O que faz um filme ser bom? Essa pergunta muitas vezes me foi feita e eu mesmo a fiz – principalmente para pessoas que entendem mais do assunto cinema – outras dezenas de mais vezes e cheguei a conclusão que antes de roteiro/história, atores, diretores e efeitos há algo a mais que se chama conjunto.

Os bons filmes não destoam, ao contrário: eles são coesos. Neles, nada sobra, nem falta. As medidas foram tomadas na hora certa e com conhecimento. Isso não quer dizer que um filme que possui muitos efeitos seja uma droga por ter seu visual mais interessante do que o dos independentes – que quase sempre possuem melhor história – e como críticos e entendidos tanto falam e escrevem.

Posso citar uma dezena de bons filmes que possuem milhares de efeitos especiais por segundo (de cabeça e sem pensar muito “A Trilogia do Senhor dos Anéis”, “Os dois Homem-Aranha”, “Matrix” e sua continuação “Reloaded”, “X-Men 2”, “Hellboy” e “Contato Imediato de Terceiro Grau”), mas que tem todas as suas amarras bem feitas e com nós que nem um detrator crítico ferrenho consegue desfazer.

Isso porque o conjunto fala mais alto. O grupo que fez o filme quando está realmente junto e com um objetivo em comum rende grandes trabalhos que conseguem, até mesmo, ter seus erros redimidos pelos detratores, observadores e cri-críticos de plantão.

Triste mesmo é assistir por não sei quantas horas um filme com fiapos de trama que não tem nada a te oferecer do que imagens bem produzidas. E no subir das letrinhas de créditos você não ter sua alma balançada e pensamentos mexidos.

Pois até propaganda – sou publicitário - que é uma comunicação mais plástica que ideológica, devido à falta de tempo para convencimento, produz trabalhos mais interessantes que certos filmes que possuem mais de duas horas e um incrível orçamento. Assim lá vamos nós para boas dicas de filmes que facilmente são encontrados nas locadoras de Manaus, segue o bonde:

“Southland Tales” – Quem gosta de ficção cientifica maluca tem sempre três filmes na ponta da língua para indicar: “Laranja Mecânica” (Stanley Kubrick), “Blade Runner, o Caçador de Andróides” (Ridley Scott) e “Donnie Darko” (Richard Kelly).

Todos possuem elementos essenciais que um filme de ficção deve ter por princípio: um personagem principal diferente dos demais de sua época, uma história misteriosa que gira em torno do improvável e um final que deixa mais pontas soltas do que você esperava.

Ambos também contam com talentos em suas direções e que permeiam seu trabalho com o possível a cada impossível mostrado e com orçamento que beira o ínfimo, se comparado com outros filmes da mesma categoria. É com esse patamar que chega às locadoras o novo trabalho de Kelly, o esperado: “Southland Tales”.

E não vou escrever nada mais do que, com apreciador de cinema: este é um dos piores filmes que já assisti em minha vida. Só vale uma nota 2,0 pela excelente trilha sonora – Justin Timberlake cantando The Killers é no mínimo inesperado.

“No Vale das Sombras” – Já falei milhões de vezes que o pessoal do Oscar são um bando de maricas que sofre do mal de compensação no ano seguinte? Com certeza já. Pois definitivamente este ano o escolhido para a redenção foi o excelente ator/diretor Tomy Lee Jones que estrela esse drama do mesmo diretor/redator Paul Haggins – de “Crash, No Limite”.

O filme é simples, leeeento e tenta ser atual pela temática e pelo lance de se basear em fatos reais. Nele acompanhamos a história de um veterano militar que parte atrás de seu filho que acaba de voltar da “Guerra do Iraque”, mas não retorna para casa. O por quê? Só assistindo.

Vale um sete pelo trabalho competente, e só, de Jones e suas parceiras em cena: duas vencedoras de Oscar – por mérito: Susan Sarandon e Charlize Theron. Ah, a cena da bandeira que já parecia um prelúdio do que estava por vir também merece respeito. Mas poderia ter sido melhor.

“O Resgate de um Campeão” – Samuel L. Jackson é um cara cool. A maioria dos projetos em que ele põe sua cara ganha também esta alcunha, mas não confunda: um ator cool, com tudo o que ele faz ser realmente muito bom.

Nestes últimos anos Jackson tem feito parte de grandes projetos (a volta de “Guerra nas Estrelas”), outros menores que foram vendidos como algo interessantíssimo (o lixo “Serpentes A Bordo”) e filmes que devem render boa grana e elogios por parte do público quanto pela crítica (“The Spirit” – primeiro filme do artista de quadrinhos Frank Miller, como diretor).

Este “O Resgate de um Campeão” esta no meio termo entre o cool e o drama pretensioso. A história se baseia em uma verdadeira ocorrida com um jornalista meiote (Josh Hartnett, tentando ser mais do que pode) que ao socorrer um morador de rua, acaba por ter uma grande chance, já que o morador é um ex-pugilista que todos pensavam estar morto.

Sim há alguns bons momentos. Sim o filme tem um ator mirim interessante – o filho de Hartnett. Mas se arrasta demais ao mesmo tempo em que não conta com nada mais do que a índole e a moral reinando a cada cena. Não que isso seja ruim, longe disso, mas não evolui ou traz algo diferente ao subir dos créditos finais. Nota 6,5.

“Santos e Demônios” – nego acha que morar em um lugar como os EUA que é a terra das oportunidades é moleza. Vai ser cucaracha ou negão lá para ver um negócio. “Santos e Demônios” mostra o dia-a-dia de um moleque em que em plena adolescência descobre os viés que sua comunidade tem a lhe oferecer.

Vale muito pelos bons diálogos verdadeiros, o excelente elenco jovem – com destaque ao sempre competente e cativante Shia Labeouf – e pelo elenco adulto que conta com um Robert Downey Jr. perturbado pelo passado e duas atrizes em ponto de bala (uma contida: Diane Wiest, como a mãe do personagem principal e a exuberante Rosário Dawnson no papel do amor não realizado). Bom filme. Nota 7,5. Detalhe: Dito, o personagem principal do filme – Labeouf/Downey – é o diretor, redator do filme e tem futuro.

“Crimes de Autor” – Filmes franceses são no mínimo bons. Isso não é algo que eu queira impor ao seu bom gosto cinematográfico. Longe disso, na verdade chega a ser uma constatação do que vem sendo produzido, ano a ano, lá por aquelas bandas e que dificilmente chega aos nossos cinemas locais – tendo a possibilidade de assisti-los de verdade em DVD (sei que existe uma sessão especial em um cinema local que se destina a passar tais filmes, mas às 15h sem chance).

Este bom “Crimes de Autor” é um filme para se assistir com calma e sem tentativas de se matar a charada antes do seu fim. É difícil dizer que tipo de filme é esse – e essa característica nos foi imposta pelo cinema medíocre americano que segmenta suas produções para um melhor alcance. Nele encontramos tudo: comédia, ação, drama e boas doses de suspense.

Melhor ainda é afirmar que filmes como esses perdem a graça caso você queira listar as suas nuances de forma analítica ou até mesmo crítica. Há sim até metade da história uma manipulação por parte do diretor. E não espere que ela tenha tido fim ao você “entender tudo”, porque há grandes chances de outra pessoa estar manipulando até mesmo o diretor da obra.

O final não tende a se explicar, mas “Crimes de Autor” é bom, consistente e sabe impressionar através da simplicidade. Ah, esse texto foi escrito por Rodrigo Castro (de verdade – essa pode ser uma dica). Nota 8,0.

“Os Indomáveis” - O que realmente se passa na mente de um criminoso? O que será que o faz ser do jeito que ele é e porque alguns deles buscam e desejam com afinco a fama? Essas três perguntas sem respostas forma o enfoque de três filmes produzidos no ano passado em Hollywood: “Onde Os Fracos Não Têm Vez”, “O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford” e “Os Indomáveis”.

Em comum os três filmes na verdade não enaltecem a violência. Algo que virou prática nos últimos anos em obras que tentavam dar um ar de realidade para os mais variados temas abordados em película. Ambos procuram mostrar como a linha tênue entre o que pensamos ser o certo e o que outras pessoas pensam ser o certo é tão fina que nem um equilibrista de circo, treinado, teria coragem de encarar.

Além disso, os três filmes também tinham base no estilo mais deixado de lado pelo cinema americano nos últimos 20 anos – uma pena em minha opinião – o faroeste. Este “Os Indomáveis” assim como os seus contemporâneos já citados também conta com excelente elenco – Christian Bale, original e verdadeiro como sempre. E Russel Crowe fazendo um vilão tridimensional e com uma dualidade inesperada.

O filme é longo, mas não loooongo (de chato). Conta com cenas de tiroteio bem feitas (a explosão de um bandido junto com o seu cavalo é espantosa e a seqüência final, em sua primeira e segunda parte, merecem respeito). E tem na relação entre seus personagens principais um conflito perfeito, que rende bons diálogos, boas cenas e momentos de reflexão – o assassino/artista acaba criando laços com o mocinho/dramático.

Muito bom filme, na verdade mais um excelente trabalho do diretor James Mangold (mesmo dos bons “Cop Land”, “Garota Interrompida”, “Kate & Leopold” e dos excelentes e subestimados “Identidade” e “Johny & June”). Nota 8,5.

“A Garçonete” – Adrienne Shelly morreu aos 40 anos, assassinada por um imigrante ilegal equatoriano. Ali, naquele quarto de hotel, morria também todas as possibilidades que ela, com certeza, tanto desejava quando começou a escrever e dirigir seus próprios filmes, em meados da década passada.

Ali também morria as chances da mulher, que começou sua carreira artística como atriz e que caminhava com passadas largas a um futuro cheio de boas perspectivas de ver seus trabalhos reconhecidos. Pois quando “A Garçonete” estava em finalização em uma ilha de edição de algum pequeno estúdio ela já havia sido enterrada.

Infelizmente o assunto da morte de Shelly sobressaiu o perfeito e simples trabalho realizado por ela nesse drama/comédia que tem mais a oferecer do que os seus primeiros cinco minutos de projeção mostram. Tudo soa como original ou bem feito. As medidas que ela usa para mostrar como funcionam seus personagens – quase todos ingênuos, verdadeiros e melhor: criveis – é interessante e põe o “frescor” do superestimado “Juno” no chinelo.

Destaque para os nomes das tortas imaginadas pela personagem principal, para o verdadeiro Old Joe interpretado pelo veterano Andy Griffith e pela condução naturalista da trama por parte da diretora. “A Garçonete” é um filmão, sensível e belo como um momento inesquecível como o de uma gravidez deve ser, seja ela desejada ou não. Nota 8,5.

!! A volta dos que já foram, mas sempre estão na ativa... ou: CD novo do Filter!! Por Rod Castro

15 de mai. de 2008

O que o Nine Inch Nails, o “Exterminador do Futuro 2” e a trilha sonora, de sucesso, do filme da tele série “Arquivo X” têm em comum? Um sobrenome: Patrick.

Logo no início do Nine Inch Nails, Trent Reznor ao formar sua banda chamou um cara de entradas longas na testa, nariz pontudo e bem versátil para ser o seu guitarrista. Seu nome? Richard Patrick.

Poucos anos depois o irmão do tal guitarrista, Robert Patrick, se tornou conhecido pelos fãs de cinema do mundo por seu papel – bem representado – de vilão principal do novo filme de James Cameron e que tinha o andróide encarnado por Arnold Schwarzenneger, agora bonzinho, em “O Exterminador do Futuro”.

Pouco tempo depois, Richard deixava de lado as colaborações com o NIN e partia para um projeto que parecia com a própria banda de Trent, mas que transformava o estilo industrial em algo mais palatável – talvez pelo bom vocal (Richard) e programações feitas pelo excelente Brian Liesegang – chamada de Filter.

Logo em seu primeiro disco “Short Bus”, de 1994, o Filter ganhou as paradas de sucesso e a atenção dos roqueiros sedentos por novidades, com a pancada “Hey Man Nice Shot”, que muitos afirmavam ser uma mórbida homenagem ao suicídio de Kurt Cobain – boato esse sempre desmentido por toda a banda. AS demais canções tinham mais peso e base eletrônica por faixa, do que os mestres do Ministry um dia fizeram.

Em 1996 o Filter daria mais uma acelerada ao sucesso ao regravar a música “One”, da banda Cheap Tricks para o filme da série de maior sucesso na televisão dos EUA – e no mundo – “Arquivo X”. “One” não tinha mais aquele lado singelo e alegrinho, a pancada e os “berros calculados” de Richard deram outra cara à canção, que se tornou uma das mais pedidas do ano não só nas rádios como em clipe pela MTV – clipe esse que contava com a participação do personagem “Canceroso” e com Richard mostrando que os dotes interpretativos não era um talento somente de seu irmão.

A pista estava bem asfaltada para o Filter, mas um dos elementos para esta guinada se retirou da trajetória: Brian Liesegang, deixou o cargo de co-piloto vago. E Richard ralou no estúdio para fazer mais algumas canções para outras trilhas sonoras (“Spawn” com a canção “Trip Like I Do”) e saiu convocando o maior número possível de músicos de estúdio para compor o novo álbum da banda, o competente “Title Of Record”.

E se a maioria dos entendidos falava que a banda iria precisar de uma revisão antes de pegar a já tão falada estrada para o sucesso, Patrick calou a todos por optar por um estilo mais pop e conceber um CD matador – seus berros estão infernais, a afinação de sua voz está no ponto, as programações são mais loucas ainda e uma música colocou a banda entre as melhores do ano de 1998: “Take A Picture”.

Após os shows, as aclamações, o horizonte com o sucesso escrito mais próximo, Richard pisou no freio ao realizar o disco Nu Metal “Algamut” em 2002. A banda tinha uma formatação acertada, conseguiu ficar na mídia pela boa canção “Where Do You Go From Here” e só. A partir daí foram quase dois anos de excursão no OzzyFest, mais algumas colaborações para outras trilhas de filme menores e fim.

Patrick deu um ponto final ao Filter na metade de 2006 e em dezembro do mesmo ano se unia aos irmãos DeLeo – guitarra e baixo do também extinto Stone Temple Pilots, e que por coincidência, também está de volta – para montar a competente Army Of Anyone.

O “Army Of Anyone” arrebentou em apresentações pelos Estados Unidos, conseguiu por três músicas nas paradas de sucesso – principalmente no mote rock – fez clipes interessantes e pelo que se tem idéia também já subiu no telhado. Já que essa semana saiu no mundo todo o novo disco do Filter, “Athems For The Damned”.

Bom disco. O melhor do Filter? Nops. Mas num mar de bandas que se prendem a uma fórmula de sucesso – e disso pelo que você leu até aqui percebeu que é sim um dos objetivos de vida de Patrick – o Filter trás tudo o que já tinha feito anteriormente com uma nova roupagem.

Se pudesse posicionar entre um “Top 4” dos melhores discos, estaria em terceiro – atrás de “Title Of Record” e “Short Bus”. Mas longe do que você possa pensar, a distância de qualidade entre esse disco e o quarto lugar (“Amalgamut”) seria bem maior do que parece.

“Athems For The Damned” tem tudo o que você espera de um CD da banda: música bem feita (“Soldiers Of Misfortune” e “I Keep Flowers Around”), canções pesadas que só o Filter sabe fazer (“Whats Next”, “The Take” e “In Dreams”), transições entre o pop e o industrial (“The Wake”, “Hatred Is Contagious” e “Kill The Day”) e boas, e bonitas, baladas com base no violão (“Cold”, “Lie After Lie” e “Only You”).

Disco para a volta – seja ela a terceira ou quarta, isso não importa – derradeira dessa banda de um homem e mais alguns. Nota 8,5.