!! Pule, arraste, divirta-se e viaje... ou: paulada de filmes que você tem que conferir!! By Rod Castro

15 de abr. de 2008


“Jumper”: Digamos que você faça dois filmes seguidos que são originais e ao mesmo tempo divertidos. No marasmo de imitações baratas e prensadas como novidades nos cinemas a cada sexta, você e seu estilo vão abrir os olhos dos grandes estúdios com certeza. Doug Liman é um desses talentos que uma vez na vida surge e acaba topando sair do “alternativo”, para ganhar mais dinheiro, e acaba tropeçando no “mais do mesmo”.

Em 1996 ele fez interessante e inteligente “Swingers” – filme que infelizmente não tem DVD nacional – e logo em seguida emendou o mais engraçado filme de natal que alguém já feito: “Go, Vamos Nessa!” – filme que ficou dois meses em cartaz em Manaus, mas que ninguém viu (e que saiu em DVD nacional, mas esgotou!).

Daí para frente os engravatados se apropriaram da criatividade de Liman e deixaram em suas mãos o bom “Identidade de Bourne” – que foi elevado a outro patamar nas mãos de Paul Greengrass – e o engraçado, mas atropelado “Sr. & Sra. Smith” – que ficou conhecido internacionalmente como o filme que uniu Bad Pitt e Angelina Jolie.

Depois disso Lima se tornou produtor da série de filmes de Jason Bourne e tocou pra frente a série “The O.C.”, e só. Mas eis que ele tenta, novamente por um estúdio grande, pular toda essa “faze negra”, com a aventura/herói “Jumper”, mas...

O resultado é frustrante e decepcionante. Filme ruim, com protagonista mal trabalhado, vilões pífios (Samuel L. Jackson está se especializando em fazer porcaria, hein?) e um único detalhe positivo: o sempre competente – o Chistian Bale da nova geração - Jamie Bell (mesmo de “Billy Elliot”).

Se estiver na entrada do cinema, nem pense: pule esse lixo. Nota 4,0!

“O Sobrevivente”: Se você tivesse a oportunidade de trabalhar com um dos maiores diretores de cinema moderno - do tipo de cara que fez filmes premiados e que produz cinema de verdade e não aquele tipão americanizado que em seu estilo sério sempre encaixa algo comercial - você pensaria mais de uma vez em assinar o contrato?

Christian Bale (o “Psicopata Americano” e o novo “Batman”) ao receber o contrato, apenas sorriu e assinou nas linhas pontilhadas do papel que tinha em seu cabeçalho a frase: “Uma produção do diretor alemão Werner Herzog.” – produziu mais de 50 filmes, todos europeus e que venceu quatro vezes o Festival Internacional de Cannes.

O filé na verdade é uma dramatização de outro filme de Herzog – um documentário sobre um piloto alemão, naturalizado americano, que em seu primeiro vôo abacá sendo derrubado – e conta com um elenco afinado. Mas é bom firmar uma coisa em sua cabeça, caso esteja com vontade de ver o filme: Herzog deixa o filme acontecer, ele não o empurra com edições rápidas para que o ritmo fique mais comercial – e isso não significa tédio, certo?

Na história acompanhamos os conflitos do grupo de refugiados, entre eles o personagem de Bale, por mais de um ano de maus tratos nas mãos dos “Chralies”, assim tenha certeza: teremos cenas de conflito, cenas de sobrevivência sem cortes (como comer vermes e cobra crua) e muita vontade de viver.

Bom filme, mas admito que esperava mais. Nota: 7,0 – o que é uma pena pelo projeto e pelos nomes ligados a ele.

“Horton e o Mundo dos Quem”: Receita de um bom filme e que vai render boas risadas suas, anote: coloque na mesma produção um astro que arrebenta quando faz tipos esquisitos – Jim Carrey (o elefante da história) – depois outro ator que cada vez mais se supera – Steve Carrel (o prefeito da história), vide “The Office” – e por último, com a panela já fervendo deposite o sabor de mais uma sensacional história de Dr. Seuss – autor de “O Grinch”.

E para comandar o “mexa sem parar” chame dois cozinheiros que nunca foram pilotos de grandes pratos, mas que já auxiliaram grandes mestres: Jimmy Hayward - diretor do setor de animação de “Toy Story 1 e 2”, “Vida de Inseto”, “Monstros S/A” e “Procurando Nemo” - e Steve Martino – diretor de arte de “Robôs”.

Prato para ser apreciado ainda quente – nos cinemas no caso – e que merece ser repetido várias vezes. Mais um que vai para a minha coleção. Nota 8,0!

“Viagem a Darjeeling”: “Indique-me um bom diretor americano, que escreve seus roteiros, que aposta em filmes não comerciais e que sempre que lança um filme tem o respeito de atores e da crítica?”. Perguntou um amigo em um bate-papo pela internet. A resposta foi rápida: Wes Anderson.

“Quem, Wes Craven?”. Não, não falo de um diretor das antigas e que fez até bons filmes recentemente, como a série “Pânico”. Mas sim de um diretor de jeito esquisito, com quase 40 anos, que rodou apenas três filmes e que não dá tantas entrevistas ou se sujeita às vontades dos estúdios, como a maioria o faz.

W. Anderson é conhecido por cinéfilos brasileiros graças à antipatia do maior ícone de crítica de cinema nacional, Rubens Ewald Filho, que sempre desce a lenha em seus trabalhos – sejam eles ruins ou bons; e por sua seqüência de filmes, que se tornaram “cult” por essas bandas – tanto pelas suas histórias, quanto pela péssima distribuição que ofertam aos mesmos, em circuito nacional.

Mas Anderson é mais do que um rótulo que os seus fãs gostam de ostentar em ma discussão de cinema moderno. Ele prima por uma boa fotografia, belas seqüências com músicas de bom gosto, planos seqüência minuciosamente estudados e engraçados, e hoje se tornou referência quando se fala em histórias e personagens interessantes.

Seus filmes são humanos, cheios de diálogos interessantes – pondo a coqueluche Diablo Cody, de “Juno”, no chinelo – situações absurdamente engraçadas e próximas de quem as assiste. Foi assim no excelente e hilário “Os Excêntricos Tenenbaums” e no subestimado “A Vida Marinha com Stevie Zissou”.

Nesse “Viagem a Darjeeling”, a fórmula parece até batida: três irmãos, que nunca mais se falaram desde que o pai morreu, resolvem embarcar em um trem para uma cidade da Índia em que encontrarão a sua mãe. Os conflitos, as conseqüências e os dramas vividos pelos três nesse espaço de tempo, estão a bordo dessa viagem e servem de fundo após embarque ou desembarque.

Recomendação: se você ainda não assistiu aos dois primeiros trabalhos de Anderson, acima citados, embarque nesse “train movie” e tenha boa viagem.

Nota 8,5 e pronto para ser um dos meus filmes preferidos de 2008.

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