Nela estão inclusas algumas doses de gostos pessoais, essências de polêmicas e até mesmo pitadas do bom e velho cinismo – o que caracteriza uma excelente lista, pois cutucar as apreciações dos outros sempre faz bem. Mas o objetivo principal de se listar algo é fazer você viajar a tempos distantes, prever o que ainda nem começou a ser feito, relembrar bons momentos – os ruins também – além de transformar o ato em uma pequena e divertida ação.
E para começar essa seqüência de Top 5 faço uma pequena e direta lista de filmes de aventura que rodaram pelos cinemas da Manaus na década de oitenta. Antes de dar início aos trabalhos vamos aos itens que valem para a concorrência direta: não vale filmes de ficção – aqui incluem aqueles futuristas ou que utilizaram efeitos especiais gigantescos (desclassificados: “Guerra nas Estrelas: O Império Contra-Ataca” e “De Volta Para o Futuro”) – muito menos os policiais que podem ser encarados como ‘filmes de ação’ (desclassificados: “Rambo”, “Máquina Mortífera” e “Duro de Matar”).
O que vale: filmes em que os protagonistas se metem em situações incríveis de aventura – meio que por acaso – e que a ação viva o contexto e não seja o principal, pois aí seria um filme de ação. Segundo critério: valem filmes que usam de efeitos especiais baseados em trucagens, como fundos falsos, dublês e fios de sustentação, mas que em nenhum momento usem fundos verdes e azuis. Vamos lá? Simbá.
5 - “Feitiço de Áquila” (1985)
Porque está aqui? Uma das primeiras aventuras fantásticas a serem rodadas nos anos 80. O ritmo entrecortado, o contexto de lenda dado ao enredo – dois amantes são “amaldiçoados eternamente” por um arcebispo e tem seus corpos transformados em lobo (o dele pela noite) e em Águia/Falcão (o dela pela noite) – as batalhas de capa e espada com trilha alta e um inesquecível personagem cômico e original chamado “Rato”– feito pelo ainda novato Matthew Broderick.
Momentos Inesquecíveis: Todas as batalhas promovidas pelo cavaleiro errante feito pelo bom Rutger Hauer – principalmente a que ocorre na taverna improvisada – a fuga de “Rato” da prisão – com falas ditas pelo personagem direto para a câmera e toda a seqüência do eclipse que encerra o filme.
Mas que curioso... Assisti a essa aventura com jeitão moderno no antigo Cinema Chaplin em uma sessão tarde – algo que só se repetiria novamente com “Duna” de David Lynch; “Feitiço de Áquila” é o sétimo filme da linda Michelle Pfeiffer e é o quarto em que ela ganhava papel principal; o filme é dirigido pelo mestre da ação com “som no toco” Richard Donner que seria o diretor da cine série “Máquina Mortífera”; “Feitiço de Áquila” é o terceiro filme de Matthew Broderick, o seu segundo como papel principal, três filmes depois ele faria o seu principal filme: “Curtindo a vida Adoidado”; o filme concorreu a dois Oscars de efeitos sonoros em 86;
4 - “Indiana Jones e a última Cruzada” (1989)
Porque está aqui? Simples: é uma divertida continuação das aventuras de Indi, no exato momento
Momentos inesquecíveis: Fácil por ter três, aquele em que os dois Jones se encontram próximos de uma lareira e você descobre que ambos tiveram um caso com a mesma mulher, aquele
Mas que curioso... Assisti a esse filme no antigo Cinema Novo - um dos poucos cinemas de Manaus que tinha dois andares - que tempos depois foi transformado em igreja e que hoje é um dos vários prédios de uma rede de faculdades; o início do filme contava a origem das aventuras de Jones e tinha o excelente River Phoenix – hoje mais conhecido como o irmão mais velho de Joaquin – no papel do jovem aventureiro; infelizmente, tempo depois do filme River morreu de overdose em frente a uma danceteria de um famoso nos braços do ainda desconhecido irmão já citado; a diferença de idade entre Harrison Ford e Sean Conery, filho e pai no filme, é de apenas 11 anos; o filme em 1990 concorreu a um Globo de Ouro de ator coadjuvante (Sean Conery) e três Oscars, tendo vencido na categoria de Efeitos Sonoros;
3 - “E.T. O Extraterrestre” (1982)
Porque está aqui: Já sei que uma hora dessas, você está falando que eu tô cuspindo no prato que comi, pois “E.T.” é cheio de efeitos e telas azuis e sorrindo digo para você que não. O boneco do filme é animatronic – com técnicos com instrumentos que o movimentam – a nave foi totalmente construída e o melhor: a clássica cena das bicicletas foi feita com fios pendurando os atores. Basta para justificar a posição ou ainda preciso afirmar que este é melhor filme de ETs de todos os tempos?
Momentos Inesquecíveis: São tantos, mas vamos lá. O bordão “ET, telefone, casa”, a primeira cena de ET no quintal de Elliot, a cura feita pelo dedão vermelho – com direito a “Ai” – o ET morto de bêbado dentro do armário com direito a peruca, a cena da perseguição de bicicletas e um dos mais tristes fins de um filme na história do cinema. Sniff, sniff.
Mas que curioso... Assisti a este emocionante filme no Cinema Novo, no colo de uma moça para não sentar no chão de tão lotado – na mesma sessão ganhei de presente aquele ET que ascendia o dedão da Máquina Love, lembra?; “E.T. O Extraterrestre” foi produzido e dirigido por Steven Spielberg – então com apenas 36 anos de idade; o ator que fez Elliot se chama Henry Thomas e nunca obteve papeis de destaque até o recente “Gangues de Nova Iorque” em que faz o amigo traidor de Leonardo DiCaprio; este é o segundo trabalho em filmes de Drew Barrymore, filha e neta de atores famosos em Hollywood; o filme recebeu nove indicações ao Oscar de 83, tendo vencido em 4 categorias: Som, Efeitos Sonoros, Trilha Sonora e Efeitos Especiais; também foi indicado a 12 Baftas tendo vencido o de melhor trilha sonora em 1983; e concorreu a 5 Globos de Ouro tendo vencido os prêmios de Trilha e Filme; 20 anos depois o filme teve alguns elementos apagados digitalmente a pedido de Spielberg para chegar aos cinemas de forma “mais amena”;
2 - “Os Goonies” (1985)
Porque está aqui? Motivos não faltam, mas o fundamental mesmo é que este é o primeiro filme verdadeiramente pensado para grupos de criança que tem imaginação fértil. Sua influência nos grupos infanto-juvenis da época ainda pode ser sentida hoje, nos velhinhos com mais de trinta – com seu escriba – que lembram de frases clássicas como “Andy, você é uma Goonie!!” e “Slott quer chocolate”.
Momentos Inesquecíveis: Aos montes: a perseguição aos irmãos Fratteli – que ao mesmo tempo apresenta todos os personagens que formam Os Goonies; todas as cenas do gordo; as traduções de inglês para espanhol de Bocão; o irmão mais velho Brand andando de bicicleta de menina e com rodinhas; a excepcional trilha sonora; o “bar” e a água dos Fratelli; todas as armadilhas feitas por Willy o “Caolho”; Slott e seu companheiro, o gordo oras!; a “luta” no barco pirata de Willy; e o bom e engraçado final do filme;
Mas que curioso... Assisti a esse filme mais de duas vezes na sua estréia, cada uma em um estado diferente: Rio de Janeiro, São Paulo e Amazonas; “Os Goonies” sempre foram vendidos como ‘de Steven Spielberg’, mas o filme foi dirigido pelo já citado Richard Donner; Spielberg produziu e escreveu o roteiro ao lado de Chris Columbus; os únicos dois irmãos da turma – interpretados por Josh Brolin e Sean Astin – só tiveram reconhecimento após anos de trabalhos com filmes: “O Senhor dos Anéis” (Sean faz o Sam) e “Onde os Fracos Não Têm Vez” (Josh faz o papel principal); a mesma falta de sorte não ocorreu para o ator Joe Pantoliano – que interpretava o Fratelli mais novo – que emendou papéis importantes em filmes como “Ligadas Pelo Desejo”, “Matrix”, “Amnésia” e “Demolidor”;
1 - “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (1984)
Porque está aqui? A teoria de que a segunda parte de um bom filme é mais sombria, mais aterradora e mais fantástica, fui cunhada por “O Poderoso Chefão II” (de Francis Ford Coppola), confirmada por “Guerra nas Estrelas: O Império Contra-Ataca” (de George Lucas), mas ganhou força com essa sinistra continuação de Indiana. Aqui a aventura divertida de “Os Caçadores da Arca Perdida” dá vez para uma aventura mais sombria e repleta de emoção, como se nunca tinha visto no dito “Filme para a Família”. Clássico!
Momentos Inesquecíveis: Todos: o explosivo início no bar
Mas que curioso... Assim como o primeiro filme de Indi “Os Caçadores da Arca Perdida” não assisti a este filme nos cinemas, somente no vídeo cassete; Spielberg dirigiu todos os filmes de Indiana, tendo como produtor e redator o amigo George Lucas; o ator vietnamita Jonathan Ke Quan que faz o parceiro mirim de Indiana nesse filme é o mesmo que fez o “Data” de “Os Goonies”; a atriz que faz a cantora/caso de Indi, “Willie” é a ótima Kate Capshaw, que conheceu Spielberg durante as gravações e se tornou sua esposa logo após o filme estrear nos cinemas; “O Templo da Perdição” foi indicado a 2 Oscar e 4 Baftas, tendo vencido nas duas premiações na categoria de efeito especial;
Assim encerro o primeiro dos vários e futuros Top 5 que por aqui serão postados. Você concordou, não? Meta bronca. Abraços e até o próximo Top 5!
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